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RECUSA DE UM

PA C I E N T E A
RECEBERA
I N T E RV E N Ç Ã O
MÉDICA
INDICADA

Legislação, normas e
resoluções
SUMÁRIO

• Definições
• O que é lei
• Hierarquia legislativa
• Conselhos profissionais

• Relação entre o Código de Ética Médica e a pirâmide legislativa brasileira


• Pacientes que se recusam a intervenção médica adequada e as leis
• CF
• Estatuto da Criança e do Adolescente
• Código Civil e Código Penal
• Código de Ética Médica
• Resoluções e pareceres
O QUE É LEI?

• Lei (do verbo latino ligare, que


significa "aquilo que liga", ou
legere, que significa "aquilo
que se lê") é uma norma ou
conjunto de normas jurídicas
criadas através dos processos
próprios do ato normativo e
estabelecidas pelas autoridades
competentes para o efeito.
CONSELHOS PROFISSIONAIS

• O conselho de classe profissional são conselhos formados por profissionais de cada


profissão, com diretorias eleitas pelos seus associados que representam os interesses
de sua profissão. Sua principal atribuição é a de registrar, fiscalizar e disciplinar as
profissões regulamentadas. Elas são considerados "autarquia especial ou corporativa".

Criado pela Lei nº 3268


de 30 de Setembro de 1957
(Governo Kubitschek)
ECA
Código Civil, Código Penal
PA C I E N T E S Q U E S E R E C U S A M A I N T E RV E N Ç Ã O
MÉDICA ADEQUADA E AS LEIS

• CF de 1988
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
[...]
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
[...]
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos
e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
[...]
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política,
salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa,
fixada em lei;
CONFLITO NA CONSTITUIÇÃO?

• Inviabilidade do direito à vida


• Ninguém será obrigado a fazer ou
deixar de fazer alguma coisa
• É inviolável a liberdade de O procedimento é necessário para evitar
consciência e de crença agravos ou salvar a vida do paciente
• Ninguém será privado de direitos por
motivo de crença religiosa ou de
convicção filosófica ou política
E S TAT U T O D A C R I A N Ç A E D O A D O L E S C E N T E

• Lei nº 8069, de 13 de Julho de 1990


Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências.

Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta
prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.

Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:

a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;


b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude.
E S TAT U T O D A C R I A N Ç A E D O A D O L E S C E N T E
Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas
sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de
existência.

Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em
processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e
nas leis.

Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos:


I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais;
II - opinião e expressão;
III - crença e culto religioso;
IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;
V - participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação;
VI - participar da vida política, na forma da lei;
VII - buscar refúgio, auxílio e orientação.
E S TAT U T O D A C R I A N Ç A E D O A D O L E S C E N T E

Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do
adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças,
dos espaços e objetos pessoais.

Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente.

Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos
nesta Lei forem ameaçados ou violados:
I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;
III - em razão de sua conduta.
E S TAT U T O D A C R I A N Ç A E D O A D O L E S C E N T E

Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao
fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.
Parágrafo único. São também princípios que regem a aplicação das medidas:
I - condição da criança e do adolescente como sujeitos de direitos: crianças e adolescentes são os titulares dos direitos
previstos nesta e em outras Leis, bem como na Constituição Federal;
II - proteção integral e prioritária: a interpretação e aplicação de toda e qualquer norma contida nesta Lei deve ser
voltada à proteção integral e prioritária dos direitos de que crianças e adolescentes são titulares;
[...]

IV - interesse superior da criança e do adolescente: a intervenção deve atender prioritariamente aos interesses e direitos
da criança e do adolescente, sem prejuízo da consideração que for devida a outros interesses legítimos no âmbito da
pluralidade dos interesses presentes no caso concreto;
[...]

