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POESIA
TROVADORESCA
Apresentação de Inês Fogageira
Contextualização
histórico-literária
BREVE DEFINIÇÃO
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A poesia trovadoresca é a designação dada
ao conjunto
de composições poéticas medievais
(cantigas), enquadradas em diferentes
géneros e destinadas
a serem cantadas por trovadores.
CONTEXTUALIZAÇÃO GEOGRÁFICA E
CRONOLÓGICA
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• Em Portugal (floresce na região de Entre
Douro e Minho), na Galiza, e nos reinos de
Castela, Leão e Aragão;
• Meados do século XII e até meados do
século XIV.
A sociedade medieval
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EM PORTUGAL
• (Rei)
• Clero: rezar e transmitir valores – era a classe
social mais letrada (ex.: monges nos conventos
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As composições trovadorescas foram escritas em galego-
português (no século XII, o português e galego estavam ainda
em formação e não eram línguas distintas).
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de corte em corte; fazia-se acompanhar de um jogral;
• Menestrel (séc. XIII): músico-poeta, parecido com Jogral, mas vivia sob
a proteção de um nobre;
• Soldadeira ou jogralesa: cantadeira ou dançarina que acompanhava o
jogral (comportamento de moral duvidosa).
Três géneros de poesia trovadoresca
Cantigas de amigo Cantigas de amor Cantigas de escárnio e
maldizer
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Cantigas de amigo
TEMAS
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• A donzela exprime sentimentos relativamente a um amigo:
⚬ Coita de amor: Saudade, tristeza, mágoa, angústia, temor… caso o amado esteja longe
(por forças externas, como guerras, ou por própria vontade);
⚬ Alegria, sensualidade, confiança…
• A donzela expressa muitas vezes o que sente à sua mãe, às amigas ou à Natureza (muitas
vezes, a donzela confessa-se ao mar primitivo e singelo) – as confidentes do amor;
• Esta ligação à Natureza confere às cantigas de amigo espontaneidade.
Cantigas de amigo
LINGUAGEM, ESTILO E ESTRUTURA
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⚬ Refrão: repetição de um ou mais versos no final de cada estrofe. Quando há recurso ao
refrão, a cantiga chama-se cantiga de refrão.
⚬ Paralelismo: os dois versos da segunda estrofe vão exprimir o mesmo sentido que os
dois versos da primeira, mas com palavras ligeiramente diferentes.
• Utiliza-se ainda, como recurso, o Leixa-prem: os segundos versos de um par de estrofes vão
repetir-se como primeiros versos do par seguinte.
• O uso dos diferentes recursos acentua, sem dúvida, o estado de espírito retratado na cantiga.
• A estrutura repetitiva da cantiga também ajuda a enfatizar a sua simplicidade, naturalidade e
espontaneidade.
• Principais recursos expressivos utilizados: personificação, comparação, apóstrofe.
Bailemos nós já todas três, ai amigas
EX. DE CANTIGA DE AMIGO
Poesia que se desenvolveu sob influência dos poemas e dos temas de Provença.
• Sentimento vivido por um homem que se coloca ao serviço de uma mulher, a sua senhor;
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• Apesar de as cantigas de amor terem uma inegável influência da poesia provençal, importa referir
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que ouve uma adaptação da cansó (composição poética) provençal às formas já existentes.
• Apesar do respeito pelo código de amor cortês, verifica-se nas cantigas de amor galaico--
portuguesas o uso do refrão e uma certa sinceridade superior.
• Ainda assim, muitas cantigas de amor não têm refrão e, por isso, chamam-se cantigas de mestria.
• Regularidade estrófica e métrica.
• Principais recursos expressivos utilizados: hipérbole, comparação, adjetivação, antítese.
• Menos repetitivas, espontâneas e fluídas do que as cantigas de amigo.
Sujeito poético masculino — é um trovador.
Sujeito poético masculino — é um trovador.
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⚬ … de forma indireta, linguagem mais camuflada e irónica: cantigas de escárnio.
⚬ … de forma direta, com uma linguagem clara, satírica, violenta e grosseira: cantigas de
maldizer;
• Intenção crítica, moralizadora e, por vezes, cómica;
• Poemas que nos oferecem um retrato mais completo e fidedigno da sociedade.
• Nas cantigas de escárnio e maldizer, é/são criticado(s):
⚬ O carácter excessivamente dramático do amor cortês;
⚬ O ofício da criação poética;
⚬ Os comportamentos imorais de alguns elementos do clero;
⚬ Vida miserável de alguns elementos da nobreza;
⚬ ...
Cantigas de escárnio e maldizer
LINGUAGEM, ESTILO E ESTRUTURA
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• Dimensão satírica: a paródia do amor cortês e a crítica dos costumes.
• Cantigas de escárnio (vocabulário mais subtil) e cantigas de maldizer (vocabulário mais grosseiro).
• Recursos expressivos mais comuns: ironia.
• Linguagem com um estilo predominantemente satírico e cómico.
Voz masculina que manifesta a sua crítica.
Voz masculina que manifesta a sua crítica.
Crítica direta (é revelado o nome de alvo da sátira) e grosseira: cantiga de maldizer.
Voz masculina que manifesta a sua crítica.
Crítica direta (é revelado o nome de alvo da sátira) e grosseira: cantiga de maldizer.
Além disso, o "eu lírico" revela-se ironicamente surpreendido pelo facto de Roi
Queimado conseguir renascer da morte, um poder que só Deus lhe poderia ter
concedido ("e faz-[s'] en seu cantar morte prender, / des i ar vive: vedes que poder /
que lhi Deus deu, mais que non cuidaria.").
O trovador termina o poema com um terceto (UMA FINDA) também irónico e
repreensor, desejando ter o mesmo poder que o alvo de crítica, pois assim jamais
recearia morrer ("E, se mi Deus a mim desse poder / qual oj'el á, pois morrer, de
viver, já mais morte nunca temeria.").
Recursos expressivos:
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TERMOS IMPORTANTES
PARA COMPREENDER A POESIA TROVADORESCA
• Ata-finda: processo métrico que consiste no encadeamento de versos e de estrofes entre si até ao fim da
cantiga; consiste na ligação sintática e ideológica entre as estrofes.
• Copla: estrofe.
• Mozdobre: repetição, ao longo do poema, de formas diferentes da mesma palavra, no mesmo ponto do verso
ou estrofe.
• Finda: estrofe final de um a três versos, uma espécie de conclusão (os poemas podem ter mais do que uma
finda).
• Leixa-prem: os segundos versos de um par de estrofes vão repetir-se como primeiros versos do par seguinte.