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UNIDADE 2 - MATÉRIAS-PRIMAS

CERÂMICOS
2.4. Origem e Beneficiamento de
Materiais Cerâmicos

Matérias-Primas
Engenharia de Materiais - CDTec - UFPel
1. Introdução

• Os minerais industriais compreendem uma grande variedade de


rochas e minerais, não-metálicos na sua maioria, com determinadas
propriedades físicas e químicas, que os tornam importantes na
fabricação de vários produtos.
• Um dos maiores usos dos minerais industriais é na composição de
massas da indústria cerâmica tradicional → de base argilosa.
• Nas últimas décadas, com o avanço dos processos a beneficiamento
e síntese as cerâmicas avançados ganharam muita importância.
• Os minerais industriais constituem um grupo de substâncias minerais,
que pela sua amplitude pode-se considerar que a principal
característica comum à classe é a diversidade de propriedades e
aplicações, de valor unitário e quantidade produzida, e de gênese e
forma de ocorrência geológica.
1. Introdução

• Os minerais industriais podem ser definidos como: “Qualquer rocha,


mineral, ou outra ocorrência mineral natural de valor econômico,
excluindo os minérios metálicos, combustíveis e gemas...” (por Glossary
of Geology)
• Assim, resta no grupo dos minerais industriais uma grande variedade de
rochas e minerais, com determinadas propriedades físicas e químicas,
que os tornam insumos em processos industriais como (i) matérias-
primas e (ii) auxiliares no processo.
– (i) As matérias-primas minerais são as substâncias incorporadas ao
produto no processo de fabricação, como a argila à peça cerâmica, o caulim
ao papel, e o carbonato de cálcio a um determinado polímero.
– (ii) Os auxiliares de processo participam do processo de fabricação, mas
não se incorporam ao produto final, como diatomito em filtragem de
bebidas, e areia no molde de fundição.
1. Introdução

Classificação com base na Aplicação

Materiais
Cerâmicos

Produtos Cerâmicas
Vidros Argilosos Refratários Abrasivos cimentos Avançadas

Produtos
Vitro Louças Argila
Vidros argilosos Sílica Básica Especial
Cerâmica Brancas Refratária
Estruturais

Classificação dos materiais cerâmicos com base na Aplicação


1. Introdução

Materiais Tradicionais e Materiais Avançados

Cerâmica Matérias- Estrutura Proprie- Processa- Aplicações


primas dades mento

Tradicional naturais, não-uniforme, mecânica, olaria, construção,


(silicatos) minerais porosa estética colagem, produtos
industriais prensagem, domésticos
(<98% extrusão,
pureza) queima

Avançada produtos homogênea, elétrica, prensagem eletrônica,


(alto de- químicos menos porosa magnética, isostática, estrutural,
sempenho, industriais nuclear, ótica, moldagem química,
alta tecno- (>98% mecânica, por injeção, refratários
logia) pureza) térmica, sinterização,
química, ligação por
biológica reação
2. Origem da Matéria-Prima
2.1. Extração

• Jazidas: locais onde se pode encontrar minerais de valor econômico.


• Minerais metálicos e pedras preciosas são encontrados em terrenos
cristalinos.
• Nas áreas sedimentares podemos encontrar rochas de valor comercial
e jazidas de petróleo, gás e carvão.
• Recursos tecnológicos avançados e muito capital são utilizados na
localização e exploração de jazidas.
– Nem sempre os recursos minerais acabam revertendo em riquezas para
os países que os possuem.
– Isso ocorre porque não dispõem de capital, de tecnologias e indústrias
que possam aproveitar esses recursos.
2. Origem da Matéria-Prima
2.1. Extração
• O extrativismo mineral cada vez
mais intenso é responsável pela
degradação do meio ambiente.
• A extração de inúmeros recursos
minerais não tem levado em
consideração a sua possibilidade de
esgotamento futuro.
• Com exceção da água, que retorna à
natureza pelo ciclo hidrológico, os
minerais de valor econômico são
Recursos Naturais → não
renováveis.
2. Origem da Matéria-Prima
2.1. Extração

• Uma vez esgotados não são


repostos pela natureza.
• Grandes empresas, governos e a
sociedade terão que se preocupar
em recuperar áreas degradadas e
utilizar de forma mais racional os
recursos minerais.
2. Origem da Matéria-Prima
2.1. Extração

Samarco – Mariana – MG (05/11/2015)


