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MANEJO DE RESÍDUOS NA

INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS
INTRODUÇÃO
 O Brasil é o sexto maior produtor de leite do mundo. Em 2008 produziu 27
bilhões de litros e a produtividade em torno de 1,21 de toneladas
leite/cabeça/ano. No mesmo ano a região sudeste apresentou uma
produção de 10,1 bilhões de litros, aproximadamente 81% foram
produzidos sob inspeção e, Minas Gerais destacou-se como o estado que
mais produziu com 7.6 bilhões de litros em 2008 e 27,76% do total nacional.
(CARVALHO E CARNEIRO, 2010)
 Os laticínios apesar de considerados um setor economicamente e
socialmente importantes no país, contribuem significativamente com a
poluição hídrica, já que geram resíduos altamente poluentes com
concentração de matéria orgânica até cem vezes maior que o esgoto
doméstico. (MINAS AMBIENTE, 1998; MENDES e CASTRO, 2004).
Os efluentes de laticínios variam de acordo com as condições
operacionais das indústrias, mas observa-se maior carga orgânica em
empreendimentos menores (pequeno porte), em função da ineficiência da
segregação do soro proveniente da fabricação de queijos. Em plantas maiores
(médio porte) ocorre uma melhor segregação de soro resultando em
efluentes com menor carga orgânica (MACHADO et al., 2000)
DE MODO GERAL:

Leite Processamento Produto

Subprodutos
Soro

Efluente/descarte

Apresenta grande DBO


DBO
 Um dos parâmetros de controle mais utilizados para avaliar a carga
orgânica presente nos efluentes líquidos de uma industria de laticínios é a
Demanda Bioquímica de Oxigênio(DBO) e a Demanda Química de Oxigênio
(DQO).

 A DBO mede a quantidade de oxigênio necessária para que os


microrganismos biodegradem a matéria orgânica. A DQO é a quantidade de
oxigênio necessária para oxidar quimicamente a matéria orgânica.
 A matéria orgânica ao ser biodegradada nos corpos receptores causa um
decréscimo da concentração de oxigênio dissolvido (OD) no meio hídrico,
deteriorando a qualidade ou inviabilizando a vida aquática.
CARACTERÍSTICAS DOS EFLUENTES:
 Processos industriais em curso;
 Volume de leite processado;
 Condições e tipos de equipamentos utilizados;
 Práticas de redução da carga poluidora e do volume de efluentes;
 Práticas de gestão ambiental;
 Quantidade
O soro,deo água utilizada
leitelho nasácido,
e o leite operações
pelos de limpeza
seus valorese nutritivos
no sistemae de
pelas suas
refrigeração.
elevadas cargas orgânicas não devem ser misturados aos demais efluentes da
indústria.
 As medidas de controle = carga orgânica do efluente e consumo de água
EFLUENTES LÍQUIDOS
 São despejos líquidos originários de diversas atividades desenvolvidas na
indústria, que contém:

 Leite e produtos derivados do leite;

 Açúcar, pedaços de frutas;

 Essências, condimentos;

 Produtos químicos diversos utilizados nos procedimentos de higienização;

 Areia e lubrificantes que são diluídos nas águas de higienização de


equipamentos, tubulações, pisos e demais instalações da indústria.
ORIGEM DOS EFLUENTES LÍQUIDOS:

 • Lavagem e limpeza dos tanques de transporte do leite, tubulações, tanques


de processos, pasteurizador e padronizadora, pisos e demais equipamentos
envolvidos direta ou indiretamente no processo produtivo;

 • Perdas no processo, durante a operação de equipamentos;

 •Derrame ou descarte de soro proveniente da fabricação de queijos e


manteiga.

