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○ O termo digressão vem do latim dis (fora, afastado) gradi (caminhar, dar um
passo), e na literatura é um recurso utilizado para introduzir nas narrativas
primárias as narrativas secundárias de forma que ambas se distanciem uma da
outra, mas sem perder completamente a ligação entre si. É como romper a
continuidade de um assunto para introduzir outro que a princípio pode ou não ter
muita ligação com o texto principal.
○ Esse recurso só aparece no tempo do discurso e corresponde a um afastamento do
narrador em relação à história que está contando para explicitar seu ponto de vista
ou mesmo para dirigir-se ao leitor. A digressão acontece também quando o narrador
para em decurso temporal para fazer uma descrição física.
DIGRESSÕES EM MEMÓRIAS PÓSTUMAS
DE BRÁS CUBAS
Segundo Lajolo (1980:101), "a calma, o ritmo pausado com que Machado
nos faz entrar no mundo de suas personagens, a completa ausência de
pressa na narração dos episódios são uma forma de distanciamento. As
ações se desenrolam preguiçosamente e o narrador, volta e meia, as
interrompe para fixar a sua (e a nossa) atenção em elementos
circunstanciais e periféricos".
○ Digressões extratextuais
○ Digressões autorreflexivas
○ Digressões opinativas
○ Digressões narrativas
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DIGRESSÕES
EXTRATEXTUAIS
EPITÁFIO
________________________
AQUI JAZ
MORTA
________________________
(p.119)
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DIGRESSÕES
EXTRATEXTUAIS
PARÊNTESES carruagem seria diminuto, se todos andassem de
carruagem.
Quero deixar aqui, entre parêntesis, meia dúzia de
máximas das ***
muitas que escrevi por esse tempo. São bocejos de Crê em ti; mas nem sempre duvides dos outros.
enfado; podem ***
servir de epígrafe a discursos sem assunto: Não se compreende que um botocudo fure o beiço para
*** enfeitá-lo com um pedaço de pau. Esta reflexão é de
Suporta-se com paciência a cólica do próximo. um joalheiro.
*** ***
Matamos o tempo; o tempo nos enterra. Não te irrites se te pagarem mal um benefício: antes
*** cair das nuvens, que de um terceiro andar (p.115).
Um cocheiro filósofo costumava dizer que o gosto
da
DIGRESSÕES
AUTORREFLEXIVAS
A UM CRÍTICO O SENÃO DO LIVRO
Meu caro crítico, Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me
Algumas páginas atrás, dizendo eu que tinha canse; eu não tenho que fazer; e, realmente, expedir
cinqüenta anos, acrescentei: “Já se vai sentindo que alguns magros capítulos para esse mundo sempre é
o meu estilo não é tão lesto como nos primeiros tarefa que distrai um pouco da eternidade. Mas o livro é
dias”. Talvez aches esta frase incompreensível, enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração
sabendo-se o meu atual estado; mas eu chamo a tua cadavérica; vício grave, e aliás ínfimo, porque o maior
atenção para a sutileza daquele pensamento. O que defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de
eu quero dizer não é que esteja agora mais velho do envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração
que quando comecei o livro. A morte não direta e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o
envelhece. Quero dizer, sim, que em cada fase da meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à
narração da minha vida experimento a sensação esquerda, andam e param, resmungam, urram,
correspondente. Valha-me Deus! é preciso explicar gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem...(p.78).
tudo (p.126).
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DIGRESSÕES OPINATIVAS
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DIGRESSÕES NARRATIVAS
O DELÍRIO AS PERNAS
Se o leitor não é dado à contemplação destes Sim, pernas amigas, vós deixastes à minha cabeça o
fenômenos mentais, pode saltar o capítulo; vá trabalho de pensar em Virgília, e dissestes uma à outra:
direito à narração. Mas, por menos curioso que seja, — Ele precisa comer, são horas de jantar, vamos levá-lo
sempre lhe digo que é interessante saber o que se ao Pharoux; dividamos a consciência dele, uma parte
passou na minha cabeça durante uns vinte a trinta fique lá com a dama, tomemos nós a outra, para que ele
minutos (p.8). vá direito, não abalroe as gentes e as carroças, tire o
chapéu aos conhecidos, e finalmente chegue são e salvo
ao hotel. E cumpristes à risca o vosso propósito, amáveis
pernas, o que me obriga a imortalizar-vos nesta página
(p.64).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
OBRIGADO(A)
Alunos:
Márcio
Maria Conceição