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História do Brasil Contemporâneo

Aula 6: O Golpe Militar de 1964 e a ditadura civil-militar


(1964/74)

Prof. Maurício Bertola


História do Brasil Contemporâneo

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
 Entender as causas e antecedentes do golpe militar de
1964.
 Acompanhar a trajetória política e econômica do Brasil
ao longo dos 10 principais anos do regime militar e sua
fases.
 Entender os mecanismos de resistência ao regime.

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Em 1ºde Abril de 1964 as ruas do Rio de Janeiro amanheceram


tomadas por tropas. Era um movimento civil-militar de caráter
golpista que à muito vinha sendo preparado pelos setores
conservadores da sociedade brasileira que se opunham aos
planos reformistas e a atuação política de certas camadas
sociais subalternos que havia se mobilizado ao longo da
“República Populista” (1946/64).
A renuncia do presidente Janio Quadros em 1961 abrira uma
crise institucional pois os militares e civis conservadores
queriam impedir a sua posse acusando-o de “comunista”.

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A resistência à esse movimento golpista foi liderada pelo


governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, e João
Goulart tomou posse mediante um acordo de adoção do
regime parlamentarista, cujo 1º ministro era Tancredo Neves.
Em 63, em um plebiscito, o povo optou pela volta do regime
presidencialista. Goulart assumiu a presidência da República
com amplos poderes, e durante seu governo tornaram-se
aparentes vários problemas estruturais na política brasileira
acumulados nas décadas que precederam o golpe e agravados
pela Guerra Fria, e pela grave crise econômica que
desestabilizaram o seu governo.

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Em 1964, com o agravamento dessas contradições,


articulou-se cada vez mais uma conspiração de parte de
setores conservadores da sociedade brasileira –
notadamente as Forças Armadas, o alto clero da Igreja
Católica e organizações da sociedade civil, notadamente do
empresariado, apoiados decisivamente pelos Estados
Unidos.
A justificativa dos conspiradores é a de que Jango e as
esquerdas preparavam o terreno para que o Brasil viesse a
se tornar um país socialista.

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Goulart havia lançado um Plano Trienal que fracassara em


reestabilizar a economia brasileira, e um Plano de
“Reformas de Base” amplo que afetava diretamente os
interesses das elites conservadoras e do capital
internacional.
No dia 13/03/64, em comício em frente à Estação Central
do Brasil, Jango decreta a nacionalização das refinarias
privadas de petróleo e a desapropriação, para fins de
reforma agrária, de propriedades às margens de ferrovias,
rodovias e zonas de irrigação de açudes públicos.

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Desencadeou-se uma crise no país, com a economia já


desordenada e o panorama político confuso.
A oposição militar ao governo cresce especialmente a partir
de 25/03/1964, com a rebelião dos marinheiros, que estavam
amotinados no Sindicato dos Metalúrgicos , reivindicando o
reconhecimento de sua entidade representativa. Fuzileiros
Navais, enviados ao local para prender os rebelados,
acabaram por aderir à revolta. A quebra da hierarquia e da
disciplina na Marinha é um argumento decisivo em favor
do golpe militar, em nome da restauração da ordem. Apesar
de hoje termos a certeza de que havia a atuação de agentes
infiltrados no movimento.

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Obviamente que a questão da quebra de hierarquia atua como


fator desencadeador do movimento golpista, mas não o
explica por si só. O golpe não foi algo repentino, ele foi
amadurecendo aos poucos. O motivo alegado era o perigo do
comunismo.
O contexto, porém, era bem mais complexo:
a estatização promovida por Jango e as visões conflitantes
entre a política e a economia da direita e da esquerda,
vinham se contrapondo desde muito tempo antes.
O golpe militar de 1964 começou a ocorrer dez anos antes, em
1954. Um movimento político-militar conservador descontente
com Getúlio Vargas,

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com sua condição de ex-ditador e com denúncias de


corrupção e sua política nacionalista, tentou derrubar o
então presidente Getúlio Vargas, que abafou o golpe
terminando com sua própria vida num suicídio.
A repercussão da carta-testamento de Getúlio
Vargas conteve quaisquer movimentações golpistas e
desestabilizou profundamente a estrutura política do Brasil.
Passados o impacto e a comoção social que se seguiram ao
suicídio, em 55, opositores de Vargas, congregados
principalmente na UDN, tentaram impedir as eleições,
sabendo da provável derrota do grupo.

