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Introdução ao Estudo de

Direito
Professora Me. Raquel Nogueira de Araújo Noronha
2021.2
Unidade III – Norma Jurídica

 Estrutura da norma jurídica: conceitos


 Relações entre Direito, lei e norma jurídica
 A dogmática jurídica: relações entre Direito e
Justiça
 A validade da norma jurídica: existência,
vigência e eficácia
Teoria da Norma Jurídica

 Relações entre Direito, lei e norma jurídica


 Conceito de lei e norma jurídica
 Significações do vocábulo lei
 A lei em geral e sem sentido estrito: conceito e conteúdo,
classificação
 Compreender o Direito como norma a partir da sua
natureza propositiva, prescritiva, comunicativa e
deliberativa
 Conteúdo da norma jurídica
 Valores e ideologia
Teoria da Norma Jurídica

 Grande parte do estudo que passamos a realizar utiliza o


método positivista, embora a ideologia positivista já
tenha sido superada, como vimos, com o advento do
Estado Constitucional.
 A chega do Estado Constitucional agrega alguma
dificuldade no que diz respeito à identificação exata da
regra jurídica que soluciona o caso concreto.
 Mas uma vez identificada a regra, sua operacionalização
se dá por meio do método positivista.
Teoria da Norma Jurídica
 Na verdade, até o Estado Constitucional, não havia diferença
substancial, para o Teoria do Direito, entre as expressões norma
e regra, uma podendo ser tomada como sinônimo da outra.
 Contudo, na experiência constitucional em que a Europa
continental entrou após a II Grande Guerra, a doutrina passou a
considerar de forma bastante diferente os princípios jurídicos,
agregando-lhes verdadeiro conteúdo normativo.
 Até então, os chamados “princípios gerais de Direito”, tinham
uma função secundária no sistema positivista clássico, sendo
utilizados apenas de forma subsidiária (quer dizer, na falta de lei
que regulamentassem de forma direta o caso concreto).
Teoria da Norma Jurídica

 Ocorre que grande parte dos direitos fundamentais,


consagrados na Constituição – cuja função inicial era servir
para o controle de conteúdo da lei, abrindo o sistema
jurídico para o diálogo entre valores morais e de justiça
substancial -, assumem a roupagem de princípios.
 Para compreendermos a forma como operam os princípios, é
necessário que, antes, compreendamos a diferença entre
estes (princípios) e as regras.
Estudo das Normas Jurídicas

