1. Processo e Procedimento Cumpre destacar que processo e procedimento são expressões que não se confundem. CENTRO UNIVERSO GOIÂNIA Direito Processual Penal II
Corroborando ao exposto, preleciona o Professor
Nestor Távora, processo se distingue de procedimento. O procedimento é a sucessão de atos realizados nos termos do que preconiza a legislação. O processo é o conjunto, isto é, a concatenação dos atos procedimentais. O Código de Processo Penal não é preciso nessa distinção. Nele consta, no livro II, a divisão dos “processos em espécie” em “processo comum”, “processos especiais” e “processos de competência do Supremo Tribunal Federal e dos tribunais de apelação”. CENTRO UNIVERSO GOIÂNIA Direito Processual Penal II 2. Fases do Procedimento Penal 2.1 Fase Postulatória – abrange não apenas a acusação oferecida pelo querelante ou Ministério Público, mas também alguns atos praticados pelo querelado, por exemplo, apresentação da defesa preliminar. - Oferecimento da peça acusatória; - Apresentação de defesa preliminar (previsto em alguns procedimentos especiais). 2.2 Fase Instrutória – trata-se da fase destinada a colheita e produção das provas, tanto as requeridas pelas partes quanto as determinadas pelo magistrado, subsidiariamente (iniciativa probatória residual). CENTRO UNIVERSO GOIÂNIA Direito Processual Penal II
2.3 Fase Decisória – diferentemente do que se possa
pensar, a fase decisória inicia-se com a apresentação das alegações orais. Corroborando ao exposto, Renato Brasileiro de Lima descreve “nesta fase, objetivando formar a convicção da entidade julgadora no sentido da condenação ou absolvição do acusado, as partes terão a oportunidade de se pronunciar quanto ao material probatório constante dos autos do processo”. Em sequência, é proferida a sentença. CENTRO UNIVERSO GOIÂNIA Direito Processual Penal II
2.4 Fase Recursal – momento oportuno para
impugnar a decisão, em decorrência do direito ao duplo grau de jurisdição, Às partes o ordenamento jurídico outorga instrumentos para impugnação de decisões judiciais contrárias aos seus interesses, em fiel observância ao princípio do duplo grau de jurisdição, previsto expressamente na Convenção Americana sobre Direitos Humanos. CENTRO UNIVERSO GOIÂNIA Direito Processual Penal II 3. Violação às regras procedimentais Prevalece o entendimento de que a violação as regras procedimentais produz nulidade relativa, o que significa que deverá ser arguida oportunamente sob pena de preclusão. Ademais, deve ficar demonstrado o prejuízo, sob pena de não ser reconhecida. Nessa esteira, ensina Renato Brasileiro “quanto às consequências decorrentes da inobservância do procedimento fixado em lei, prevalece o entendimento de que eventual inversão de algum ato processual ou a adoção, por exemplo, do procedimento comum ordinário em detrimento de rito especial conduz à nulidade do processo apenas se houver prejuízo à parte”. Exemplo: inversão da ordem de oitiva das testemunhas de acusação e de defesa. CENTRO UNIVERSO GOIÂNIA Direito Processual Penal II
4. Persecução penal de crimes conexos e/ou continentes
sujeitos a procedimentos distintos Trata-se de situação em que há a pratica de crimes com previsão de procedimentos distintos, para cada infração penal. - JÚRI Exemplo: homicídio doloso (Tribunal do Júri) em conexão com o crime de furto (juiz singular). Nesse caso, os dois crimes serão julgados perante o Tribunal do Júri, isso porque o Tribunal do Júri possui força atrativa. Assim também quanto aos outros crimes, onde se adotará o procedimento mais amplo. CENTRO UNIVERSO GOIÂNIA Direito Processual Penal II
5. Classificação dos procedimentos penais
O procedimento comum é rito para apuração de crimes para os quais não haja procedimento especial previsto em lei. Aplica-se a todos os processos o procedimento comum, salvo disposição em contrário do CPP ou de lei especial. Por outro lado, o procedimento especial são os ritos previstos no CPP ou em leis especiais para determinados crimes específicos. CENTRO UNIVERSO GOIÂNIA Direito Processual Penal II Art. 394. O procedimento será comum ou especial. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). § 1º O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo: (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; III - sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma da lei. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). (...) CENTRO UNIVERSO GOIÂNIA Direito Processual Penal II Exemplos de ritos especiais: • Procedimento especial dos crimes dolosos contra a vida (CPP, art. 406 a 497); • Procedimento especial dos “crimes de responsabilidade” dos funcionários públicos (CPP, arts. 513 a 518); • Procedimento especial da Lei de Drogas (Lei nº 11.343/06); • Procedimento especial dos crimes contra a honra não submetidos à competência dos Juizados (CPP, arts. 519 a 523); • Procedimento originário dos Tribunais (Lei nº 8.038/90).