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houve assim uma tentativa de golpe, impedida pela ação


firme e corajosa do marechal Henrique Lott, que garantiu a
eleição e a posterior posse de Juscelino Kubitschek.
Goulart era visto como sucessor político de Vargas e também,
cunhado do governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola,
que defendia a realização das reformas de base no Brasil,
incluindo as reformas agrária e urbana.
As reformas de base desagradavam os setores conservadores,
a maior parte da classe média, e dirigentes de
multinacionais, que financiaram em 1961 a criação do IPES
(Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais). 

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de caráter conservador, e, através de seu poderio político


financeiro e de lobby no Congresso Nacional acabaram por se
movimentar no sentido de impedir a posse de Jango.
Em 63, face à crise generalizada e à oposição de setores à
direita e à esquerda, Goulart governava tentando conciliar os
interesses do seu governo com os interesses políticos dos
mais conservadores e também dos políticos progressistas no
Congresso Nacional.
Devido a boicotes de ambas as correntes, houve uma grande
demora em implantar as Reformas de Base. 

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Os setores mais à esquerda, inclusive dentro do próprio PTB,


afastaram-se da base governista e iniciaram protestos
reivindicativos.
Com a alta inflação,houve um aumento de preços dos mais
diversos produtos e serviços. Desta maneira, a crise
econômica acelerou as medidas econômicas do governo, que
foram duramente atacadas pelos grupos mais à esquerda.
Estes viam nas medidas apenas a continuação de uma política
antiquada que eles mesmos combatiam. Iniciaram-se greves
comandadas pela CGT, o que repercutia mal nos setores
patronais.

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Em 4/10/1963 Goulart solicita a decretação de Estado de


Sítio ao Congresso Nacional pelo prazo de 30 dias. A
justificativa do Ministério da Justiça era que o governo
necessitaria de poderes especiais para impedir a comoção de
"guerra civil" que punha em perigo as instituições
democráticas. A manobra foi repelida inclusive pela
esquerda, e a iniciativa foi vista como uma tentativa de
golpe por parte de Jango.
Houve também uma importante guinada em direção a
reformas de base de inspiração socialista. Junta-se à tensão
política a pressão do declínio econômico.

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Os políticos do PSD, mais conservadores, temendo uma


radicalização à esquerda deixam de apoiar o governo. A
situação política de Goulart se torna insustentável, pois não
tinha apoio total do PTB e nem dos comunistas. Não
conseguindo governar de forma conciliatória.
A UDN e o PSD temiam pelo crescimento do PTB, já que
Leonel Brizola era o favorito para as eleições presidenciais
que aconteceriam em 1965. Criou-se o medo de que Goulart
levasse o país a um golpe de estado, com a implantação de
um regime político socialista. Era o "perigo comunista", que
serviria depois como justificativa para o golpe.

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O apoio norte-americano à conspiração também foi decisivo,


com a sustentação financeira de políticos direitistas e com
planos de mobilização militar de apoio ao movimento
golpista (em caso de resistência armada).
Com o desencadeamento do movimento, João Goulart se
recusou a resistir pois fora informado que os golpistas tinham
o apoio da armada americana, que estava se encaminhando
para o Brasil, o que poderia conflagrar uma guerra civil de
grandes proporções.
O Golpe havia triunfado.

