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TEC.

EDIFICAÇÃO I
SUSTENTABILIDADE E REDUÇÃO DOS IMPACTOS
AMBIENTAIS NO CONTEXTO DOS CANTEIROS DE OBRA
INTRODUÇÃO
A etapa de execução do empreendimento de construção civil é complexa e com muitas interferências, tais como
questões ambientais, legais, logísticas, segurança e higiene do trabalho. Por isso, a organização do canteiro de
obra é fundamental para melhorar o processo produtivo, otimizando a ocupação dos espaços, evitando
desperdícios de materiais e de tempo, e falta de qualidade final dos serviços realizados.

A boa gestão dentro dos canteiros de obras é imprescindível, ainda que não ocorra a implantação de técnicas
suficientes para a efetiva redução do impacto ambiental gerado pela indústria da construção civil (ZANUTTO,
2012).
CONSUMO
Consumo de argamassa utilizada em revestimento de paredes internas

Ambiente Empreiteira Consumo (l/m²) Incorporada (l/m²) Entulho (l/m²) Observações

1 A 30 22 8 Priorizava-se a
velocidade de
execução
2 A 25,4 22 3
nesta obra.

A empreiteira B
3 A 26,7 23 4 preocupava-se em

reaproveitar a
4 B 23,6 22 2 argamassa que caía
no

5 B 21 21 0 chão, colocando-se
um anteparo de

madeira no “pé” da
6 B 24,5 23 0 parede.

7 B 21,1 19 0

Fonte: Souza e Paliari (2000)


CONSUMO
Consumo Luz e agua em obras de concreto armado

Obra Área Consumo de Consumo por Consumo de Consumo de


Construida energia m² água (m³) água por m²
(m²) (kWh)

1 6.223,66 60.907,00 9,79 1.721,22 0,28

2 15.969,04 4.302,51 0,27 183,10 0,01

3 13.704,93 97.500,00 7,11 2.363,68 0,17

4 5.567,81 55.266,00 9,93 1.025,00 0,18

5 5.046,30 11.382,36 2,26 655,20 0,13

6 48.870,81 39.679,22 0,81 840,52 0,02

Fonte: Marques, Gomes e Brandli (2017)


CONSUMO
Consumo de madeira - estima-se que entre 26% e 50% da madeira extraída no mundo, seja
consumida como material de construção (JOHN, 2000).

Os resíduos de madeira representam cerca de 31% do volume de resíduo de construção em uma


edificação residencial multifamiliar e, especificamente na fase de execução estrutural, podem atingir
42% dos resíduos gerados durante o processo construtivo (MIRANDA et al.2009).
IMPACTOS
Araújo e Cardoso (2007) comentam que os impactos ambientais (por meio físico, biótico e antrópico) causados
pela indústria da Construção Civil são consequências das atividades desenvolvidas durante a execução dos
diferentes serviços presentes numa obra.
A Resolução CONAMA 01, de 23 de janeiro de 1986, define impacto ambiental como qualquer forma de
alteração nas características físicas, químicas e biológicas no meio ambiente, cuja causa é derivada de
qualquer forma de matéria ou energia resultante de atividades antrópicas, de maneira direta ou indireta, e que
afetam a saúde, a segurança, e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as
condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais (CONAMA, 1986).
ASPECTOS AMBIENTAIS DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL (CAUSA)
 
supressão da vegetação;
risco de desmoronamentos;
existência de ligações provisórias (exceto águas servidas);
esgotamento de águas servidas;
risco de perfuração de redes (subterrâneo); geração de energia no canteiro;
Infraestrutura do canteiro de obras: existência de construções provisórias;
armazenamento de materiais;
equipamentos;
máquinas e veículos;
manutenção e limpeza de ferramentas;
equipamentos, máquinas e veículos.
 
consumo de recursos naturais e manufaturados (inclui perda incorporada e embalagens);
consumo e desperdício de água;
Recursos:
consumo e desperdício de energia elétrica;
consumo e desperdício de gás.
 
perda de materiais por entulho;
manejo e destinação de resíduos (inclui descarte de recursos renováveis);
Resíduos:
manejo e destinação de resíduos perigosos;
queima de resíduos no canteiro.
 
geração de resíduos perigosos;
geração de resíduos sólidos;
emissão de vibração;
emissão de ruídos;
lançamento de fragmentos;
Incômodos e poluições:
emissão de material particulado;
risco de geração de faíscas onde há gases dispersos;
desprendimento de gases, fibras e outros;
renovação do ar;
manejo de materiais perigosos.
IMPACTOS AMBIENTAIS DA CONSTRUÇÃO CIVIL (EFEITO)

Solo (alteração das propriedades físicas, contaminação química, indução de


processoserosivos, esgotamento de reservas minerais);

Meio físico: Ar (deterioração da qualidade do ar, poluição sonora)

Água (alteração da qualidade águas superficiais, aumento da quantidade de


sólidos, alteração da qualidade das águas subterrâneas, alteração dos
regimes de escoamento, escassez de água).
 

Interferências na fauna local;

Interferências na flora local;


Meio biótico:
Alteração da dinâmica dos ecossistemas locais;

Alteração da dinâmica do ecossistema global.