2. Origem da Matéria-Prima
2.1. Extração

Vale – Brumadinho – MG (25/01/2019)


2. Origem da Matéria-Prima
2.1. Extração
Fases da vida de uma exploração mineira:
1. Pesquisa para localização do minério;
2. Prospecção para determinação da extensão e valor do minério localizado;
3. Estimativa dos recursos em termos de extensão e teor do depósito;
4. Planejamento, para avaliação da parte do depósito economicamente
extraível;
5. Estudo de viabilidade para avaliação global do projeto e tomada de decisão
entre iniciar ou abandonar a exploração do depósito;
6. Desenvolvimento de acessos ao depósito que se vai explorar;
7. Exploração, com vista à extração de minério em grande escala;
8. Recuperação da zona afetada pela exploração de forma que tenha um possível
uso futuro → IMPACTO AMBIENTAL.
2. Origem da Matéria-Prima
2.1. Extração
A mineração pode ocorrer:
- A céu aberto

Extração de Calcário (Salto de Pirapora, SP, Brasil)

- Subterrânea

Extração de Urânio (Caetité, BA, Brasil) Mina de Potássio (Rosário do Catete, SE, Brasil)
2. Origem da Matéria-Prima
2.1. Extração
2. Origem da Matéria-Prima
2.1. Extração
Jazida de granito de
Porriño em Pontevedra
(Galiza,Espanha)

Pedreira Basalto
2. Origem da Matéria-Prima
2.1. Extração

Desmonte – Explosões de Rochas


2. Origem da Matéria-Prima
2.1. Extração

Vale - Underground Mining


https://www.youtube.com/watch?
v=R1PUgQSQ5LY

Mineração Itapeva Ltda


https://www.youtube.com/watch?v=kx1bRtd7SiA

http://exame.abril.com.br/revista-
exame/noticias/as-15-maiores-empresas-de-
mineracao

Venda da Vale: valor R$ 3,3 bilhões, quando somente


as suas reservas minerais eram calculadas em mais de
R$ 100 bilhões em 1997.
2. Origem da Matéria-Prima
2.2. Aplicação em Cerâmica Tradicional

Classificação
Cerâmica branca: louças, isolantes, azulejos e pisos
MATÉRIAS-PRIMAS
Cerâmica vermelha: tubos, tijolos, telhas, lajotas DE OCORRÊNCIA
NATURAL (ROCHAS)
Refratários: tijolos, moldes, cimentos, cadinhos

Construção: concreto, gesso, vidros

Abrasivos: rebolos, lixas


ARGILAS,
FELDSPATOS,
Vidros: garrafas, louças, vidros planos
CAULIM...
2. Origem da Matéria-Prima
2.2. Aplicação em Cerâmica Tradicional

• Argilas: designação comum dos silicatos de alumínio hidratados, com


estrutura lamelar (constituídas por partículas de dimensões reduzidas e
que geralmente apresentam plasticidade). Principais óxidos constituintes:
SiO2, Al2O3, Fe2O3 e TiO2 (proporcionam a massa cores em tons vermelhos),
MgO e CaO, Na2O e K2O.
• Feldspatos: é um mineral comum nas rochas cristalinas, são
aluminossilicatos de potássio (K), sódio (Na) e ainda de lítio (Li) e de
cálcio (Ca). Atua principalmente como fundente (diminuindo a
temperatura de fusão). Os principais óxidos constituintes: Fe2O3 e TiO2, e
Na2O e K2O.

• Caulim: Constituído principalmente por caulinita (Al2O3.2SiO2.2H2O) além


de alumínio, silício, hidrogênio e oxigênio. Apresenta uma cor de queima
2. Origem da Matéria-Prima
2.2. Aplicação em Cerâmica Tradicional
2.2.1 Argila
Definição de argilas:
- Grim: Material terroso de granulometria fina; apresenta certa plasticidade
quando em contato com a água.
- Amarante: Produtos da alteração intempérica de rochas ígneas, sedimentares
e metamórficas; são constituídas de minerais primários (que se encontram
presentes nas rochas, e apenas se alteraram sua composição) e/ou minerais
secundários (produzidos pela ação de agentes químicos sobre os minerais
primários).
- Ceramistas: Sedimento com tamanho de partícula inferior a 4 m, constituída
em grande parte por argilominerais; pode conter impurezas; desenvolve
plasticidade com a adição de uma quantidade conveniente de água, perdendo-a
após a secagem; após queima a uma temperatura superior a 1000°C, adquire
alta resistência.
2. Origem da Matéria-Prima
2.2. Aplicação em Cerâmica Tradicional
2.2.1 Argila
Formação das Argilas:
- História da argila
- Intempéries (rochas Zona de intemperismo
ígneas, sedimentares
e metamórficas)

