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Transtornos de Ansiedade

TAG (Transtorno de ansiedade


generalizada)
Barlow e Duran (2011)Caracterizam a ansiedade como:
Estado de humor negativo caracterizado por sintomas
corporais de tensão física e apreensão em relação ao
futuro. Sentir ansiedade não é muito agradável, então
por que parecemos programados para experimentá-la
quase toda vez que fazemos algo importante?

A ansiedade segundo os psicólogos, em quantidade


moderada melhora nosso desempenho. Ela é
caracterizada por um estado de humor orientado para
o futuro. Poderia se dizer que ela reflete o pensamento
de: “Algo poder dar errado e não sei se terei capacidade
para lidar com isso, mas tenho que estar preparado”.
A ansiedade pode ser uma doença incapacitadora. Pode limitar as pessoas em
diversas áreas da vida e levar à depressão e até ao suicídio. Pode durar muitos anos se
não for tratada.

As pessoas que sofrem deste transtorno tendem a se isolar para não terem risco de
passar pelo que as faz sofrer. Assim, podem sofrer também de depressão.

Alguns problemas também podem ter relação com a ansiedade:


- Problemas cardíacos
- Hipertensão
- Desconforto gastrintestinal
- Doenças respiratórias
- Diabetes
- Asma
- Artrite
- Problemas de pele
E ainda outros não mencionados.
Crianças com transtornos de ansiedade têm maior probabilidade
de desenvolverem problemas psicológicos quando adultos e têm
mais problemas na escola.

A ansiedade faz parte de nossa herança biológica. Ela tinha a


função de nos proteger dos perigos que rodeavam nossos
ancestrais. Os indivíduos que se precaviam dos perigos eram os
que sobreviviam. Assim, esta cautela persistiu em nossas mentes
na forma de aversões e fobias.

Embora estes medos hoje não sejam mais adaptativos, nossos


cérebros continuam a funcionar da mesma forma.
TIPOS DE TRANSTORNOS:
1 – FOBIA ESPECÍFICA:
Medo de um estímulo ou situação específica.
Crença subjacente de que a coisa é de fato perigosa
 
2 – TRANSTORNO DE PÂNICO:
Medo de suas próprias reações fisiológicas ou psicológicas
frente a um estímulo. Alterações na respiração ou nos
batimentos cardíacos, vertigens, suores ou tremores são
vistos como um colapso, insanidade ou morte.
Os indivíduos costumam evitar o que os leva a estas
alterações e muitos desenvolvem depressão.
3 – TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO:
A pessoa tem pensamentos ou imagens que considera estressantes
(ser contaminado...). Sente necessidade de realizar certas ações
que neutralizem estas imagens (lavar-se constantemente).

4 – TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA:


Tendência em se preocupar continuamente com um monte de
coisas. Imagina conseqüências negativas e formas de impedir estas
conseqüências. Muitas vezes acompanha sintomas físicos de
estresse como insônia, tensão muscular, problemas
gastrintestinais e outros.
 
5 – TRASTORNO DE ANSIEDADE SOCIAL OU FOBIA SOCIAL:
Medo de ser julgado pelos outros, principalmente em situações sociais.
Os sintomas incluem tensão extrema ou “paralisia”, preocupação
obsessiva com interações sociais e tendência ao isolamento e à solidão.
Frequentemente o transtorno é acompanhado pelo uso de drogas e álcool.
 
6 – TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO:
Medo excessivo causado por exposição anterior a uma ameaça ou dano.
Ex: violência física, estupro, acidentes graves e exposição a guerras.
Estes indivíduos revivem seus traumas através de sonhos e flashbacks e
evitam as situações que a fazem lembrar do fato. Podem apresentar
irritabilidade, tensão e hipervigilância. Muitos abusam de álcool e drogas
e apresentam sintomas de depressão e falta de esperança.
Para Barlow e Duran (2011):
Os transtornos específicos de ansiedade são
complicados pelos ataques de pânico ou por outras
características que são o topo da ansiedade. No TAG, o
foco está presente em todos os eventos da vida diária.

Todos nós nos preocupamos com as coisas do nosso


dia, mas a preocupação pode ser improdutiva,
independente do quanto nos preocupamos não
conseguimos resolver o problema, tais características
podem estar associadas ao TAG.
Os critérios do DSM IV especificam pelo menos 6
meses de ansiedade e preocupação excessivas,
ocorrendo na maioria dos dias. A maioria de nós se
preocupa um certo tempo mas pode deixar o problema
de lado e continuar outra tarefa.As pessoas com TAG se
preocupam com as mínimas coisas e acontecimentos
na maior parte do tempo, característica que distingue o
TAG dos outros transtornos. Barlow e Duran (2011)

