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DIVISÃO SOCIAL DO TRABALHO

Fundamentos do trabalho - 2020


Profa. Leila Rosa
UMA VISÃO SOCIOLÓGICA SOCIOLOGIA DO TRABALHO. 

A divisão do trabalho sempre existiu. Inicialmente, dava-se ao acaso, pela divisão


sexual.
Para o sociólogo  Émile Dürkheim (1858-1917), a sociedade deveria ser vista
como um sistema organizado.
A divisão social do trabalho relaciona-se mais com uma espécie de moral –
solidariedade, que com o fator econômico.
Como em um organismo social, o trabalho é responsável pela harmonia, saúde do
corpo.
A D.S.T torna-se complexa, a medida que a sociedade também se torna mais
complexa.
“...a divisão social do trabalho é algo positivo: ela propicia o advento da
solidariedade entre as pessoas conforme os conceitos de solidariedade mecânica e
orgânica contidos em sua teoria.”
Solidariedade mecânica é característica das sociedades ditas “primitivas” ou “arcaicas”, ou seja, em
agrupamentos humanos de tipo tribal formado por clãs.
Solidariedade orgânica que é a do tipo que predomina nas sociedades ditas “modernas” ou” complexas” do
ponto de vista da maior diferenciação individual e social (o conceito deve ser aplicado às sociedades
capitalistas).
• Segundo Karl Marx (1818-1883), o trabalho consiste uma dimensão
fundamental da existência humana, referiu-se a essa questão no
seguintes termos: Sobre os componentes do trabalho são:

1) a atividade adequada a um fim, isto é o próprio  trabalho;