VI - intervenção precoce: a intervenção das autoridades competentes deve ser efetuada logo que a situação de perigo
seja conhecida;
[...]
E S TAT U T O D A C R I A N Ç A E D O A D O L E S C E N T E

Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade
competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:
Definição de Maus-tratos:
[...]
Artigo 136 do Código Penal V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em
regime hospitalar ou ambulatorial;
Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa
[...]
sob sua autoridade, guarda ou vigilância,
para fim de educação, ensino, tratamento
ou custódia, quer privando-a de
alimentação ou cuidados indispensáveis, Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de
quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar
inadequado, quer abusando de meios de à autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo
correção ou disciplina suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente
[...]
CÓDIGO CIVIL

• Lei nº 10406, de 10 de Janeiro de 2002


Institui o Código Civil.

Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:

I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;


II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;
IV - os pródigos.

Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial.

Art. 15º Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.
CÓDIGO PENAL

• Decreto-lei nº 2848, de 7 de Dezembro de 1940


Código penal.

Relação de causalidade
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão
sem a qual o resultado não teria ocorrido.

Superveniência de causa independente


§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores,
entretanto, imputam-se a quem os praticou.

Relevância da omissão
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:

a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;


b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
CÓDIGO PENAL

• Decreto-lei nº 2848, de 7 de Dezembro de 1940


Código penal.

Art. 14 - Diz-se o crime:

Crime consumado
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal

Tentativa
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do
agente.
CÓDIGO PENAL

• Decreto-lei nº 2848, de 7 de Dezembro de 1940


Código penal.

Art. 18 - Diz-se o crime:


Crime doloso
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;
Crime culposo
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.

Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica
dolosamente.

Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de
um sexto a um terço.

Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível,
nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.
CÓDIGO PENAL

• Decreto-lei nº 2848, de 7 de Dezembro de 1940


Código penal.

Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de
resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

Aumento de pena
§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou há emprego
de armas.
§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência.
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:

I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente perigo de
vida;
II - a coação exercida para impedir suicídio.
CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA

• Capítulo I - Princípios fundamentais


I - A Medicina é uma profissão a serviço da saúde do ser humano e da coletividade e será
exercida sem discriminação de nenhuma natureza.
II - O alvo de toda a atenção do médico é a saúde do ser humano, em benefício da qual deverá
agir com o máximo de zelo e o melhor de sua capacidade profissional.
[...]
V - Compete ao médico aprimorar continuamente seus conhecimentos e usar o melhor do
progresso científico em benefício do paciente.
VI - O médico guardará absoluto respeito pelo ser humano e atuará sempre em seu
benefício. Jamais utilizará seus conhecimentos para causar sofrimento físico ou moral,
para o extermínio do ser humano ou para permitir e acobertar tentativa contra sua dignidade e
integridade.
CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA

• Capítulo IV - Direitos humanos


É vedado ao médico:
Art. 22. Deixar de obter consentimento do paciente ou de seu representante legal após esclarecê-lo sobre o
procedimento a ser realizado, salvo em caso de risco iminente de morte.
Art. 23. Tratar o ser humano sem civilidade ou consideração, desrespeitar sua dignidade ou discriminá-lo de
qualquer forma ou sob qualquer pretexto.
Art. 24. Deixar de garantir ao paciente o exercício do direito de decidir livremente sobre sua pessoa ou seu bem-
estar, bem como exercer sua autoridade para limitá-lo.
[...]
Art. 27. Desrespeitar a integridade física e mental do paciente ou utilizar-se de meio que possa alterar sua
personalidade ou sua consciência em investigação policial ou de qualquer outra natureza.
Art. 28. Desrespeitar o interesse e a integridade do paciente em qualquer instituição na qual esteja recolhido,
independentemente da própria vontade.
Parágrafo único. Caso ocorram quaisquer atos lesivos à personalidade e à saúde física ou mental dos pacientes
confiados ao médico, este estará obrigado a denunciar o fato à autoridade competente e ao Conselho Regional de
Medicina.
[...]
CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA

• Capítulo V - Relação com pacientes e familiares


É vedado ao médico:

Art. 31. Desrespeitar o direito do paciente ou de seu representante legal de decidir livremente sobre a execução
de práticas diagnósticas ou terapêuticas, salvo em caso de iminente risco de morte.

Art. 32. Deixar de usar todos os meios disponíveis de diagnóstico e tratamento, cientificamente reconhecidos e a
seu alcance, em favor do paciente.