 Princípios e regras.
 A experiência do Constitucionalismo, portanto, faz com que
não seja mais possível que se considerem normas e regras
jurídicas como simples sinônimos.
 A expressão norma passa a ser utilizada como gênero, do
qual os princípios e as regras são espécies.
 NORMAS JURÍDICAS (GÊNERO) - PRINCÍPIOS
- REGRAS
Estudo das Normas Jurídicas
 A importância de saber a diferença entre os princípios jurídicos e as regras
jurídicas.
 Princípios são identificados com normas que se encontram na base do sistema, que
informam valores a serem utilizados para toda a construção do ordenamento jurídico.
 Sua principal característica é que são dotados de menor densidade normativa: não
disciplinam de forma direta hipóteses específicas; indicam um caminho a ser seguido.
 Trata-se, segundo Robert Alexy, de mandados de otimização.
 Como mandados de otimização, determinam que se adotem todas as medidas
possíveis para sua aplicação.
 Contudo, caso não se apliquem a determinado caso concreto, isso não quer dizer que
o princípio tenha perdido sua validade jurídica.
Estudo das Normas Jurídicas
 Princípios jurídicos = mandados de otimização
 Exemplos de princípios jurídicos são encontrados do direito fundamental
à vida, à saúde, ao devido processo legal, à razoável duração do processo,
etc.
 A Constituição Federal organiza e rege toda a legislação do Estado
brasileiro.
 Dentre os seus dispositivos mais importantes, destacam-se os que tratam
dos direitos e deveres individuais e coletivos, descritos no art. 5º, ao
longo de 77 incisos.
 Direito à vida, à igualdade, à dignidade, à segurança, à honra, à liberdade
e à propriedade.
Estudos das Normas Jurídicas
 Regras jurídicas, por sua vez, são dotadas de maior densidade normativa:
especificam hipóteses que podem ser perfeitamente amoldadas aos fatos
concretos considerados.
 Exemplo de uma regra jurídica é encontrada na proibição de homicídio (art. 121
do Código Penal): aquele que matar alguém está sujeito à pena de 06 a 20 anos.
 Perceba que esta regra concretiza um dos princípios antes mencionados,
identificado como direito fundamental à vida.
 Ou a regra se aplica ou ela não se aplica.
 Regras operam, como ensina Ronald Dworkin, na lógica do tudo ou nada.
 Segundo Dworkin, o conceito de Direito guarda estrita vinculação com os
princípios morais, embora, em tese, não se confunda com a moral.
Estudos das Normas Jurídicas
 Regras jurídicas = disciplina hipóteses que são perfeitamente amoldadas a
fatos concretos. Aplicação pela lógica do tudo ou nada.
 Caso seja reconhecida a validade e aplicabilidade de uma regra ao caso
concreto, ela sumariamente exclui a aplicação de outras normas ao mesmo
caso.
 Deste modo, o conflito entre regras jurídicas será solucionado pela
identificação de qual regra permanece válida ou não no ordenamento jurídico.
 A aplicação de princípios ao caso concreto, por outro lado, envolve os
exercício do sopesamento.
 Identifica-se qual princípio deve prevalecer na solução do caso concreto sem
que para isso seja realizado juízo de validade.
Estudos das Normas Jurídicas

 Ideologia dinâmica da interpretação.


 Diferença entre texto e norma.
 Como consequência do Positivismo Jurídico e da ideia, bastante forte na
Europa continental após a Revolução Francesa, de que a segurança jurídica
(previsibilidade do Direito) seria encontrada no texto da lei, desenvolveu-se
aquilo que é chamado de ideologia estática da interpretação.
 A ideologia estática da interpretação sustenta que o intérprete (no caso do
processo, o juiz) não cria o Direito – já que o Direito é criado pela própria lei,
e apenas por ela.
 Assim, ao interpretar a lei, o juiz está apenas revelando o conteúdo do
Direito que está subjacente ao texto da lei.
Estudos das Normas Jurídicas

 A ideologia estática da interpretação, contudo, está em desuso na


Europa continental há pelo menos meio século, tendo cedido
lugar à ideologia dinâmica da intepretação.
 Esta compreende que o intérprete (para o que nos interessa, o
juiz) cria, sim, o Direito.
 Na verdade, o mais correto é dizermos que o juiz reconstrói o
Direito.
 Ou seja, o Direito é o resultado do trabalho conjunto do Poder
Legislativo com o Poder Judiciário.
Estudos das Normas Jurídicas

 A ideologia dinâmica da intepretação compreende que o intérprete


(juiz) reconstrói o Direito a partir da consideração da diferença
entre texto legislativo e norma jurídica.
 O texto legislativo, assim, é aquilo que está escrito na lei.
 A norma jurídica, por sua vez, é a consequência da interpretação
que é realizada sobre o texto legislativo.
 Como quem realiza a interpretação é sempre o intérprete (juiz),
segue-se que o intérprete cria (reconstrói) o Direito.
Estudos das Normas Jurídicas

 Perceba que aquilo que o intérprete reconstrói é a norma jurídica.


