Você está na página 1de 12

As Heresias

Cristológicas

1. Docetismo: dizia que Jesus não tinha um corpo real;
2. Adocionismo: dizia que Jesus era filho adotivo de Deus;
3. Arianismo: dizia que Jesus era inferior ao Pai;
4. Apolinarismo: dizia que Jesus não tinha alma humana;
5. Nestorianismo: dizia que, em Jesus, havia duas pessoas;
6. Monofisismo: dizia que Cristo tinha uma só natureza;
7. Monotelismo: dizia que Jesus não tinha vontade humana,
ou o “querer humano”.
Docetismo

 Dizia que Jesus não teve corpo real.
O docetismo surgiu no final do primeiro século. Ensinava que
Jesus não teve um corpo real, mas um corpo aparente. Cristo teria
descido do Céu e passado pelo seio de Maria, sem que tivesse
recebido a mínima partícula de corpo de mãe. Por isso, Jesus
parecia um homem, mas não o era. Segundo essa doutrina, a morte
e ressurreição do Senhor teriam sido também “aparentes”, uma vez
que seu corpo não era real.
Os docetas acreditavam no Mistério da encarnação de Jesus e na
Virgindade de Maria, mas eram “moralistas”. Para eles, o corpo
humano estava intimamente ligado ao pecado. Era coisa indigna
do filho de Deus.
Adocionismo

 Dizia que Jesus era filho adotivo de Deus.Paulo de Samósata, bispo de
Antioquia ensinou uma heresia chamada adocionismo. Para ele, Jesus não
passava de um ser humano. Deus teria iluminado Jesus de maneira
extraordinária. Então, Jesus foi sendo aperfeiçoado progressivamente até
atingir o grau da divindade. Aí Cristo se tornou Filho de Deus. Mas Filho
de Deus por “adoção”, não por natureza. Para os adocionistas, Cristo não
teve uma existência eterna como o Pai. Ele começou a existir.
 Nessa ocasião, o Papa São Félix escreveu o seguinte:
 “Nossa fé na Encarnação é a que nos transmitiram os apóstolos.
 Cremos que Jesus Cristo, nascido da Virgem Maria, é o Verbo, o Filho eterno
de Deus e não um simples homem elevado por Deus a semelhante honra, e
diferente de Deus. O Verbo, Deus Perfeito, fez-se homem perfeito, ao encarnar-
se no seio da Virgem.
Arianismo

 Ensinava que Jesus era inferior ao Pai. O “arianismo” surgiu no ano 318, fundado
por Ario, sacerdote de Alexandria. Ensinava que Jesus era “semelhante” ao Pai, e não
Deus como o Pai, pois Cristo havia dito: ” O Pai é maior do que eu” (Jo 14, 28). Ário
interpretou essas e outras frases de maneira absoluta, e fora do seu contexto bíblico.
Na verdade, Cristo disse: “O Pai é maior do que eu”. Mas Ele estava referindo-se à
sua condição humana, como “servidor” do Pai na Redenção da humanidade. Não
fazendo essa distinção, Ário passou a ensinar que Jesus era uma criatura, e não Deus,
como o Pai Criador. Tal seita espalhou-se rapidamente, até mesmo entre padres e
bispos. Santo Atanásio foi o primeiro a defender a fé cristã. Isso aconteceu no ano 325,
no concílio de Nicéia (1º Concílio Ecumênico). O Concílio acrescentou, ao símbolo dos
Apóstolos, algumas afirmações sobre a divindade de Cristo. Declarou que Jesus é:
 “Deus de Deus, Luz da Luz,
Deus verdadeiro de Deus verdadeiro,
gerado, não criado, consubstancial ao Pai.
Por Ele todas as coisas foram feitas,
E, por nós, homens, e por nossa salvação, desceu dos Céus.”
Arianismo

 Vimos aí uma palavra muito importante na profissão da nossa fé. É a
palavra grega “oμooυσιoζ” (omooúsius), que significa
“consubstancial”. Quer dizer que Jesus tem a mesma substância
divina do Pai, o mesmo Ser do Pai, a mesma natureza divina. É Deus
como o Pai. O evangelho afirma:
 “No princípio era o Verbo e o Verbo estava em Deus e o Verbo era Deus.
No princípio, Ele estava com Deus. Tudo foi feito por meio d’Ele e sem
Ele nada foi feito de tudo o que existe”. (Jo 1,1-3).
 O arianismo foi uma das piores heresias. De fato, se Cristo não fosse
Deus, a sua morte na cruz não teria poder de salvar a humanidade,
pois só Deus pode nos salvar.
 Ainda hoje temos algumas seitas modernas que negam a divindade
de Jesus.
Apolinarismo:

 Dizia que Jesus não teve alma humana.
 No início do século quarto, em Laodicéia, na Ásia Menor, o bispo
Apolinário, ensinava que Jesus Cristo não possuía alma racional
humana.A Pessoa divina do Filho de Deus supria a falta de uma alma
humana em Jesus Cristo. Apolinário era moralista, como os docetas.
Dizia que a alma humana era pecaminosa. E Jesus, por ser filho de
Deus, era impecável. Por isso, não podia ter alma humana. Esta viria
a “manchar” a divindade de Cristo.
 O primeiro a denunciar tal heresia foi Santo Atanásio, seguido por
São Basílio e pelo Papa São Dâmaso. A seita foi condenada no concílio
de Constantinopla, em 381 (2º concílio ecumênico). Nesse concílio,
Atanásio disse a famosa frase: “Ubi Petrus, ibi Ecclesia”, isto é, “Onde
está Pedro, aí está a Igreja”.
Nestorianismo

