DE SAÚDE
CONCEPÇÃO DO SUS
O marco histórico para o surgimento do SUS foi a 8ª Conferência Nacional de Saúde,
realizada em 1986, no período da Nova República.
As desigualdades sociais e regionais existentes na época atuavam como fatores que limitavam o
pleno desenvolvimento de um nível satisfatório de saúde e de uma organização de serviços socialmente
adequada.
A política de saúde vigente atendia a interesses não coincidentes com os dos usuários dos
serviços, sendo influenciada pela ação de grupos dedicados à mercantilização da saúde. O modelo
assistencial se configurava como excludente, discriminatório e centralizador.
Art. 200 → “Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei:
Controlare fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar da
produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos;
Executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador;
Ordenar a formação de recursos humanos na área da saúde;
Participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico;
Incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tecnológico;
Fiscalizare inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e
águas para consumo humano;
Participar
do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos
psicoativos, tóxicos e radioativos;
Colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.”
Com a promulgação da nova Constituição Federal, completa-se o processo de retorno do
país ao regime democrático. No contexto de busca de implantação de um estado de bem-estar
social, a nova carta constitucional transformava a saúde em direito de cidadania e dava origem ao
processo de criação de um sistema público, universal e descentralizado de saúde. Transformava-se,
então, profundamente a organização da saúde pública no Brasil. Velhos problemas, como a
tradicional duplicidade que envolvia a separação do sistema entre saúde pública e previdenciária,
passaram a ser estruturalmente enfrentados. Outros, como a possibilidade de financiamento de um
sistema de corte universal, ainda representavam dificuldades que pareciam insuperáveis.
Art. 2º → “A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições
indispensáveis ao seu pleno exercício.
§1º - O dever do Estado de garantir a saúde consiste na reformulação e execução de políticas
econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos no estabelecimento
de condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a sua promoção,
proteção e recuperação.”
Art. 4º → “O conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições públicas
federais, estaduais e municipais, da administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder
Público, constitui o Sistema Único de Saúde-SUS.
§2º - A iniciativa privada poderá participar do Sistema Único de Saúde-SUS, em caráter
complementar.”
Art. 5º → “Dos objetivos do SUS:
A identificação e divulgação dos fatores condicionantes e determinantes da saúde;
A formulação de política de saúde destinada a promover, nos campos econômico e social;
A assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, com a
realização integrada das ações assistenciais e das atividades preventivas.”
Para isso, é preciso eliminar barreiras jurídicas, econômicas, culturais e sociais que se
interpõem entre a população e os serviços.
EQUIDADE
Considera as pessoas como um todo, atendendo a todas as suas necessidades. Para isso, é
importante a integração de ações de:
Promoção da saúde;
Prevenção/Proteção de riscos e agravos;
Recuperação/Tratamento a doentes.
DESCENTRALIZAÇÃO
Dentre os serviços privados, devem ter preferência os serviços sem fins lucrativos ou
filantrópicos, para depois contratar o serviço privado de fato.
LEI FEDERAL 8142/90
Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as
transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências.
Cada esfera de governo deve contar com instâncias colegiadas com participação da comunidade:
Conselho de Saúde é o órgão que vai fiscalizar a implementação e utilização dos recursos de forma geral;
Conferênciasde Saúde é responsável pela formulação de novas propostas para o Sistema Único de Saúde,
que acontece a cada 4 anos.
Essa lei também trata a questão do financiamento do Sistema Único de Saúde. Diz respeito à
transferência regular e automática de recursos do Governo Federal para Estados e Municípios e Distrito
Federal.
PACTO PELA SAÚDE 2006
Nova proposta de organização do sistema, de uma gestão compartilhada e solidária
considerando as diferenças regionais, a organização de regiões sanitárias, de modo a garantir um
atendimento integral de qualidade ao indivíduo. Ele promove também mecanismos de cogestão e
planejamento regional, fortalece o controle social, e vem com uma proposta de cooperação técnica
entre os gestores.
Possui três dimensões:
Pacto pela vida diz respeito ao compromisso da prioridade do pacto com a saúde da população;
Pactoem defesa do SUS com o seu fortalecimento, principalmente pelo controle social e a garantia de
recursos financeiros.
Pactode gestão do SUS define responsabilidades sanitárias para os gestores criando novos espaços de
cogestão.
DECRETO 7.508 DE 28 DE JUNHO DE
2011
Regulamenta a Lei 8.080 de 1990, traz novos termos e também resgata alguns já existentes, dando a
eles novas definições.
O decreto dispõe sobre:
Região de saúde;
Contrato organizativo de ação pública;
Portas de entrada;
Comissões Intergestores;
Mapa da saúde;
Rede de atenção à saúde;
Serviços especiais de acesso aberto;
Protocolo clínico e diretriz terapêutica;
Relação nacional de ações e serviços de saúde -RENASES;
Relação Nacional de Medicamentos Essenciais -RENAME.
POR QUE SISTEMA ÚNICO?
AGUIAR, Zenaide Neto. SUS: Sistema Único de Saúde: antecedentes, percurso, perspectivas e
desafios. São Paulo: Martinari, 2011.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. 8ª Conferência Nacional de Saúde: relatório final. 1986.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. ABC do SUS: doutrinas e princípios. Brasília. 1990.
PAIVA, Carlos Henrique Assunção; TEIXEIRA, Luiz Antonio. Reforma sanitária e a criação do Sistema
Único de Saúde: notas sobre contextos e autores. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, v. 21, n. 1, p.
15-36, 2014.
TEIXEIRA, Carmen. Os princípios do sistema único de saúde. Texto de apoio elaborado para subsidiar
o debate nas Conferências Municipal e Estadual de Saúde. Salvador, Bahia, 2011.