 Já vimos que a norma jurídica é o gênero do qual os princípios e as
regras são as espécies.
 Dessa forma, na verdade, a ideologia dinâmica da interpretação serve
para compreendermos como o intérprete reconstrói tanto os
princípios quanto as regras a partir do texto legislativo,
encontrando a norma como resultado final da interpretação.
 Em razão da compreensão da possibilidade de que o Poder Judiciário
contribua com o Poder Legislativo para a criação do Direito, a
comunidade jurídica da tradição civil law tem cada vez mais voltado
os seus olhos para a forma como a tradição common law trabalha com
os precedente.
Definição de regra jurídica
 Definição de regra jurídica.
 Antes de conceituarmos a regra jurídica, temos que entender o que
são regras.
 Do universo mais amplo (as regras, sem adjetivação) separaremos as
regras jurídicas (agora com adjetivo).
 O conceito mais amplo que abrange todo o conteúdo semântico da
expressão regra é o de generalização probabilística.
 A partir da observação do que geralmente acontece é possível
enunciar um determinado padrão.
 Esse padrão pode ser simplesmente descritivo ou pode ter um caráter
normativo (no sentido de expressar um ideal desejado).
Definição de regra jurídica
 Regras descritivas e regras de experiência
 Quando a regra é obtida pela simples verificação descritiva de
determinados padrões, temos o que se chama de regra descritiva.
 Todas as chamadas leis da natureza são regras deste tipo.
 Trata-se de enunciados linguísticos ou fórmulas matemáticas que são
deduzidos a partir da observação repetitiva de determinadas
situações.
 Um tipo específico de regras descritivas são as chamadas regras de
experiência.
 Sua característica básica é que ela indicam um padrão a ser observado
se você deseja alcançar um determinado fim.
 Não possuem um caráter impositivo (normas técnicas como para o
tiro, navegação etc.)
Definição de regra jurídica
 Regras morais
 As regras morais não sãAs regras morais já assumem um caráter de
normatividade, porque indicam como determinada pessoa, dentro de
um determinado círculo social, deve se comportar.
 Contudo, as regras morais têm uma característica que as afasta das
normas jurídicas.
 o dotadas de sanção institucional.
 Ou seja, sua observância não é imposta pelo Estado.
 Exemplo: não tirar o chapéu numa igreja, acarreta simplesmente
desaprovação social; o marido não deve trair sua esposa (e vice-versa);
uma pessoa não deve contrair relações sexuais com outrem antes de
consumado o casamento etc.
Definição de regra jurídica
 Regras jurídicas
 As únicas regras que têm sua observância imposta pelo Estado são as regras
jurídicas.
 Assim, a diferença básica entre uma regra jurídica e uma regra moral é a
presença (na primeira), da coercibilidade, da sanção imposta pelo Estado.
 Por isso, as regras jurídicas são regras impositivas.
 Essa característica não está presente em nenhuma das regras antes
estudadas (regras descritivas, regras de experiência e regras morais).
 Exemplos: um locatário, ao vender seu imóvel, deve dar prioridade a seu
locador na venda; uma sociedade empresarial não deve suprimir os direitos
daqueles que trabalham para sua manutenção; injuriar racialmente um
indivíduo é passível de reclusão etc.
Sanção. Característica básica da regra jurídica

 Sanção. Característica básica da regra jurídica.


 Podemos afirmar, assim, que a característica básica de uma regra
jurídica é a sanção.
 Sanção nada mais é do que a consequência jurídica que se aplica a
determinada situação de fato.
 A sanção (consequência) de uma norma jurídica será imposta de
forma obrigatória pelo Estado.
 Por isso, a norma jurídica é coercitiva.
Tipos de regras jurídicas

 As sanções podem ser preceptivas (ou impositivas), punitivas ou premiais.


 Sanção preceptiva (ou impositiva) é aquela por meio da qual determinada
consequência jurídica é aplicada a uma situação de fato, sem qualquer juízo
de valor.
 Por exemplo: se você tem a propriedade sobre determinado imóvel urbano
(situação de fato), deverá pagar IPTU (sanção impositiva).
 Sanção punitiva, por sua vez, estabelece uma consequência negativa para a
inobservância de determinada regra jurídica.
 No exemplo acima, imposta a obrigação de pagar o IPTU (sanção impositiva),
o não pagamento no prazo previsto pela legislação tributária implica a
imposição de uma multa (sanção punitiva) e a possibilidade de execução
forçada de patrimônio do devedor (sanção punitiva).
Tipos de regras jurídicas

