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Depressão

Milane Caroline de Oliveira Valdek


R2 de Psiquiatria do HUOL
Introdução

 Indivíduos normais experimentam uma ampla


faixa de estados do humor, mas sentem-se no
controle de seus estados de humor e afetos;
 Transtornos do Humor, a sensação de controle
é perdida, e há uma experiência subjetiva de
grande sofrimento.
História

 Velho Testamento- história do rei Saul;


 Ilíada de Homero- suicídio de Ajax;
 400 a.C., Hipócrates usava os termos mania
e melancolia paradescrever transtornos
mentais;
 30 d.C.,o médico romano Celsus, descreveu
melancolia (do grego melan “negra” e chole
“bile”.
Epidemiologia
 Prevalência cerca de 15%, até 25% nas mulheres
 50% tendo início entre 20 e 50 anos
 Maioria não procura atendimento médico, ½ em
atendimento clínico não especializado; ¼ em
psicoterapia, ¼ com psiquiatra
 A depressão é pouco diagnosticada pelo médico não
psiquiatra (30 a 50%)
 Transtorno freqüente
 20% dos idosos
 33% pós IAM e 47% nos pcts. com câncer
 Duas x mais freqüente em mulheres (15 a 25%)
 Incapacitante: 4ª causa de afastamento do trabalho (em 2020
será 2ª causa)
 Crônico e recorrente:
 80% apresentarão um segundo episódio, em média 4
 12% não remitem
 Não foi encontrada correlação entre estado socioeconômico e
depressão
 Ocorre com > frequência em pessoas sem relacionamentos
interpessoais íntimos ou que são divorciadas ou separadas
Etiologia

 Anormalidades nos metabólitos das aminas


biogênicas no sangue, na urina e no líquido
cerebrospinal
 Ác. 5-hidroxindolacético
 Ác. Homovanílico
 3-metóxi-4-hidroxifenilglicol
 Norepinefrina
 Downrgulation dos receptores B-adrenégicos e as
respostas clínicas aos antidepressivos
 Receptores B2 pré-sinápticos –sua estimulação leva a
uma redução da quantidade de norepinefrina e
serotonina liberada
 Possível papel importanteda NE na fisiopatologia de
pelo menos alguns dos sintomas da depressão
 Serotonina
 Envolvida na fisiopatologia da depressão
 Depleção de serotonina
 Pct com impulsos suicidas têm baixas concentrações da
serotonina no LCS e baixas concentrações de sítios de
captação da mesma nas plaquetas
 Dopamina
 A atividade pode estar reduzida na depressão
 Teorias recentes: a via mesolímbica da DA pode
estardisfuncional e que seus receptores D1 podem estar
hipoativos
 Outros fatores neuroquímicos
 Sugere-se que o GABA e os peptídeos neuroativos
(vasopressina e opiódes endógenos)
 Há evidências que medicamentos que antagonisam os
receptores NMDA têm efeitos AD
 Regulação neuroendócrina
 Eixos principais de interesse: das adrenais(hipersecreção
de cortisol), da tireóide e do GH
 Redução dasecreção noturna de malatonina, da liberação
de PRL em resposta à administração do trptofano, do FSH,
LH e testosterona no homem
 Eixo Adrenal/Teste de supressão da dexametasona
 O resultado +( não supressão da dexametasona ) não é
inteiramente válido para indicar transtornos do humor
 Pode haver correlação com a probabilidade de recaída
(quando o TSD não se normaliza com a resposta clínica ao
tratamento)
 Eixo da tireóide
 Alterado em 5 a 10% dos pacientes com depressão
 Deve ser feito em todos os pacientes TSH e T4L
 Hormônio do Crescimento
 Atenuada a estimulação induzida pelo sono da liberação
do GH
 Somatostatina: inibe GH, GABA, ACTH e FSH; níveis
baixos na depressão
 Anormalidades do sono
 EEG anormal
 Redução da latência do sono REM (tempo entre o
adormecer e o primeiro sono REM)
 Primeiro período de REM mais longo e sono delta anormal
Fatores Genéticos

 Forte indicação de que um fator genético


significativo está envolvido no
desenvolvimento de um transtorno do
humor,ma o padrão de herança genéticaé
complexo
Fatores Psicossociais

 Acontecimentos da vida e estresse ambiental


 Perda de um dos pais antes dos 11 anos
 Perda do cônjuge
 Desemprego
 Fatores da personalidade
 Obsessivo-colpulsiva, histrionica e borderline
Sintomas da depressão:

 Tristeza prolongada, “sensação de vazio” e ataques de


choro sem explicação;
 Insônia ou Sonolência;
 Perda de apetite e de peso ou aumento de apetite e de
peso;
 Perda de interesse ou prazer em atividades que antes
eram prazerosas;
 Inquietação ou irritabilidade;
 Lentificação;
Sintomas da depressão:

 Sintomas físicos persistentes que não respondem ao


tratamento (como dor de cabeça, dor crônica, prisão de
ventre e outras alterações digestivas);
 Dificuldade em concentar-se, recordar ou tomar
decisões;
 Fadiga ou perda de energia;
 Sentimentos de culpa, de desesperança ou inutilidade;
 Pensamentos recorrentes sobre morte e suicídio.
No idoso ...

 Insônia inicial e principalmente despertar precoce (< 5


horas/noite)
 Idéias de baixa auto-estima, menos valia
 Atos auto-lesivos, desesperança e ideação suicida
 Crenças irreais de perseguição, doença grave ou
falência dos órgãos internos
No idoso ...

