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PO RT UG U Ê S 10 º A NO

POESIA
TROVADORESCA
Apresentação de Inês Fogageira
Contextualização
histórico-literária
BREVE DEFINIÇÃO

P O E S I A T R O VA D O R E S C A | 2 02 0
A poesia trovadoresca é a designação dada
ao conjunto
de composições poéticas medievais
(cantigas), enquadradas em diferentes
géneros e destinadas
a serem cantadas por trovadores.
CONTEXTUALIZAÇÃO GEOGRÁFICA E
CRONOLÓGICA

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• Em Portugal (floresce na região de Entre
Douro e Minho), na Galiza, e nos reinos de
Castela, Leão e Aragão;
• Meados do século XII e até meados do
século XIV.
A sociedade medieval
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EM PORTUGAL

• Marcada pela religião e pelo teocentrismo;


• Estratificação social – cada classe social tinha o
seu papel bem definido e o nascimento
determinava o estatuto.
CLASSES SOCIAIS

• (Rei)
• Clero: rezar e transmitir valores – era a classe
social mais letrada (ex.: monges nos conventos
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que estudavam, compilavam e produziam os


livros manuscritos): cultura monástica;
• Nobreza: defender as terras pelas armas;
• Povo: lavrar a terra ou ingressar no exército –
assim como a nobreza, usufruía de uma cultura e
literatura orais: cultura profana.
A língua
O GALEGO-PORTUGUÊS

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As composições trovadorescas foram escritas em galego-
português (no século XII, o português e galego estavam ainda
em formação e não eram línguas distintas).

Além disso, a poesia trovadoresca floresceu na região de Entre


Douro e Minho, onde se falava galego-português.
Intérpretes
• Trovador: nobre compositor de poesia, quase sempre fidalgo;
• Jogral: geralmente de baixa condição que fazia da arte de cantar o seu
sustento;
• Segrel: cavaleiro-trovador, de pequena nobreza, que cantava e declamava

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de corte em corte; fazia-se acompanhar de um jogral;
• Menestrel (séc. XIII): músico-poeta, parecido com Jogral, mas vivia sob
a proteção de um nobre;
• Soldadeira ou jogralesa: cantadeira ou dançarina que acompanhava o
jogral (comportamento de moral duvidosa).
Três géneros de poesia trovadoresca
Cantigas de amigo Cantigas de amor Cantigas de escárnio e
maldizer

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Cantigas de amigo
TEMAS

Poesia autóctone, tradição lírica que existia no Norte de Portugal.

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• A donzela exprime sentimentos relativamente a um amigo:
⚬ Coita de amor: Saudade, tristeza, mágoa, angústia, temor… caso o amado esteja longe
(por forças externas, como guerras, ou por própria vontade);
⚬ Alegria, sensualidade, confiança…
• A donzela expressa muitas vezes o que sente à sua mãe, às amigas ou à Natureza (muitas
vezes, a donzela confessa-se ao mar primitivo e singelo) – as confidentes do amor;
• Esta ligação à Natureza confere às cantigas de amigo espontaneidade.
Cantigas de amigo
LINGUAGEM, ESTILO E ESTRUTURA

• Voz (sujeito poético) feminina.


• Estrutura estrófica e rítmica que conferem naturalidade e espontaneidade ao poema,
aproximando a poesia da música.
• Estas cantigas recorrem frequentemente a dois processos, refrão e paralelismo:

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⚬ Refrão: repetição de um ou mais versos no final de cada estrofe. Quando há recurso ao
refrão, a cantiga chama-se cantiga de refrão.
⚬ Paralelismo: os dois versos da segunda estrofe vão exprimir o mesmo sentido que os
dois versos da primeira, mas com palavras ligeiramente diferentes.
• Utiliza-se ainda, como recurso, o Leixa-prem: os segundos versos de um par de estrofes vão
repetir-se como primeiros versos do par seguinte.
• O uso dos diferentes recursos acentua, sem dúvida, o estado de espírito retratado na cantiga.
• A estrutura repetitiva da cantiga também ajuda a enfatizar a sua simplicidade, naturalidade e
espontaneidade.
• Principais recursos expressivos utilizados: personificação, comparação, apóstrofe.
Bailemos nós já todas três, ai amigas
EX. DE CANTIGA DE AMIGO

Bailemos nós ja todas três, ai amigas,


sô aquestas avelaneiras frolidas;
e quen for velida, como nós, velidas,
se amigo amar,
sô aquestas avelaneiras frolidas
verrá bailar.