 Sanção premial, por sua vez, estabelece uma consequência positiva


para determinados atos, como forma de estimular a sua prática.
 Ainda no exemplo dado, a legislação pode prever que o pagamento à
vista do IPTU, até determinada data, pode implicar desconto no valor
do imposto.
 As sanções premiais foram identificadas pelo italiano Noberto
Bobbio, um dos mais célebres pensadores do Positivismo Crítico.
Tipos de regras jurídicas

 Tipos de regras jurídicas.


 A partir da consideração das sanções, podemos traçar a tipologia das
regras jurídicas.
 As regras jurídicas podem ser de três tipos:
 As ordens correspondem às regras jurídicas em que se identificam
sanções impositivas.
 Ex. se você é proprietário de um imóvel urbano você deve (ordem)
pagar IPTU (sanção impositiva).
 As sanções premiais não desempenham papel autônomo nessa linha
argumentativa. O Direito já lhe deu uma ordem, mas se você obedecer,
você recebe ainda alguma espécie de prêmio.
Tipos de regras jurídicas

 As proibições, por sua vez, constituem condutas não desejadas pelo


Direito, sendo que a prática destas condutas é punida (sanção punitiva).
 Há, por fim, as permissões.
 Na verdade, as permissões não se identificam com nenhum tipo de sanção.
 A permissão é ausente de qualquer conteúdo jurídico (ou seja, para que
você tenha uma permissão, basta que você não tenha uma proibição.
 No entanto, há inúmeras normas jurídicas permissivas em nossa tradição.
 Aborto de gravidez resultante de estupro (art. 128, inciso II, Código Penal)
– aborto sentimental
Dogmática Jurídica
 A dogmática jurídica tem como dogma prefixado a norma jurídica.
 Tal dogma constitui-se de determinadas interpretações da realidade que
não devem ser questionadas e, caso o sejam, devem ater-se aos parâmetros
fixados pelas próprias normas jurídicas.
 A inquestionabilidade dos pontos de partida, contudo, não significa que
os dogmas jurídicos sejam interpretações estáticas da conduta social, uma
vez que eles precisam ser constantemente revistos a fim de acompanhar a
mutabilidade inerente àquela conduta.
 A dogmática jurídica consiste no manejo das regras que garantem que
esses processos de revisão e atualização permanecerão dentro dos
limites fixados pelas próprias normas jurídicas, estabelecendo modos
interpretativos e integradores para adaptação da norma ao fato.
Lei Humana, Ética ou Moral
 O conhecimento dos fins, a reflexão, a liberdade, são
características exclusivas do ser humano.
 É de forma consciente e, fundamentalmente, livre que o
homem desenvolve suas atividades.
 Por isso as leis que nos dizem respeito – leis humanas, éticas
ou morais – apresentam características próprias.
 Dizem o dever-ser e não o que é.
 São imperativas ou normativas e não simplesmente
enunciativas.
 Como definir uma lei humana ou ética?
 A palavra “ética”, derivada do grego “ethos”, significa
costume.
 Leis éticas são regras que dirigem o comportamento
humano.
Lei Humana, Ética ou Moral
 “Há uma lei verdadeira, norma racional, conforme à natureza,
inscrita em todos os corações, tem Deus por seu autor; não
pode, por isso, ser revogada nem pelo Senado, nem pelo
povo; e o homem não a pode violar sem negar a si mesmo e à
sua natureza e receber o maior castigo” (Cícero, De
Republica)
 A ética nos fornece as regras fundamentais da conduta
humana.
 Delimita o exercício da atividade livre.
 Fixa “os usos e abusos da liberdade”.
Lei Humana, Ética ou Moral
 No campo do Direito, as teorias positivistas, que
prevaleceram a partir do final do século XIX, sustentavam que
só é direito aquilo que o poder dominante determina.
 Ética, valores humanos, justiça são considerados elementos
estranhos ao direito, extrajurídicos.
 Pensavam com isso construir uma ciência pura do direito e
garantir segurança das sociedades.
 Com o advento da guerra mundial de 1939 a 1945 e
especialmente pela atuação dos regimes totalitários da direita e
da esquerda, o poder político dominante, Hitler e Stalin,
determinou normas de extermínio, genocídio e violação dos
direitos humanos fundamentais.
Lei Humana, Ética ou Moral

