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LEPROSARIO

CEARENCE
ANTÔNIO
DIOGO
SOBRE A
AUTORA

● Mestra em História e Culturas da Universidade Estadual do Ceará, Especialista


em História do Brasil pela Universidade Estadual Vale do Acaraú, Graduada em
História pela Universidade Estadual do Ceará e atualmente é doutoranda no
Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de
Pernambuco, Francisca Gabriela Bandeira Pinheiro foi bolsista de iniciação
científica no projeto Patrimônio Material e Imaterial da Antiga Colônia de
Leprosos Antônio Diogo - Redenção-Ce, no período de 2012 a 2013,
desenvolvendo pesquisa sobre a lepra no Ceará, a autora tem interesse na área de
história da saúde e das doenças, principalmente no estudo do combate à lepra.
● Fonte: https://www.escavador.com/sobre/4998130/francisca-gabriela-bandeira-pinheiro
OS
PRONTUÁRIOS
FICHA DO PACIENTE
MÉDICOS COMO
FONTE PARA A IDA
DE
HISTÓRIA: PROFISSÃO
ESTADO CIVIL
O CASO DO LEPROSÁRIO
CEARENSE ANTÔNIO DIOGO DADOS MEDICOS
COMPORTAMENTO DO
DOENTE

Fundação do lebrosario Fim do período estudado

PERÍODO ESTUDADO

1928 1939
magem1–Leprosário de Canafistula em 1928
● Fonte: Arquivos do Hospital Colônia de Antônio Diogo.
Foto: Jocastra Holanda e Martina Dieb
● Fonte: : https://www.saude.ce.gov.br/2019/08/09/com-91-anos-de-historia-antigo-leprosario-acolhe-pacientes-remanescentes/
A Lepra

◂ A hanseníase, antigamente conhecida como lepra, é uma doença infecciosa causada por
uma bactéria chamada Mycobacterium leprae ou bacilo de Hansen, tendo sido
identificada no ano de 1873 pelo cientista Armauer Hansen. É uma das doenças mais
antigas, com registro de casos há mais de 4000 anos, na China, Egito e Índia. A doença
tem cura, mas, se não tratada, pode deixar sequelas. Hoje, em todo o mundo, o
tratamento é oferecido gratuitamente, visando que a doença deixe de ser um problema de
saúde pública. Atualmente, os países com maior detecção de casos são os menos
desenvolvidos ou com superpopulação. Em 2016, o Ministério da Saúde registrou no
Brasil mais de 28.000 casos novos da doença.
◂ Fonte: https://www.news-medical.net/health/History-of-leprosy-(Portuguese).aspx
● Fonte: : https://images.slideplayer.com.br/79/14186384/slides/slide_12.jpg/

RESULTS
A transmissão

◂ A transmissão do M. leprae se dá por meio de convivência muito próxima e prolongada


com o doente da forma transmissora, chamada multibacilar, que não se encontra em
tratamento, por contato com gotículas de saliva ou secreções do nariz. Tocar a pele do
paciente não transmite a hanseníase. Cerca de 90% da população tem defesa contra a
doença. A maneira como ela se manifesta varia de acordo com a genética de cada pessoa.
◂ Fonte: https://www.news-medical.net/health/History-of-leprosy-(Portuguese).aspx
Tereza ● Fonte: : https://www.saude.ce.gov.br/2019/08/09/com-91-anos-de-historia-antigo-leprosario-acolhe-pacientes-remanescentes/

Moreira
Cardoso, 88
Dona Tereza relata o quanto a doença afetou a própria história de vida. “Me acostumei com as feridas do meu corpo. Mas essa minha doença abriu
uma ferida na minha alma. Eu não tenho lembrança boa, nem vale a pena falar. Eu sentia tanta dor que dormia desfalecida. Essas paredes da minha
casa estão cheias de gemidos de dor, de sofrimento”, relata.

Em 1962, a internação compulsória deixou de ser regra. Com os avanços da pesquisa e o desenvolvimento de terapias, o tratamento da hanseníase
passou a ser visto sob um novo olhar.
● Fonte: : https://www.uol/noticias/especiais/filhos-da-hanseniase-isolamento-doentes-tambem-afetou-uma-geracao-que-foi-obrigada-a-crescer-longe-
dos-pais.htm#isolamento-desnecessario/
Prontuario Medico

No estudo da história da saúde e das doenças, a


possibilidade de fontes é enorme.

Jornais, revistas, fotografias e fontes oficiais são apenas


alguns exemplos disso.

As informações encontradas podem variar de acordo


com a instituição e com o prontuário analisado.

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1
Prontuario Medico

Existem outras fichas que trazem as ocorrências do


paciente na instituição, como fugas, casamentos e
nascimento de filhos.
As fontes elencadas são suficientes para desenvolver a
problemática proposta? É necessário o apoio
complementar de outras fontes? As ausências presentes
na documentação prejudicam ou ajudam na pesquisa?.
Prontuario Medico

Os prontuários médicos são fontes institucionais.

Dessa forma, o historiador deve ficar atento para


procurar compreender que tudo o que é escrito no
prontuário era feito através da visão do médico, ou seja,
o prontuário é essencialmente um discurso médico.

02
Prontuario Medico

No caso de Antônio Diogo, os prontuários analisados


são, em sua grande maioria, assinados por Antônio
Justa, médico da instituição no período em tela..