Bailemos nós ja todas três, ai irmanas,


sô aqueste ramo destas avelanas;
e quen for louçana, como nós, louçanas
se amig'amar,
sô aqueste ramo destas avelanas
verrá bailar. Glossário
V. 2: sô aquestas avelaneiras frolidas – sob estas avelaneiras floridas
Por Deus, ai amigas, mentr'al non fazemos, V. 3: velida – linda, formosa
V. 6: verrá – virá
sô aqueste ramo frolido bailemos;
V. 9: louçana – bela, formosa
e quen ben parecer, como nós parecemos, V. 13: mentr’al non fazemos – enquanto outra coisa não fazemos
se amig'amar, V. 17: so-l’ que – sob o qual
so aqueste ramo so-l’ que nós bailemos
verrá bailar.
Bailemos nós já todas três, ai amigas
EX. DE CANTIGA DE AMIGO

Bailemos nós ja todas três, ai amigas, Sentimentos expressos pela donzela:


sô aquestas avelaneiras frolidas;
e quen for velida, como nós, velidas,
se amigo amar,
sô aquestas avelaneiras frolidas
verrá bailar.

Bailemos nós ja todas três, ai irmanas,


sô aqueste ramo destas avelanas;
e quen for louçana, como nós, louçanas
se amig'amar,
sô aqueste ramo destas avelanas
verrá bailar.

Por Deus, ai amigas, mentr'al non fazemos,


sô aqueste ramo frolido bailemos;
e quen ben parecer, como nós parecemos,
se amig'amar,
so aqueste ramo so-l’ que nós bailemos
verrá bailar.
Bailemos nós já todas três, ai amigas
EX. DE CANTIGA DE AMIGO

Bailemos nós ja todas três, ai amigas, Sentimentos expressos pela donzela:


sô aquestas avelaneiras frolidas; Alegria, felicidade, sensualidade, confiança.... a
e quen for velida, como nós, velidas,
donzela está feliz e apaixonada
se amigo amar,
sô aquestas avelaneiras frolidas
verrá bailar.

Bailemos nós ja todas três, ai irmanas,


sô aqueste ramo destas avelanas;
e quen for louçana, como nós, louçanas
se amig'amar,
sô aqueste ramo destas avelanas
verrá bailar.

Por Deus, ai amigas, mentr'al non fazemos,


sô aqueste ramo frolido bailemos;
e quen ben parecer, como nós parecemos,
se amig'amar,
so aqueste ramo so-l’ que nós bailemos
verrá bailar.
Bailemos nós já todas três, ai amigas
EX. DE CANTIGA DE AMIGO

Bailemos nós ja todas três, ai amigas, Sentimentos expressos pela donzela:


sô aquestas avelaneiras frolidas; Alegria, felicidade, sensualidade, confiança... a
e quen for velida, como nós, velidas,
donzela está feliz e apaixonada
se amigo amar,
sô aquestas avelaneiras frolidas
verrá bailar.

Bailemos nós ja todas três, ai irmanas,


sô aqueste ramo destas avelanas;
e quen for louçana, como nós, louçanas
se amig'amar,
sô aqueste ramo destas avelanas
verrá bailar.

