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CRITÉRIOS DE CONTRATAÇÕES E DE MEDIÇÕES

Há diversas modalidades de contrato de mão de obra para a construção civil, como preço fechado,
administração e pagamento por homem-hora. Mesmo que o contrato principal da obra tenha sido
feito, digamos, por administração ou por preço fechado (“turn-key”) costuma-se sub-empreitar tarefas
para empresas menores ou mesmo para profissionais autônomos.

Quando se trabalha no sistema de tarefas é preciso conhecer as normas e costumes das obras em
relação à forma de medição. Se possível, faça um contrato por escrito com o empreiteiro especificando
como e quando será feita a medição, para evitar problemas na hora do pagamento. As medições
efetuadas também devem constar como anexo ao contrato, descriminando quando foi feita, qual a
quantidade encontrada e o quanto foi pago por ela.
SUGESTÕES PARA CRITÉRIO DE MEDIÇÕES:

Escavação manual Blocos e Baldrames -- Para altura de escavação até 80cm, acrescentar 30cm de cada lado às
dimensões da peça. Para altura de escavação acima de 80cm considerar como se fosse escavação do talude com
inclinação 1:2 acrescida de 30cm de cada lado às suas dimensões. Se for um terreno muito duro ou muito mole
deve-se negociar estes parâmetros

Escavação de Vala -- Medição feita pelo volume medido (“cubicado”) no corte. Para o transporte do material é
preciso considerar o empolamento (aumento de volume), que depende do terreno mas que fica em torno de 30%.

Reaterro -- O volume do reaterro será a diferença entre o volume escavado e o volume do concreto lançado na vala,
considerando-se o concreto masgro de lastro e também o concreto estrutural.

Lastro de Concreto -- Calculado pela área. Em relação às dimensões dos blocos e baldrames em contato com o solo,
acrescentar 5cm para cada lado.

Alvenaria -- Descontar apenas a área que exceder a 2,00m² em cada vão. Por exemplo: calcula-se a área da parede
inteira, depois desconta-se os vãos; para aqueles com 5,00m² serão descontados apenas 3,00m². A área de 2 m² é
devido ao trabalho que o pedreiro terá para requadrar o vão.

Chapisco -- Descontar os vãos não aplicados, linearmente e sem desconto. Neste caso, não é preciso descontar pois
o chapisco não requer trabalho adicional algum quando há vãos na parede.
Emboço e Reboco -- Descontar a área que exceder, em cada vão, a 2,5m². Se houver elementos
decorativos, multiplica-se por 2 a área calculada.

Azulejos -- Medir a área efetivamente aplicada, descontando os vãos.

Pastilhas e Cerâmicas -- Medir a área efetivamente aplicada, descontando os vãos.

Revestimento de Pisos -- Medir a área efetivamente aplicada, descontando os vãos.

Revestimento de Soleiras e Peitoris -- Medir a medida linear efetiva, descontando vãos.

Pintura

A medição de pintura segue aproximadamente os mesmos padrões utilizados para revestimento com
massa, as variações dependem do tipo de tinta e do local.
Latex em parede -- Não descontar vãos até 2,00m².
Latex com massa acrílica -- Descontar todos os vãos.
Esquadrias de madeira -- Se tiver batente, multiplicar a área do vão-luz por 3. Onde não houver batente,
multiplicar a área do vão-luz por 2.
Venezianas e persianas de enrolar -- Multiplicar a área do vão-luz por 5.
Esquadrias de ferro -- Medir a área do vão-luz
Portas e grades de enrolar -- Multiplicar a área do vão-luz por 2,5.
Estruturas de aço -- Medir a área de projeção no plano horizontal
Estruturas de Concreto

As estruturas de concreto são medidas pela planta de fôrmas ou, excepcionalmente, no próprio local da
execução. Para simplificar os cálculos, pode-se medir entre eixos, ou seja, de meio de viga a meio de viga, mas se
for necessário um cálculo mais preciso deve-se medir de face a face.

Em geral, os carpinteiros são pagos por empreitada ou por área de forma, os armadores por Kg de ferro aplicado,
e o pessoal que lança o concreto é remunerado por m³ lançado ou por homem-hora.

Assim, para fazer um orçamento prévio ou contrato por empreitada, é necessário fazer a medição na planta e,
para medições parciais de serviços prestados, mede-se também na planta ou na própria obra. Veja alguns índices
médios de consumo nas estruturas de concreto, para facilitar seus cálculos:

Peso do Aço -- 80 a 120 kg/m³ de concreto aplicado

Área de formas -- 10 a 12 m²/m³ de concreto aplicado

Agregados para concreto -- A soma dos volumes de Areia + Brita 1 + Brita 2 para a preparação de 1 m³ de
concreto é de 1,670m³
Existem diversos livros que trazem tabelas de medição e consumo de materiais em obra, um dos mais usados é o
famoso TCPO: Tabelas de Composições de Preços para Orçamentos da Editora Pini.

ERROS USUAIS NA FALTA DE CONHECIMENTO DE CRITÉRIOS DE MEDIÇÃO E ORÇAMENTOS.