 • Descartes de subprodutos ou produtos rejeitados;

 •Soluções usadas na limpeza dos equipamentos e pisos, tais como os


detergentes neutros, alcalinos e ácidos e ainda os desinfetantes;
Fonte: (Silva, 2011) Fonte: (Silva, 2011)

EFLUENTES LÍQUIDOS

Fonte: (Silva, 2011)


EFLUENTES SÓLIDOS
 Corresponde a todo tipo de material que sobra de um processo, sendo
descartado na forma sólida. Inclui, restos de matéria-prima, produto acabado,
embalagens, os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água e
efluentes, resíduos gerados em equipamentos e instalações de controle de
poluição atmosférica, entre outros.
 resíduos gerados nos escritórios, nas instalações sanitárias e nos refeitórios da
indústria;
 sobras de embalagens, embalagens defeituosas, papelão, plásticos, produtos
devolvidos (com prazos vencidos), embalagens de óleos lubrificantes, resíduos
da ETE (sólidos grosseiros, areia, gordura, lodo biológico, etc.) e cinzas de
caldeiras (no caso de caldeiras a lenha).
EFLUENTES SÓLIDOS

Restos de produção e cinzas da caldeira, a forma


usual é disposição no solo em área agrícola ou
aterro sanitário

Fonte: (MENEGHIN, et.al, 2011)


 Armazenagem temporária

 destino final

Fonte: (MENEGHIN, et.al, 2011)


TRATAMENTO DOS EFLUENTES LÍQUIDOS
As técnicas de tratamento para estes efluentes geralmente
estão associadas aos processos tradicionais que combinam
tratamento físico (ou físico-químico) e tratamento biológico.
 Preliminar Grades, Peneiras (sólidos grosseiros)
 Primário Caixa de gordura, decantação, filtração, coagulação/floculação e/ou
flotação com ar comprimido ou com ar dissolvido, sendo a flotação talvez o
processo mais usual;

 Secundário Lagoas aeróbias e anaeróbias


 Terciário (+Avançado) Osmose inversa
TRATAMENTO PRELIMINAR

Caixa de areia
Grade grossa e fina
Fonte: DANIEL, 2008)
Fonte: (DANIEL, 2008)

Grade para filtração


Peneiramento
Fonte: Site UFA
Fonte: Site UFA
TRATAMENTO PRIMÁRIO

Tanque de decantação
Fonte: Site UFA

Flotação
Fonte: (ALMEIDA, et al.2014)
TRATAMENTO SECUNDÁRIO

Estação de Tratamento de Efluente

Lagoa aerada
FASES DE UM TRATAMENTO
Coagulação: permite a aproximação das partículas, formando
aglomerados, ocorrendo a precipitação dos compostos em
solução e desestabilização de suspensões coloidais de
partículas sólidas.
Floculação: unir as partículas já coaguladas, formando flocos
visíveis a olho nu.
Sedimentação/decantação: processo físico que utiliza da
gravidade para remoção das partículas sólidas suspensas na
água.
PROCESSOS BIOLÓGICOS
TRATAMENTO SECUNDÁRIO- SISTEMA AUSTRALIANO

 O sistema australiano é composto por lagoas anaeróbias seguidas por lagoas facultativas

 Ocorre inicialmente a estabilização da matéria orgânica, na lagoa anaeróbia

 A eficiência de remoção de DBO nas lagoas anaeróbias é da ordem de 50% a 60%. A


DBO do efluente é ainda elevada, implicando a necessidade de uma unidade posterior
de tratamento Lagoa facultativa
 A matéria orgânica em suspensão (DBO particulada) tende a sedimentar, vindo a constituir
o lodo de fundo (zona anaeróbia) CorreÇão do pH
 Este lodo sofre o processo de decomposição por m.o anaeróbios, sendo
convertido lentamente em gás carbônico, água, metano e outros.

A matéria orgânica dissolvida conjuntamente Zona aeróbia


com a matéria orgânica em suspensão não
sedimenta, permanecendo dispersa na massa
líquida.

