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PRODUÇÃO DE ETANOL

Prof. Me. Rodrigo Mendes


Breve histórico
 1532 – montado o primeiro engenho de açúcar.
 Primeira Guerra – álcool como combustível de motores de explosão.
 1929/1931 – Crise internacional; instalação da primeira destilaria de
álcool anidro – obrigatoriedade da mistura de 5% de etanol à gasolina
(Decreto 19.717).
 1974 – crise internacional do petróleo.
Importância

 O etanol ou álcool etílico, apresenta duas funções principais:


"commodity chemical" e indústria de bebidas alcoólicas.
    -Após a água, o álcool é o solvente mais comum, além de
representar a matéria-prima de maior uso no laboratório e na
indústria química.

 Vias de obtenção: destilatória, sintética e fermentativa.


Por que a via fermentativa é mais viável no Brasil?
 As bebidas fermento-destiladas possuem característica próprias de
aroma e sabor;
 A legislação não permite o desdobramento de álcool para produção
de bebidas.
 Forma mais econômica, devido a grande quantidade de matérias-
primas naturais existentes em todo o país.
Produção de etanol

 No Brasil a cana de açúcar é a principal matéria prima utilizada;

na França é a beterraba; nos EUA e na maioria dos países

europeus o bioetanol é essencialmente produzido a partir de

cereais, principalmente milho.


Matérias-primas
 O etanol pode ser produzido a partir de qualquer carboidrato
fermentável pela levedura.
 Classificação das matérias-primas:
- açucaradas
- amiláceas ou feculentas
- celulósicas
Matérias-primas: preparo
 Matérias açucaradas
- diretamente fermentescíveis: monossacarídeos - sucos de frutas.
- não diretamente fermentescíveis : dissacarídeos – sacarose da cana-
de-açúcar e dos melaços.

Hidrólise
Dissacarídeos Açúcar fermentescível
(inversão)

 Matérias celulósicas - fermentam após hidrólise.


Matérias-primas: preparo
 Matérias amiláceas e feculentas
- fermentam após hidrólise do amido – sacarificação:
* via química
* via enzimática
* via biológica
** ação enzimática do malte
** ação microbiana de certos fungos
Sacarificação pelo malte
Grãos –limpeza e classificação Amido

Maceração Pesagem/Moagem
Água:grão 3:1; 10-12°C
Hidratação

Germinação
Cozimento

Malte verde Malte seco Goma de amido

Agitação 65°C/1h
Resfriamento 28 a 30 °C
Sacarificação microbiana
Amido

Inóculo
Goma de amido Água
Fungos amilolíticos
Agitação e aeração
24 h

microrganismo Fermentação
Fatores que afetam a fermentação

•Agente de fermentação:
Saccharomyces cerevisiae, Saccharomyces sp

* O etanol é inibidor em altas concentrações e a tolerância das


leveduras é um ponto crítico para uma produção elevada deste
metabólito primário.
 
* A tolerância ao etanol varia consideravelmente de acordo com
as linhagens de leveduras.
 
Fatores que afetam a fermentação

•Temperatura
- 26 a 35°C
- chega a 38 °C

•pH - mostos industriais: 4,5 a 5,5

•Nutrição mineral e orgânica


- fonte de carbono
- vitaminas: tiamina, ácido pantotênico.
- Nitrogênio: sais de amônio.
- Sais minerais: P, S, K, Mg, Ca, Zn.
Fatores que afetam a fermentação

•Inibidores
- etanol
- K e Ca
- sulfito

•Concentração de açúcares
•Concentração de inóculo
•Contaminação bacteriana
•Antissépticos
•Antibióticos
Fatores que afetam a fermentação
Antissépticos

• No Brasil, não é usual esterilizarem-se os mostos nas destilarias de álcool e


aguardente. Para controlar o problema das contaminações, usam-se
antissépticos para criar ambiente favorável ao desenvolvimento das leveduras
e desfavorável a outros microrganismos.

• Obtém-se boas fermentações usando-se 4 mg de hexaclorofeno por litro de


mosto ou pentaclorofenol na proporção de 0,01 a 0,05 g/litro de substrato.

