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«Na mão de Deus»

Louis Janmot, O anjo e a mãe (c. 1900).


Simbologia do lado direito de Deus

Segundo a Bíblia, os eleitos sentar-se-ão à direita de Deus

Pormenor do fresco do teto da Capela Sistina, de Miguel Ângelo (1508-1512).


Na mão de Deus, na sua mão direita,
Descanso na mão de Deus
Descansou afinal meu coração.
Do palácio encantado da Ilusão
Desci a passo e passo a escada estreita.
Abandono do Ideal
Como as flores mortais, com que se enfeita e da Paixão / Negação da Ilusão
A ignorância infantil, despojo vão,
Depus do Ideal e da Paixão
A forma transitória e imperfeita.

Como criança, em lôbrega jornada,


Que a mãe leva ao colo agasalhada
A vida como percurso adverso
E atravessa, sorrindo vagamente,

Selvas, mares, areias do deserto…


Dorme o teu sono, coração liberto, Sono profundo
Dorme na mão de Deus eternamente!
Versos 1-4

Simbologia:
o eu poético configura-se como
Na mão de Deus, na sua mão direita, um dos escolhidos de Deus
Descansou afinal meu coração.
Do palácio encantado da Ilusão
Desci a passo e passo a escada estreita. Sujeito  o coração do eu poético
descansou na mão de Deus
Metáfora:
Ilusão = Palácio encantado

A Ilusão:
conjunto de sonhos
não concretizados —
foi abandonada

Samuel Scott, Castelo de Ludlow (1765-1769).


Versos 5-12
O eu abandonou o Ideal e a Paixão

Sonhos alimentados
Como as flores mortais, com que se enfeita durante toda a vida,
A ignorância infantil, despojo vão, numa «ignorância infantil»
Depus do Ideal e da Paixão
A forma transitória e imperfeita.

Como criança, em lôbrega jornada,


Que a mãe leva ao colo agasalhada Adjetivos que destacam
E atravessa, sorrindo vagamente, o carácter ilusório
do Ideal e da Paixão:
Selvas, mares, areias do deserto… Flores mortais / despojo vão

Lôbrega jornada = vida



O sujeito poético vê a vida
como percurso adverso

Deseja o sono eterno
Versos 13-14

Dorme o teu sono, coração liberto, Coração livre


Dorme na mão de Deus eternamente! 
liberto da amargura provocada
pela busca vã dos ideais

Sono profundo — Libertar-se do transitório


estado de indiferença e do imperfeito

Figura divina

Refúgio

Louis Janmot,
O ideal (c. 1854).

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