Zona anaeróbia Estabilização da


Fonte: Guia Técnico Ambiental matéria orgânica
.
TRATAMENTO SECUNDÁRIO- SISTEMA AUSTRALIANO

 Lagoas anaeróbias são tanques com profundidade de 4,0 a 5,0 m, de


maneira a reduzir a possibilidade de penetração, nas camadas mais profundas,
do oxigênio produzido na superfície. A carga orgânica aplicada nestas lagoas
deve ser alta, principalmente para que a taxa de consumo de oxigênio seja
várias vezes superior a taxa de produção de biomassa, criando condições
estritamente anaeróbias.
TRATAMENTO SECUNDÁRIO- SISTEMA AUSTRALIANO

 Vantagens: não precisa de equipamento para aeração, e apresenta um baixo


excesso de lodo, em relação ao processo aeróbio.

 Gordura = A digestão anaeróbia pode ser problemática, pois pode causar


flotação do lodo, formação de espuma na superfície do reator e acúmulo de
compostos intermediários;

 Temperaturas as gorduras podem se solidificar, causando problemas


operacionais como a colmatação e desenvolvimento de odores desagradáveis
PROCESSO AERÓBIO -LODO ATIVADO CONVENCIONAL
FLUXO CONTÍNUO

 Fornecimento de oxigênio para que os microrganismos biodegradem a


matéria orgânica dissolvida e em suspensão, transformando-a em gás
carbônico, água e flocos biológicos.

 Os sistemas de lodos ativados são em geral compostos por tanque (reator


biológico), sistema de aeração, decantador secundário e sistema de
recirculação e descarte do lodo.

 No reator biológico ocorre a exposição da matéria orgânica a massa biológica,


a qual em presença de oxigênio cresce e flocula.
 No tanque de aeração as bactérias crescem e se reproduzem continuamente.

 Com a contínua alimentação do sistema pela entrada de efluentes (matéria orgânica),


ocorre o crescimento do lodo biológico, sendo esse denominado de excesso de lodo

 O lodo excedente após desidratação pode ser enviado para disposição final adequada,
em solos de utilização agrícola ou aterros licenciados.

Outra parte do lodo, volta para o tanque de aeração, para continuar a degradação. (Recirculação)
correção do pH

PROCESSO AERÓBIO -LODO ATIVADO


CONVENCIONAL
FLUXO CONTÍNUO

Fonte: Guia Técnico Ambiental Secagem Reator


.
PROCESSO AERÓBIO -LODO ATIVADO CONVENCIONAL
FLUXO CONTÍNUO

 Apresentam boa redução de matéria orgânica;


 Boa resistência a choques de carga;
 Boa flexibilidade operacional;
 Os custos, tanto os de implantação quanto os operacionais, são elevados;
 A supervisão do processo deve ser continua (retirada periódica do lodo)
 Disposição do lodo excedente pode apresentar problemas de oxigenação;
EX: LATICÍNIO EM MINAS GERAIS (POSTO DE
RESFRIAMENTO)

Reator de lodo ativado


Fonte: (DANIEL, 2008)

Decantação de lodo
Nesse sistema contínuo parte do efluente tratado
acumulado, é descartado em outro tanque, onde fica
por 4 horas parado para decantar o lodo.
Fonte: DANIEL, 2008)
RESOLUÇÃO Nº 430, DE 13 DE MAIO DE 2011
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CONAMA
O lançamento em cursos d’águas é a forma mais usual de disposição dos efluentes
líquidos, sendo condicionado ao atendimento dos padrões estabelecidos.
AÇÕES!

 Segregação dos efluentes gerados em processos diferentes;

 Recirculação de água de resfriamento e caldeira;

 Redução da concentração de agentes de limpeza através da implantação de


sistemas de limpeza automáticos;

 Reaproveitamento de resíduos para geração de co-produtos, como bebidas


lácteas, alimentos para animais e concentrados de proteínas.

 Sistemas de tratamento mais eficientes que permitam o reúso do efluente.


