Você está na página 1de 36

CINEMÁTICA DO TRAUMA

primeiros socorros
TEMAS:
O ACIDENTE AUTOMOBILISTICO
O ACIDENTADO
ATENDIMENTO
OBJETIVOS

• Proporcionar aos participantes conhecimentos que os capacitem a:


• Listar os mecanismos básicos de lesão por movimento.
• Discutir mecanismos de lesão no trauma fechado e penetrante.
• Identificar as três colisões associadas com acidentes
automobilísticos e relacionar lesões potenciais da vítima com
deformidade do veículo, estruturas interiores e estruturas do corpo.
• Descrever lesões potenciais derivadas de colisões de veículo.
• Conhecer as duas formas mais comuns de lesões penetrantes,
discutir mecanismos associados e extensão da lesão.
• Inesperadas lesões traumáticas são responsáveis anualmente
por milhares de mortes. Os acidentes automobilísticos respondem
pela maior parte destas mortes. O tratamento destas vítimas
depende da identificação das lesões ou potenciais lesões.
avaliação de profissionais é uma necessidade. Contudo, mesmo
com avaliações de profissionais, muitas lesões podem passar
desapercebidas se o índice de suspeita não for o suficiente.
Mesmo se lesões obvias sejam tratadas, lesões não obvias
podem, ser fatais porque elas não são encontradas e assim vão
sem tratamento por muito tempo. Conhecer onde procurar por
lesões é tão importante quanto saber o que fazer após encontrá-
las.
TRAUMATISMOS FECHADOS
• O trauma fechado difere do penetrante no seguinte aspecto: o
impacto se distribui em uma área mais extensa de maneira que
a superfície do corpo não é penetrada. Ocorre uma cavidade
temporária formada pela deformação dos tecidos que depois
voltam à sua posição normal.

As causas principais de trauma fechado são os impactos
diretos de objetos em movimento e aceleração/desaceleração.
• Em colisões de veículos, o dano depende da energia cinética,
da utilização de equipamentos de segurança tais como: cintos
de segurança, banco com encosto, bolsas de ar. As lesões
corporais são mais freqüentes em passageiros não contidos e
ocorrem na cabeça, tórax, abdome e ossos longos. O
dispositivo mais eficaz. é o cinto de segurança, que, apesar de
causar compressão de órgãos durante colisões, impede que o
corpo se choque com o painel e o pára-brisa.
• Como no exemplo mostrado nesta figura, a
superfície do corpo é atingida por um bastão,
se deforma e depois volta ao normal. Não há
penetração da pele pelo objeto. Nos
traumatismos penetrantes o objeto que colide
com o corpo vence a elasticidade dos tecidos e
penetra no corpo.
As lesões por desaceleração são causadas principalmente por
acidentes automobilísticos
e quedas de grandes alturas.
Á medida que o corpo desacelera, os órgãos continuam
a se mover com a mesma velocidade que apresentavam, rompendo
vasos e tecidos nos
pontos de fixação.

Peso dos Órgãos Humanos Durante Impacto


Peso Normal Peso Durante Impacto (Kg)
Órgão (Kg)
36 Km/h 72 Km/h 108 Km/h
Baço 0,25 2,5 10 22,5
Coração 0,35 3,5 14 31,5
Cérebro 1,5 15 60 31,5
Fígado 1,8 18 2 162
Corpo 70 700 2800 6300
COLISÕES DE VEÍCULOS

TIPOS DE COLISÃO
• As colisões de veículos ocorrem em várias
formas e cada uma delas é associada
com certos padrões de lesão. As quatro
formas comuns de acidentes com veículos
automotores são:

Colisão frontal.
• Colisão lateral.
• Colisão traseira.
• Capotagem.
COLISÃO FRONTAL
PADRÕES NAS COLISÕES
FRONTAIS
O ocupante “do banco”
dianteiro direcionado para
baixo: o passageiro não
contido por cinto de segurança
pode ser direcionado para
baixo, e seu joelho ou tíbia
colidem com o painel.
Ocupante do banco dianteiro
direcionado para cima e para
frente: em algumas colisões
frontais o corpo do ocupante
pode ser arremessado para
cima e para frente, atingindo
com a cabeça o pára-brisa sem
nenhuma dissipação prévia de
energia cinética. Existem
grandes probabilidades de
traumatismos da cabeça e de
coluna cervical. O impacto
secundário é com o tórax e
abdome .
CORRELAÇÃO ENTRE LESÕES E
PARTES lNTERNAS DO VEÍCULO
1) Lesões pelo pára-brisas: ocorrem nos tipos de
evento por desaceleração frontal rápida, o
ocupante, sem cinto colide fortemente com o
pára-brisa. A possibilidade de lesões é maior sob
estas condições.
Lembrando as três colisões separadas observe o
seguinte:
.Colisão da máquina: deformidade da
frente.
.Colisão do corpo: rachaduras do pára-
brisa.
.Colisão de órgãos: golpe/contragolpe do
cérebro, lesão de partes moles (couro
cabeludo, face, pescoço), hiperextensão
da coluna cervical.
Lesões pelo volante
*São mais freqüentes no motorista de um veículo,
sem cinto de segurança após uma colisão frontal. O
motorista posteriormente pode colidir com o pára-
brisa. O volante é a causa mais comum de lesões
para o motorista sem cinto e qualquer grau de
deformidade ao volante deve ser tratada com
elevado índice de suspeita para lesões de face,
pescoço, torácicas ou abdominais .
Utilizando o conceito das três colisões, verificar a
presença do seguinte:
1.Colisão da máquina: deformidade frontal.
2.Colisão do corpo: fratura ou deformidade do anel,
coluna normal / deslocada.
3.Colisão dos órgãos: tatuagem traumática da pele.
O volante é capaz de produzir lesões ocultas,
devastadoras. A deformidade do volante é uma
causa de preocupação
3) Lesões pelo painel: ocorrem geralmente no passageiro não
contido. O painel Tem a capacidade de produzir uma variedade
de lesões, dependendo da área do corpo que impacte com ele.
Geralmente as lesões envolvem a face e os joelhos, porém vários
tipos de lesões têm sido descritos.

• A lesão de joelho pode representar que outros ferimentos


estão presentes. Os joelhos freqüentemente atingem o
painel, causando desde uma simples contusão até uma
fratura exposta da patela. A luxação franca dos joelhos
pode ocorrer. A energia cinética pode ser transmitida
para a coxa e resultar em fratura do fêmur ou quadril. Às
vezes a pelve pode colidir com o painel, resultando em
fraturas. Estas lesões são associadas com hemorragia
que pode levar ao choque. Sempre palpe o fêmur dos
dois lados assim como a pelve e a sínfise púbica.
• 4) Outros fatores: objetos soltos no veículo como
bagagem, livros e passageiros. Estes objetos podem se
tornar mísseis mortais nos eventos por desaceleração
rápida.
COLlSÃO LATERAL
• Em cruzamentos ou derrapagens os
impactos podem ser na lateral do veículo.
A porta ou a lateral do veículo pode atingir
o ocupante. O braço e o ombro tendem a
ser atingidos em primeiro lugar, pode
ocorrer fratura de úmero e de clavícula. Se
o braço estiver fora do local de impacto e
este atingir o tórax pode fraturar costelas e
estruturas intratorácicas. O abdome
também sofre impacto, e as vísceras mais
atingidas são o baço do motorista e o
fígado do passageiro. O trocanter maior do
fêmur pode ser atingido fazendo com que
a cabeça do fêmur entre no acetábulo. As
fraturas de ilíaco também são comuns.
Existe um grande risco de dano à coluna
cervical, pois ocorre flexão Iateral do
pescoço e rotação da cabeça na direção
oposta à do tronco.
COLISÃO TRASEIRA
As duas formas de colisão traseira são: carro parado é atingido por
outro veículo em movimento ou carro pode ser atingido na traseira por
outro carro deslocando-se mais rápido na mesma direção. O aumento
súbito da aceleração produz deslocamento posterior dos ocupantes e
hiperextensão da coluna cervical se o descanso de cabeça não estiver
propriamente ajustado. Pode também haver desaceleração frontal
rápida se o carro colidir de frente com um objeto ou se o motorista
frear subitamente.