Minérios
2. Origem da Matéria-Prima
2.2. Aplicação em Cerâmica Tradicional
2.2.1 Argila
Formação das Argilas:
•A maioria das argilas é minerada a
céu aberto, e o aproveitamento da
camada de argila útil é realizado
após a remoção da camada estéril.
•Essa remoção é feita por meio de
escavadeiras trabalhando em uma
face, ou em algumas minas, por
tratores ou aplanadores mecânicos
de grande capacidade.
•Matéria-Prima extremamente
abundante. Técnicas de mineração de argilas.
2. Origem da Matéria-Prima
2.2. Aplicação em Cerâmica Tradicional
2.2.1 Argila
Formação das Argilas:
• As argilas naturais contêm diversos minerais em sua estrutura como
quartzo, feldspatos, micas e minerais de ferro (principalmente).
• Essa possuem também uma certa quantidade de matéria orgânica.
• As argilas são compostas por materiais plásticos e não-plásticos:
- Não-plásticos: modificam o comportamento das argilas na queima.
Podem atuar como: formadores de fases cristalinas, formadores de
fases líquidas (fundentes), inertes,...
• Argilas de granulometria muito fina, extremamente plásticas:
processamento dificultado, pois precisam de uma considerável
quantidade de água para desenvolver completamente a plasticidade.
2. Origem da Matéria-Prima
2.2. Aplicação em Cerâmica Tradicional
2.2.1 Argila
Produtos de Argilas:
• Matéria-prima barata → Altíssima utilização como cerâmica estrutural.
• Adicionando-se água na argila:
- Facilidade de cisalhamento (deslizamento).
- Possibilidade de extrusão e colagem.
2. Origem da Matéria-Prima
2.2. Aplicação em Cerâmica Tradicional
2.2.1 Argila
Estrutura das Argilas:
• Possuem estrutura dos silicatos.
• Filossilicatos → Ex.: Argilas (Vermiculita, Montmorilonita e Caulinita) e
Micas (Biotita e Muscovita).
• Folhas tetraédrica ou octaédrica são sobrepostas em diferentes modos.
• São compostas por = Argilominerais + impurezas
- compostos bidimensionais do silício-
oxigênio tetraédrico; e
- compostos bidimensionais do alumínio -
ou magnésio - oxigênio-hidroxila octaédrico
2. Origem da Matéria-Prima
2.2. Aplicação em Cerâmica Tradicional
2.2.1 Argila
Estrutura das Argilas:
• Facilidade de processamento se deve
a sua estrutura.
Forças de van der
Waals (fracas)

Originando as
propriedades
anisotrópicas* do
material
Estrutura da caolinita em
deslizamento
*característica que uma substância possui em que uma certa propriedade física varia com a direção.
2. Origem da Matéria-Prima
2.2. Aplicação em Cerâmica Tradicional
2.2.2 Porcelanas
• A porcelana é um material cerâmico obtido a partir da mistura basicamente
de três materiais:
- Argilominerais (argila plástica e caulim)
- Quartzos
- Feldspatos (com alto grau de pureza).
• A proporção entre estes materiais é quem dá as características da
porcelana, sua temperatura de queima, translucidez, etc.
• Os produtos apresentam porosidade próxima a zero e compreendem a
porcelana doméstica e de hotelaria (pratos, xícaras, jogos de chá etc.);
porcelana elétrica (isoladores e peças para componentes eletroeletrônicos);
e porcelana técnica, que apresentam elevada resistência física ou ao ataque
químico.
2. Origem da Matéria-Prima
2.2. Aplicação em Cerâmica Tradicional
2.2.2 Porcelanas DIAGRAMAS TRIAXIAIS
Argila
• O termo “porcelanas triaxiais”
refere-se aos produtos formados
principalmente por três matérias
primas distintas.
• Cada uma concede à peça uma
característica específica: Sílica Feldspato
(Alumina) Argila
• Argila ou caulim que dá a
plasticidade;
• Feldspato que é o principal
fundente; e
• Sílica que é responsável pela Carga Fundente
estrutura da peça.
2. Origem da Matéria-Prima
2.3. Aplicação em Cerâmica Avançada