Nas entrelinhas, procurando sempre encontrar o


paciente e as práticas sociais do período diante do
discurso médico (VIANA, 2013a, p.8),

03
Prontuario Medico

A grande heterogeneidade dos prontuários, que


possuem um discurso médico que se mescla com
considerações pessoais sobre os pacientes, torna esses
documentos ricos em possibilidades de pesquisa para os
historiadores.
A riqueza da documentação varia de acordo com as
informações que cada conjunto documental oferece

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HISTÓRIA: O CASO
DO LEPROSÁRIO CEARENSE ANTÔNIO DIOGO (1928-
1939)

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Após as considerações sobre a metodologia dessa tipologia de fontes,
partiremos para análise prática dos prontuários médicos da Colônia
Antônio Diogo.

02 Cada doente que adentrava a instituição gerava o preenchimento de um


prontuário médico.

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A documentação pontuaria de Antônio
Diogo se preservou e hoje é possível
consultá-la no Centro de Convivência
Antônio Diogo

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HISTÓRIA: O CASO
DO LEPROSÁRIO CEARENSE ANTÔNIO DIOGO (1928-
1939)

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Nesse artigo, nos propormos a analisar 519 prontuários dessa
instituição referentes aos anos de 1928 a 1939.
No período estudado, dos 519 prontuários analisados, 51% dos doentes

05 que foram internados eram do sexo masculino e 33%, do feminino,


sendo que ainda havia 16% de menores.

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Ainda sobre o perfil dos doentes, os
prontuários nos ajudaram a perceber
sobre as condições financeiras dos
internos

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HISTÓRIA: O CASO
DO LEPROSÁRIO CEARENSE ANTÔNIO DIOGO (1928-
1939)

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De acordo com o que era preenchido na ficha médica. Com relação às
mulheres, 14% tiveram profissões não informadas e o restante
desempenham profissões consideradas humildes, como 60% que eram
domésticas e 7% costureiras, além do restante que tinha profissões
mais simples, como operária, cozinheira e lavadeira.

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Com relação ao perfil social dos
homens, é um pouco mais complexo,
pois se detectou variados tipos de
profissão, inclusive de maior destaque,
como advogado e enfermeiro.

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HISTÓRIA: O CASO
DO LEPROSÁRIO CEARENSE ANTÔNIO DIOGO (1928-
1939)

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Diferente das mulheres, os homens possuíam um nível social mais
elevado, já que 12% possuíam profissões de maior destaque social e
financeiro na sociedade.

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Dessa forma, conseguimos traçar um perfil do interno de Antônio
Diogo que, geralmente, era de origem humilde, o que confirma algo
que estava presente no Regulamento Sanitário de 1923 (BRASIL...
1923).

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Abordando ainda essa questão do
isolamento, vimos que Antônio Diogo
era destinado àqueles de baixo poder
aquisitivo, como era orientado pela lei.

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HISTÓRIA: O CASO
DO LEPROSÁRIO CEARENSE ANTÔNIO DIOGO (1928-
1939)

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Primeiramente, através da análise dos periódicos do período,
conseguimos perceber que a instituição passava por problemas
estruturais que impedia o isolamento de todos os leprosos.
Há alguns anos vem a Leprosaria superlotada e si maior quantidade

13 de enfermos não acomoda, alem da mingua de habitações, é devido a


escassez de numerário para aquizição de alimentos e tambem de
remedios com que se procura aliviar os
doentes e sobretudo treter-lhes a
esperança de cura!... Sem o concurso
dos poderes constituidos (Federal,
Estadual e Municipal) e dos
particulares, já temos escrito, e nunca
será excessivo repetir, nada de
proveitozo se conseguirão na campanha 09
HISTÓRIA: O CASO
DO LEPROSÁRIO CEARENSE ANTÔNIO DIOGO (1928-
1939)

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O doente juntamente com a espoza, veio a pé de Joazeiro à Antonio
Diogo, uma extensão aproximada de cem leguas. Chegado em Antª
Diogo em 15 setembro de 1934, ficou abrigado sob uma arvore,
recebendo socorros da Leprozaria, alias sem acomodações adequadas.
Mesmo assim, depois de examinado em 29 de setembro de 1934, foi
internado, agravando assim a superlotação existente no asilo
(PRONTUÁRIO N°350).

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A leprosaria encontrava-se com lotação
excedida, então por mais que se quisesse
isolar compulsoriamente todos os
doentes, isso não seria possível.

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HISTÓRIA: O CASO
DO LEPROSÁRIO CEARENSE ANTÔNIO DIOGO (1928-
1939)

O fato é que das 112 saídas do leprosário no período analisado, 14

16 foram com consentimento médico, mesmo sendo um número baixo,


isso nos ajuda a questionar a total compulsoriedade do isolamento em
Antônio Diogo.

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Os prontuários também nos ajudaram a
compreender um pouco mais sobre o
uso da medicação em Antônio Diogo.
No período em tela, o medicamento
recomendado para o combate à lepra era
o óleo de chaulmoogra, que mesmo
sendo recomendado, não tinha uma
eficácia totalmente comprovada e não
era consentimento entre os médicos
(SOUZA, 2009). 11
HISTÓRIA: O CASO
DO LEPROSÁRIO CEARENSE ANTÔNIO DIOGO (1928-
1939)

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Foi encontrado nos prontuários uso de algum tipo de medicação em
apenas sete pacientes, nos quais não foi encontrado um padrão social
que explicasse o uso de medicação apenas neles.

19 Essa ausência nos ajudou a levantar algumas hipóteses, como a falta de


acompanhamento médico constante, a presença de outra ficha de
medicação que não foi encontrada em nossas pesquisas,
a falta de cuidado com os pacientes, o
registro de casos apenas onde existiu
reação a medicação ou até mesmo o
pouco uso do medicamento na
instituição.

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Obrigado
pela atenção!

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