Art. 34. Deixar de informar ao paciente o diagnóstico, o prognóstico, os riscos e os objetivos do tratamento,
salvo quando a comunicação direta possa lhe provocar dano, devendo, nesse caso, fazer a comunicação a seu
representante legal. quer outra natureza.

Art. 41. Abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou de seu representante legal.
Parágrafo único. Nos casos de doença incurável e terminal, deve o médico oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis
sem empreender ações diagnósticas ou terapêuticas inúteis ou obstinadas, levando sempre em consideração a vontade expressa
do paciente ou, na sua impossibilidade, a de seu representante legal.
CONFLITO NO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA?

É vedado ao médico: É vedado ao médico:


Art. 24. Deixar de garantir ao paciente o Art. 41. Abreviar a vida do paciente, ainda
exercício do direito de decidir livremente que a pedido deste ou de seu representante
sobre sua pessoa ou seu bem-estar, bem legal.
como exercer sua autoridade para limitá-lo.
PA R A I S S O E X I S T E M A S R E S O L U Ç Õ E S E
PA R E C E R E S D O C F M / C R M S

• Resolução nº 2232, de 17 de Julho de 2019


Estabelece normas éticas para a recusa terapêutica por pacientes e objeção de consciência na relação
médico-paciente.

CONSIDERANDO que a Constituição Federal (CF) elegeu a dignidade da pessoa humana como um
dos fundamentos da República;

CONSIDERANDO o Código Penal (Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940), em especial o


inciso I do § 3º do art. 146, que exclui a tipicidade da conduta nos casos de intervenção médica sem o
consentimento do paciente, se justificada por iminente perigo de morte;

CONSIDERANDO o disposto no Código Civil (Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2012) em relação à


capacidade civil, à autonomia do paciente e ao abuso de direito;

CONSIDERANDO o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990);


CONTINUAÇÃO: RESOL. Nº 2232 DE 17 DE JULHO
DE 2019

CONSIDERANDO que a Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001, assegura direitos e proteção a pessoas
com transtorno mental e autoriza sua internação e tratamento involuntários ou compulsórios;

CONSIDERANDO o normatizado pelo Código de Ética Médica em relação aos direitos e deveres dos
médicos e a autonomia dos pacientes;

CONSIDERANDO a Resolução CFM nº 1.995/2012, que dispõe sobre as diretivas antecipadas de


vontade;

CONSIDERANDO que os Conselhos de Medicina são, ao mesmo tempo, julgadores e disciplinadores


da classe médica, cabendo a eles zelar e trabalhar, com todos os meios a seu alcance, pelo perfeito
desempenho ético da medicina, pelo prestígio e pelo bom conceito da profissão e dos que a exercem
legalmente; e

CONSIDERANDO o decidido na sessão plenária de 17 de julho de 2019, resolve:


CONTINUAÇÃO: RESOL. Nº 2232 DE 17 DE JULHO
DE 2019

Art. 1º A recusa terapêutica é, nos termos da legislação vigente e na forma desta Resolução, um direito do
paciente a ser respeitado pelo médico, desde que esse o informe dos riscos e das consequências previsíveis de
sua decisão.

Art. 2º É assegurado ao paciente maior de idade, capaz, lúcido, orientado e consciente, no momento da decisão,
o direito de recusa à terapêutica proposta em tratamento eletivo, de acordo com a legislação vigente.

Parágrafo único. O médico, diante da recusa terapêutica do paciente, pode propor outro tratamento quando
disponível.

Art. 3º Em situações de risco relevante à saúde, o médico não deve aceitar a recusa terapêutica de paciente
menor de idade ou de adulto que não esteja no pleno uso de suas faculdades mentais, independentemente de
estarem representados ou assistidos por terceiros.

Art. 4º Em caso de discordância insuperável entre o médico e o representante legal, assistente legal ou familiares
do paciente menor ou incapaz quanto à terapêutica proposta, o médico deve comunicar o fato às autoridades
competentes (Ministério Público, Polícia, Conselho Tutelar etc.), visando o melhor interesse do paciente.
CONTINUAÇÃO: RESOL. Nº 2232 DE 17 DE JULHO DE 2019

Art. 5º A recusa terapêutica não deve ser aceita pelo médico quando
caracterizar abuso de direito.