 Humor ansioso ou irritado


 Queixas físicas diversas com exames
clínico/laboratoriais normais
 Queixas de memória com bons resultados nos testes
cognitivos
 Apetite reduzido com perda de peso na ausência de
doença física
Outras condições que cursam com
sintomas depressivos:
 Luto
 Ajustamento
 Depressão bipolar
 Distimia
 Distúrbio misto de ansiedade e depressão
 Transtorno disfórico pré-menstrual
Critérios diagnósticos

 DSM-IV
 CID 10
Exame do estado mental

 Lentificação psicomotora é o mais comum


 Torcer as mãos e arrancar cabelos comuns
na agitação
 Postura encurvada, sem movimentos
espontâneos e com olhar desviado para
baixo, sem encarar
 Humor, afeto, sentimentos
 Fala – redução da taxa e volume da fala
 Sensopercepção – Raro alucinações
 Pensamento- conteúdo delirante,ruminações não
delirantes sobre perda, culpa, suicídio e morte
 Bloqueio do pensamento e pobreza de conteúdo
 Orientação preservada
 Memória e concentração
 Controle dos impulsos -10 a 15% cometem suicídio,
2/3 têm ideação suicida
 Insigth excessivo
 Confiabilidade
Diagnóstico Diferencial
 Doenças médicas
 Pacientes adolescentes- investigar mononucleose
 Notável excesso ou redução de peso- testar adrenais e
tireóide
 Homossexuais, bissexuais dependentes de drogas
injetáveis – pensar em AIDS
 Idosos – pneumonias virais e outras condições médicas
 Qualquer medicamento deve ser considerado um fator
potencial: medicamentos cardíacos, anti-hipertensivos,
sedativos, hipinóticos, antipsicóticos, antiepilépticos,
antiparkinsonianos,analgésicos, antibacterianos e
antineoplásicos
 Condições neurológicas
 Parkinson, doenças demenciais, doença cerebrovascular e
tumores
 Pseudodemência
 Sem confabulação
 Memória recente mais afetada que a remota
 Outros transtornos mentais e do humor
 Luto não complicado
Curso e Prognóstico
 Curso:
 50% dos pacientes tem início antes dos 40 anos.
 Início mais tardio: ausência de história familiar, TP anti-social,abuso de
álcool
 Duração
 Não tratado – 6 a 13 meses
 Tratado – 3 meses
 Em um período de 20 anos, o número médio de episódios é de 5 a 6
 Desenvolvimento de episódios maníacos
 5 a 10% dos diagnosticados depressão maior têm um episódio maníaco 6 a
10 anos após o primeiro episódio depressivo
 Prognóstico
 25% recorrência nos primeiros 6 meses
 30 a 50% nos primeiros 2 anos
 50 a75%em 5 anos
Tratamento

 Medicamentos antidepressivos
 Psicoterapia
 ECT
Tratamento:
Fases

Aguda Objetivo: remissão dos sintomas e melhora do


funcionamento psicossocial
Duração: em geral, de 6 a 8 semanas

Continuação Objetivo: prevenção de recaídas e recuperação do


funcionamento psicossocial
Duração: em média, de 4 a 9 meses

Manutenção Objetivo: prevenção de recorrências


Duração: indefinida
Tratamento:
Fases
Tratamento:
Adesão
 Atitudes e crenças
 Deve-se tomar o antidepressivo só até melhorar
 Antidepressivos podem mudar a personalidade
 Meu médico me forçou a tomar o antidepressivo
 Pode-se tomar menos pílulas nos dias em que você se sente
melhor
 Minha depressão desapareceria mesmo sem tratamento
 Pode-se tomar pílulas extras nos dias em que você se sente
pior
Tratamento:
Adesão
 Causas de abandono do tratamento antidepressivo
 Sentem-se melhor
 Efeitos adversos
 Medo de ficar dependente
 Sentimento de desconforto
 Falta de eficácia
 “Tenho que me curar sozinho”
Tratamento:
Adesão
 Informações que influenciam positivamente a adesão:
 Medicamentos demoram de duas a quatro semanas para
fazer efeito
 Não parar sem antes falar com o médico
 Realizar atividades de laser
Suicídio
 14 – 15% dos pacientes deprimidos tentam (11% com êxito)
 Não considerar como tentativas de chamar a atenção;
 15 – 22% apresentam nova tentativa no ano seguinte; 10% se
suicidam em 10 anos;
 Fatores de risco: Homens, > 45 anos, separado ou divorciado,
classes sócioeconômicas extremas, morar em área urbana,
desempregado ou aposentado, ser ateu, ter poucos contatos
sociais e doenças crônicas;
 Personalidade impulsiva, uso de álcool e drogas.
Suicídio
Perguntando sobre ideação suicida
 Sente que a vida perdeu o sentido?
 Tem esperança de que as coisas vão melhorar?
 Pensou que seria melhor morrer?
 Pensamentos de por fim à própria vida?
 São idéias passageiras ou persistentes?
 Pensou em como se mataria?
 Já tentou, ou chegou a fazer algum preparativo?
 Tem conseguido resistir a esses pensamentos?
 É capaz de se proteger e retornar para a próxima consulta?
 Tem esperança de ser ajudado?
Circunstâncias que sugerem risco de suicídio:

 Comunicação prévia de que iria se matar


 Mensagem ou carta de adeus
 Providências finais (ex. conta bancária) antes do ato
 Planejamento detalhado
 Precauções para que o ato não fosse descoberto
 Ausência de pessoas por perto que pudessem socorrer
 Não procurou ajuda logo após a tentativa de suicídio
 Método violento, ou uso de drogas mais perigosas
 Crença de que o ato seria irreversível e letal
 Afirmação clara de que queria morrer
 Arrependimento por ter sobrevivido
Concluindo ...

 Transtorno mental mais comum na população


 Recorrente e com risco de cronificação
 Recuperação plena se tratado adequadamente
OBRIGADA!

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