A pergunta é: Você se preocupa excessivamente com


coisas pequenas?
100% dos indivíduos com TAG, respondem que sim.
Os eventos importantes também se tornam o foco da
ansiedade e da preocupação, e a ansiedade pode ser
comparada entre crianças, adultos e idosos como podemos
ver abaixo:
Ansiedade crianças
Pode estar relacionada ao desempenho escolar, atlético
ou social.
Ansiedade em adultos
Infelicidade de seus filhos, na saúde familiar, nas
responsabilidades do trabalho e em coisas menores
Ansiedade em idosos
Mais frequentemente relacionado com problemas de
saúde.
Tabela DSM Barlow e Duran (2011)
Critérios do DSM IV para o transtorno de
ansiedade generalizada
Ansiedade e preocupação excessivas (expectativa
apreensiva durante mais dias do que deveria por pelo
menos 6 meses em relação a determinado número de
acontecimentos ou atividades (como desempenho no
trabalho ou na escola)
A pessoa acha difícil controlar essa preocupação.
A ansiedade e a preocupação são associadas com pelo
menos 6 ou mais dias seguidos (obs: em crianças
somente um item é necessário)
-inquietação ou sensação de excitação ou de estar no
limite.
- Ficar facilmente fatigado
- Dificuldade para se concentrar ou sensação de a
mente ficar em branco
-Irritabilidade
- Tensão muscular
-Distúrbio de sono (dificuldade de adormecer ou de
permanecer dormindo ou sono agitado)
 d- O foco da ansiedade e da preocupação não está
confinado às características de um transtorno do eixo I,
ou seja, a ansiedade ou a preocupação não ocorre em
relação a ter um ataque de pânico (como um
transtorno do pânico), ficar constrangido em público
(como uma fobia social), ser contaminado (como um
transtorno obsessivo compulsivo), ficar fora de casa ou
longe de parentes próximos como (transtorno de
ansiedade de separação), ganhar peso (como anorexia
nervosa), ou ter uma doença grave (como na
hipocondria), e não é parte do transtorno pós
traumático.
A ansiedade, a preocupação ou os sintomas físicos
causam sofrimento ou prejuízo significativo nas esferas
social, ocupacional e em outras áreas importantes da
vida.
Não se deve a efeitos diretos de uma substância
química (por exemplo, abuso de drogas, medicação)
ou a uma condição médica geral (por exemplo
hipertireoidismo) e não ocorre exclusivamente durante
um transtorno de humor ou um transtorno invasivo do
desenvolvimento. Barlow e Duran (2011)
DE ONDE VEM:

Os homens primitivos deveriam estar sempre alerta aos


predadores e desconfiar de todo aquele que não fazia parte
de sua tribo.
Outra questão importante é o fato de que aqueles que não
estavam sozinhos tinham maior chance de sobreviver.
Estes homens foram os que sobreviveram ao longo dos
séculos e passaram geneticamente este estado de alerta à
sua prole. Ainda hoje carregamos este mesmo gene, porém
no nosso mundo os perigos já não são mais os mesmos.
As precauções relacionadas ao futuro podem ter
ligação genética da mesma forma. Era importante para
nossos ancestrais estocar certos tipos de comida ou de
peles para os tempos mais frios. Também preparar
armadilhas para esperar a caça ou os predadores.
Assim, ainda hoje nos preocupamos em nos precaver
para o futuro.
 
As vivências anteriores podem agravar casos de
ansiedade: se você sofreu um assalto, pode ter medo de
andar nas ruas, medo de estranhos...
Nos indivíduos com transtornos da ansiedade, as
instruções que deveriam funcionar como sinais de
alerta passam a funcionar como regras absolutas e o
poder de pensar e agir de forma inteligente fica
prejudicado.
Estas regras podem se resumir da seguinte forma:
 
- DETECTE O PERIGO
Ex: a presença de uma aranha, pessoas carrancudas encarando,
alguém que tosse...
 
- TRANSFORME O PERIGO EM CATÁSTROFE
Ex: Uma mancha na pele é um câncer
O próprio pensamento pode ser uma ameaça.
 
- CONTROLE A SITUAÇÃO
Controlar a ansiedade tentando controlar o que está a sua volta.
Ex: lavar as mãos, voltar e fazer verificações...
- EVITE OU ESCAPE
Ex: não entra em um elevador, não vai a lugares
públicos, não sai de casa...
 
Ao não pensar naquilo que lhe traz ansiedade ou não
enfrentar, você não consegue perceber que pode
vencer. Não aprende com a experiência do
enfrentamento, pois simplesmente corre!
 
Tratamento
COMO TRATAR:
 
A maioria das pessoas com ansiedade procuram os médicos pelos sintomas causados pela
mesma: insônia, dores no corpo, problemas intestinais, uso de álcool, depressão... Isso as
leva a tomar vários medicamentos, como benzodiazepínicos ou antidepressivos.
 
