UNIP PROF. MARCELO JAIME FERREIRA Antecedentes: Jurisdição Jurisdição
Função pública, soberana do Estado (vedação ao exercício
da autotutela), ao lado do poder de legislar (Legislativo) e administrar a coisa pública (Executivo), realizada por órgãos competentes (Judiciário), na forma da lei (Constituição, Leis processuais e LOJ), em virtude da qual, por ato de Juízo, se determina o direito das partes com o objetivo de dirimir seus conflitos e controvérsias de relevância jurídica, mediante decisões com autoridade de coisa julgada, passíveis de execução (Eduardo Couture). Competência
A jurisdição é, naturalmente, una; contudo, o seu
exercício exige o concurso de vários órgãos do Poder Judiciário.
Assim, a competência é o critério de distribuir, entre
vários órgãos do Poder Judiciário, as atribuições relativas ao exercício da Jurisdição pelo Estado. É uma “medida da Jurisdição do Estado”. Distribuição da competência
Constituição: norma geral estruturante do Poder
Judiciário; define competências do STF (art. 102), STJ (art. 105), Justiça Federal (arts. 108 e 109) e Justiças Especiais (Eleitoral, Militar e Trabalhista; arts. 114, 121 e 124). Distribuição da competência
Lei de Organização Judiciária (art. 125, CF): uma para
cada Estado. Define a competência da Justiça Local ou Estadual, de forma residual às competências firmadas pela Constituição Federal para as demais estruturas do Poder Judiciário (STF, STJ etc). Distribuição da competência
Normas processuais (CPC e legislação extravagante;
ex. Lei dos Juizados Especiais): incidência em todo o país; estabelecem regras procedimentais. Competência interna: estrutura do Poder Judiciário Brasileiro Classificação da competência
Competência Internacional
Competência Interna Classificação da competência
Competência Internacional:
O CPC, inicialmente, dispõe sobre as causas que o Poder
Judiciário Brasileiro tem competência para julgar. É o que o CPC denomina competência internacional (arts. 21 a 25). Classificação da competência
Competência Internacional:
Princípio da Efetividade: só deve haver jurisdição até
onde o Estado efetivamente consiga executar soberanamente suas decisões. Espécies de Competência Internacional Competência cumulativa ou concorrente:
Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e
julgar as ações em que: I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil. Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal. Espécies de Competência Internacional Competência cumulativa ou concorrente (novidade do novo CPC):
Art. 22. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira
processar e julgar as ações: I - de alimentos, quando: a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil; b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos; II - decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil; III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional. Espécies de Competência Internacional Competência exclusiva:
Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão
de qualquer outra: I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional; III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional. Espécies de Competência Internacional
Hipótese de litispendência: como fica?
Art. 24. A ação proposta perante tribunal estrangeiro não
induz litispendência e não obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas, ressalvadas as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil. Parágrafo único. A pendência de causa perante a jurisdição brasileira não impede a homologação de sentença judicial estrangeira quando exigida para produzir efeitos no Brasil. Espécies de Competência Internacional
Competência exclusiva: hipótese de litispendência
Nenhum efeito produz a coisa julgada estrangeira em
questão relativa à competência exclusiva da Justiça Brasileira (preservação da soberania nacional).
Ou seja, o art. 24 só vale para hipóteses de competência
concorrente!!! Espécies de Competência Internacional
Exceção ao art. 24: prévia ocorrência de coisa julgada no
processo ajuizado fora do País. Neste caso, o Brasil tem competência para homologar a sentença estrangeira para que esta produza plena eficácia no território nacional (art. 961, CPC). Competência Internacional
Conclusão: em relação a fatos ocorridos no estrangeiro,
fora das hipóteses dos arts. 21 a 24, a hipótese é de inexistência de jurisdição. O Poder Judiciário está impedido de conhecer da questão. Competência Internacional
Pergunta:
Cláusula de Eleição de Foro, em contrato ajustado fora
do País, afasta a competência internacional concorrente da Justiça Brasileira? Competência Internacional
Art. 25. Não compete à autoridade judiciária brasileira
o processamento e o julgamento da ação quando houver cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato internacional, arguida pelo réu na contestação. § 1o Não se aplica o disposto no caput às hipóteses de competência internacional exclusiva previstas neste Capítulo. § 2o Aplica-se à hipótese do caput o art. 63, §§ 1o a 4o. Competência Internacional Art. 63. ...... § 1o A eleição de foro só produz efeito quando constar de instrumento escrito e aludir expressamente a determinado negócio jurídico. § 2o O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes. § 3o Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu. § 4o Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula de eleição de foro na contestação, sob pena de preclusão.