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Pós-Modernismo

Brasileiro
3ª Série
Professor Solano
pós-Modernismo O pós-modernismo foi um dos movimentos literários com mais
vertentes diferentes! Nele, você pode encontrar desde uma poesia
desconstruída até música popular brasileira.

Também conhecido como a terceira fase do modernismo


brasileiro, o pós-modernismo foi um movimento que abrangeu
tanto a prosa como a poesia.
Contextualização O pós-modernismo abrangeu um período muito importante
da literatura brasileira. Em termos históricos, ela viu o fim da
Histórica Segunda Guerra Mundial, a ditadura de Vargas e a ascensão
da Ditadura Militar.

Sem falar nas mudanças tecnológicas que ocorriam cada vez


com mais rapidez.
Prosa pós-modernista
Dentro da prosa, houve três tendências muito fortes: a análise psicológica, o realismo mágico e
o regionalismo.
● Análise psicológica: consistia em dar ênfase aos problemas interiores das personagens.
Principalmente os que eram produzidos devido às misérias e opressões da sociedade e da
situação em que viviam. Para mostrar isso, os autores usavam uma linguagem objetiva,
direta e forte.
● Realismo mágico: consistia em enredos em que tudo parecia completamente normal,
parecido com o nosso cotidiano, e, de repente, algo mágico ou surreal acontecia. Nesse
gênero, o lógico e o ilógico coexistem sem que nenhum personagem se assombre.
● Regionalismo: por sua vez, é uma tendência que já vinha sendo usada há bastante tempo
pelos autores brasileiros e continuou firme e forte no pós-modernismo. Nele, o importante é
dar foco aos indivíduos que moram no interior do país e que, muitas vezes, lidam com a
miséria e a opressão. A intenção é dar voz a esses problemas sociais.
Guimarães Rosa
Guimarães Rosa é um grande exemplo de autor que soube usar, ao mesmo tempo, as três
vertentes citadas. O mineiro, acostumado com o sertão de seu estado, soube traduzir como
ninguém o interior de Minas Gerais em suas obras.
Para ele, o importante era falar sobre os problemas internos do ser humano e também sobre a
metafísica da vida: há sentido na existência? O Bem e o Mal existem? Há um Deus?
O autor ficou conhecido por criar novas palavras, os famosos neologismos. Seu estilo era
altamente estilizado e poético. Diplomata, chegou a estudar 24 idiomas e soube usar esse
conhecimento na hora de criar e utilizar palavras já conhecidas. Apesar de conhecer tantos
idiomas, ele transcreveu muito bem a fala coloquial dos sertanejos, jagunços e vaqueiros
mineiros.
Seus livros mais conhecidos são “Sagarana”, livro de contos, e sua obra-prima, o romance
“Grande Sertão: Veredas”.
trecho de “De primeiro, eu fazia e mexia, e pensar não pensava. Não possuía os prazos. Vivi
puxando difícil de difícil, peixe vivo no moquém: quem mói no asp'ro não fantasêia.
“Grande Sertão,
Mas, agora, feita a folga que me vem, e sem pequenos dessossegos, estou de range
Veredas”: rede. E me inventei nesse gosto de especular idéia. O diabo existe e não existe. Dou
o dito. Abrenúncio. Essas melancolias. O senhor vê: existe cachoeira; e pois? Mas
cachoeira é barranco de chão, e água caindo por ele, retombando; o senhor consome
essa água, ou desfaz o barranco, sobra cachoeira alguma? Viver é negócio muito
perigoso”
Crônica Pós- No período do pós-modernismo, a crônica ganha grande prestígio. A

Modernista ideia do gênero é transcrever momentos do cotidiano, dando ênfase


em seu lado pitoresco ou humorístico.

O importante não é o que aconteceu, mas o que pode ser tirado do


fato, como uma crítica social ou um comentário engraçado.

Alguns cronistas importantes da época são:

● Rubem Braga
● Fernando Sabino
● Carlos Drummond de Andrade
● Clarice Lispector
● Luis Fernando Verissimo
Poesia pós- Neste momento do Modernismo, ao mesmo tempo em que a

modernista liberdade formal - conquistada pelas gerações anteriores - é


aclamada pelo Concretismo, surgem outros poetas que desejam
escrever de formas diferentes.

Surge, então, uma poesia mais rigorosa, disciplinada, como a de


João Cabral de Melo Neto, e a poesia social, como a de Ferreira
Gullar, que buscava falar sobre a situação política e os problemas
internos dos indivíduos.
João Cabral de Melo Neto
Ele foi o poeta mais importante da geração de 45. Influenciado por Drummond e Murilo
Mendes, logo achou sua voz única: devido à sua formação de engenheiro, colocou toda a
precisão de um estudante de exatas em sua poesia.
Sua obra era seca e objetiva. Não havia floreios, mas apenas o que precisava ser dito.
Pernambucano, ele conhecia muito bem os problemas pelos quais o Nordeste brasileiro
passava. Dedicou diversos livros a falar sobre a miséria e a opressão pelas quais os
moradores do local vivenciavam. Alguns livros que falam sobre o tema: “O cão sem
plumas”, “Morte e vida Severina” e “O rio”.
A arquitetura como construir portas,
trecho do poema
de abrir; ou como construir o aberto;
“Fábula de um
Arquiteto” construir, não como ilhar e prender,

nem construir como fechar secretos;

construir portas abertas, em portas;

casas exclusivamente portas e tecto.

O arquiteto: o que abre para o homem

(tudo se sanearia desde casas abertas)

portas por-onde, jamais portas-contra;

por onde, livres: ar luz razão certa.