Classificação
•Cerâmica eletrônica: Elemento de aquecimento, isolantes,
substratos, semicondutores;
•Cerâmica aeroespacial: Partes de turbinas, isolamento
térmico, trocadores de calor;
•Biocerâmica: Próteses e implantes; MATÉRIAS-
•Refratários avançados: revestimentos e concretos de alto PRIMAS DE
desempenho; ALTA PUREZA

•Nuclear: combustíveis, revestimento e blindagem;


•Diversos: ferramentas de corte, componentes resistentes à
abrasão, blindagem, vitrocerâmicos, monocristais, fibras
ópticas;
2. Origem da Matéria-Prima
2.3. Aplicação em Cerâmica Avançada
• Basicamente matéria-prima de alta pureza (rígida composição
química), muitos não ocorrendo na natureza:
- SiC
- ZrO2
- MgO
- Al2O3
- BeO
- MgAl2O3
- PbFe12O19
- ZnFe2O4
- TiO2
2. Origem da Matéria-Prima
2.3. Aplicação em Cerâmica Avançada
2.3.2 Exemplos de Matéria-Prima utilizada em Cerâmica Avançada
ALUMINA (Al2O3)

• CARACTERÍSTICAS:
- Baixo custo;
- Boas propriedades mecânicas;
- Excelente resitividade elétrica e dielétrica
- Resistente à ação química ;
- Aplicações: isoladores elétricos, aplicações
aeroespaciais, componentes resistentes à
abrasão,….
2. Origem da Matéria-Prima
2.3. Aplicação em Cerâmica Avançada
2.3.2 Exemplos de Matéria-Prima utilizada em Cerâmica Avançada
ALUMINA (Al2O3)
• Ocorre naturalmente, na forma de coríndon e na forma de
gemas com rubi (coloração pelo Cr) e comoa Safira (coloração
pelo Fe e Ti)
• A alumina pode ser obtida de diversos minérios, entre eles a
gipsita, a boemita, a boerita e a diáspora → formam o
minério Bauxita.
• Apresenta-se sob diversas formas (Alumina ,  ,  ...)
• Os processamentos para cada minério serão diferentes entre si
e produzirão fases intermediárias da alumina até a obtenção
da fase α.
• Logo, estas fases não estão diretamente relacionadas com a alumina e sim com o
minério e o processamento utilizado.
2. Origem da Matéria-Prima
2.3. Aplicação em Cerâmica Avançada
2.3.2 Exemplos de Matéria-Prima utilizada em Cerâmica Avançada
ALUMINA (Al2O3)
• Pode ser beneficiada para
produção de alumina.

• Para aplicações mais


tecnológicas, pode ser
beneficiada pelo processo
Bayer, no qual o minério é
moído e digerido causticamente
sob pressão, resultando na
Bauxita
alumina de alta pureza
(cerâmica avançada)
2. Origem da Matéria-Prima
2.3. Aplicação em Cerâmica Avançada
2.3.2 Exemplos de Matéria-Prima utilizada em Cerâmica Avançada
ALUMINA (Al2O3)
Processo Bayer:
• Em 1888, Karl Josef Bayer desenvolveu e patenteou o processo hoje como
“Processo Bayer” .
• O processo utilizado para o refino da bauxita (denominada assim devido à
primeira mineração comercial ter corrido no distrito de Les Baux, França) na
produção de alumina (Al2O3).
• Anteriormente ao surgimento do processo Bayer, o beneficiamento da bauxita
era realizado através do processo Le Chatelier, desenvolvido cerca de 30 anos
antes por Louis Le Chatelier.
• Esse método consiste no aquecimento da bauxita com Na2CO3 a 1200°C,
remoção dos aluminatos formados com água, precipitação do Al(OH) 3 através
da ação do CO e, finalmente, o Al(OH) formado é filtrado, seco e limpo.
2. Origem da Matéria-Prima
2.3. Aplicação em Cerâmica Avançada
2.3.2 Exemplos de Matéria-Prima utilizada em Cerâmica Avançada
ALUMINA (Al2O3)
Processo Bayer

Fluxograma e
Esquema do
Processo
Bayer

https://www.youtube.com/watch?v=fLyEusHRetI
2. Origem da Matéria-Prima
2.3. Aplicação em Cerâmica Avançada
2.3.2 Exemplos de Matéria-Prima utilizada em Cerâmica Avançada
ALUMINA (Al2O3)