Todo serviço de uma obra precisa ser quantificado para fins de orçamento e posteriormente medido para
pagamento pelo trabalho executado. Essa quantificação, contudo, tem que obedecer a critérios bem conhecidos e
previamente definidos entre as empresas contratantes.
Uma importante tarefa do engenheiro de custos ao preparar o orçamento da obra e fazer a medição mensal é
entender bem os critérios de medição e pagamento utilizados pela empresa contratante. O curioso é que esses
critérios não são universais, o que requer que, para cada contrato, o assunto seja revisitado e conhecido.

Vou dar três exemplos que pegam muita gente: alvenaria, pintura e escavação.
Alvenaria

Quantos metros quadrados de alvenaria tem a parede abaixo?


Tem 15 m² ou menos? Descontam-se os vãos? Todos eles?
Não existe uma resposta certa. A resposta certa é aquela que obedece aos critérios de medição e pagamento do
órgão contratante ou do sistema de custos empregado. O SINAPI, por exemplo, diz o seguinte:

Nesse caso, a área total para fins de medição da parede será 10,92 m², pois serão descontados os vãos da porta e
da janela. Então, se sua obra é um empreendimento do Projeto Minha Casa Minha Vida, é essa sistemática que
deverá ser seguida. Não adianta vir argumentar que são 15 m², porque o argumento não vinga.

Considere, agora, que sua obra é regida pelos critérios de medição e pagamento do TCPO. Aqui a coisa muda de
figura, porque a regra é distinta: desconta-se apenas a área que exceder a 2 m² em cada vão. A lógica desse critério
é que o trabalho que o pedreiro tem para fazer o esquadro e o arestamento de um vão de 2 m² é o mesmo
trabalho que teria se fosse preencher esse vazio com alvenaria.

Qual seria, então, a área para fins de medição? 15 – [(1,20 x 2) – 2] – 0 = 14,60 m²

Veja que diferença! Agora pense nessa diferença amplificada para um edifício de 10 andares…
Como resolver essa aparente contradição? A resposta é: trabalhando com os índices da composição de custos. Não
é que o resultado vá dar diferente, o montante total é o mesmo, o que muda é a base de cálculo.
Pintura

Pintura é um serviço que admite mil variações de tinta e substrato. Vamos nos concentrar primeiro na
pintura de esquadria, considerando a porta e a janela de madeira da figura acima. Qual a área de
pintura para fins de medição? É a área em projeção ou tem que se adicionar alguma coisa por causa do
batente? E se a porta for almofadada?

Bem, o conselho é: consulte sempre a regra em jogo naquela obra específica. Se o orçamento for feito
com base no TCPO, a regra é:

* Portas ou janelas guilhotina com batente: multiplicar a área do vão-luz por 3;


* Portas ou janelas guilhotina sem batente: multiplicar a área do vão-luz por 2;
• Caixilhos com veneziana: multiplicar a área do vão-luz por 5.

A adoção desses critérios facilita o entendimento entre contratante e contratado. Uma vez eu vi um
estagiário quebrando a cabeça para calcular a área de um portão de ferro com balaústres. O
empenhado futuro engenheiro estava recorrendo a uma integral complicada para calcular a área lateral
de um paraboloide de revolução. Será que precisa disso mesmo?
Escavação

Mudando o foco para um serviço de movimento de terra, pensemos num projeto que exija a escavação de 1.000 m³
do terreno natural para aterrar uma depressão. Esses 1.000 m³ de solo darão origem a 1.300 m³ de material solto, em
cima do caminhão. Quando esse material for, enfim, compactado na praça do aterro, a seção final terá 800 m³.

Qual o volume a ser pago de escavação: 1.000, 1.300 ou 800 m³? E como fazer com o transporte, estará contemplado
no custo da escavação ou não?

A resposta vem do critério de medição que reja a obra. Supondo que sejam as especificações do DNIT, a regra é: a
medição dos serviços levará em consideração o volume de material extraído e respectiva dificuldade de extração –
medido e avaliado no corte (volume in natura), e a distância de transporte percorrida, entre o corte e o local de
deposição.

Nota-se que o DNIT paga o serviço de escavação englobando carga e transporte, o que significa que todas essas
operações devem ser computadas na composição de custo do serviço. De forma esquemática, o referido serviço será
medido como 1.000 m³ (volume de corte), porém nesse custo deverá estar incluído o transporte de 1.300 m³ de solo
solto (a quantidade de horas/viagens de caminhão será calculada em função dos 1.300 m³, é lógico). E o aterro? Bem,
como essa operação não está abrangida no serviço escavação, ele deverá figurar em outro item da planilha.
DICA quando pegar um projeto e se familiarizar com ele, vá ler a seção do edital referente aos
critérios de medição e pagamento. Isso fará com que você não incorra em erros graves.

Um engenheiro “achou” que o telhado inclinado de R$1 milhão da obra seria pago como 10.000 m² de telhado
(extensão real, medida ao longo da hipotenusa) e cobrou R$100/m². No entanto, o critério de medição da obra
estipulava que o telhado seria pago em projeção horizontal. Essa trigonometria aí quebrou o orçamento do
engenheiro…

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