Por Deus, ai amigas, mentr'al non fazemos,


sô aqueste ramo frolido bailemos;
e quen ben parecer, como nós parecemos,
se amig'amar,
so aqueste ramo so-l’ que nós bailemos
verrá bailar.
Bailemos nós já todas três, ai amigas
EX. DE CANTIGA DE AMIGO

Bailemos nós ja todas três, ai amigas, Sentimentos expressos pela donzela:


sô aquestas avelaneiras frolidas; Alegria, felicidade, sensualidade, confiança... a
e quen for velida, como nós, velidas,
donzela está feliz e apaixonada
se amigo amar,
sô aquestas avelaneiras frolidas
verrá bailar.
Presença da Natureza como cenário e mesmo
Bailemos nós ja todas três, ai irmanas, como confidente
sô aqueste ramo destas avelanas;
e quen for louçana, como nós, louçanas
se amig'amar,
sô aqueste ramo destas avelanas
verrá bailar.

Por Deus, ai amigas, mentr'al non fazemos,


sô aqueste ramo frolido bailemos;
e quen ben parecer, como nós parecemos,
se amig'amar,
so aqueste ramo so-l’ que nós bailemos
verrá bailar.
Bailemos nós já todas três, ai amigas
EX. DE CANTIGA DE AMIGO

Bailemos nós ja todas três, ai amigas, Sentimentos expressos pela donzela:


sô aquestas avelaneiras frolidas; Alegria, felicidade, sensualidade, confiança...
e quen for velida, como nós, velidas,
a donzela está feliz e apaixonada
se amigo amar,
sô aquestas avelaneiras frolidas
verrá bailar.
Presença da Natureza como cenário e mesmo
Bailemos nós ja todas três, ai irmanas, como confidente
sô aqueste ramo destas avelanas;
e quen for louçana, como nós, louçanas
se amig'amar, Amigas como parceiras. "irmanas", confidentes +
sô aqueste ramo destas avelanas autoelogio feminino (confiança, sensualiade...)
verrá bailar.

Por Deus, ai amigas, mentr'al non fazemos,


sô aqueste ramo frolido bailemos;
e quen ben parecer, como nós parecemos,
se amig'amar,
so aqueste ramo so-l’ que nós bailemos
verrá bailar.
Bailemos nós já todas três, ai amigas
EX. DE CANTIGA DE AMIGO

Bailemos nós ja todas três, ai amigas, Sentimentos expressos pela donzela:


sô aquestas avelaneiras frolidas; Alegria, felicidade, sensualidade, confiança...
e quen for velida, como nós, velidas,
se amigo amar,
sô aquestas avelaneiras frolidas
Presença da Natureza como cenário e mesmo
verrá bailar.
como confidente
Bailemos nós ja todas três, ai irmanas,
sô aqueste ramo destas avelanas;
e quen for louçana, como nós, louçanas Amigas como parceiras. "irmanas", confidentes +
se amig'amar, autoelogio feminino (confiança, sensualiade...)
sô aqueste ramo destas avelanas
verrá bailar.
Paralelismo
Por Deus, ai amigas, mentr'al non fazemos,
sô aqueste ramo frolido bailemos; Confere musicaliade, espontaneidade;
e quen ben parecer, como nós parecemos, reforça o convite, o cenário, a
Refrão
se amig'amar, confidência...
so aqueste ramo so-l’ que nós bailemos
verrá bailar.
Cantigas de amor
TEMAS

Poesia que se desenvolveu sob influência dos poemas e dos temas de Provença.
• Sentimento vivido por um homem que se coloca ao serviço de uma mulher, a sua senhor;
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• Essa mulher é colocada num patamar superior ao do homem;


• O poeta presta-lhe um serviço de vassalagem, seguindo o código de amor cortês.
• A senhor era, regra geral, casada;
• A dama é distante e fria e mostra-se indiferente;
• O sujeito poético vive então uma paixão infeliz pois não é correspondida – coita de amor –
sofrimento, dor, angústia, desespero, loucura… algumas poesias falam até de morte;
• O poeta tem um retrato idealizado da sua senhor:
⚬ Características físicas: cabelo loiro e encaracolado, pele clara…
⚬ Características morais: bom senso e bem falar.
• O poeta é discreto e nunca nomeia a sua amada para não a desrespeitar (mais uma vez: submissão)
Cantigas de amor
LINGUAGEM, ESTILO E ESTRUTURA