 Em Cristo havia duas pessoas.
 De 422 a 432, Nesatório foi bispo de Constantinopla. Dado que Jesus tem
duas naturezas (humana e divina), ele achou que em Cristo havia
também duas pessoas: uma Pessoa humana unida à Pessoa divina.
Segundo seu pensamento, umas coisas eram feitas por Jesus-Deus e
outras por Jesus-Homem. Partindo daí, Nestório passou a ensinar que
Maria não seria Mãe de Deus, mas apenas Mãe de Jesus-Homem. Contra
essa heresia, levantou-se São Cirilo, bispo de Alexandria. O erro estava
nisto: Jesus tem duas naturezas, mas uma só pessoa. A natureza humana
é assumida pela Pessoa Divina do Filho de Deus. Essa união chama-se
união “hipostática”.
O sujeito ou agente da ação é a pessoa, não a natureza. O assassino não
pode falar: “Não fui eu quem matei; foi minha natureza, ou minha mão”.
Por isso, podemos dizer: “Deus nasceu em Belém; Deus morreu na Cruz”
Nestorianismo

 É claro que Deus nasceu ou morreu enquanto homem, pois
enquanto Deus não podia falecer nem morrer. Igualmente se diz:
Maria é a mãe de Deus segundo a sua humanidade. Maria não é
Mãe do Pai Eterno, mas do Filho de Deus. No concílio de Éfeso,
431 (3º concílio Ecumênico), a Igreja declarou que Maria é a Mãe de
Deus, porque é Mãe de Jesus Cristo que é Deus. Afirmou também:
 ” Maria é Mãe de Deus, não porque Jesus tivesse tirado dela a sua
natureza divina, mas porque é dela que Jesus formou o seu corpo
sagrado, dotado de uma alma racional”.
 Ao Papa São Celestino atribui-se a introdução da segunda parte da
ave-maria, isto é: “Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós,
pecadores, agora e na hora de nossa morte.”
Monofisismo

 Havia uma só natureza.
 Eutiques, monge de Constantinopla, ensinava que, em Jesus, a
natureza divina “absorvia a natureza humana. Era como se Jesus
tivesse só a natureza divina. Sua heresia chamou-se monofisismo,
que significa uma só natureza. Vem de “μoυoζ” (mono=um) e de
“φυσιζ” (phisis), que significa uma só natureza. Para o
monofisismo, em Cristo existia somente a natureza divina.
Portanto, negava o valor e a autenticidade dos atos humanos de
Jesus cristo.
 Em 450, reuniram-se 600 bispos no concílio de Calcedônia (4º
Concílio Ecumênico), em que ficou definido que, em Cristo, há
uma só Pessoa, na qual existem duas naturezas “sem confusão e
sem mudança, sem divisão e sem separação”.
Monofisismo

O concílio definiu:
 “Jesus Cristo é perfeito em divindade e perfeito em
humanidade, verdadeiramente Deus e verdadeiramente
homem, composto de uma alma racional e de um corpo,
consubstancial a nós segundo a humanidade,
semelhante a nós em tudo, com exceção do pecado (Hb
4,15), gerado do Pai antes de todos os séculos segundo a
sua divindade, e nesses últimos dias, para nós e para
nossa salvação, nascido da Virgem Maria, Mãe de Deus,
segundo a humanidade.”
Monotelismo

 Em Cristo havia uma só vontade.
 O monotelismo, também chamado monotelitismo, foi ensinado pelo
Patriarca Sérgio. Vem de “μoυoζ” (mono= um) e de “τελησιζ”, que
significa vontade. Portanto, o monotelismo significa “uma só vontade”.
Ensinava que, em Cristo, havia somente a vontade divina. Desaparecia,
assim, o “querer humano” de Jesus.
 Sérgio, bispo de Constantinopla, quis encontrar uma fórmula de
reconciliação entre os monofisistas (que afirmavam haver uma só natureza
em Cristo) e os católicos fiéis (que afirmavam haver duas naturezas em
Cristo). Então disse que, em Cristo havia duas naturezas, mas uma só
vontade. Tal doutrina pareceu ser uma fórmula de intermediária entre os
contrários. Então, o imperador, Heráclito, decretou o monotelismo
“doutrina oficial do Estado”. Quem não aceitasse seria punido.
Monotelismo

 O Papa são Martinho foi a primeira vítima. Em 19-6-649,
embarcava prisioneiro para Constantinopla. Algemado e com
vestes reduzidas, foi conduzidos pelas ruas da cidade, sob
vaia dos monotelistas. Em março de 655 seguiu para o exílio,
na ilha de Quersoneso, por ordem do Imperador constante II.
Aí veio a falecer, no mesmo ano, tendo passado frio e fome.
 Em 681, com o terceiro concílio de Constantinopla, foi
encerrada a questão. Era o Papa Santo Agaton. Ficou definido
que Jesus tem vontade divina e a vontade humana, tal qual o
Papa São Martinho havia ensinado no Sínodo de Latrão, no
ano 649.

Você também pode gostar