 Essa violência provocou a constituição de um Tribunal


Internacional, em Nuremberg, para julgar os crimes contra
a humanidade, violadores dos fundamentos éticos da vida
social.
 Deu origem ao movimento de lideranças mundiais e à
aspiração das populações de todo mundo, que culminou com a
Declaração Universal dos Direitos da Pessoa Humana,
aprovada pela Assembléia-Geral das Nações Unidas, em 1948,
que constituiu um dos documentos fundamentais da civilização
contemporânea.
Lei Humana, Ética ou Moral

 A Declaração Universal denuncia: “a desconsideração e o


desrespeito humanos resultaram em atos bárbaros que
revoltam a consciência da humanidade”
 E afirma que: “o reconhecimento da dignidade inerente a
todos os membros da família humana e de seus direitos iguais
e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça
e da paz no mundo”
 E proclama o documento universal como: “ideal comum a ser
atingido por todos os povos e todas as nações”
Lei Jurídica

 Norma Jurídica
 Dentre as normas que regem o comportamento social dos
homens devemos distinguir as leis jurídicas.
 A expressão “lei jurídica” pode ser empregada em dois
sentidos diferentes:
a) Restrito, é equivalente à lei escrita; nesse sentido, “lei”
(direito escrito) opõe-se ao “costume jurídico” (direito não
escrito);
b) Amplo, “lei” abrange todas as normas jurídicas: lei escrita,
costume jurídico, jurisprudência etc.
Lei Jurídica

 A norma jurídica é, em primeiro lugar, uma regra de conduta social.