Evolução cronológica e esquemas dos métodos de produção de alumina


2. Origem da Matéria-Prima
2.3. Aplicação em Cerâmica Avançada
2.3.2 Exemplos de Matéria-Prima utilizada em Cerâmica Avançada
ALUMINA (Al2O3)
Processo Bayer
1°) Digestão: envolve num primeiro momento a moagem da bauxita, seguida pela
digestão (da gibsita, por ex.) propriamente dita com uma solução cáustica de
hidróxido de sódio (NaOH) sob temperatura e pressão.
As condições em que se processa a digestão (concentração, temperatura e
pressão), variam de acordo com as propriedades da bauxita. Nestas condições a
maioria das espécies contendo alumínio é dissolvida, formando um licor verde.
2. Origem da Matéria-Prima
2.3. Aplicação em Cerâmica Avançada
2.3.2 Exemplos de Matéria-Prima utilizada em Cerâmica Avançada
ALUMINA (Al2O3)
2°) Clarificação: ocorre a separação entre as fases sólida (resíduo
insolúvel não dissolvido, lama vermelha) e líquida (licor verde rico
em gibsita dissolvida por ex.). Normalmente as técnicas empregadas
envolvem espessamento seguido de filtração. O espessamento é um
processo de decantação, em que o resíduo proveniente da digestão é
encaminhado para unidades denominadas de
espessadores/lavadores. O objetivo destas unidades é densificar o
resíduo, aumentando seu teor de sólidos, para recuperar a maior
quantidade de NaOH possível e fornecer um “overflow” para a
filtragem.
2. Origem da Matéria-Prima
2.3. Aplicação em Cerâmica Avançada
2.3.2 Exemplos de Matéria-Prima utilizada em Cerâmica Avançada
ALUMINA (Al2O3)
3°) Precipitação: após etapa de clarificação, ocorre a etapa de
precipitação, quando se dá o esfriamento do licor verde. Após este
esfriamento é feita adição de uma pequena quantidade de cristais
de alumina (semeadura) para estimular a precipitação, em uma
operação reversa à digestão .

Cristalização da gibsita.
2. Origem da Matéria-Prima
2.3. Aplicação em Cerâmica Avançada
2.3.2 Exemplos de Matéria-Prima utilizada em Cerâmica Avançada
ALUMINA (Al2O3)
A alumina cristalizada é encaminhada para a calcinação e o licor residual contendo
NaOH e alguma alumina é recirculada para a etapa de digestão.
4°) Calcinação: A calcinação é a etapa final do processo, em que a alumina é
lavada para remover qualquer resíduo do licor e posteriormente seca. Em seguida a
alumina é calcinada a aproximadamente 1000 °C para desidratar os cristais,
formando cristais de alumina puros, de aspecto arenoso e branco .

Obs: Lama Vermelha, resíduo insolúvel formado durante a clarificação, é composto


por óxidos insolúveis de ferro, quartzo, aluminossilicatos de sódio, carbonatos e
aluminatos de cálcio e dióxido de titânio (geralmente presente em traços).
2. Origem da Matéria-Prima
2.3. Aplicação em Cerâmica Avançada
2.3.2 Exemplos de Matéria-Prima utilizada em Cerâmica Avançada
ALUMINA (Al2O3)
4°) Calcinação:
É o processo de retirada da água de cristalização do
hidróxido de alumínio (Gibsita), transformando-o em
alumina.

4 ton Bauxita ~ 2 ton Alumina ~ 1 ton Alumínio


2. Origem da Matéria-Prima
2.3. Aplicação em Cerâmica Avançada
2.3.2 Exemplos de Matéria-Prima utilizada em Cerâmica Avançada

Os caminhos da bauxita
https://www.youtube.com/watch?v=j5OmV-JH7lE

Fabricação e obtenção do alumínio


https://www.youtube.com/watch?v=fLyEusHRetI

Discovery Como Tudo Funciona - Aluminio - Parte 1


https://www.youtube.com/watch?v=4mI9e3_nYg0
2. Origem da Matéria-Prima
2.3. Aplicação em Cerâmica Avançada
2.3.2 Exemplos de Matéria-Prima utilizada em Cerâmica Avançada
ALUMINA (Al2O3)
Aplicações:

Lâmpada de Sódio:
• A alumina translúcida é utilizada como encapsulante de lâmpadas
de sódio devido a sua capacidade de suportar altas temperaturas,
aproximadamente 1500 °C, e também, devido a sua translucidez,
que é atingida com a eliminação de poros e ausência de segundas
fases que atuariam como espalhadores de luz.
2. Origem da Matéria-Prima
2.3. Aplicação em Cerâmica Avançada
2.3.2 Exemplos de Matéria-Prima utilizada em Cerâmica Avançada
ALUMINA (Al2O3) Defeito máximo 0,4 m
(luz vísivel: 0,4 a 0,8 m)
Aplicações: tamanho médio de partícula: 0,3 m

Alumina convencional (opaca) Alumina translúcida

porosidade: 3% porosidade: 0,3%


2. Origem da Matéria-Prima
2.3. Aplicação em Cerâmica Avançada
2.3.2 Exemplos de Matéria-Prima utilizada em Cerâmica Avançada
BERÍLIA (BeO)
• CARACTERÍSTICAS:
- Apresenta boa condutividade térmica;
- Alta resistência Mecânica;
- Boas propriedades dielétricas;
- É cara e difícil de trabalhar;
- A poeira é tóxica;
- Aplicações: fabricação de dispositivos eletrônicos de alta
performance, transistores, resistores, …
2. Origem da Matéria-Prima
2.3. Aplicação em Cerâmica Avançada
2.3.2 Exemplos de Matéria-Prima utilizada em Cerâmica Avançada
ZIRCÔNIA (ZrO2)

• CARACTERÍSTICAS:
- Apresenta-se em várias formas
(monoclínica, cúbica estabilizada,..).
- A zircônica estabilizada apresenta:
- Alta temperatura de fusão (2760°C);
- Baixa condutividade térmica;
- Alta resistência à ação química.
- Aplicações: dielétricos, facas cerâmicas,
biomateriais, reatores, biomateriais...
3. Beneficiamento

Beneficiamento Mineral
• Liberação/preparação do minério de interesse da rocha.

Beneficiamento de Rochas
• Purificação, corte de blocos em peças com espessura variadas e próximas
daquelas apresentadas pelos produtos final,...
3. Beneficiamento

Seleção das Rochas Apropriadas à Extração:


• As características das matéria-prima têm influência significante nas
propriedades finais:
• Alguns critérios são avaliados quando da seleção:
– Composição química (pureza)
– Composição mineralógica (minerais presentes)
– Tamanho de partícula (aspectos econômicos e práticos)
– Relação estéreo (sem valor)/minério (aspectos econômicos e práticos)
• Além desses critérios, a disponibilidade, o transporte, o custo, a
toxicidade e a reciclagem da matéria-prima são decisivos toxidade,
reciclagem.
3. Beneficiamento
Para efeito das Normas Reguladoras de
Mineração (NRM ) entende-se por
beneficiamento ao tratamento visando
Beneficiamento Mineral preparar granulometricamente, concentrar ou
purificar minerais por métodos físicos ou
químicos sem alteração da constituição
química dos minerais
• Cominuição
• Desagregação e destorroamento;
• Classificação granulométrica
• Separação: densidade, magnética, eletrostática...
• Flutuação;
• Filtração;
• Mistura;
• Secagem;
• Granulação.
http://dnpm-pe.gov.br/Legisla/nrm_18.htm
3. Beneficiamento
3.1. Cominuição
Consiste na redução das dimensões das
partículas, nas mais variadas faixas de
tamanho.
3. Beneficiamento
3.1. Cominuição
3. Beneficiamento
3.1. Cominuição

Britador de mandíbulas
(“jaw crusher”):
• Fragmentos são triturados
entre uma mandíbula fixa e
outra móvel.
• Reduz materiais (duros ou
semi - duros) de 70 - 30 cm
de diâmetro para 2,5 – 7,5
cm de diâmetro, capacidade
de 100 toneladas / hora.

https://www.youtube.com/watch?v=Iswffc7bprE
3. Beneficiamento
3.1. Cominuição

Britador giratório (“giratory


crusher”):
• Mesma ação do britador de
mandíbulas - cone interno oscila
como resultado de um
movimento circular do eixo
central.
• Materiais quebradiços (magnesita
e calcário) 100 T / h.

https://www.youtube.com/watch?
v=3k_uiaQG6Mk
3. Beneficiamento
3.1. Cominuição

Moinho de cilindros (“roll


crusher”)
• Usado para triturar chamota
(SiO2+Al2O3) e outros materiais
quebradiços de 1 polegada até
malha 8 (abertura 2,362 mm)
de diâmetro ou menos.
• Compressão contínua e produz
– 10 t / h.

