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Mestrado em Direcção Estratégica em Engenharia de Software

Disciplina: TI036 – Tecnologia Web e Web Engineering

Actividade de Caso Prático

TEMA: APLICAÇÃO DE ONTOLOGIAS

Aluno: Jorge Miguel Neto


 
Data 26/08/2019
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Compreendendo a Ontologia
O termo "ontologia ” tem origem em um ramo da Filosofia (Metafísica), que estuda a
natureza do “ ser ” e a “ existência ” . Para os filósofos, Ontologia visa explicar todas as
coisas do mundo, estabelecendo sistematicamente sua linhagem conceitual. Já na
Ciência da Computação, o significado e finalidade desse termo são diferentes.

Uma ontologia pode ser definida como um conjunto de conceitos fundamentais e suas
relações, que capta como as pessoas entendem ou interpretam o domínio em questão e
permite a representação de tal entendimento de maneira formal, compreensível por
humanos e computadores (Mizoguchi, 2004).

O termo ontologia tem um sentido especial em organização da informação, diferente


daquele tradicional adoptado na filosofia. São diversas as definições apresentadas na
literatura e existem contradições.

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Compreendendo a Ontologia – cont1.

Em Ciência da Computação, mais especificamente no campo da Inteligência Artificial,


uma ontologia é constituída pelo seguinte (Mizoguchi, 2004; Isotani, 2009):

1.Um conjunto de conceitos essenciais resultantes da articulação do conhecimento


básico presente em um determinado domínio. Esses conceitos podem ser representados
usando um vocabulário especializado.

2.O corpo de conhecimento , que descreve o domínio utilizando os conceitos essenciais.

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Compreendendo a Ontologia – cont2.

Esses elementos que constituem uma ontologia são fundamentais para a criação de uma
estrutura que representa o conhecimento de um domínio.

Ontologias são utilizadas hoje em diversas áreas para organizar a informação. São
encontradas na literatura diversas definições para as ontologias, diversos tipos,
propostas para aplicação em diferentes áreas de conhecimento e propostas para a
construção de ontologias (metodologias, ferramentas e linguagens).

Tal diversidade tem dificultado a escolha e a utilização das técnicas disponíveis para a
manipulação de ontologias na organização da informação.

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Porque Usar as Ontologias
A concepção e uso das ontologias sempre fizeram parte da proposta da Web Semântica. Visto que elas estão no centro da
arquitectura proposta por Tim Berners-Lee e, ao longo da última década (2004-2014), têm-se mostrado uma das tecnologias-chave
na criação de aplicativos mais adequados para lidar com grandes quantidades de informações de maneira inteligente (Mcguinness,
2004; Horrocks, 2008).

De acordo com diversos autores, as ontologias oferecem o apoio necessário para resolver alguns dos problemas que cercam a
construção de tecnologias que utilizam bases de dados com representação formal (ou bases de conhecimento – do inglês
knowledge-bases), como a seguir (Mizoguchi, 2004; D’aquin and Noy, 2012; Devedzic, 2006):

Premissas básicas são deixadas implícitas nas bases de dados, com isso, impedindo a reutilização e compartilhamento do
conhecimento representado;

Não há modelos genéricos comuns sobre os quais possamos construir bases de dados e aplicativos de maneira simplificada;

Não há tecnologia viável que permita acumulação incremental dos dados (isto é , estender rapidamente a base de dados).

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Classificação das ontologias
As ontologias não apresentam sempre a mesma estrutura, mas existem características e
componentes básicos comuns presentes em grande parte delas. Mesmo apresentando
propriedades distintas, é possível identificar tipos bem definidos.

Os componentes básicos de uma ontologia são classes (organizadas em uma taxonomia),


relações (representam o tipo de interacção entre os conceitos de um domínio), axiomas
(usados para modelar sentenças sempre verdadeiras) e instâncias (utilizadas para
representar elementos específicos, ou seja, os próprios dados) (Gruber, 1996; Noy &
Guinness, 2001).

Logo, as ontologias classificam em:

Ontologia de Domínio;
Ontologia Superior;
Ontologia de Representação;
Ontologia de Aplicação;
Ontologia Genéricas;
Ontologia de Tarefas.
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Classificação das ontologias – cont1
 Ontologia de Domínio: que modela um domínio específico, ou parte do mundo. Representa
os significados dos termos aplicados ao domínio em questão. Por exemplo, a palavra “carta”
pode ter distintos significados. Uma ontologia sobre o domínio do jogo de pôquer poderia
modelar seu significado como uma “carta de um jogo”, enquanto uma ontologia de um serviço
postal poderia modelar seu significado como um “texto a ser entregue a um destinatário”, e
uma ontologia no domínio do hardware de computador poderia modelar com os significados.