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O GOVERNO MILITAR:
Logo após o golpe de 1964, em seus primeiros 4 anos, a
ditadura foi endurecendo e fechando o regime aos poucos.
Vieram os atos institucionais (AI’s), artificialismos criados para
dar legitimidade jurídica a ações políticas contrárias à
Constituição Brasileira de 1946, culminando numa ditadura. O
período compreendido entre 1968 e 1975 foi determinante
para a nomenclatura histórica conhecida como "anos de
chumbo“.

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Dezoito milhões de eleitores brasileiros sofreram das


restrições impostas por seguidos atos institucionais que
ignoravam e cancelavam a validade da Constituição
Brasileira, criando um estado de exceção, suspendendo a
democracia.
Entre os que apoiariam o golpe militar, havia muitos
especuladores de capital, banqueiros, grandes
latifundiários e o empresariado em geral, e
principalmente políticos oportunistas que trocavam de
partido independente da sua orientação ideológica.
Os maiores financiadores do golpe foram notadamente as
grandes oligarquias do Brasil, além das multi-nacionais e
do próprio governo dos Estados Unidos.

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A QUESTÃO ECONÔMICA:

No pós-golpe, o governo inicia uma política econômica de


combate ao processo inflacionário, de caráter recessivo,
através da contenção do crédito, dos salários e do aumento
dos impostos, visando reduzir o déficit governamental.
As restrições ao capital externo foram retiradas e a taxa de
remessa de lucros aumentada para 12%, fazendo com que em
1965 os investimentos estrangeiros voltassem à crescer.
Foram criados fundos de investimentos para a indústria e
mecanismos de incentivo às exportações industriais.

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Com isto o governo sinalizava um novo “caminho” para a


economia brasileira em função do esgotamento do “Modelo
de Substituição de Importações”.
Foi elaborado o Plano de Ação Econômica – PAEG, que visava
reformar o sistema financeiro, a estrutura tributária e o
próprio mercado de trabalho, com a extinção da estabilidade
empregatícia e a criação do FGTS. Iniciou-se também a
aplicação do sistema de correção monetária, através das
ORTN’s, que anos depois causaria tantos problemas.
Criaram-se também instituições de longo prazo, com o
objetivo de financiar o crescimento futuro: O Banco Central e
o Conselho Monetário Nacional.

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O “MILAGRE ECONÔMICO”:
A partir de 1968 a economia brasileira entra em nova fase de
crescimento econômico. Isso foi possível pela oferta externa
de capital (notadamente europeu e japonês), a uma certa
alta dos preços dos produtos agrícolas no mercado
internacional e ao relativamente baixo preço dos insumos
importados (principalmente petróleo).
Neste período o P.I.B cresceu à uma taxa média de 11% ao
ano, liderado pelo setor de bens de consumo duráveis.

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Tal crescimento foi fundamentado na seguinte política


econômica:
1) Controle da inflação pelos custos (de produção), e não
pela demanda (consumo).
2) Combinação deste controle com incentivos fiscais e
expansão monetária compensado por controle dos preços de
tarifas públicas, câmbio, juros públicos e preços de insumos
industriais.
Com o crescimento e os incentivos, o capital internacional
retornou com força total e houve um grande aumento nas
exportações de manufaturados (639%!) e de importações de
insumos industriais.

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Como na época do “Plano de Metas” do governo JK, haviam


porém pontos fracos, que eram principalmente no
crescimento da dívida-externa (que aumentou 332% no
período), e a suposição que o preço do insumos importados,
petróleo principalmente, ficaria por muito tempo baixo.
Os tempos do “Milagre Brasileiro” geraram um forte
ufanismo, consubstanciado na conquista da Copa do Mundo
de 1970 e no Sesquicentenário da Independência em 1972,
que criaram um ambiente de euforia e forte apoio das
classes-médias ao regime militar.