Os vários transtornos ligados à ansiedade podem ser tratados de forma muito parecida e
as técnicas mais eficazes costumam ser utilizadas pela terapia cognitivo-comportamental.
 
O primeiro passo para livrar-se da ansiedade consiste em trocar as regras antigas por
novas:
 
- Em vez de “detecte o perigo”, usar “veja as coisas de maneira realista”:
Consiste em avaliar o risco real.
 
- Em vez de “transforme o perigo em catástrofe”, usar “normalize as
conseqüências”:
O que de fato aconteceu no passado?
O que há de pior e qual a probabilidade de isso acontecer?
Quais seriam os resultados ruins se algo de pior de fato acontecesse?

- Em vez de “controle a situação”, usar “abandone a necessidade de


controlar”:
Você não morre de obsessões, pânico, preocupação ou medo. Observe a
situação em vez de tentar controlar. Ex: em vez de bater braços e pernas para
tentar nadar (acaba ficando cansado), tente deixar seu corpo flutuar.
 
- Em vez de “evite sua ansiedade ou escape dela”, usar “ assuma sua
ansiedade”:
É importante praticar ser ansioso. Quanto mais praticá-la, mais fácil ela fica.
OUTRA FORMA:
 
- Construa uma motivação: Em vez de se preocupar,
começar a agir. Ter listas de afazeres pode trazer mais
segurança do que simplesmente se preocupar com o
que poderá sair errado.
 
- Desafiar o pensamento de que dará errado: O quanto
eu acredito na preocupação? Qual a evidência dela?
Que ação posso realizar?...
 
- Estabelecer um horário e local para se preocupar: 20
minutos por dia, sentar-se em um local confortável e
pensar sobre o que o aflige. Anotar o que pensou com
data e horário do pensamento. Isso mostrará o quanto às
previsões podem ter sido falsas e o quanto determinados
pensamentos se repetem.

- Validar as emoções: Fazer um diário de emoções.

- Aceitar o controle limitado e a incerteza.

- Abandonar o sentido de urgência: Não há muito o que


ser feito no meio da madrugada além de se preocupar.
- Deixar-se enlouquecer : preocupar-se com algo e
imaginar o pior e as piores conseqüências mostrarão que
você não enlouquecerá de fato e que pode ter soluções
criativas para seus problemas.
 
- Praticar os piores medos: Ao conseguir enfrentar seu
medo não se preocupará com ele.
 
- Fazer o que está evitando. Não é saudável preocupar-se
tanto com o trabalho que não consegue de fato realizá-lo.
 
OUTRAS MEDIDAS QUE PODEM AJUDAR:
 
Relaxamento: Voltar-se para a tensão corporal pode ajudar a controlar
a tensão mental.
 
Mindfulness: Prática de sair dos pensamentos e ingressar no momento
presente; observar o que está acontecendo sem julgar ou interpretar.
 
Prestar atenção aos seus pensamentos: Olhar o pensamento como um
evento da mente. Parar de lutar contra e observá-lo.
 
Dormir bem: a falta de sono e a ansiedade andam paralelas.
 
Alimentação saudável: moderação, equilíbrio,
variedade e boa mastigação são fundamentais para
ganhar mais saúde. Comer muito rápido, fazer poucas
refeições por dia, comer demais e ingerir alimentos
muito gordurosos e açucarados pode piorar o quadro
de ansiedade, pois os sintomas físicos podem piorar.
 
Realizar exercícios físicos ajuda a controlar a
ansiedade e faz com que a pessoa diminua o
isolamento.
Escalas
 
IDATE: mede a relação entre ansiedade-estado e ansiedade-traço. Possui
20 afirmações em que se responde a intensidade naquele momento ou a
freqüência com que ocorrem. Marca-se de 1 a 4. Sendo que algumas são
pontuadas de forma crescente e outras de forma decrescente.

Escala Beck de ansiedade: formada por 21 itens descrevendo sintomas


comuns em quadros de ansiedade. Marcar de 0 a 3.
 
Questionário de preocupações da Penn State University: consiste em
algumas afirmações que devem ser marcadas de 1 a 5, sendo 1 equivalente
a “nem um pouco típico” e 5 equivalente a “muito típico.
Ex: Minhas preocupações me sufocam.
Referências:
 BARLOW, D.H. Psicopatologia: uma abordagem integrada. São
Paulo: Cengage,. 2011.
 XAVIER, Flávio MF et al. Transtorno de ansiedade generalizada em
idosos com oitenta anos ou mais. Rev. Saúde Pública [online]. 2001,
vol.35, n.3 [citado 2013-02-25], pp. 294-302 . Disponível em:
<http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-
89102001000300013&lng=pt&nrm=iso>. ISSN 0034-8910.
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102001000300013
 Leahy, Robert L. (2011), Livre de ansiedade, artmed, Porto Alegre
 http://www.proad.unifesp.br/pdf/dissertacoes_teses/tese_thais.pdf

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