• O ácido sulfúrico utilizado na correção do pH, também age como


antisséptico.
Fatores que afetam a fermentação

Antibióticos

• Pela mesma razão por que se empregam os antissépticos, usam-se os


antibióticos na fermentações industriais para produção de etanol.

• Sua ação é de agente esterilizante, em virtude de suas propriedades


bacteriostáticas.

• Aplica-se a penicilina (500-1000 UI/L de mosto) que é


economicamente mais recomendável ou cloranfenicol, tetraciclina e
clorotetraciclina.
Preparo do inóculo

•Vinhos e pequenas destilarias – flora natural


leveduras selecionadas
•Vinhos e sidra – leveduras encapsuladas em alginato
•Grandes destilarias – leveduras de panificação
leveduras selecionadas
Cultura
estoque
Frascos Pré-fermentadores 10% volume industrial
100 a 12.500 mL 50 a 1.000 L 5.000 a 15.000 L
Prática da fermentação alcoólica

fases descrição
Preliminar Contato da levedura com o mosto
Características: intensa multiplicação celular,
pequena elevação de temperatura e pequeno
desprendimento de CO2
Tumultuosa Intensa liberação de CO2 – a mistura ferve
Aumento da temperatura e da acidez;
diminuição da densidade
Final ou Diminuição da intensidade de desprendimento
complementar do CO2, menor agitação do líquido, diminuição
da temperatura
Verificação prática da pureza

 Tempo de fermentação
 Odor (frutas maduras)
 Aspecto da espuma
 Presença de drosófilas
 Temperatura e densidade
 Açúcares
 Acidez
Verificação prática da pureza

• Tempo de fermentação – duração média de um processo


fermentativo em mosto de melaço ou de caldo de cana-de-
açúcar é de 24 horas e as de mosto amiláceo de 36 horas.
• Odor da fermentação - O aroma das fermentações puras é
penetrante, ativo, e tende para odor de frutas maduras. Cheiro
ácido, ranço, ácido sulfídrico e outros indicam irregularidades
no processo.
• Aspecto da espuma - A espuma varia com a natureza do
mosto, temperatura, espécies e linhagem de leveduras.
Alterações nas características indicam irregularidade no
processo.
Verificação prática da pureza

• Drosófilas – São as “moscas do vinagre” que ocorrem quando


há infecção acética
• Temperatura – Alterações importantes na curva de
temperatura, do início ao final da fermentação, alertam para
possíveis defeitos no processo.
• Densidade do mosto – Durante a fermentação a densidade do
mosto decresce segundo uma curva harmônica, com as fases
da fermentação. De sua observação, percebe-se as alterações
da marcha fermetativa.
Verificação prática da pureza

• Açúcares no mosto – consomem-se de acordo com a curva de


densidade.
• Acidez no substrato em fermentação – não deve haver grande
alteração entre a acidez final e a inicial. Quando a final for
maior que o dobro da inicial, é indicação de má fermentação.
Sistemas de fermentação

 Descontínuo
- sistema de cortes
- sistema de reaproveitamento do inóculo
- sistema de cultura pura
- sistema de recuperação de leveduras
 Contínuo
- várias configurações
 Células imobilizadas
Sistemas de fermentação
Sistemas de fermentação

Batelada
Sistemas de fermentação

Contínuo
Instalações e equipamentos

 Salas de fermentação
- até 1.000 m3
- dornas, centrífugas, pré-fermentadores, tanques
de tratamento
 Recipientes de fermentação
- dornas abertas ou fechadas
- cilíndricas: H = 2 D
- trocadores de calor
- volume: 2 a 2,5 vezes a capacidade horária de
destilação
Destilação
 Mistura azeotrópica
 Vinhos: sólidos, líquidos e gases
 Água (88 a 93%) e etanol (12 a 7%)
 Descontínua ou contínua

vinho Destilação etanol Retificação desidratação


flegma

Etanol
97,2% em volume
Destilação descontínua
 Alambiques e pequenas destilarias de aguardente ou de bebidas de vinhos

Destilado de cabeça
vinho
Destilação Destilado de coração

Destilado de cauda
Destilação contínua
 Destilarias com produção superior a 2.000 L
Retificação e desidratação
 Retificação  Desidratação
- separação do álcool - uso de arrastadores
das impurezas
- absorvente
- separam-se como
regenerável
produtos de cabeça ou
de cauda - peneiras moleculares
- colunas depuradora,
destiladora,
retificadora, de
repasse final
Cana-de-Açúcar

