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TERAPIA COGNITIVO-
COMPORTAMENTAL (TCC)
Saúde Mental da População Negra
Inicialmente, em meados do século XIX e XX, a população negra passa a ter
reconhecimento enquanto subjetividade individual de ser e pertencer a um corpo
social. Antes da abolição, o negro é considerado apenas como um objeto, onde os
senhores de engenho, detinham poder sobre esse povo.
Após a abolição da escravatura e à partir da Construção do Racismo Científico,
modifica-se a forma de se pensar na subjetividade da população negra, e esta
começa a ser associada basicamente á violência e a loucura.
O racismo consiste na ideologia de que existem raças inferiores a outras, o que
legitima as desigualdades sociais, culturais, políticas, psicológicas, validando as
diferenças sociais e os julgamentos morais entre grupos raciais.
Saúde Mental da População Negra
Como questões estruturais e institucionais destacamos que, historicamente, a
população negra tem pouco acesso aos serviços privados de saúde, o que
contribui para que os profissionais liberais não percebam ou problematizem as
especificidades do atendimento clínico a esta população.
De acordo com o Ministério da Saúde, a “desproporção entre taxas de
internação e taxas de mortalidade em alguns grupos raciais pode significar
desigualdades de acesso aos serviços de saúde mental”
No sistema público de saúde, o racismo institucional é o que contribui para a
injustiça na assistência prestada a população negra, a qual recebe a menor
quantidade de atendimentos e de pior qualidade quando comparada à população
branca.
Saúde Mental da População Negra
RACISMO INSTITUCIONAL: Consiste na ideia de classificar seres humanos
com base nas raças branca, preta, amarela, parda, indígena e considerar que
indivíduos que pertencem ao grupo da raça branca são superiores.
O racismo estrutural faz com que o profissional de saúde receba o paciente negro, e
o menospreze, desconfie ou questione suas queixas de sofrimento racial ou qualquer
outra barreira social e cultural vivida pelo mesmo, como vitimíssimo, “desculpas”,
“mi mi mi”.
A população negra, principalmente se for de região periférica, é a população que
mais têm dificuldade e resistência em ir até unidades de saúde, pois sabe que
possivelmente sofrerá algum tipo de repressão.
Saúde Mental da População Negra
RACISMO INTERNALIZADO: É quando o indivíduo negro acredita naquilo
que a literatura chama de “Branquitude”, que se refere sobre a diferença entre
brancos e negros, fazendo a pessoa negra acreditar numa superioridade de
brancos sobre negros, validando a crença de inferioridade, insuficiência e
inultilidade.
RACISMO INTERPESSOAL – praticado de um indivíduo para outro
indivíduo. Exemplo: um policial abordar três amigos dentro do mesmo carro e
revistar apenas o único negro entre eles, justificando que ser negro aumentam
as chances de envolvimento com ações ilegais.
Saúde Mental da População Negra
A população negra tem vivências de adoecimento relacionadas ao
racismo estrutural, cum uma vulnerabilidade muito maior se comparada
ao resto da população considerada não negra. Equiparando um negro e um
branco de regiões periféricas, as vivências entre o negro e o branco são
completamente diferentes.
O racismo estrutural produz o nível de vulnerabilidade social, e
vulnerabilidade cognitiva, a qual tem relação com a distribuição de
recursos como piores acessos à educação, saúde, habitação, justiça e
trabalho. Isso faz com que fatores de estresse, por exemplo, seja atribuída
de forma desigual entre as populações.
Terapia Cognitivo-comportamental e o
Manejo para as questões de Racismo
A Terapia cognitivo-comportamental (TCC) tem conceitos eficientes e
eficazes para conceitualizar casos clínicos e uma variedade de técnicas
para auxiliar os pacientes na resolução de problemas e a terem estratégias
mais adaptativas.
A terapia cognitiva trabalha com o exame de evidências para construção
de formas de pensar mais racionais, que levem em conta dados de
realidade. A TCC padrão tem alguns recursos que favorecem o manejo
clínico em casos de racismo, os manejos clínicos se subdividem em três
tópicos básicos.