 Ontologia Superior: é um modelo dos objectos comuns que são geralmente aplicáveis a uma
grande variedade de ontologias de domínio. Classifica diferentes categorias existentes no
mundo. Ela contém um glossário central que permite descrever termos em vários domínios,
que contém noções gerais independentes para o problema ou domínio. Existem várias
ontologias superiores padronizadas para uso, como: Dublin Core.

 Ontologia de Representação: capturam as representações das primitivas usadas para


formalizar o conhecimento numa dada família ou sistema.

 Ontologia de Aplicação: Descrevem conceitos que dependem tanto de um domínio


particular quanto de uma tarefa específica. Devem ser especializações dos termos das
ontologias de domínio e de tarefa correspondentes.

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Classificação das ontologias – cont2
 Ontologias Genéricas: São consideradas ontologias gerais. Descrevem conceitos mais amplos,
como elementos da natureza, espaço, tempo, coisas, estados, eventos, processos ou acções,
independente de um problema específico ou domínio particular. De acordo com Guizzardi,
pesquisas enfocando ontologias genéricas procuram construir teorias básicas do mundo, de
carácter bastante abstracto, aplicáveis a qualquer domínio (conhecimento de senso comum).

 Ontologia de Tarefas: Descrevem tarefas ou actividades genéricas, que podem contribuir na


resolução de problemas, independente do domínio que ocorrem, por exemplo, processos de
vendas ou diagnóstico. Sua principal motivação é facilitar a integração dos conhecimentos de
tarefa e domínio em uma abordagem mais uniforme e consistente, tendo por base o uso de
ontologias.

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Linguagens de representação

Quanto a representação formal consumida por computadores, existem algumas linguagens


para representação de ontologias (Patel-schneider, 2005) . Normalmente, usa-se lógica de
predicados, lógica descritiva ou linguagens baseadas em quadros (frames). No entanto,
linguagens mais expressivas (conhecidas como linguagens de descrição de ontologias) têm
sido propostas (Horrocks et al., 2003) . Actualmente, as linguagens mais populares para
descrever ontologias são RDF, RDF-S e OWL.

Resource Description Framework (RDF) é a especificação proposta pelo World Wide Web
Consortium (W3C) para descrever metadados. Ela permite criar triplas que contêm um nó
sujeito , uma relação chamada de predicado e o nó objeto (sujeito, predicado, objeto).

Mediante essa tripla, é possível indicar a relação entre dados e usá-la para representar a
semântica contida neles. Por exemplo, é possível indicar a relação entre um autor e seus
livros de forma que não apenas pessoas compreendam o significado dessa relação, mas que
computadores também possam compreendam esta informação. RDF fornece uma maneira
simples de representar triplas.

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Linguagens de representação – cont.
As linguagens utilizadas na especificação de ontologias podem ser divididas em três tipos, nomeadamente:

 Linguagens de ontologias tradicionais;


Linguagens padrão Web; e,
 Linguagens de ontologiasWeb-based.

Linguagens de ontologias tradicionais: Ontolíngua, F-Logic, CML, OCML, Loom, KIF.

Linguagens padrão Web: XML, RDF.

Linguagens de ontologias Web-based: OIL, DAML+OIL, SHOE, XOL, OWL

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Conclusão
Portanto, ontologia é um “catálogo de tipos de coisas” em que se supõe existir um
domínio, na perspectiva de uma pessoa que usa uma determinada linguagem (Sowa, 1999).
Trata-se de “uma teoria que diz respeito a tipos de entidades e, especificamente, a tipos de
entidades abstractas que são aceitas em um sistema com uma linguagem” (Merriam-
Webster; Gove, 2002* apudCorazzon, 2002, p. 1).

O desenvolvimento de ontologias para a Internet levou ao surgimento de serviços que


disponibilizam listas ou directório de ontologias com mecanismos de buscas. Estes
mecanismos foram chamados de bibliotecas de ontologias.

Nesse âmbito, a ontologia tem um papel importante na normalização de conceitos e nas


relações semânticas entre eles. O histórico do termo ontologia, mencionado
primeiramente na Filosofia, tem origem na Metafísica, que é conceituado como o estudo
do ser enquanto ser. Contudo, junto com a evolução do homem e do seu conhecimento, a
palavra Ontologia teve o seu conceito original alterado à medida que foi emprestada a
outras áreas do conhecimento.

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Referências:
Material de estudo da disciplina TI036 - Tecnologia Web e Web Engineering.

ALMEIDA, M; BAX, M. Uma visão geral sobre ontologias: pesquisa sobre definições, tipos,
aplicações, métodos de avaliação e de construção. RevistaCiênciadaInformação, 32(3), 2003.

FALBO, R. A. Integração de Conhecimento em um Ambiente de Engenharia de


Software. PhD thesis, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1998

FELICÍSSIMO, C. H; SILVA, L. F; BREITMAN, K. K; LEITE, J. C. S. Geração de


ontologias subsidiada pela engenharia de requisitos. In: Luis Eduardo Galvão Martins.

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