https://www.youtube.com/w
atch?v=C-ladt19z4g
3. Beneficiamento
3.1. Cominuição

Moinho Martelo
• Usado para moer, por exemplo,
calcário
• O impacto e cisalhamento
podem reduzir partícula de 500
mm até 0,04 mm.
• Capacidade de até 400 T/h.

https://www.youtube.com/watch?
v=LXILXwaMkk8
3. Beneficiamento
3.1. Cominuição

Moinho de cilindros dentados


(“tootched rolls”)
• Rolos são rugosos ou dentados e
um gira mais rápido que o outro.
• Usado para materiais moles (por
não tender a parar por
entupimento), como torrões de
argila. 180 T / h.

https://www.youtube.com/watch?
v=j7UaE5HU0YA
3. Beneficiamento
3.1. Cominuição

Galga a seco (“dry pan”)


• Carga é alimentada sob as
galgas por grades (plows) e os
finos passam através das placas
perfuradas (que agem como
peneiras) em um processo
contínuo.
• Máquina pode ter 3 metros de
diâmetro e moer 50 T / h.

https://www.youtube.com/watch?v=7k7wnbLKX38

Ganga molhada
https://www.youtube.com/watch?v=LhDMi9noYww
3. Beneficiamento
3.1. Cominuição

Moinho de bolas (“ball mill”)


• Moagem fina de materiais como,
por exemplo, quartzo, feldspato e
clínquer de cimento.
• Consiste de um cilindro oco
revestido com porcelana (ou outro
material extremamente duro) e
contendo esferas duras e
resistentes (corpos moedores).
• Tamanho de partículas <  200 ou
350 (74 ou 44 mícrons),

https://www.youtube.com/watch?v=NfFDeWYM6Ys
3. Beneficiamento
3.2 Desagregação e destorramento

Misturador de hélices ( agitador ou


dispersor (blunger))
• Operação feita em tanques cilíndricos nos
quais pás com movimento circular lento
são fixas a um eixo vertical.

Destorrador

https://www.youtube.com/watch?v=7mr8eqpqX4U
3. Beneficiamento
3.3. Classificação granulométrica de partículas
Classificação das partículas segundo
seus diâmetros equivalentes e limites
convencionais→ frações
granulométricas

• Realizada com o auxílio de pereiras ou por análise instrumental;


• Análise instrumental: Analise granulométrica Ex.:
CILAS PARTICLE SIZE ANALYZER 
• Peneiras: dispositivos p de metal, seda, náilon, etc;
• Separa partículas de acordo com o seu tamanho – desde muito
finas até muito grossas.
3. Beneficiamento
3.3. Classificação granulométrica de partículas
Análise instrumental
3. Beneficiamento
3.3. Classificação granulométrica de partículas
Análise instrumental
3. Beneficiamento
3.3. Classificação granulométrica de partículas
Peneiras
3. Beneficiamento
3.3. Classificação granulométrica de partículas
Peneiras
3. Beneficiamento
3.3. Classificação granulométrica de partículas
Peneiras
Fatores que afetam a eficiência de processos com Peneiras
3. Beneficiamento
3.3. Classificação granulométrica de partículas
Peneira Estática Peneiras Vibratórias

Peneira Rotativa (Trommel)

https://www.youtube.com/watch?v=sptkSVY0kNQ

https://www.youtube.com/watch?v=TfHh9_J4vjg
3. Beneficiamento
3.4. Separação Através de uma
Separação por Diferença de Densidade propriedades física

Separação Gravimétrica: Meios densos


•Utilização de suspensões
de água com Ferrosilício
ou Magnetita: Diferentes
densidades, separação de
diferentes frações,…
3. Beneficiamento
3.4. Separação

Separação por Diferença de Densidade


Alimentação Jigs
– Meios Densos: Utilização de
Água
suspensões de água com
Ferrosilício ou Magnetita:
Diferentes densidades, separação
de diferentes frações.
– Soluções orgânicas (ex.
tetrabromoetano, d=2,96 g/cm3)

https://www.youtube.com/watch?v=9gqzvTMnhVQ
Concentrado
3. Beneficiamento
3.4. Separação