O procedimento comum é utilizado de maneira residual, isso porque se
visualizado que o crime não é submetido a nenhuma das hipóteses de procedimento especial, aplicar-se-á o procedimento comum. CENTRO UNIVERSO GOIÂNIA Direito Processual Penal II 5.1 Concurso de crimes, qualificadoras, privilégios, causas de aumento e de diminuição de pena, agravantes e atenuantes* →As hipóteses de concurso de crime são levadas em consideração para fins de fixação do procedimento a ser adotado. Nas hipóteses de concursos de crimes, deve ser levado em consideração o quantum resultante da somatória das penas, nas hipóteses de concurso material (CP, art. 69) e concurso formal impróprio (CP, art. 70, in fine), assim como a majoração resultante do concurso formal próprio (CP, art. 70, 1ª parte) e do crime continuado (CP, art. 71). CENTRO UNIVERSO GOIÂNIA Direito Processual Penal II Em se tratando de majorantes, leva-se em consideração o quantum que mais aumenta a pena; em se tratando de minorantes, o quantum que menos diminui a pena. Agravantes e atenuantes, por sua vez, não são levadas em consideração para fins de fixação do procedimento a ser adotado. Obs.1: Infrações penais praticadas no contexto da violência doméstica e familiar contra a mulher: independentemente da pena cominada, não pode sofrer aplicação da Lei nº 9.099/95 (Art. 41, Lei 11.340/2006). Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei n. 9.099/95. Aplicando-se, inclusive, o mesmo entendimento as contravenções. CENTRO UNIVERSO GOIÂNIA Direito Processual Penal II
Obs.2: Crimes tipificados no Estatuto do Idoso cuja pena
máxima não ultrapasse 4 (quatro) anos. Obs.3: Crimes previsto na nova Lei das Organizações Criminosas e infrações conexas: aplicação do procedimento ordinário independentemente do quantum da pena Art. 22. Os crimes previstos nesta Lei e as infrações penais conexas serão apurados mediante procedimento ordinário previsto no Código de Processo Penal, observado o disposto no parágrafo único deste artigo. CENTRO UNIVERSO GOIÂNIA Direito Processual Penal II Obs.4: Preferência de julgamento dos processos concernentes a crimes hediondos. Trata-se de inovação legislativa introduzida pela Lei nº 13.285, com vigência a partir do dia 11 de Maio de 2016. Art. 394-A. Os processos que apurem a prática de crimes hediondos terão prioridade de tramitação em todas as instâncias (acrescentado pela Lei nº 13.285). Segundo o Professor Renato Brasileiro, embora o texto normativo faça menção apenas aos crimes hediondos, poderá ser aplicado o dispositivo em análise diante dos chamados “crimes equiparados”: 3 T – Tráfico; Tortura e Terrorismo. CENTRO UNIVERSO GOIÂNIA Direito Processual Penal II 5.2 Infrações de menor potencial ofensivo e conexo (e/ou continência) com outros delitos sujeitos ao procedimento comum (ou do júri). Exemplo: Roubo praticado em conexão com Resistência. Em regra, sendo praticado separadamente: Roubo – juiz singular – procedimento comum ordinário. Resistência – crime de menor potencial ofensivo – JECRIM – procedimento comum sumaríssimo. Havendo conexão e/ou continência, como no exemplo acima, segundo Renato Brasileiro, o crime de resistência também será julgado no juízo singular, porém, serão aplicados os institutos despenalizadores. CENTRO UNIVERSO GOIÂNIA Direito Processual Penal II 6. Análise do Novo Procedimento Ordinário 6.1 Oferecimento da Peça Acusatória Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas. 6.2 Juízo de Admissibilidade da peça acusatória Quando do juízo de admissibilidade da peça acusatória, duas são as opções dadas ao magistrado: ✓ Rejeitar a peça acusatória, caso presente uma das hipóteses do art. 395 do CPP, OU ✓ Determinar o recebimento da peça acusatória, com a subsequente citação do acusado, nos termos do art. 396 do CPP. CENTRO UNIVERSO GOIÂNIA Direito Processual Penal II
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada
quando: (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). I - for manifestamente inepta; ( Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). CENTRO UNIVERSO GOIÂNIA Direito Processual Penal II
6.3 Momento do Juízo de Admissibilidade
Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. Por outro lado, o art. 399 prevê: Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do assistente. CENTRO UNIVERSO GOIÂNIA Direito Processual Penal II
Art. 397. Após o cumprimento do disposto no
art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar: I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou IV - extinta a punibilidade do agente. CENTRO UNIVERSO GOIÂNIA Direito Processual Penal II
O momento correto é o momento procedimental
previsto no art. 396, do CPP. Segundo o professor Renato Brasileiro, o art. 399 do CPP deve ser interpretado da seguinte forma “caso o acusado não seja absolvido sumariamente, o juiz designará dia e hora para a audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do assistente”, isto porque o efetivo recebimento da denúncia já teria ocorrido em momento anterior.
Acordo de Não Persecução Penal: uma análise de sua eficiência como instrumento consensual de resolução de conflitos penais, no âmbito da justiça criminal da Comarca de Birigui, Estado de São Paulo