CONCLUSÃO
 A indústria de laticínios gera resíduos sólidos, líquidos e emissões
atmosféricas passíveis de impactar o meio ambiente.
 A legislação ambiental exige que todas as empresas tratem e disponham de
forma adequada seus resíduos.
 É fundamental que a organização conheça os tipos de resíduos que são
gerados, suas características e fontes de geração.
 Deve-se buscar alternativas de reciclagem e reuso para os resíduos gerados
reduzindo ao máximo os custos com tratamento e disposição final.
 Os tratamentos biológicos são os mais indicados, devido a grande carga
orgânica desses efluentes.
REFERÊNCIAS
 ALMEIDA, E. J. M.; GROSSI, L. J.; Estudo do processo de tratamento de água da indústria de laticínio. Poços de Calda. 2014.
Disponível em:< http://www.unifal-mg.edu.br/engenhariaquimica/system/files/imce/TCC_2014_1/Edson%20e%20Lara.pdf>
Acesso em: 11 de Jul. 2016

 ANDRADE, L. H.; Tratamento de efluente de indústria de laticínios por duas configurações de Biorreator com membranas e
Nanofiltração visando o reúso. Belo Horizonte. 2011. Disponível em: < http://www.smarh.eng.ufmg.br/defesas/987m.pdf> Acesso
em: 16 de jul. 2016

 BEGNINI, B. C.; RIBEIRO, H.B.; Plano para redução de carga poluidora em indústria de lacticínios. Disponível em: <
www.periodicos.unc.br/index.php/sma/article/download/519/42> Acesso em: 16 de Jul. 2016

 CARVALHO, G.R; CARNEIRO, A.V .; Principais indicadores leite e derivados: boletim eletrônico mensal. Juiz de Fora: Embrapa Gado
de Leite, v. 3, n. 19. 2010

 DANIEL, D. D.; Avaliação de processos biológicos utilizados no tratamento de efluentes de laticínios. Ribeirão Preto. 2008.
Disponível em:< http://www.unaerp.br/documentos/357-devanir-donizeti-daniel/file> Acesso em: 11 de Jul. 2016

 DURLI, E.; Tratamento de efluentes de industria de laticínios utilizando lipases de Burkholderia cepacia lteb11.Curitiba. 2007.
Disponível em:< acervodigital.ufpr.br/handle/1884/16870> Acesso em: 14 de Jul. 2016

 FILHO, A. T. et al.; Guia técnico ambiental da indústria de laticínios. Minas Gerais. Disponível em: <
http://www.feam.br/images/stories/producao_sustentavel/GUIAS_TECNICOS_AMBIENTAIS/guia_laticinios.pdf> Acesso em: 13 de
Jul. 2016

 MACHADO, R. M. G; FREIRE, V.H; SILVA, P. C. Alternativas tecnológicas para o controle ambiental em pequenas e médias indústrias
de laticínios. In: XVII CONGRESSO INTERAMERICANO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, Porto Alegre, 2000.

 MENEGHIN, F.; COELHO, I. C. et AL.; Plano de ação para adequação ambiental das indústrias de recepção e preparação de leite e
fabricação de produtos de laticínios no estado de Minas Gerais. Belo Horizonte. 2011. Disponível em:<
http://www.feam.br/images/stories/producao_sustentavel/levantamentos/plano_acao_laticinios.pdf> Acesso em: 16 de Jul. 2016

 MINAS AMBIENTE. Introdução laticínios. Belo Horizonte, 1998. Disponível em: <http://urano.cdtn.br/ ~mg-amb/laticin.htm>.

 NIRENBERG, L. P.; FERREIRA, O. M.; Tratamento de águas residuárias de indústria de laticínios: eficiência e análise de modelos
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 SANTOS, A. M. S. et al.; Tratamento de efluentes lácteos através de coagulação química e sedimentação. Uberlândia. 2009.
Disponível em: < http://www.cobeqic2009.feq.ufu.br/uploads/media/80813851.pdf> Acesso em: 14 de Jul. 2016

 SILVA, D. J. P.; Resíduos na indústria de laticínios. Viçosa. 2011. Disponível em:<


https://www2.cead.ufv.br/sgal/files/apoio/saibaMais/saibaMais2.pdf> Acesso em: 11 de Jul. 2016
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