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Material exclusivamente para uso didático da PUCRS elaborado conforme Cronograma de Leituras.

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História de Moçambique – aula


4. Da luta anticolonial à
construção do Homem Novo
Socialista
Marçal de Menezes Paredes (PUCRS)
Yaos, Macuas, Makondes, Suailis, Shona, Changanas...
(Estação Caminhos de Ferro 1905)

Av. da República - Lourenço Marques (1920)

Rua Araújo (1900)


Mesquita Comércio Indiano

Pagode Chinês
Anticolonialismo, mobilização internacional
I CONCP – Casablanca, Marrocos, 1961

• 1955 – Conf. de Bandung


• 1957 – Conf. Solid. Povos Afro-Asiáticos, Cairo
• 1958 – Conf. Povos Africanos, Accra
• 1961 – I CONCP – Casablanca, Marrocos (Mohammed V)
• 1965 – II CONCP – Dar-es-Salaam, Tanzânia (Julius Nyerere,)

Bandung
Accra
Massacre de Mueda

Reunião pedida pela MANU com Administração Colonial


sinalizando desejo de independência. Acabou em demonstração
de força e com número de mortes indefinido. Foi o estopim para
a guerra anticolonial – Província de Cabo Delgado, 16/6/1960)
Mondlane em Dar-es-Salam, 1962

Formação da FRELIMO
(1962, Dar-es-Salam, TZ)
• Fusão de 3 movimentos:
• UNAMI (União Africana de Moçambique Independente), de
1961, sob proteção do Malawi
• MANU (Mozambique African Nation Union), de 1960, apoiado
pelo Tanganican National African Union (partido da Tanzânia)
• UDENAMO (União Democrática de Moçambique), 1961,
apoiado pelo Zimbabwe African People’s Party do Zimbábue.
• Outros grupos formadores: moçambicanos estudantes do
exterior (EUA, Portugal, França, Argélia), e trabalhadores
clandestinos do interior de Moçambique.
• Liderança de Eduardo Chivambo Modlane (presidente,
com prestígio internacional, intelectual formado nos
EUA, tendo trabalhado na ONU); Uria Simango (vice-
presidente, presbiteriano).
Das Mudanças na FRELIMO
AO Massacre de Wiryamu,
Tete 16/12/1972 (Chavola, Juvau)

• Após Morte de Mondlane (1969)


assume um triunvirato (Samora
Machel, Marcelino dos Santos e Uria
Simango);
• Samora Machel, em 1970, arregimenta
o poder no seio da FRELIMO (Simango
exila-se no Egito);
• Revolução dos Cravos (25/4/1974) põe
fim ao colonialismo português;
• Acordo de Lusaka, na Zâmbia, em 1974,
garante transição para independência
(oficialmente em 25 de junho de 1975).
Acordos de Descolonização
Lusaka, 7 de setembro 1974 – Mário Soares e Samora Machel (Sob
auspícios de Keneth Kaunda, presidente da Zambia)

Alvor, 15 de janeiro
1975 – Mário Soares,
Jonas Savimbi, Holden
Roberto, Almeida
Santos, Agostinho Neto.
Promessa de eleições
(não cumprida)

Argel, 26 de Agosto 1974 – Mário Soares e Pedro Pires (Sob auspícios


de Hourari Boumedienne, presidente Argelino)
Unidade “do Rovuma ao
Maputo”
• III Congresso da FRELIMO em 1977 – adoção oficial do
“marxismo-leninismo”
• Adoção do sistema de Partido Único
• Lema de unidade nacional: “do Rovuma ao Maputo” (rios
limítrofes do norte e sul).
• Criação do “Homem Novo” Moçambicano,
• Construção de uma “nova realidade” em oposição aos “vícios” do
colonialismo e da burguesia, mas também do tribalismo e do
regionalismo
• Para a FRELIMO, “o racismo, o tribalismo ou o regionalismo,
como dizia Samora combatiam-se com as mesmas armas
que o colonialismo. Matar a tribo para fazer nascer a Nação
também constituía, e constitui, um princípio director da
revolução moçambicana” (Vieira, 2011, p.285).
Sérgio Vieira
(alto escalão da FRELIMO, sobre o
projeto político identitário)
• “Os primado da raça, etnia, cor da
pele, religião sobre o todo nacional
constituiu uma visão e estratégia
pouco científica, mas certamente
enraizada na percepção primária e
espontânea de um grande número.
Visão e estratégia errada porque a
realidade africana, a história do
continente, também se podem analisar
em termos das migrações, invasões, e
expansionismos inter-africanos”
• (VIEIRA, 2011, p.287).
Operação Produção (1981-1988)
• Projeto de reeducação popular em grandes campos de cultivo rural – as
machambas – localizados no interior do país, sendo a maioria no Norte do país,
nas regiões do Cabo Delgado e Nampula.
• Em 1982 havia cerca de 1.352 machambas, quase todas funcionando como um
verdadeiro laboratório de reconversão política para onde eram enviados
quaisquer indivíduos que simbolizassem valores ou práticas política ou
moralmente condenáveis (Thomaz, 2008).
• Tratavam-se de grandes acampamentos para onde eram enviados “marginais”,
“suspeitos” ou inimigos políticos (como Joana Simeão e Uria Simango).
• Nas machambas todos teriam que trabalhar na lavoura durante o dia, construir
suas palhoças e, ao final da jornada, assistir a cursos de marxismo-leninismo.
• Forças de segurança saíam às ruas das principais cidades exigindo que as
pessoas mostrassem carteiras de trabalho, no caso de homens, ou comprovantes
de casamento, no caso das mulheres.
Samora Machel - discurso em 1981
“Política e militarmente foi forjada a unidade, a partir de um
pensamento consciência patriótica de classe. Entramos em
Nashingwea como Macondes, Macuas, Niajas, Manicas, Shanganas,
Ajauas, Rongas, Senas; saímos Moçambicanos. Entramos como
negros, brancos, mistos, indianos; saímos moçambicanos. Quando
chegamos, trazemos nossos vícios e defeitos, egoísmo, liberalismo,
elitismo. Nós destruímos estes valores negativos e reacionários. Nós
aprendemos a incorporar os hábitos e os comportamentos de um
militante da Frelimo. Quando entramos, temos uma visão limitada,
pois conhecemos apenas nossa região. Lá, aprendemos a escala do
nosso país e os valores revolucionários” (MACHEL, 1981 apud
TOMAZ, 2008, p.181)
Pós-Morte de Samora Machel, em 1986:
Multiculturalismo e Novas mobilizações étnicas
• Morte de Samora Machel -1986
• Governo de transição entre 1987-1992 – Chissano
• Abertura da Economia (banco Mundial / FMI)
• Multipartidarismo, eleições.
• Primeiro Presidente Eleito – J. Chissano (1992-2002)
• “Invenção de nova tradição” – mito do Gungunhana
• Críticas ao privilégio sulista nos governos do partido Frelimo

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