• Apesar de as cantigas de amor terem uma inegável influência da poesia provençal, importa referir
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que ouve uma adaptação da cansó (composição poética) provençal às formas já existentes.
• Apesar do respeito pelo código de amor cortês, verifica-se nas cantigas de amor galaico--
portuguesas o uso do refrão e uma certa sinceridade superior.
• Ainda assim, muitas cantigas de amor não têm refrão e, por isso, chamam-se cantigas de mestria.
• Regularidade estrófica e métrica.
• Principais recursos expressivos utilizados: hipérbole, comparação, adjetivação, antítese.
• Menos repetitivas, espontâneas e fluídas do que as cantigas de amigo.
Sujeito poético masculino — é um trovador.
Sujeito poético masculino — é um trovador.

O trovador revela saudade (v. 1) e sofrimento perante um amor


não correspondido, uma coita de amor diretamente relacionada
com a ausência da sua senhor.
Sujeito poético masculino — é um trovador.

O trovador revela saudade (v. 1) e sofrimento perante um amor


não correspondido, uma coita de amor diretamente relacionada
com a ausência da sua senhor.

Através do verso 2 pode inferir-se que o poeta está perdidamente


apaixonado pela sua dama. De facto, o trovador guarda na
memória a imagem da sua senhor tal qual a viu ("quando me
nembra d'ela qual a vi").
Sujeito poético masculino — é um trovador.

O trovador revela saudade (v. 1) e sofrimento perante um amor


não correspondido, uma coita de amor diretamente relacionada
com a ausência da sua senhor.

Através do verso 2 pode inferir-se que o poeta está perdidamente


apaixonado pela sua dama. De facto, o trovador guarda na
memória a imagem da sua senhor tal qual a viu ("quando me
nembra d'ela qual a vi").

Nos versos 4 e 5, o poeta elogia a sua dama e a sua capacidade de


bem falar. Este elogio cortês está também presente no verso 16,
no qual o sujeito lírico coloca a sua senhor num patamar superior
e inatingível. O trovador deve, portanto, servi-la e ser-lhe fiel.
O sujeito poético pede ainda a Deus que o deixe reencontrar a sua
dama. Fá-lo repetidamente através de um refrão ("rogu'eu a Deus,
que end'á o poder, / que mha leixe, se lhi prouguer, veer") para
salientar a necessidade de se reencontrar com a sua paixão. Na
verdade, o "eu lírico" confessa que não poderá viver sem a sua
senhor (vv. 19 e 20), conferindo ao poema um caráter trágico e
dramático, de verdadeira ânsia e sofrimento, respeitando assim o
código de amor cortês.
Linguagem e estrutura:

• Língua galaico-portuguesa, típica da poesia trovadoresca;


• Refrão, uma das particularidades que pode distinguir as
cantigas de amor galaico-portuguesas das cantigas
provençais.
• Recursos expressivos:
⚬ Comparação (v. 16): compara a sua amada às outras
mulheres, exaltando a sua beleza;
⚬ Hipérbole (v. 20): sublinha a intensidade do sofrimento
amoroso;
⚬ Hipérbole (vv. 14 e 15): sublinha a intensidade do
sofrimento amoroso.
Cantigas de escárnio e maldizer
TEMAS

Género da poesia trovadoresca que comporta uma dimensão satírica.


