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Técnicas de Metrificação (Escansão)

Classificação do Verso quanto ao Número de Sílabas:


 
Monossílabos:

 
“Pingo
d’água
pinga,
bate
tira
mágoa!”
(Cassiano Ricardo)
Monossílabos:

 
“Pin/go
d’á/gua
pin/ga,
ba/te
ti/ra
má/goa!”
(Cassiano Ricardo)
Dissílabos:

 

“Ao trote
Do baio,
Que doce
Lembrança
O rosto
Da moça
Que mora
Na serra
No rancho
De palha!”
(Ribeiro Couto)
Dissílabos:

 
“Ao/ tro/te
Do/ bai/o,
Que/ do/ce
Lem/bran/ça
O/ ros/to
Da/ mo/ça
Que/ mo/ra
Na/ se/rra
No/ ran/cho
De/ pa/lha!”
(Ribeiro Couto)
  

Trissílabos:

 
“E vós rei
animal
rei sem trono
cetro e o mais
e do menos:
coisas várias.
Rei? Não sei.”
(Jorge de Lima)
Trissílabos:

 
“E/ vós/ rei/
a/ni/mal/ ELISÃO = vogais distintas ficam

rei/ sem/ tro/no juntas na separação silábica.


ce/tro e o/ mais/
e/ do/ me/nos:
coi/sas/ vá/rias.
Rei?/ Não/ sei/.”
(Jorge de Lima)
Tetrassílabos:

 
“Brilha a virtude
Na vida pura,
Qual na espessura
Do lírio a cor.
Cultiva atenta,
Filha mimosa
Sempre viçosa,
Tão linda flor.”
(Visconde de Pedra Branca)
 Tetrassílabos:
  CRASE: vogais idênticas ficam
“Bri/lha a/ vir/tu/de juntas na separação silábica.
Na/ vi/da/ pu/ra,
Qual/ na es/pe/ssu/ra
Do/ lí/rio a/ cor/.
Cul/ti/va a/ten/ta,
Fi/lha/ mi/mo/sa
Sem/pre/ vi/ço/sa,
Tão/ lin/da/ flor/.”
(Visconde de Pedra Branca)
 Pentassílabos ou Redondilhas menores:
 
“Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas crianças
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas...
(Vinícius de Moraes)
 Pentassílabos ou Redondilhas menores:
 
“Pen/sem/ nas/ cri/an/ças
Mu/das/ te/le/pá/ticas
Pen/sem/ nas/ cri/an/ças
Ce/gas/ i/ne/xa/tas
Pen/sem/ nas/ mu/lhe/res
Ro/tas/ al/te/ra/das
Pen/sem/ nas/ fe/ri/das
Co/mo/ ro/sas/ cá/lidas...
(Vinícius de Moraes)
 Hexassílabos:
 
“A tarde é quase humana
quando em mim pousa. A tarde
atrozmente enfeitada
de cores, ainda arde;
porém, já não me engana.
É tarde. É muito tarde.”
(Cassiano Ricardo)
 Hexassílabos:
 
“A/ tar/de é/ qua/se hu/ma/na
quan/do em/ mim/ pou/sa. A/ tar/de
a/troz/men/te em/fei/ta/da
de/ co/res/, a/in/da ar/de;
po/rém/, já/ não/ me em/ga/na.
É/ tar/de. É/ mui/to/ tar/de.”
(Cassiano Ricardo)
 
 Heptassílabos ou Redondilhas maiores:
 
“Domingo. A casa de palha
Abre as janelas do sol;
Na horta o dono trabalha
Desde que veio o arrebol...
(B. Lopes)
 Heptassílabos ou Redondilhas maiores:
 
“Do/min/go. A/ ca/sa/ de/ pa/lha
A/bre as/ ja/ne/las/ do/ sol/; o + o = crase
Na/ hor/ta o/ do/no/ tra/ba/lha o + a = elisão
Des/de/ que/ ve/io o a/rre/bol/...
(B. Lopes)
 Octossílabos:
 

“Aos que me dão lugar no bonde


e que conheço não sei donde,
aos que me dizem terno adeus
sem que lhes saiba os nomes seus.”
(Carlos D. Andrade)
 Octossílabos:
 
“Aos/ que/ me/ dão/ lu/gar/ no/ bon/de
e/ que/ co/nhe/ço/ não/ sei/ don/de,
aos/ que/ me/ di/zem/ ter/no a/deus/
sem/ que/ lhes/ sai/ba os/ no/mes/ seus/.”
(Carlos D. Andrade)
 Eneassílabos: 

“O balanço da rede, o bom fogo


Sob um teto de humilde sapé;
A palestra, os lundus, a viola,
O cigarro, a modinha, o café...
(Fagundes Varela)
 Eneassílabos: 

“O/ ba/lan/ço/ da/ re/de, o/ bom/ fo/go


Sob/ um/ te/to/ de hu/mil/de/ sa/pé/;
A/ pa/les/tra, os/ lun/dus/, a/ vi/o/la,
O/ ci/ga/rro, a/ mo/di/nha, o/ ca/fé/...
(Fagundes Varela)
 Decassílabos:
 
“Buscou no amor o bálsamo da vida,
Não encontrou senão veneno e morte.
Levantou no deserto a roca-forte
[...]”
(Manuel Bandeira)
 Decassílabos:
 
“Bus/cou/ no a/mor/ o/ bál/sa/mo/ da/ vi/da,
Não/ en/con/trou/ se/não/ ve/ne/no e/ mor/te.
Le/van/tou/ no/ de/ser/to a/ ro/ca/-for/te
[...]”
(Manuel Bandeira)
 Hendecassílabos:
 
“Na praia deserta que a lua branqueia,
Que mimo! que rosa! que filha de Deus!
Tão pálida – ao vê-la meu ser devaneia,
Sufoco nos lábios os hálitos meus!”
(Álvares de Azevedo)
 Hendecassílabos:
 
“Na/ pra/ia/ de/ser/ta/ que a/ lu/a/ bran/quei/a,
Que/ mi/mo/! que/ ro/sa/! que/ fi/lha/ de/ Deus/!
Tão/ pá/li/da – ao/ vê/-la/ meu/ ser/ de/va/nei/a,
Su/fo/co/ nos/ lá/bios/ os/ há/li/tos/ meus/!”
(Álvares de Azevedo)
 Dodecassílabos ou Alexandrinos:
 
Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste,
Criança! não verás país nenhum como este!
Olha que céu! que mar! que rios! que florestas!
A natureza, aqui, perpetuamente em festa.”
(Olavo Bilac)
 Dodecassílabos ou Alexandrinos:
 
A/ma/, com/ fé/ e or/gu/lho, a/ te/rra em/ que/ na/sces/te,
Cri/an/ça/! não/ ve/rás/ pa/ís/ ne/nhum/ co/mo es/te!
O/lha/ que/ céu/! que/ mar/! que/ ri/os/! que/ flo/res/tas!
A/ na/tu/re/za, a/qui/, per/pe/tua/men/te em/ fes/ta.”
(Olavo Bilac)
Verso Livre 
Versos livres são aqueles que não apresentam métrica
uniforme e sistemática.

“Estou farto do lirismo comedido


Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor.”

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