 1 t de cana contém:
 140 kg de açúcar
 140 kg de fibra (bagaço)
 140 kg de fibra das folhas e pontas

Isso representa ~ 1 barril de petróleo


Cana-de-Açúcar

 1 Ha (10.000m2):produz 80 barris equivalentes de petróleo


 BRASIL:5,5 milhões de hectares de cana
 POTENCIAL:440 milhões de barris equivalentes de petróleo

Fonte: Valor econômico 15/08/2005


Cana-de-Açúcar
Cana-de-Açúcar
Cana-de-Açúcar

Quantidade de Resíduos Lignocelulósicos gerados


anualmente no Brasil
~350 x 106 toneladas (40% de umidade)

Bagaço Excedente 6 a 16 milhões de


toneladas/ano
Energia da Cana

1 TON DE CANA (COLMOS) Energia (MJ)


• 140 kg de açúcar 2 300
• 280 kg de bagaço (50% umidade) 2 500
• 280 kg de palha (50% umidade) 2 500

TOTAL 7 300 (0.16 TEP)


360 milhões de toneladas de cana 58 milhões TEP

Consumo de energia primária no Brasil: 200 x10 6 TEP/ano


Perspectivas futuras
Desenvolvimento de processos visando à
produção de linhagens melhoradas da levedura
Saccharomyces cerevisiae:

 Linhagens mais produtivas, com características


desejáveis para produção de etanol e com
monitoramento na indústria por técnicas de marcação
molecular, foram desenvolvidas em vários laboratórios,
destacando-se o da ESALQ/USP, em Piracicaba.
Por tecnologia do DNA recombinante, os laboratórios
de pesquisa das universidades de Brasília e da USP
desenvolveram em conjunto linhagens de leveduras
contendo genes de amilases capazes de utilizar o
amido, por exemplo de mandioca ou batata-doce, na
produção de etanol. Essas leveduras manipuladas
geneticamente estão sendo aperfeiçoadas e poderão
desempenhar um importante papel na produção de etanol.

 A tecnologia do DNA recombinante tem sido também


usada por esses e outros laboratórios brasileiros e do
exterior na clonagem e seqüenciamento de genes de
interesse industrial em fungos.
Papel da Biotecnologia

 Avanços e melhorias não seriam possíveis sem a ajuda


da biotecnologia, tanto para a matéria prima como
para seu processamento
 Com a ajuda da biotecnologia a cana de açúcar vai
continuar sendo imbatível como matéria prima para
produção de energias renováveis
 Melhoria do Balanço de GEE
 Aumento da Competitividade
Bioetanol de Segunda Geração

Hidrólise Ácida dos Polissacarídeos (HEMICELULOSE e CELULOSE) do


Complexo Lignocelulósico
Bebidas alcoólicas
Legislação Brasileira

Bebida alcoólica = refrescante, aperitivo, ou estimulante


destinado à ingestão humana no estado líquido, sem finalidade
medicamentosa e contendo mais de 0,5 grau Gay-Lussac de etanol.

Fermentadas
Destiladas
Fermento-destiladas

Destilo-retificadas
Por mistura
Generalidades sobre bebidas alcoólicas

classificação bebidas Matérias-primas °GL


Fermentadas Cerveja Malte de cevada variável
Vinho Suco de uvas 10 a 13
Vinho de frutas Suco de frutas 10 a 13
Sidra Suco de maçãs 4a8
Saquê Arroz sacarificado 14 a 26
Fermento- Aguardente de Caldo de cana 38 a 54
destiladas cana Cevada maltada
Uísque Suco de agave
Tequila Cereais ou
Vodca tubérculos
Glossário

 Grau Brix = 1° Brix corresponde a 1 g de sólidos


dissolvidos em 100 g de solução à 20°C
 Grau Gay-Lussac = porcentagem em volume de etanol
a 15°C
 Vinho = bebida fermentada de mosto de frutas; meios
açucarados provenientes de uma fermentação
alcoólica
 Flegma = líquido alcoólico mais rico que o líquido
original e impuro
Gráficos

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