Foi o mais fecundo em Portugal: gosto pela crítica, pelo cómico e pelo ridículo.
• Estas cantigas apontam o dedo a algumas figuras da sociedade…

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⚬ … de forma indireta, linguagem mais camuflada e irónica: cantigas de escárnio.
⚬ … de forma direta, com uma linguagem clara, satírica, violenta e grosseira: cantigas de
maldizer;
• Intenção crítica, moralizadora e, por vezes, cómica;
• Poemas que nos oferecem um retrato mais completo e fidedigno da sociedade.
• Nas cantigas de escárnio e maldizer, é/são criticado(s):
⚬ O carácter excessivamente dramático do amor cortês;
⚬ O ofício da criação poética;
⚬ Os comportamentos imorais de alguns elementos do clero;
⚬ Vida miserável de alguns elementos da nobreza;
⚬ ...
Cantigas de escárnio e maldizer
LINGUAGEM, ESTILO E ESTRUTURA

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• Dimensão satírica: a paródia do amor cortês e a crítica dos costumes.
• Cantigas de escárnio (vocabulário mais subtil) e cantigas de maldizer (vocabulário mais grosseiro).
• Recursos expressivos mais comuns: ironia.
• Linguagem com um estilo predominantemente satírico e cómico.
Voz masculina que manifesta a sua crítica.
Voz masculina que manifesta a sua crítica.
Crítica direta (é revelado o nome de alvo da sátira) e grosseira: cantiga de maldizer.
Voz masculina que manifesta a sua crítica.
Crítica direta (é revelado o nome de alvo da sátira) e grosseira: cantiga de maldizer.

São criticados, através de expressões irónicas, o dramatismo e o artificialismo


associados ao amor cortês. O sujeito poético censura Roi Queimado por ressurgir
"ao tercer dia!" após ter dito que morreria pela sua amada Santa Maria, que não
correspondia ao seu amor ("porque lh'ela nom quis[o] bem fazer,").
Voz masculina que manifesta a sua crítica.
Crítica direta (é revelado o nome de alvo da sátira) e grosseira: cantiga de maldizer.

São criticados, através de expressões irónicas, o dramatismo e o artificialismo


associados ao amor cortês. O sujeito poético censura Roi Queimado por ressurgir
"ao tercer dia!" após ter dito que morreria pela sua amada Santa Maria, que não
correspondia ao seu amor ("porque lh'ela nom quis[o] bem fazer,").

De facto, o poeta tece comentários pejorativos e satíricos ao longo de todo o


poema, referindo que Roi Queimado não sentia verdadeiramente as suas palavras
— dizia-as apenas para se afirmar um respeitável trovador ("e, por se meter por
mais trobador,").

Além disso, o "eu lírico" revela-se ironicamente surpreendido pelo facto de Roi
Queimado conseguir renascer da morte, um poder que só Deus lhe poderia ter
concedido ("e faz-[s'] en seu cantar morte prender, / des i ar vive: vedes que poder /
que lhi Deus deu, mais que non cuidaria.").
O trovador termina o poema com um terceto (UMA FINDA) também irónico e
repreensor, desejando ter o mesmo poder que o alvo de crítica, pois assim jamais
recearia morrer ("E, se mi Deus a mim desse poder / qual oj'el á, pois morrer, de
viver, já mais morte nunca temeria.").
Recursos expressivos:

• Ironia (vv. 6 e 7, por exemplo), para sublinhar a crítica, a censura e a sátira;

• Antítese ("pois morrer, de viver"), para realçar o efeito cómico da composição


poética.
OUTROS

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TERMOS IMPORTANTES
PARA COMPREENDER A POESIA TROVADORESCA
• Ata-finda: processo métrico que consiste no encadeamento de versos e de estrofes entre si até ao fim da
cantiga; consiste na ligação sintática e ideológica entre as estrofes.

• Copla: estrofe.

• Dobre: repetição, ao longo do poema, de palavras na mesma posição do verso ou estrofe.

• Mozdobre: repetição, ao longo do poema, de formas diferentes da mesma palavra, no mesmo ponto do verso
ou estrofe.

• Finda: estrofe final de um a três versos, uma espécie de conclusão (os poemas podem ter mais do que uma
finda).

• Leixa-prem: os segundos versos de um par de estrofes vão repetir-se como primeiros versos do par seguinte.

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