O Socorrista deve observar deformidades


anterior e posterior do auto, assim como do
interior e posição do descanso de cabeça.
pois existe um grande potencial para
lesões de coluna cervical. Esteja alerta
para lesões por desaceleração frontal
associadas.
CAPOTAGEM
• Durante a capotagem, o corpo pode sofrer
impacto em qualquer direção, chocando-se com
o pára-brisa, teto, laterais e assoalho do veículo.
O potencial de lesões é grande. As lesões são
um misto dos padrões anteriormente descritos.
A possibilidade de lesões por compressão da
coluna vertebral aumenta nesta forma de
acidente. Existem mais lesões letais nesta
forma de acidente pois o ocupante tem mais
chances de ser ejetado do veículo. O ocupante
ejetado do carro tem 25 vezes mais chance de
morrer do que os não ejetados.
RESUMO
• A cinemática do trauma deve
ser considerada em todos os
acidentes.A avaliação
apropriada da cinemática
proporcionará um guia do tipo
de lesão a suspeitar, avaliar e
tratar.
Primeiros Socorros
Aspectos legais do socorro
• OMISSÃO DE SOCORRO
• Segundo o artigo 135 do Código Penal, a omissão de socorro
consiste em "Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo
sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à
pessoa inválida ou ferida, em desamparo ou em grave e iminente
perigo; não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública."
• Pena - detenção de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
• Parágrafo único: A pena é aumentada pela metade, se da
omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se
resulta em morte.
• Importante: O fato de chamar o socorro especializado, nos casos
em que a pessoa não possui um treinamento específico ou não se
sente confiante para atuar, já descaracteriza a ocorrência de
omissão de socorro.
Primeiros Socorros
As fases do socorro
• AVALIAÇÃO DO AMBIENTE
• A primeira atitude a ser tomada no local do
acidente é avaliar os riscos que possam colocar
em perigo a pessoa prestadora dos primeiros
socorros. Se houver algum perigo em potencial,
deve-se aguardar a chegada do socorro
especializado. Nesta fase, verifica-se também a
provável causa do acidente, o número de
vítimas e a gravidade das mesmas e todas as
outras informações que possam ser úteis para a
notificação do acidente. Proceda da seguinte
forma:
Mantenha a vítima deitada, em posição confortável, até certificar-se de
que a lesão não tem gravidade;
Investigue particularmente a existência de hemorragia,
envenenamento, parada respiratória, ferimentos, queimaduras e
fraturas;
Dê prioridade ao atendimento dos casos de hemorragia abundante,
inconsciência, parada cardiorrespiratória, estado de choque e
envenenamento, pois EXIGEM SOCORRO IMEDIATO.
Verifique se há lesão na cabeça, quando o acidentado estiver
inconsciente ou semiconsciente. Havendo hemorragia por um ou
ambos os ouvidos, ou pelo nariz, PENSE em fratura de crânio;
Não dê líquidos a pessoas inconscientes;
Recolha, em caso de amputação, a parte seccionada, envolva-a em um
pano limpo.
Certifique-se de que qualquer providência a ser tomada não venha a
agravar o estado da vítima;
Chame o socorro,e se necessário Forneça as seguintes informações:
Local, horário e condições em que a vítima foi encontrada;
Quais os Primeiros Socorros a ela prestados.
Inspire confiança - EVITE O PÂNICO
Comunique a ocorrência a autoridade policial local.
• SINALIZAÇÃO
• Efetuar, sempre que necessário, a sinalização do
local para evitar a ocorrência de novos acidentes.
Pode ser feita com cones, fita zebrada, ou qualquer
objeto que chame a atenção de outras pessoas para
o cuidado com o local, na falta destes recursos,
pode-se pedir para que uma pessoa fique
sinalizando a uma certa distância.
• ATENDIMENTO
• Ao iniciar o atendimento, deve-se ter em mente o
que fazer e o que não fazer. Manter o autocontrole é
imprescindível nesta fase. Não minta para a vítima.
Procure expressar segurança e confiança no que
faz. No atendimento, a pessoa que estiver
prestando os primeiros socorros deve realizar os
dois exames básicos: exame primário e exame
secundário.
EXAME PRIMÁRIO

O exame primário consiste em verificar:


•se a vítima está consciente;
•se a vítima está respirando;
•se as vias aéreas estão desobstruídas;
•se a vítima apresenta pulso.
• EXAME SECUNDÁRIO
Consiste na verificação de:
• Avaliar o nível de consciência.
• Escala de Coma de Glasgow.
• Avaliar os 4 sinais vitais:
• · pulso.
• · respiração.
• · pressão arterial (PA), quando possível.
• · temperatura.
• Avaliar os 3 Sinais Diagnósticos:
• tamanho das pupilas;
• enchimento capilar (perfusão sangüíneas das extremidades);
• O que o prestador de primeiros socorros deve
observar ao avaliar o pulso e a respiração
• Pulso:
• Freqüência: É aferida em batimentos por minuto,
podendo ser normal, lenta ou rápida.
• Ritmo: É verificado através do intervalo entre um
batimento e outro. Pode ser regular ou irregular.
• Intensidade: É avaliada através da força da pulsação.
Pode ser cheio (quando o pulso é forte) ou fino (quando
o pulso é fraco).
• Respiração:
• Freqüência: É aferida em respirações por minuto,
podendo ser: normal, lenta ou rápida.
• Ritmo: É verificado através do intervalo entre uma
respiração e outra, podendo ser regular ou irregular.
• Profundidade: Deve-se verificar se a respiração é
profunda ou superficial
Primeiros Socorros
Ressuscitação Cárdio Pulmonar (RCP)