2) a matéria a que se aplica o trabalho, o objeto de trabalho;
3) os meios de trabalho, o instrumental de trabalho.
• Pressupomos o trabalho sob forma exclusivamente humana. Uma aranha executa
operações semelhantes às do tecelão, e a abelha supera mais de um arquiteto ao
construir sua colméia. Mas o que distingue o pior arquiteto da melhor abelha é
que ele figura na mente sua construção antes de transformá-la em realidade. No
fim do processo do trabalho aparece um resultado que já existia antes idealmente
na imaginação do trabalhador. Ele não transforma apenas o material sobre o qual
opera; ele imprime ao material o projeto que tinha conscientemente em mira, o
qual constitui a lei determinante do seu modo de operar e ao qual tem de
subordinar sua vontade. E essa subordinação não é um ato fortuito. Além do
esforço dos órgãos que trabalham, é mister a vontade adequada que se manifesta
através da atenção durante todo o curso do trabalho. MARX, Karl (O Capital).
HANNAH ARENDT(1906-1975)
LABOR; TRABALHO E AÇÃO
A condição de ser humano se desdobra em dois planos:
aquele onde as ações têm como intuito a preservação da
espécie e aquele onde as ações dizem respeito à
individualidade de cada ser.
O labor: classe de atividades diretamente relacionadas à
manutenção da sobrevivência e que se esgotam na
própria atividade.
Trata-se do animal laborans
Já o trabalho, o homem produz coisas duráveis, permanentes, tornando a vida
menos árdua – tecnologia. Trata-se da condição homo faber “construtor do
mundo.”
Crítica à perspectiva marxista:
“dentro de algumas décadas provavelmente esvaziará as fábricas e libertará a
humanidade do seu fardo mais antigo e mais natural, o fardo do trabalho e da
sujeição à necessidade”. (...) “A era moderna trouxe consigo a glorificação teórica
do trabalho, e resultou na transformação efetiva de toda a sociedade em uma
sociedade operária. (...) A sociedade que está para ser libertada dos grilhões do
trabalho é uma sociedade de trabalhadores, uma sociedade que já não conhece
aquelas outras atividades superiores e mais importantes em benefício das quais
valeria a pena conquistar essa liberdade.” (Arendt, 1997: 13).
A terceira categoria consiste na ação. A ação visa um fim em si mesmo.
• Arendt diferencia de Marx, quando assegura que o ser humano ultrapassa a
animalidade distanciando-se da esfera econômica, enquanto Marx afirma
que o ser humano só pode se constituir como tal, bases e relações
econômicas.
• Para Arendt o trabalho está dissociado ao labor e à ação, Marx não advoga
essa possibilidade.
Mito de Sísifo
O mito de Sísifo, considerado o mortal mais astuto de sua
época, narra a história deste homem (o primeiro rei de
Corinto) que ficou conhecido como um dos maiores
ofensores dos deuses gregos.
De acordo com a lenda, após desrespeitar as ordens de
Zeus, deus dos deuses, este mandou Tânato, o deus da
morte, levar Sísifo para o Tártaro – terra dos mortos do
mundo inferior que era reinado por Hades.
Sísifo, no entanto, enganou Tânato, elogiando sua beleza e
oferecendo-lhe um colar. Este colar era na realidade uma
coleira, fazendo com que Sísifo conseguisse manter a
morte como sua prisioneira. Assim, durante este tempo,
nenhuma pessoa na Terra podia morrer.
Hades, ao descobrir o ato de Sísifo, ficou muito irado e
libertou Tânato, ordenando que este levasse o rei de
Albert Camus Corinto imediatamente para o mundo dos mortos.
(1913-1960)
Ao se despedir de sua esposa antes de ir para a terra dos mortos, Sísifo pediu-lhe para
que não enterrasse o seu corpo, pois tinha um plano.
Ao chegar ao Tártaro, o esperto rei suplicou para que Hades deixasse ele voltar ao
mundo dos vivos, alegando que a sua esposa ainda não tinha enterrado o seu corpo e
precisava pedir para que ela fizesse isso rapidamente.
Hades acabou por conceder o desejo de Sísifo e permitiu que ele voltasse ao mundo dos
vivos por um dia. Porém, o rei enganou a morte pela segunda vez e fugiu com a sua
esposa. Por fim, Zeus conseguiu capturá-lo e, por ter enganado e despertado a ira dos
deuses, foi condenado a passar a eternidade empurrando uma pedra até o cume de uma
montanha. No entanto, sempre que a pedra estava prestes a chegar ao seu objetivo,
rolava montanha abaixo e Sísifo tinha que voltar a executar o trabalho todo novamente.
A partir deste episódio, atualmente, quando alguém diz que tem um "trabalho de Sísifo"
é porque possui uma tarefa impossível ou interminável para cumprir.
A REVOLTA DE SÍSIFO

“Os deuses condenaram Sísifo a rolar incessantemente uma rocha até o alto de


uma montanha, de onde tornava a cair por seu próprio peso. Pensaram, com
certa razão, que não há castigo mais terrível que o trabalho inútil e sem
esperança.”
Mas Sísifo é audacioso. Destemido. Fez de sua vida uma existência autêntica,
sem nostalgia.
Sísifo é o herói absurdo. Tanto por causa de suas paixões como por seu
tormento. Esse mito só é trágico porque seu herói é consciente.
“Sísifo, proletário dos deuses, impotente e revoltado, conhece toda a extensão de
sua miserável condição: pensa nela durante a descida. A clarividência que deveria
ser o seu tormento consuma, ao mesmo tempo, sua vitória. Não há destino que não
possa ser superado com o desprezo.”
Mas... Sísifo desce a montanha, sente o vento bater em seu rosto, o sol já próximo
do horizonte preenche a ilha deserta de tons alaranjados. A pedra parece tão
pequena de longe. Cada descida é a experimentação de uma nova maneira de sentir.
Descer a montanha é ter um bom encontro com as forças da gravidade, é ser um
pouco de vento. A boa disposição de si mesmo faz de Sísifo um criador. Ele já não
é pedra.
RECORTE DIVISÃO SOCIAL DO TRABALHO

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