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UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ

INSTITUTO DE ESTUDOS DO XINGU

DEFESA DE MEMORIAL

Profa. Dra. Márcia do Socorro da Silva Pinheiro


Mikhail Bakhtin chama a atenção para a complexidade que envolve o
fenômeno da linguagem. O autor discute, a partir de um estudo
filosófico-linguístico, as duas tendências no modo de entender a
linguagem que vigoravam em 1920: uma pautada no “subjetivismo
idealista” e no outra no objetivismo abstrato.
O autor criticam essas duas tendências e defendem que o signo
linguístico, materializado pela enunciação, é também uma manifestação
ideológica e social. Com isso, Bakhtin (2004) evidenciam uma nova
tendência de percepção dos fatos linguísticos: a língua como fenômeno
social de interação verbal, na qual defendem que o centro organizador
de toda enunciação não é interior, mas exterior, estando situado no meio
social que envolve o indivíduo. Aqui, a enunciação é vista como um
produto da interação verbal e não como um fato individual.
A verdadeira substância da língua não é constituída por um sistema
abstrato de formas linguísticas nem pela enunciação monológica
isolada, nem pelo ato psicofisiológico de sua produção, mas pelo
fenômeno social da interação verbal, realizada através da enunciação ou
das enunciações. A interação verbal constitui assim a realidade
fundamental da língua (BAKHTIN, 2004, p. 123).
Na Gramática tradicional a linguagem é concebida como expressão do
pensamento. Consequentemente, a partir desta concepção considera-se
que tanto quem não domina a norma culta, quanto quem se expressa
pouco, pode ser considerado como pouco inteligente
No estruturalismo a língua é entendida como código, ou seja, como
conjunto de signos que, ao se combinarem segundo regras, se tornam
instrumentos de comunicação. Para Geraldi, esta corrente estuda a
estrutura dos enunciados, mas não os enunciados em si.
No interacionismo, segundo Geraldi (2005), a linguagem é considerada
como forma de interação, e não como mera transmissão de informação
de um emissor a um receptor. Esta concepção corresponde à corrente
dos estudos linguísticos chamada Linguística da enunciação. Trata-se de
uma corrente não idealizada porque está ligada com a linguagem em
situações reais de uso, centrando-se não apenas nos aspectos formais,
ligados à gramática e à ortografia.
Koch e Elias (2000), a partir da teoria de Bakhtin, formulam uma
concepção de leitura e texto a qual denominam de ”sociocognitiva
interacional”. Nesta perspectiva, o texto é lugar de interlocução, e não
produto da comunicação entre um emissor a ser decodificado e um
receptor passivo. O leitor assume diante do texto uma atitude
‘”responsiva ativa” pois, de maneira dialógica e a partir das próprias
experiências e conhecimentos, constrói o sentido do texto.
As novas práticas pedagógicas propostas pelos PCN revelam os
esforços das Leis educacionais em propor uma revisão e uma
reorientação das práticas de ensino da Língua Portuguesa. Para que isso
ocorra, sugerem-se práticas de ensino em que tanto o ponto de partida
quanto o ponto de chegada seja o uso da linguagem (GERALDI, 1997).
Assim, o professor deve trabalhar a linguagem como interação, como
um sistema (específico, histórico e social) de signos, o qual possibilita
ao homem significar o mundo e a sociedade, usando, adequadamente, a
linguagem de acordo com as necessidades do interlocutor e do contexto
em que ocorrem as diferentes atividades discursivas
PCNs
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa
-PCN (BRASIL, 2000, p. 8), uma das competências que o aluno deve
ter ao concluir o ensino Médio é “analisar, interpretar e aplicar os
recursos expressivos das linguagens, relacionando textos aos seus
contextos, mediante a natureza, função e organização das manifestações,
de acordo com as condições de produção e recepção”. Porém,
questionamo-nos por que muitos alunos terminam o ensino médio e até
mesmo ingressam na universidade sem dominar as regras da gramática
da língua.
LIVRO DE DIDÁTICO
Quais são as principais implicações para o
sucesso da leitura em sala de aula
PRÁTICA DE LEITURA NA ESCOLA
Em trabalhos anteriores, defendi o ponto de vista de que o ensino de língua
portuguesa deveria centrar-se em três práticas:
Leitura de textos;
Produção de textos,
Análise linguística
Essas práticas, integradas no processo de ensino-aprendizagem, têm dois objetivos
interligados:
a) Tentar ultrapassar, apesar dos limites da escola, a artificialidade que se institui
na sala de aula quanto ao uso da linguagem;
b) Possibilitar, pelo uso não artificial da linguagem, o domínio efetivo da língua
padrão em suas modalidades oral e escrita.
Para Marisa Lajolo: “ ler não é decifrar, como em um jogo de
adivinhações, o sentido de um texto. É, a partir do texto, ser capaz de
atribuir-lhe significado, consegui relacioná-lo a todos os outros textos
significativos para cada um, reconhecer nele o tipo de leitura que seu
autor pretendia e, dono da própria vontade, entregar-se a essa leitura, ou
rebelar-se contra ela, propondo outra não prevista.
O que precisa ser feito na prática para que
esse cenário seja modificado ( ensino de
leitura)
Júri simulado;
Elaboração de podcast;
Construção de rádio novela a partir de leitura de contos.
O que precisa ser feito na prática para que esse
cenário seja modificado ( produção textual)
Reescrita,
Mudança de finais de histórias,
Questões sociais do cotidiano da escola e do contexto da vida dos
alunos.
Produção de histórias sobre o gênero fanfiction
site: nyah fanfic
CIBERPOESIA – Chá - Sérgio Capparelli
PODCAST
Os podcasts são uma forma inteligente de compartilhar conteúdo com o
público. Especialistas em um determinado assunto podem dar dicas de
como utilizar um produto ou serviço, agregando valor ao conteúdo
consumido pelos usuários. As possibilidades de temas são praticamente
infinitas.
REFERÊNCIAS
ANTUNES, I. C. Aula de Português: encontro & interação. São Paulo: Parábola Editorial, 2006.

GERALDI, J. W. Concepções de linguagem e ensino de português. In: _______. (org.). O texto na sala de
aula: leitura e produção. Cascavel: Assoeste, 1997.

PERFEITO, A. M. Concepções de linguagem, teorias subjacentes e ensino de língua portuguesa. In: SANTOS,
A. R. dos; RITTER, L. C. B. (org.). Concepções de linguagem e o ensino de língua portuguesa. UEM, 2005.

SOARES, M. Concepções de linguagem e o ensino da Língua Portuguesa. In: BASTOS, N. B. (org). Língua
Portuguesa: história, perspectivas, ensino. São Paulo, 1998. 

TRAVAGLIA, L. C. Gramática e interação: Uma proposta para o ensino de gramática. 10 ed. São Paulo:
Cortez, 2005.

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