Seu objetivo é regular a atividade dos homens em suas relações
sociais.
 Normas jurídicas # normas da vida social (normas éticas)
 Normas que dirigem o comportamento humano na vida coletiva:
a) As normas morais, em sentido estrito, fundadas na consciência;
b) As normas religiosas, fundadas na fé;
c) Os usos e costumes sociais, como os hábitos de convivência,
recreação, esporte, moda etc.
d) As normas jurídicas, que, distinguindo-se das demais, constituem o
campo do direito.
Lei Jurídica
 Normas jurídicas # normas da vida social (normas éticas)
 Em que consiste essa distinção?
 Duas características fundamentais:
a) São protegidas pela eventual aplicação de força coercitiva do poder
social. As normas sobre impostos, salário, propriedade, família etc.
são obrigatórias não apenas no foro da consciência, mas por uma
imposição que pode ir até o emprego da força para sua execução.
COERÇÃO POTENCIAL
b) O direito não encontra seu conteúdo próprio e específico senão na
noção de “justo”, noção primária, que implica não prejudicar a
outrem, dar a cada um o que é seu e o equilíbrio entre os interesses
em conflito. VISANDO À JUSTIÇA
Lei Jurídica
 Não se pode afirmar que toda norma jurídica realize efetivamente a
justiça.
 Mas ela é sempre uma tentativa no sentido de sua realização.
 É a justiça que dá sentido à norma jurídica.
 Esta poderá ser mais justa ou menos justa, mas não será uma norma
de direito, se não estiver orientada no sentido da realização da justiça.
 Todos são iguais perante a lei.
 A norma é geral, porque todos são iguais perante a lei.
 O propósito da lei deve ser realizar a igualdade nas relações entre os
homens.
Lei Jurídica
 Definição de lei jurídica.
 Elementos:
a) Norma de conduta do homem com seus semelhantes (gênero
próximo);
b) Garantida pela eventual aplicação da força social (elemento formal);
c) Tendo em vista a realização da justiça (elemento material).
Lei Jurídica
 Definição - É a forma escrita obrigatória, geral e necessária, elaborada
por um órgão competente e pela qual se manifesta uma norma jurídica.
  Análise da definição - A lei é necessária para regular comportamento de
modo a evitar conflitos.
 A lei é a marca, o sinal da existência da norma jurídica que é o
pensamento sobre a conduta.
 A lei é a manifestação escrita da norma, é a materialização da norma
jurídica.
 Em sentido estrito só é lei o ato emanado do Poder Legislativo, só
quando parte do Poder Legislativo que é o órgão competente para elaborar
a lei.
 Lei em sentido amplo é toda a manifestação escrita da norma jurídica,
mesmo quando não parte do Poder Legislativo.
Lei Jurídica
 Conceito de lei.
 O termo lei pertence, etimologicamente, ao campo do Direito.
 A palavra lei vem do latim lex, legis que significa lei.
 No campo das ciências a lei implica uma relação de uniformidade de
fatos.
 Já no Direito ela se destina a encaminhar, dirigir uma conduta e não
expressa uma regularidade de fatos.
 A lei científica expressa uma relação de causa e efeito. Causa - Efeito
= ser (lei científica).
Lei Jurídica
 Já, juridicamente, a lei é relativa ao dever-ser, pois estabelece normas que
devem ser seguidas, procura dirigir condutas.
 A lei jurídica é a forma escrita, obrigatória, necessária e geral, emanada de
um órgão competente e pela qual se manifesta uma norma jurídica.
 A lei jurídica é a manifestação escrita da norma jurídica. A lei é
obrigatória, pois um de seus elementos é a coação.
 Ela obriga, coage, pois se não for cumprida, do não cumprimento resultará
uma sanção.
 A lei é geral pois atinge a generalidade dos casos, atinge todos que estão
dentro de uma mesma situação, não é casuística.
 Assim, a lei obriga genericamente a todos. A lei é necessária, pois visa
regular as relações dos homens em sociedade, mantendo, assim, a
ordem social.
Lei Jurídica
 “A definição usual de direito reza: direito é o conjunto de normas
coativas válidas num Estado, e essa definição ao meu ver atingiu
perfeitamente o essencial. Os dois fatores que ela inclui são o da
norma e o da realização por meio de coação... O conteúdo da norma
é um pensamento, uma proposição (proposição jurídica), mas uma
proposição de natureza prática, isto é, uma orientação para a ação
humana; a norma é, portanto, uma regra conforme a qual nos
devemos guiar.”
 Rudolf von Ihering (A finalidade do Direito)
Lei Jurídica
 Direito público e direito privado.
 A grande dicotomia direito público e privado remonta ao Direito
Romano.
 O direito público diz respeito ao estado da coisa romana à polis ou
civitas, o direito privado à utilidade dos particulares.
 A esfera privada compreendia o reino da necessidade, a atividade
humana cujo objetivo era atender às exigências da condição animal
do homem: alimentar-se, repousar, procriar etc.
Direito Público e Direito Privado
O Holocausto
 Os números mais aceitos são em torno de 1,3 milhão de pessoas
mortas nos campos de concentração de Auschwitz I e II, sendo 90%
deles de judeus.
 Outros deportados para Auschwitz e executados foram 150 mil
poloneses, 23 mil ciganos romenos, 15 mil prisioneiros de guerra
soviéticos, cerca de 400 Testesmunhas de Jeová e dezenas de
milhares de pessoas de diversas nacionalidades.
 Aqueles que não eram executados nas câmaras de gás morriam de
fome, doenças infecciosas, trabalhos forçados, execuções individuais
ou experiências médicas.
 https://super.abril.com.br/historia/nazismo/
O Holocausto
 Em 27 de janeiro de 1945 os campos foram libertados pelas tropas
soviéticas.
 Em 1947, a Polônia criou um museu no local de Auschwitz I e II, que
desde então recebeu a visita de mais de 30 milhões de pessoas de
todo mundo, que já passaram sob o portão de ferro que tem escrito o
infame “Arbeit macht frei”(o trabalho liberta).
 Em 2002, a UNESCO declarou oficialmente as ruínas de Auschwitz-
Birkenau como patrimônio cultural da humanidade.
https://www.youtube.com/watch?v=UsNGTitylX4
VALIDADE DA NORMA
JURÍDICA
A validade é uma qualidade da norma jurídica que faz parte de
um ordenamento jurídico em determinado momento. Portanto,
dizer que uma regra é válida, significa dizer que tal norma faz
parte de um ordenamento jurídico.
CRITÉRIOS DE VALIDADE DA NORMA
JURÍDICA
Para que a norma jurídica ingresse no ordenamento jurídico vigente, ela deve
respeitar os procedimentos estabelecidos para a sua criação, assim como as demais
condições fixadas pelo sistema jurídico.
De acordo com Dimitri Dimoulis, as condições mais importantes que devem ser
respeitadas para que uma regra seja considerada válida são:
• a competência conferida a uma autoridade ou pessoa para a criação de certa
espécie de normas;
• o procedimento de edição (tramitação regular, maiorias, prazos, registros, formas
de publicidade etc);
CRITÉRIOS DE VALIDADE DA NORMA
JURÍDICA
• os limites temporais e espaciais de validade;
• as regras que permitem resolver casos de incompatibilidade entre o conteúdo das
normas (antinomias jurídicas).