• Conjunto de medidas emergenciais que


permitem salvar uma vida pela falência ou
insuficiência do sistema respiratório ou
cardiovascular. Sem oxigênio as células
do cérebro morrem em 10 minutos. As
lesões começam após 04 minutos a partir
da parada respiratória.
• CAUSAS DA PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA
• Asfixia.
Intoxicações.
Traumatismos.
Afogamento.
Eletrocussão (choque elétrico).
Estado de choque.
Doenças.
• COMO SE MANIFESTA
• Perda de consciência.
Ausência de movimentos respiratórios.
Ausência de pulso.
Cianose (pele, língua, lóbulo da orelha e bases da unhas
arroxeadas).
Midríase (pupilas dilatadas e sem fotorreatividade).
COMO PROCEDER

Verifique o estado de consciência da vítima, perguntando-lhe em voz

alta: "Posso lhe ajudar".


Trate as hemorragias externas abundantes.
Coloque a vítima em decúbito dorsal sobre uma superfície dura.
Verifique se a vítima está respirando.
Verifique se as vias aéreas da vítima estão desobstruídas;se
estiverem aplique-lhe duas insulflações pelo método boca-a-boca.
Verifique se a vítima apresenta pulso, caso negativo inicie a
massagem cardíaca externa.
• Posicione as mãos sobre o externo, 02 cm acima do processo xifóide.
Mantenha os dedos das mãos entrelaçados e afastados do corpo da
vítima.
Mantenha os braços retos e perpendiculares ao corpo da vítima.
Inicie a massagem cardíaca comprimindo o peito da vítima em torno de
04 a 05 cm.
Realize as compressões de forma ritmada procurando atingir de 100 a
120 compressões por minuto.
Caso esteja desacompanhado deve manter um ritmo de 120
compressões. Se estiver acompanhado de outra pessoa com o devido
treinamento, deve intercalar 02 ventilações a cada 30 compressões.
• 05 ciclos
Dificuldade ou parada respiratória, provocada por:

choque elétrico, afogamento, deficiência de oxigênio


atmosférico, obstrução das vias aéreas (boca, nariz e
garganta) por corpo estranho, envenenamento, etc,. A
falta de oxigênio pode provocar seqüelas dentro de 3 a
5 minutos, caso não seja atendido convenientemente.

RCP INSULFLAÇÕES COMPRESSÕES

01 prestador de socorro 02 30

02 prestadores de 02 30
socorro

Após 05 ciclos monitorar novamente os sinais vitais


CONTROLE DE HEMORRAGIAS E
TRATAMENTO DE FERIDAS
HEMORRAGIA EXTERNA
HEMORRAGIA INTERNA

Suspeitada através da relação dos sinais e sintomas apresentados pela


vítima com os traumas existentes.
EXPOR O LOCAL DA LESÃO

Verificar o tipo de ferimento e material a ser utilizado


no controle de sangramento.
COMPRESSÃO DIRETA

Com a mão enluvada Compressão com


diretamente sobre a gaze ou pano limpo
ferida
CURATIVO FIXADO POR BANDAGEM

GAZE FIXADA POR ATADURA DE CREPE


ATENÇÃO!

TODA VÍTIMA DE TRAUMA POSSUI LESÃO CERVICAL ATÉ


PROVAR O CONTRÁRIO!
* O ESTADO DE UMA VÍTIMA É INVERSAMENTE PROPORCIONAL
AO NÚMERO DE INFORMAÇÕES OBTIDAS PELO SOCORRISTA.
* NÃO SE ADMINISTRA NADA VIA ORAL PARA VÍTIMAS
INCONSCIENTES!

PRIORIDADE ABSOLUTA (CHAMADO DE A B C DA VIDA)


A =ABERTURA DAS VIAS AÉREAS COM CONTROLE CERVICAL
B= BOA VENTILAÇÃO
C =CIRCULAÇÃO E CONTROLE DAS HEMORRAGIAS

Você também pode gostar