§ 1º Caracteriza abuso de direito:

I - A recusa terapêutica que coloque em risco a saúde de terceiros.


Crimes previstos no
II - A recusa terapêutica ao tratamento de doença transmissível ou de qualquer Código Penal – Art. 131 e
outra condição semelhante que exponha a população a risco de Art. 132
contaminação.

§ 2º A recusa terapêutica manifestada por gestante deve ser analisada na


perspectiva do binômio mãe/feto, podendo o ato de vontade da mãe caracterizar
abuso de direito dela em relação ao feto.

Art. 6º O médico assistente em estabelecimento de saúde, ao rejeitar a recusa


terapêutica do paciente, na forma prevista nos artigos 3º e 4º desta Resolução,
deverá registrar o fato no prontuário e comunicá-lo ao diretor técnico para que
este tome as providências necessárias perante as autoridades competentes,
visando assegurar o tratamento proposto.
CONTINUAÇÃO: RESOL. Nº 2232 DE 17 DE JULHO
DE 2019

Art. 7º É direito do médico a objeção de consciência diante da recusa terapêutica do paciente.

Art. 8º Objeção de consciência é o direito do médico de se abster do atendimento diante da recusa terapêutica do
paciente, não realizando atos médicos que, embora permitidos por lei, sejam contrários aos ditames de sua
consciência.

Art. 9º A interrupção da relação do médico com o paciente por objeção de consciência impõe ao médico o dever
de comunicar o fato ao diretor técnico do estabelecimento de saúde, visando garantir a continuidade da
assistência por outro médico, dentro de suas competências.

Parágrafo único. Em caso de assistência prestada em consultório, fora de estabelecimento de saúde, o médico
deve registrar no prontuário a interrupção da relação com o paciente por objeção de consciência, dando ciência a
ele, por escrito, e podendo, a seu critério, comunicar o fato ao Conselho Regional de Medicina.

Art. 10. Na ausência de outro médico, em casos de urgência e emergência e quando a recusa terapêutica trouxer
danos previsíveis à saúde do paciente, a relação com ele não pode ser interrompida por objeção de consciência,
devendo o médico adotar o tratamento indicado, independentemente da recusa terapêutica do paciente.
CONTINUAÇÃO: RESOL. Nº 2232 DE 17 DE JULHO
DE 2019

Art. 11. Em situações de urgência e emergência que caracterizarem iminente perigo de morte, o médico deve adotar
todas as medidas necessárias e reconhecidas para preservar a vida do paciente, independentemente da recusa
terapêutica.

Art. 12. A recusa terapêutica regulamentada nesta Resolução deve ser prestada, preferencialmente, por escrito e
perante duas testemunhas quando a falta do tratamento recusado expuser o paciente a perigo de morte.

Parágrafo único. São admitidos outros meios de registro da recusa terapêutica quando o paciente não puder prestá-la
por escrito, desde que o meio empregado, incluindo tecnologia com áudio e vídeo, permita sua preservação e inserção
no respectivo prontuário.

Art. 13. Não tipifica infração ética de qualquer natureza, inclusive omissiva, o acolhimento, pelo médico, da recusa
terapêutica prestada na forma prevista nesta Resolução.

Art. 14. Revoga-se a Resolução CFM nº 1.021/1980, publicada no D.O.U. de 22 de outubro de 1980, seção I, parte II.

Art. 15. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.


REFERÊNCIAS E RECURSOS

Clique nos tópicos para acessar o material referenciado.

Constituição da República Federativa do Brasil


Estatuto da Criança e do Adolescente
Código Civil Brasileiro
Código Penal
Código de Ética Médica
Resolução CFM nº 2232, de Julho de 2019
Esclarecimentos de pontos da Resolução nº 2232, de Julho de 2019
Coluna: Jurishealth acerca de temas jurídicos em saúde

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