Separação por Diferença de Densidade


Mesa concentradora (filmes d´água)

https://www.youtube.com/watch?v=oHBQcXE_Ee4
3. Beneficiamento
3.4. Separação

Separação por Diferença de Densidade


3. Beneficiamento
3.4. Separação

Separação Magnética

https://www.youtube.com/watch?v=tRNEY9-Gg9M
3. Beneficiamento
3.4. Separação

Separação Magnética

Usado para
remover ferro ou
minerais de ferro
encontrados em
feldspato
3. Beneficiamento
3.4. Separação

Separação Magnética
3. Beneficiamento
.
3.5 Flutuação pela espuma (froth flotation)

• Segregação de materiais por


densidade ou tamanho
• Mistura do minério finamente
dividido, suspenso em água com
um agente espumante, havendo
uma adsorção diferencial na
superfície das bolhas entre as
partículas do mineral útil e as
partículas da ganga.
• Um ou outro flutua na superfície e
é removido.
3. Beneficiamento

3.6. Filtração
• Definição: Processo de separação de uma suspensão em cake e um
líquido (filtrado) pela passagem por um material poroso (filtro).
• Fatores importantes:
-propriedades da suspensão (ex. distribuição de tamanho,
concentração);
-propriedades do filtro (ex. tamanho e forma dos poros);
-forças aplicadas na suspensão.
• Tipos de filtros: filtros gravitacionais (telas, tecidos, papel), filtros
centrífugos, a vácuo (tambores, discos), ou filtros-prensa.
• Umidade típica após filtragem 8 a 15%.
3. Beneficiamento

3.6. Filtração

Remoção de água por


filtração permite eliminar
sais solúveis
o filtro – prensa de placas
é de uso geral.
3. Beneficiamento

3.6. Filtração
3. Beneficiamento

3.7. Secagem

Bolos de argila lavada e


retirados do filtro – prensa
3. Beneficiamento

3.7. Secagem
Secadores rotativos

Tipo indireto evita contaminação pelos produtos da combustão.


3. Beneficiamento

3.8. Atomização (Spray-Drying)


• Barbotina é injetada sob alta pressão (25 - 30 bar).
• Nebulizada dentro de uma câmara de secagem (ar quente 500 a 600ºC)
• Evaporação da água é quase instantânea (elevado coeficiente de troca térmica)
• Grânulos atomizados são descarregados sobre uma correia transportadora e
conduzidos aos silos de massa
• O pó fino que não caiu, é recolhido por um sistema de ciclones separadores e
despejado sobre a correia de massa, e o ar de exaustão (vapor) perfeitamente
limpo, é aspirado para o chaminé.
• Principais parâmetros tecnológicos monitorados: umidade e granulometria.
• Regulagem do atomizador: obtenção de pós com umidade residual controlada
(pós com umidade de 5%, 6%, 7%, 8%) com uma tolerância de  0,5% para cada
pó.
https://www.youtube.com/watch?v=C1t_JcQvs1g
3. Beneficiamento

3.8. Atomização (Spray-Drying)


-Processo final da moagem a
úmido;
-Suspensão aquosa das matérias-
primas finamente moídas - a
barbotina cerâmica (sólidos em
suspensão de 60% a 70%);
- Desumidificação através de um
spray-dryer ou atomizador obtém-
se a massa cerâmica.
Representação esquemática de um
atomizador industrial utilizado no
preparo da matéria-prima na
fabricação de revestimentos
cerâmicos
3. Beneficiamento

3.8. Atomização (Spray-Drying)


https://www.youtube.com/watch?v=0o4ZCjHnaRw
3. Beneficiamento

3.8. Atomização (Spray-Drying)


Reflexões para o Lar....
1. Quais são as fases da vida de uma exploração mineira? Como a mineração pode ocorrer?
2. Quais são os principais componentes da Argila, Feldspato e Caulim? Qual as principais
características desses?
3. Que tipo de ligações estão presentes nas argilas e que propriedades conferem a mesma?
4. Explique o diagrama triaxial para cerâmicas brancas.
5. Cite duas diferenças entre a matéria-prima para a cerâmica tradicional e avançada.
6. Dê cinco exemplos de cerâmica tradicional e cerâmica avançada.
7. Como funcionamos reatores por chama? Qual a sua principal vantagem?
8. Explique, de forma sucinta, o processo Bayer.
9. Defina beneficiamento de materiais cerâmicos.
10. O que é cominuição, para que serve?
11. Cite três tipos de moinhos. Qual a principal característica de cada moinho escolhido?
12. Defina classificação granulométrica de partículas? Como essa pode ser feita?
13. Como funciona um atomizador? Que tipo de material pode ser utilizado nesse
equipamento?

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