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Em fins de 1973 porém, face ao apoio ocidental à Israel na


Guerra do Yom-Kipur, os países da OPEP promoveram uma
série de aumentos sucessivos no preço do petróleo (de US$
2,48 em 1972, para 11,58 em 74, 13,60 em 78, até US$ 35,70
em 1980!).
Com isso, a crise afetou duramente o Brasil (maior
importador mundial de petróleo dos países em
desenvolvimento), causando o “estrangulamento”
econômico do crescimento.
Somado ao aumento do preço do petróleo, os países
desenvolvidos aumentaram os juros bancários, o que afetou
a capacidade de importar e aumentou significativamente a
dívida externa.

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Com isso, a taxa de crescimento do P.I.B, caiu de 14% em


1973, para 8,2% em 1974, com o déficit das contas externas
atingindo US$ 4,7 bilhões .
A situação foi combatida pelo governo militar com nova série
de endividamentos, baseados na oferta de “petrodólares”,
mesmo a taxas de juros mais altas, que iriam financiar o
lançamento do 2º Plano Nacional de Desenvolvimento no
governo do Gen. Ernesto Geisel, e que visava superar a
dependência externa nos setôres de energia (petróleo,
elétrica), bens de produção e exportação, isso com o
incremento da malha ferroviária, das industrias de
comunicações, siderurgia de metais não-ferrosos e minerais
não-metálicos, química fina, petro-química e derivados,
inclusive com o lançamento do “Pró-Alcool”.

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Esse programa de grande magnitude acabou por acelerar o


crescimento da dívida externa e da inflação (46% em 1976), e
obrigou o governo a lançar medidas de contenção de créditos
e de redução de gastos públicos.
No governo do Gen. Figueiredo ocorreu um 2º choque do
petróleo, combinado com um acréscimo violento das taxas
de juros do mercado internacional (16,4% em 1981), o que
levou à mais grave crise econômica da história brasileira
(1979-1984) e a um processo de descontrole total das taxas
de inflação (100% em 1980, 224% em 1984!) que tristemente
caracterizaram a década de 80.

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A RESISTÊNCIA AO REGIME MILITAR:

Uma vez no poder, os militares buscaram desmobilizar as


esquerdas, com a intervenção nos sindicatos, prisões,
cassações de mandatos parlamentares, aposentadorias
compulsórias para militares e civis contrários ao regime e
perseguições aos estudantes (Incêndio do prédio da UNE).

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Os setores conservadores aplaudiam pela imprensa tais


medidas destinadas à “limpar” do país do comunismo e os
militares também tinham o mesmo discurso, apresentando as
Forças Armadas como “moderadores” da política nacional.
Porém, não havia consenso mesmo entre os militares. Havia
uma “linha moderada”, chefiada pelo Gen. Castelo Branco e
uma “linha dura”, liderada pelo Gen. Costa e Silva, que, face
a vitórias da “oposição” em Minas e na Guanabara e mais 3
estados, decretou o AI-2, que suspendia as eleições
presidenciais de 66, tornado-as indiretas e suprimia os
partidos políticos, criando o bi-partidarismo (ARENA e MDB).

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Seguiu-se o AI-3, que suspendia as eleições diretas para
governadores e prefeitos da capitais, e o AI-4, que transformava o
Congresso em Assembléia Constituinte.
Com isso articulou-se uma oposição civil ao golpe, incluindo
mesmo políticos que o haviam apoiado, como Carlos Lacerda e
Adhemar de Barros, além de outros.
Com a eleição indireta do Gen. Costa e Silva, a promulgação da
Constituição de 1967 e o aumento da repressão, aumentou
também a oposição das esquerdas radicais e do movimento
estudantil ao regime.
Com o PCB na ilegalidade e pregando uma resistência mais
“indireta” ao regime, muitos líderes desse partido e jovens
militantes optaram por seguir o caminho da resistência armada ao
governo militar criando organizações clandestinas de guerrilha
urbana. Também o PC do B, uma dissidência do “Partidão” optou
por este caminho concentrando-se na guerrilha rural.
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Constituiram-se a ALN, o VPR, o MR-8, o MRT, a AP, etc, que


iniciaram ainda em 67 e em 1968 ações armadas contrarias ao
regime e arrecadando fundos através de “expropriações” de
bancos e empresas para o financiamento de seu
funcionamento, compra de armas, preparação de militantes e
do desencadeamento de futuras ações de guerrilha rural.