De acordo com Robert Alexy, para que uma norma seja considerada
juridicamente válida é necessário que ela:

• Seja promulgada por um órgão competente para tanto;


• Esteja de acordo com a forma prevista pela lei;
• Não infrinja um direito superior, ou seja, seja estabelecida de acordo com o
ordenamento jurídico.
A Diferença entre Validade e Eficácia

 A validade é diferente da eficácia posto que, a validade é um problema de pertença da


norma no ordenamento jurídico e a eficácia (jurídica) está relacionada com a produção
de efeitos, com o fato real da norma ser efetivamente observada e aplicada.
 Já a eficácia social tem relação com o modo com o a sociedade observa a norma.
Assim, ela é observada “quando encontra na realidade condições adequadas para
produzir seus efeitos”.
 Podemos citar como exemplo o caso da norma que estabeleceu a obrigatoriedade de
aparelho de segurança para crianças em automóveis (cadeirinhas), que apesar de válida
e vigente, por um certo lapso de tempo não teve eficácia em virtude do produto estar
em falta no mercado, o que impossibilitou as pessoas de adquirirem o equipamento e
cumprirem a lei.
A Diferença entre Validade e Vigência

A Validade não se confunde com vigência, posto que pode haver uma norma
jurídica válida sem que esteja vigente, isso ocorre claramente quando se
vislumbra a vacatio legis (período entre a promulgação da Lei e o início de sua
vigência) ou quando o dispositivo legal é válido, mas perde a eficácia.

A vigência representa a característica de obrigatoriedade da observância de uma


determinada norma, ou seja, é uma qualidade da norma que permite a sua
incidência no meio social. Embora válida e vigente, uma norma não
necessariamente terá sua plena eficácia
A Validade da Norma e os Doutrinadores

 Norberto Bobbio sustenta que, para que uma norma seja válida ela
deve ser valorosa (justa); nem toda norma, portanto, é válida, porque
nem toda a norma é justa.
 Para Tércio Sampaio Ferraz Júnior a validade não deve ser
condicionante, mas sim finalística, ou seja, é preciso “saber se uma
norma vale, finalisticamente, é preciso verificar se os fins foram
atingidos conforme os meios prescritos”, reconhecendo a relação
íntima entre direito e moral;
 Para Miguel Reale a validade de uma norma pode ser vista sob três
aspectos: o da validade formal ou técnico jurídica (vigência), o da
validade social (eficácia ou efetividade) e o da validade ética
(fundamento).
A Validade da Norma e os Doutrinadores