 

Trabalhador (alteração nas condições de saúde, alteração nas condições de


segurança);

Vizinhança (alteração da qualidade paisagística;

Alteração nas condições de saúde;


Meio antrópico:
Incômodo para a comunidade;

Alteração no tráfego de vias locais;

Pressão sobre serviços urbanos (exceto drenagem);

Alteração nas condições de segurança; interferência na drenagem urbana).


CERTIFICAÇÕES
Elkington (1997) introduziu o conceito de “tripé da sustentabilidade” que afirma que as organizações
para serem mais sustentáveis devem medir seus resultados não só em termos econômicos, mas também em
termos sociais e ambientais.
Gehlen (2008), Cita como boas práticas para qualidade, saúde e segurança, meio ambiente e
responsabilidade social as certificações empresariais ISO 9001, PBQP-H, ISO 14001, OHSAS 18001 e
como ferramentas para a sustentabilidade na construção as certificações LEED e AQUA.
Araújo (2009) lista as metodologias de avaliação de sustentabilidade de edifícios que possuem exigências
em relação aos canteiros de obras. São essas: BREEAM, CASBEE, HQE, Certification Habitat et
Environnement, GBTool, Green Star, LEED e AQUA.
CERTIFICAÇÕES

Gehlen (2009)
CERTIFICAÇÕES

Fonte : Thomas, Guimarães e Bastos (2012)


CONCLUSÃO
Gehlen (2009) expressa que são necessárias ações estratégicas para que ações sustentáveis sejam
incorporadas ao dia a dia da empresa. Com o treinamento da mão de obra da empresa, pois os
resultados obtidos persistem por um período longo.
Vantagens:
 Aumento do desempenho financeiro;
 Redução de riscos para os trabalhadores e ao meio ambiente;
 Diminuição dos gases do efeito estufa;
 Aumenta a capacidade de inovação;
 Aumento da produtividade do trabalho;
 Diferenciação do produto.
REFERÊNCIAS

 ARAÚJO, V. M. Práticas recomendadas para a gestão mais sustentável de canteiros de obras. 2009.
Dissertação (Mestrado) - Universidade de São Paulo, São Paulo.
 ARAUJO, V. M.; CARDOSO, F. F. Diretrizes para diminuição de impactos ambientais de canteiros de
obras: caso do Parque Fazenda Tizo. In: IV Encontro Nacional e Latino-americano sobre edificações e
comunidades sustentáveis. Campo Grande: ELECS, 2007.
 CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução n. 1, de 23 de janeiro de 1986. Dispõe sobre
critérios básicos e diretrizes gerais para o Relatório de Impacto Ambiental – RIMA. Brasília: CONAMA,
1986.
 ELKINGTON, J. Cannibals with forks: the triple bottom line of 21st century business. Oxford: Capstone,
1997.
REFERÊNCIAS

 GEHLEN, J. Construção da sustentabilidade em canteiros de obras: um estudo no DF. 2008. Dissertação


(Mestrado) - Universidade de Brasília, Brasília.
 GEHLEN, J. Aplicando a sustentabilidade e a produção limpa aos canteiros de obras. Universidade de
Brasília. Key Elements for a Sustainable World: Energy, water and climate change. São Paulo – Brazil –
May 20th - 22nd - 2009; disponível em:
http://www.advancesincleanerproduction.net/second/files/sessoes/6a/6/J.%20Gehlen%20-%20Resumo
%20Exp.pdf.
 JOHN, V. M. Reciclagem de resíduos na construção civil: contribuição à metodologia de pesquisa e
desenvolvimento. 2000. Tese (Livre Docência) - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, 2000.
 MARQUES, C. T.; GOMES, B. M. F.; BRANDLI, L. L. Consumo de água e energia em canteiros de obra:
um estudo de caso do diagnóstico a ações visando à sustentabilidade. Ambiente Construído, Porto Alegre,
v. 17, n. 4, p. 79-90, out./dez. 2017.
REFERÊNCIAS
 MIRANDA, L. F. R.; ANGULO, S. C.; CARELI, É. D. A reciclagem de resíduos de construção e demolição no
Brasil: 1986-2008. Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 9, n. 1, p. 57-71, jan./mar. 2009.
 SOUZA U.E.L.; PALIARI, J.C. Projeto de apoio ao programa de redução do desperdício na Construção Civil
em Santo André. 2000. Relatório Final (Pesquisa CONVÊNIO PCC/USP – PMSA – UNIABC) - Escola Politécnica,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2000.
 THOMAS, N. I. R.; GUIMARÃES, M. S. O.; BASTOS, D. Potenciais necessidade para a sustentabilidade ambiental
e melhoria das condições de trabalho em canteiros de obras habitacionais. In: XIV ENTAC. Juiz de Fora. Anais...
Juiz de Fora: ANTAC, 2012.
 ZANUTTO, T. D. Diagnóstico para subsidiar a gestão de resíduos da construção civil na cidade de São Carlos.
167 f. Dissertação (Mestrado em Construção Civil) - Universidade Federal de São Carlos, São Paulo, 2012.

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