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As ações de protesto estudantil, como a “Passeata dos 100


mil” e as ações armadas da guerrilha urbana levaram a um
“endurecimento” ainda maior do regime,
no final de 1968 foi decretado o AI-5, que fechou o
Congresso Nacional e suspendeu o direito de “habeas Corpus”
e outros direitos civis.
Logo depois, com a morte prematura do Gen. Costa e silva, o
vice, Pedro Aleixo, que já não apoiava como antes o regime,
foi impedido de tomar posse por uma “Junta Militar”, que
entregou o poder em 1969 para o chefe do Serviço Nacional
de Informações (SNI), o Gen. Emílio Garrastazu Médici.
Iniciou-se o período mais violento da repressão.

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OS ANOS DE CHUMBO:

Com a articulação da repressão pelo SNI e contando com os


organismos de inteligência e destacamentos operacionais das
Forças Armadas (CENIMAR, CISA e CEIEx, e os DOI-CODI’s),
bem como o apoio das Delegacias do DEOPS (Policia Civil), das
PM’s e de grupos para-militares como o CCC, as organizações
de luta armada logo foram destruídas, com centenas de
mortes e desaparecimentos. A tortura e as arbitrariedades
tornaram-se institucionalizadas e potencializadas pela forte
censura à imprensa e aos movimentos culturais. Artistas como
Caetano Veloso,

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Artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque,


além de vários outros intelectuais, pesquisadores e
professores tiveram que partir para o exílio.
Com o fim do governo do Gen. Médici, assume o Gen.
Ernesto Geisel, mais moderado e cuja plataforma incluía o
início de uma lenta e gradual distensão que objetivava a
médio prazo “institucionalizar” o regime, continuar o
processo de crescimento econômico (mesmo face à “Crise do
Petróleo”) e futuramente entregar o país à “normalidade”
democrática (sem que a “tutela” militar deixasse de existir.

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CONCLUSÃO:
O Golpe Militar de 1964 foi um movimento civil e militar que
visava a derrubada do governo João Goulart e a neutralização
das frações políticas de esquerda no Brasil, garantindo a
continuidade do desenvolvimento capitalista e o “alinhamento”
do país ao “bloco” liderado pelos EUA.
Apesar de suas motivações imediatas (crise econômica,
movimentos “subversivos”, quebra de hierarquia nas Forças
Armadas), o golpe vinha sendo “maturado” desde a metade dos
anos 50 pelos setôres conservadores da sociedade brasileira.

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As ações do governo pós-golpe visaram a desarticulação das


oposições de esquerda, dos movimentos sindical e estudantil e
a estabilização econômica.
Com o uso de “Atos Institucionais” e de uma repressão e
censura eficazes o regime foi “endurecendo” cada vez mais,
perdendo inclusive o apoio de setores civis que antes o haviam
apoiado.
Esses setores civis, o movimento estudantil e os grupos
radicais de esquerda passaram a desafiar o regime, tanto em
manifestações, como em ações clandestinas armadas cujo
auge foi o ano de 1968.

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O governo militar respondeu com a decretação do AI-5 que


institucionalizou o regime de excessão no país, abrindo as
portas para um período de intensa e eficiente repressão, os
“Anos de Chumbo”.
Respaldado pelo crescimento econômico do período do
“Milagre Brasileiro” (1969-1973) e pelo crescente ufanismo e
propaganda do regime, os militares lograram anular quase
toda a oposição.
O ano de 1973 marcou a reversão das condições econômicas
externas favoráveis e pôs em claro os problemas do
acelerado crescimento, principalmente a questão da dívida
externa que só se agravaría nos anos seguintes.

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