Concretismo Essa forma de escrever poesia surge na década de 1950. Fundada
por Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Décio Pignatari, a
ideia era continuar com a liberdade formal e transcendê-la - com o
fim dos versos e da sintaxe tradicional.

No Concretismo, o importante era a forma visual do poema – uma


referência às constantes e rápidas mudanças pelas quais o mundo
passava devido aos meios de comunicação de massa.
COCA-COLA
poema de Décio
Pignatari, B E BAC O CAC O LA
criticando uma
BAB E C O LA
famosa marca
de refrigerante: B EBAC OCA

BAB E C O LACAC O

CAC O

C O LA

C LOACA
Poesia social No pós-modernismo, ao mesmo tempo em que muitos estavam
felizes com a liberdade e a experimentação do Concretismo, outros
poetas só queriam uma linguagem discursiva, simples e direta.

Quem optava por esse estilo foi para a poesia social. O objetivo era
falar sobre o cotidiano dos indivíduos e os problemas que existiam
nele, principalmente no âmbito político.

Alguns grandes nomes desse período foram Geir Campos, Tiago de


Melo, Moacir Félix e, principalmente, Ferreira Gullar, que era
concretista mas migrou para a poesia social.
Veja um dos Uma parte de mim
poemas de é todo mundo:
Gullar:
outra parte é ninguém:

fundo sem fundo.

Uma parte de mim

é multidão:

outra parte estranheza

e solidão.
(ENEM/2015)
Leia o seguinte texto de Guimarães Rosa:Famigerado
Com arranco, [o sertanejo] calou-se. Como arrependido de ter começado assim, de evidente. Contra que aí
estava com o fígado em más margens; pensava, pensava. Cabismeditado. Do que, se resolveu. Levantou as
feições. Se é que se riu: aquela crueldade de dentes. Encarar, não me encarava, só se fito à meia esguelha.
Latejava-lhe um orgulho indeciso. Redigiu seu monologar.
O que frouxo falava: de outras, diversas pessoas e coisas, da Serra, do São Ão, travados assuntos,
insequentes, como dificultação. A conversa era para teias de aranha. Eu tinha de entender-lhe as mínimas
entonações, seguir seus propósitos e silêncios. Assim no fechar-se com o jogo, sonso, no me iludir, ele
enigmava. E, pá:
— Vosmecê agora me faça a boa obra de querer me ensinar o que é mesmo que é: fasmisgerado… faz-me-
gerado… falmisgeraldo… familhas-gerado…?
(ROSA, J. G. Primeiras estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988)
A linguagem
A. o narrador se cala, pensa e monologa, tentando assim evitar a
peculiar é um dos perigosa pergunta de seu interlocutor.
aspectos que B. o sertanejo emprega um discurso cifrado, com enigmas, como
conferem a se vê em “a conversa era para teias de aranhas".
Guimarães Rosa C. entre os dois homens cria-se uma comunicação impossível,
decorrente de suas diferenças socioculturais.
um lugar de D. a fala do sertanejo é interrompida pelo gesto de impaciência
destaque na do narrador, decidido a mudar o assunto da conversa.
literatura brasileira. E. a palavra desconhecida adquire o poder de gerar conflito e
No fragmento lido, separar as personagens em planos incomunicáveis.
a tensão entre a
personagem e o
narrador se
estabelece porque
Resposta: O ponto de vista é o de um narrador de primeira pessoa “Eu tinha de
entender-lhe as mínimas entonações, seguir seus propósitos e
Letra E silêncios.”- a quem se pergunta o significado de “famigerado.”
(Enem – 2013)
Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da pré-
história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que o
universo jamais começou.

[...]

Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever. Como começar pelo início, se as coisas
acontecem antes de acontecer? Se antes da pré-pré-história já havia os monstros apocalípticos? Se esta história não
existe, passará a existir. Pensar é um ato. Sentir é um fato. Os dois juntos – sou eu que escrevo o que estou
escrevendo. [...] Felicidade? Nunca vi palavra mais doida, inventada pelas nordestinas que andam por aí aos montes.

Como eu irei dizer agora, esta história será o resultado de uma visão gradual – há dois anos e meio venho aos poucos
descobrindo os porquês. É visão da iminência de. De quê? Quem sabe se mais tarde saberei. Como que estou
escrevendo na hora mesma em que sou lido. Só não inicio pelo fim que justificaria o começo – como a morte parece
dizer sobre a vida – porque preciso registrar os fatos antecedentes.

LISPECTOR, C. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998 (fragmento).


A elaboração de
uma voz narrativa A. observa os acontecimentos que narra sob uma ótica distante,
peculiar acompanha sendo indiferente aos fatos e às personagens.
a trajetória literária B. relata a história sem ter tido a preocupação de investigar os
de Clarice motivos que levaram aos eventos que a compõem.
C. revela-se um sujeito que reflete sobre questões existenciais e
Lispector, sobre a construção do discurso.
culminada com a D. admite a dificuldade de escrever uma história em razão da
obra A hora da complexidade para escolher as palavras exatas.
estrela, de 1977, ano E. propõe-se a discutir questões de natureza filosófica e
da morte da metafísica, incomuns na narrativa de ficção.

escritora. Nesse
fragmento, nota-se
essa peculiaridade
porque o narrador
Resposta: Na questão sobre o fragmento do livro “A hora da estrela”, de
Clarice Lispector, podemos perceber a preocupação em abordar os
Letra C aspectos relacionados com a composição do texto literário. A
peculiaridade da voz narrativa de Clarice mostra as reflexões
existenciais do sujeito em crise e também uma técnica de
construção do discurso muito presente na linguagem da escritora, o
“fluxo de consciência”, no qual a personagem deixa de narrar para
fazer reflexões acerca do próprio comportamento.

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