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Se estas exibições desapareceram progressivamente nos anos 30, elas serviram para desempenhar
sua função: criar uma fronteira entre os exibidos e os visitantes. Uma fronteira que podemos nos
questionar se ela não existe ainda.
Jardim da Aclimatação Jardim Etnológico
Neste sentido, percebemos que o que vemos no cotidiano é mediatizado por alguma tecnologia, além
do fato de vermos apenas aquilo que precisamos ver.
“Atravessamos nossos dias com viseiras, observando somente uma fração do que nos rodeia. E
quando observamos criticamente, é quase sempre com o auxílio de alguma tecnologia” (Collier Jr,
1973, p.3).
A seguir uma célebre fotografia de Elliott Erwitt que retrata o racismo nos Estados Unidos na década
de 1950. Será que essa imagem, de uma época que ainda se faz presente sob outras roupagens
consegue causar indignação em todos que a veem?
OS SETE SAPATOS SUJOS
"Não podemos entrar na modernidade com o atual fardo de preconceitos. À porta da modernidade
precisamos de nos descalçar. Eu contei Sete Sapatos Sujos que necessitamos de deixar na soleira
da porta dos tempos novos. Haverá muitos. Mas eu tinha que escolher e sete é um número mágico:
Primeiro Sapato - A ideia de que os culpados são sempre os outros.
Segundo Sapato - A ideia de que o sucesso não nasce do trabalho.
Terceiro Sapato - O preconceito de que quem critica é um inimigo.
Quarto Sapato - A ideia de que mudar as palavras muda a realidade.
Quinto Sapato - A vergonha de ser pobre e o culto das aparências.
Sexto Sapato - A passividade perante a injustiça.
Sétimo Sapato - A ideia de que, para sermos modernos, temos de imitar os outros."
Mia Couto (Excertos desta oração foram publicados no Courrier Internacional, nº.0, de 02 de abril
de2005).
DESAFIOS EDUCACIONAIS
De acordo com o que discutimos até o momento, fica a indagação: há possibilidades de outros modos
de educar ou de conceber a educação, a partir da qual as pessoas sejam colocadas em primeiro lugar,
capazes de relações aquecidas pelo respeito, responsabilidade e justiça diante do outro?
A tolerância mútua, o reconhecimento dos diversos costumes, ideais, convicções, etnias, gêneros e
classes sociais em todos os espaços e especialmente na escola, são princípios fundamentais para o
convívio das culturas heterogêneas e, na ausência desses princípios, o medo assume a forma de
atritos e conflitos abertos.
Hannah Arendt (2003) defende “uma dimensão que possibilita pensar nas condições para o outro
poder a vir a ser outro”, esse pensamento reflete um ponto de articulação entre alteridade e
educação.
IMAGENS PARA PENSAR O OUTRO
Dinâmica-Instagram
Imagens para pensar o Outro
O que interpretamos do e sobre o Outro?
Quem é o que nos diz o quem é o Outro?
Aliás, quem é o outro que a imagem tem o poder de retratar?
Estas são questões disparadas para pensar e nos levar pela incursão de refletir sobre a forma
como os viajantes retrataram por meio de imagens as diferenças culturais entre o Europeu e o
Indígena Brasileiro, nos instigar a pensar o quanto preconceitos foram construídos e perpetrados
nos olhares de quem vê a imagem que foi construída sobre o outro, compreendido como diferente.
Eis aí a indicação de um caminho a trilhar.
Quem vê, vê o quê?
O diferente está nos olhos de quem vê a partir de quais referenciais?
O que a diferença desperta?
A desacomodação que gera alteridade ou a indiferença que gera deboche?
PROVOCAÇÕES
As imagens acima retratam o encontro com o Outro, a partir da perspectiva do europeu. São imagens
que trazem representações que construíram e desconstruíram esse encontro pelas figuras do "mau
selvagem e do bom civilizado" e do "bom selvagem e do mau civilizado".
Nesse sentido, como podemos pensar a relação do uso da imagem no encontro com o Outro?
Aqui damos um salto no tempo, entramos no século XXI para
pensar as imagens no encontro com o Outro
contemporaneamente. Se antes as imagens eram produzidas
da perspectiva colonizador > colonizado, atualmente são
produzidas por diferentes óticas da sociedade, independente
da forma sempre produzem conhecimento e representações
sobre o Outro.
DEBRET, Jean Baptiste. Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil. Tomo I. São Paulo: Livraria Martins
Editora.
LEOPOLDI, José Sávio. Rousseau - estado de natureza, o "bom selvagem" e as sociedades
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