Terapia Cognitivo-comportamental e o
Manejo para as questões de Racismo
i. Aliança terapêutica – A aliança terapêutica é um dos dez princípios básicos da TCC, o
paciente precisa confiar em seu psicólogo, e o setting terapêutico deve ser um lugar seguro para
que seja possível expor pensamentos, emoções e comportamentos sem ser julgado.
ii. Empoderamento – A finalidade da TCC é que o cliente seja autônomo e protagonista de sua
própria história e muitas ações são voltadas para isso. A psicoeducação existe para que os
clientes se apropriem da teoria e técnicas utilizadas pelo terapeuta e a busca pelo
reconhecimento das forças pessoais de cada indivíduo.
iii. Empirismo colaborativo - É quando terapeuta e paciente caminham juntos de modo
respeitoso e colaborativo. Se o terapeuta sugerir um caminho e seu paciente não concordar, ele
pode repensar sua intervenção ou até mesmo excluí-la do processo. A relação terapêutica aqui é
pensada como a de uma equipe em que acertos e erros são ajustados constantemente para o
sucesso do grupo.
É notório que a Terapia Cognitivo Comportamental e outras abordagens da psicologia
foram criadas por homens majoritariamente brancos. A consequência disso é que a
psicologia carrega valores dessas culturas dominantes em seus pressupostos como:
assertividade, habilidade verbal, racionalidade e individualidade. E pode ser
interpretada pela população negra como desrespeito, a racionalidade como falta de fé, a
individualidade como egoísmo.
Quando o terapeuta não reconhece as questões do racismo como produtor de
desigualdades sociais, preconceito e discriminação, contribui para aumento de
sofrimento psíquico de seu paciente negro e para a manutenção das desigualdades
raciais.
“A grande maioria dos psicólogos e pesquisadores são brancos e socializados entre uma
população que se acredita desracializada, o que colabora para reificar a ideia de que
quem tem raça é o outro, e para manter a branquitude como identidade racial
normativa” (Schucman, 2014, p. 84).
No Brasil, criou-se uma falácea chamada “ Democracia Racial”,
“Meritocracia”, e “Somos todos Iguais”. E, a partir dessa cultura
institucionalizada, podemos encontrar pessoas negras, que não se
identificam como negras, se chamam de “morenas”, “cor de jambo”, “café
com leite”, mas não assumem a sua identidade negra.
As pessoas que não se identificam como negras terão sofrimento
psíquicos diferentes daquelas que já assumiram sua identidade.
A expressão “tornar-se negro” é uma metáfora para o processo de
reconhecer os diversos tipos de violência proporcionadas pelo racismo,
buscando recriar uma nova identidade enquanto uma pessoa negra.
Neusa Santos Souza (1983), autora do clássico: Tornar-se negro – As
vicissitudes da Identidade do Negro Brasileiro em Ascensão Social, fala
melhor sobre o processo de posse dessa identidade.
O racismo que gera a autoagressão: a alienação. Mesmo que o fenótipo do
paciente corresponda ao de uma pessoa negra ou mesmo que ele se declare negro,
é comum que o sofrimento gerado pelo racismo não seja prontamente
identificado por aqueles que procuram atendimento psicológico ou pelo
profissional de psicologia.
É essencial que o psicólogo reconheça a especificidade dos estressores sociais
aos quais aquele paciente está submetido. Neste âmbito, é importante que o
terapeuta cognitivo-comportamental entenda os dados relativos à vida da
conceitualização cognitiva de forma mais ampla, compreendendo o ambiente que
influencia a formação psicológica do sujeito para além do ambiente direto de
família e escola.
ENFRENTAMENTO INSTITUCIONAL
Enquanto profissionais da saúde mental, precisamos buscar compreender os
sintomas como um fenômeno histórico e político, assumindo que é
necessário que haja um esforço em conjunto para mudar a cultura do racismo
institucionalizado, e narrativas que normalizam essa população.
Compaixão: O terapeuta precisa estar aberto para reconhecer o sofrimento e
a dor do outro sem emitir julgamentos e respeitar a perspectiva do seu
paciente queé influenciada por múltiplos fatores singulares que certamente
escapam a uma análise estritamente teórico-técnica de um psicólogo.
ENFRENTAMENTO INSTITUCIONAL
Estudos sobre a própria cultura e a cultura do cliente: Por conta de a
relação terapêutica ser atravessada por questões culturais, é importante
que o terapeuta estude sua própria cultura e avalie se posturas que podem
ou não ser entendida como agressivas sob a interpretação dos pacientes
negros. Da mesma forma, é necessário estudar a cultura negra para não
classificar como patológico algo que seja comum em culturas
afrodescendentes como, por exemplo, tom de voz fortemente expressivo,
gestos afetuosos etc.
ENFRENTAMENTO INSTITUCIONAL