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Um Catálogo de

Cosmovisões – Monismo
Panteísta Oriental

• SIRE, James W. O universo ao lado: um


catálogo básico sobre cosmovisão. 4.ed. São
Paulo: Hagnos, 2009. (com adaptações)
Monismo Panteísta
Oriental
• A sequência Deísmo – Naturalismo –
Existencialismo nos trouxe ao seguinte
dilema:
• A tentativa existencialista de transcender
o niilismo traz consigo sérios problemas
(especialmente no campo da ética) e, por
outro lado, uma volta ao teísmo cristão
não parece uma boa opção, sobretudo
considerando a hipocrisia da cristandade
moderna e sua falta de compaixão.
• Parece que as opções se esgotaram –
pelo menos, no ocidente...
Monismo Panteísta
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• Sob o aspecto sociológico, podemos traçar
o interesse no Oriente a partir da rejeição
dos valores da classe média pela geração
jovem da década de 1960. Um descrédito
da racionalidade tecnocrática, da
economia capitalista e das interfaces
entres estas duas e a religião ocidental (o
cristianismo). A guinada para o
pensamento oriental desde 1960,
portanto, é basicamente a renúncia do
pensamento ocidental. (160)

Monismo Panteísta
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• Talvez o Oriente, a terra tranquila de gurus
meditativos e vida simples, tenha a
resposta para nosso desejo de encontrar
significado e valor.
• Na década de 1960 os estudos orientais
foram filtrados para o nível universitário.
Gurus indianos cruzavam o s EUA e a
Europa já por várias décadas. Nas duas
últimas décadas, o tibetano Dalai Lama,
com o comportamento silencioso e
sensível e a busca de solução pacífica para
os conflitos internacionais, também obteve
reconhecimento.
Monismo Panteísta
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• O monismo panteísta se distingue das
outras cosmovisões orientais por causa
do ‘monismo’, a noção de que apenas
um elemento impessoal constitui a
realidade.
• A seguir, consideraremos a perspectiva
do monismo panteísta oriental
relativamente a algumas questões
fundamentais da cosmovisão.
• 1. “Atmã é Brâman”: isto é, a alma de
todo e cada ser humano é a Alma do
cosmo (a realidade última). (164)
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• 1. “Atmã é Brâman”: isto é, a alma de todo
e cada ser humano é a Alma do cosmo (a
realidade última). 164
• Diferentemente do cristianismo, em vez de
traçar a linha clara entre Deus e sua criação,
o panteísmo monista oriental os declara um
e o mesmo ser. Atmã (a essência, alma, de
qualquer pessoa) é Brâman (a essência,
Alma de todo o cosmo). Que é o ser
humano? Isto é, o que reside no âmago de
cada um de nós? Cada pessoa é tudo. Cada
pessoa é Deus.
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• Deus é a realidade una, última, infinita e impessoal.
Isto é, Deus é o cosmo. Deus é tudo que existe, nada
existe que não seja Deus. “tudo é de fato Deus, e nada
existe além do divino, todo o universo é seu corpo e
todas as coisas são suas formas” (Richard Schiffman,
Sri Ramakrisna: A Prophet for a New Age. New York.
Paragon House, 1989, p. 153).
• Se parece existir algo que não é Deus, isso é maia,
ilusão e não existe na realidade. Em outras palavras,
qualquer coisa existente como objeto separado e
distinto – esta cadeira, não aquela; esta pedra, não
aquela árvore; eu, não você – é uma ilusão. Não é a
separação que nos confere realidade, é a unicidade, o
fato de que somos Brâman; e Brâman é Uno. Sim,
Brâman é o Uno.
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• 2. Uma gradação na unicidade: algumas coisas são mais
unas que outras;
• A realidade é uma hierarquia de aparências. Algumas
“coisas”, algumas aparências ou ilusões, estão mais perto
que outras de serem unas com o Uno. A matéria pura e
simples (i.e., mineral) é a menos real; então a vida vegetal,
então a animal e, por fim, a humanidade. Mas a
humanidade também é hierárquica; algumas pessoas estão
mais próximas da unidade que outras. O Mestre Perfeito, o
Iluminado, o guru são os seres humanos mais próximos do
ser puro.
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• 3. Muitos (se não todos os)


caminhos levam ao Uno.
• Chegar à unicidade com o Uno
não significa encontrar o único e
verdadeiro caminho. O objetivo
não é estarmos uns com os outros
no mesmo caminho, mas
estarmos orientados com
correção. Não se trata de uma
questão doutrinária, mas de
técnica.
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• Alguns gurus como Maharishi Mahesh
Yogi, enfatizam a entoação de um
mantra, uma palavra sânscrita
aparentemente sem sentido às vezes
selecionada por um mestre espiritual e,
dada em segredo ao iniciado. Via de
regra, as técinicas exigem quietude e
solidão. Talvez a mais popular das
técnicas seja a que envolve os entoar a
palavra Om.
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• 4. Perceber a unicidade de alguém com o
cosmo é ir além da personalidade;
• Sim, pois Atmã é Brâman e Brâman é uno e
impessoal. Logo, Atmã é impessoal. A ideia
de uma personalidade distinta de cada
indivíduo é uma ilusão (não
reconhecimento de sua unicidade com o
cosmo);169
• 5. Perceber a unicidade com o cosmo
significa ir além do conhecimento;
• Sim, pois o conhecimento, assim como a
personalidade, demanda a dualidade – um
conhecedor e um objeto de conhecimento.
170
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• 6. Perceber a unicidade com o
cosmo significa ir além do bem e
do mal; o cosmo é perfeito a
todo instante.
• Sim, pois, a exemplo do
verdadeiro e do falso, a distinção
entre o bem e o mal desaparece.
Tudo é bom (o que, claro, é
idêntico a dizer “Nada é bom” ou
“Tudo é mau”). 172
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• 7. A morte é o fim da existência
individual, pessoal, mas não muda
nada de essencial na natureza do
indivíduo;
• Nenhum ser humano, no sentido
de pessoa ou indivíduo, sobrevive
à morte. Atmã sobrevive, mas
Atmã é impessoal. Quando Atmã
reencarna, torna-se outra pessoa.
Trata-se da imortalidade da alma,
não da imortalidade da pessoa.
(173)
Vamos conversar um
pouco?

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