 Já Hans Kelsen sustenta a necessidade lógica de pressupor a


existência de uma norma fundamental que seria "a fonte comum da
validade de todas as normas pertencentes a uma e mesma ordem
normativa. Assim, a norma fundamental ordenaria que todos se
conduzam de acordo com as normas positivas supremas do
ordenamento e atribuiria validade a todas as normas decorrentes da
manifestação da vontade do criador dessas normas supremas.
 Para Joseph Raz o fundamento de validade de um ordenamento
jurídico se encontra na ultimate legal rule, uma norma cuja existência
efetiva pode ser provada pela observação da realidade social em
determinado local e momento.
 Na mesma medida, H.L.A. Hart considera que a validade de um
sistema jurídico decorre da existência de uma regra jurídica (rule of
recognition), que estabelece quais comandos são válidos e portanto,
são reconhecidos
Referências
1. DIMOULIS, Dimitri. Positivismo Jurídico: Introdução a uma teoria do direito e defesa do
pragmatismo jurídico-político. São Paulo: Editora Método, 2006, 2ª volume, pág. 113.
2. DIMOULIS, Dimitri. Positivismo Jurídico: Introdução a uma teoria do direito e defesa do
pragmatismo jurídico-político. São Paulo: Editora Método, 2006, 2ª volume, pág. 113.
3. DIMOULIS, Dimitri. Positivismo Jurídico: Introdução a uma teoria do direito e defesa do
pragmatismo jurídico-político. São Paulo: Editora Método, 2006, 2ª volume, pág. 114.
4. ALEXY, Robert. Conceito e Validade do Direito. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2011,
2ª tiragem, pág. 104.
5. DIMOULIS, Dimitri. Positivismo Jurídico: Introdução a uma teoria do direito e defesa do
pragmatismo jurídico-político. São Paulo: Editora Método, 2006, 2ª volume, pág. 113.
6. DIMOULIS, Dimitri. Positivismo Jurídico: Introdução a uma teoria do direito e defesa do
pragmatismo jurídico-político. São Paulo: Editora Método, 2006, 2ª volume, pág. 113.
7. KELSEN, Hans. Teoria pura do direito. São Paulo: Martins Fontes, 2000
8. FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. A Validade das Normas Jurídicas. Acesso em: 08 jul.
2013.
Referências
9. BOBBIO, Norberto. O Positivismo Jurídico. São Paulo: Editora Ícone, 1995, 2ª edição, pág.
137.
10. FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. A Validade das Normas Jurídicas. Acesso em: 08 jul.
2013.
11. REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. São Paulo: Editora Saraiva, 2004, 27 edição,
pag. 105
12. KELSEN, Hans. Teoria pura de direito. Armênio Amado: Coimbra, 1979. p. 269.
13. RAZ, Joseph. Ethics in the public domain. Essays in the morality of law and politics. Oxford:
Clarendon Press, 2001.
14. HART, Herbert L. A. O Conceito de direito. Lisboa: Fundação Calouste, 1994.
Bibliografia
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Kelsen, Ross e Hart. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2007, 2ª edição.
• BOBBIO, NORBERTO. O Positivismo Jurídico. São Paulo: Editora Ícone, 1995, 2ª edição.
• DIMOULIS, DIMITRI. Positivismo jurídico: introdução a uma teoria do direito e defesa do
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• FERRAZ JR., TERCIO SAMPAIO. Introdução ao estudo do direito: técnica, decisão,
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• HART, HERBERT. O conceito de direito. Lisboa: Fundação Calouste, 1994.
• KELSEN, HANS. Teoria pura do direito. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
• KELSEN, HANS. Teoria pura de direito. Armênio Amado: Coimbra, 1979. p. 269
• RAZ, JOSEPH. Ethics in the public domain. Essays in the morality of law and politics. Oxford:
Clarendon Press, 2001
• REALE, MIGUEL. Lições Preliminares de Direito. São Paulo: Saraiva, 2004.

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