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REPRESENTAÇÃO CRIMINAL

Profa. Carol Ramos


Conceito

• Trata-se de condição específica de procedibilidade nos crimes de ação Penal

Pública Condicionada.

• Conforme prevê o artigo 100, §1 do CP, os crimes de ação pública condicionada

são crimes em relação aos quais o legislador condiciona a persecução penal à

manifestação explícita do ofendido, no sentido de permitir atuação estatal.

• São casos nos quais, ainda que o interesse na punição seja público, o

ajuizamento da ação pode provocar danos ainda maiores à vítima, motivo pelo

qual cabe a esta exarar um juízo de conveniência e oportunidade, autorizando o

poder público a agir por meio de “representação”.

• Sem ela, nem o inquérito policial pode ser iniciado (art. 5º, § 4º, do CPP), nem o

Ministério Público pode oferecer denúncia (art. 24, caput, do CPP).


Cabimento
• Artigo 24 do CPP:
“ Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia
do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de
requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do
ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
§ 1o  No caso de morte do ofendido ou quando declarado
ausente por decisão judicial, o direito de representação passará
ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão”.  (CADI)
Competência
• Conforme explicita o artigo 39, caput, do CPP, o direito de representação
poderá ser exercido mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao
órgão do Ministério Público ou à autoridade policial.
Quando endereçada ao Magistrado, este deverá encaminhá-la ao delegado,
requisitando a instauração de inquérito policial (art. 39, § 4º, do CPP).
Da mesma forma, deve proceder o promotor, salvo se, com a
representação, forem oferecidos elementos que o habilitem a proceder a
ação penal (art. 39, § 5º, do CPP), de modo que, no mais das vezes,
oferecida a representação, deve ser instaurado inquérito policial para
apuração do fato narrado, motivo pelo qual o mais comum é que seja feita
diretamente à autoridade policial competente para fazê-lo.
Legitimidade
• A legitimidade para oferecer a representação é do ofendido, posto que a ação
condicionada à representação visa resguardar sua privacidade, pois caso não deseje
se expor a processo, é a ele que cabe, se lhe convier, autorizar a propositura da ação
penal.
Poderá fazê-lo pessoalmente ou por seu procurador, mas se exige, nesse caso, que
este esteja munido de procuração com poderes especiais para o ato (arts. 24 e 39 do
CPP).
Sendo incapaz, a legitimidade será transferida para seu representante legal, e no caso
de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de
representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (art. 24, § 1º, do
CPP).
Prazo
• O prazo é de 6 (seis) meses, salvo disposição em contrário, o ofendido
decairá do direito de representação se não o exercer dentro deste prazo.
• Início da contagem será a partir do dia em que o ofendido vier a saber
quem é o autor do crime (art. 38 do CPP).
• Atenção: o prazo decadencial, nesse caso, é tão somente para o
oferecimento da representação, e não para a propositura da própria ação
penal pelo Ministério Público.
Portanto, desde que o ofendido tenha representado, ainda que perante a
autoridade policial, no curso dos 6 (seis) meses de prazo, pouco importa a
data de encerramento do inquérito ou do oferecimento da denúncia (desde
que, evidentemente, não tenha havido prescrição do crime em tela).
Desistência

• Uma vez tendo oferecido a representação, caso o ofendido desista de


autorizar a movimentação da máquina estatal, poderá retratar-se,
invalidando-a.

• A lei impõe, no entanto, como limite temporal para a retratação até


oferecimento da denúncia, após o que se torna irretratável (art. 25 do
CPP).
Forma
• Como simples autorização que é, a representação não exige forma
sacramental, podendo ser feita, inclusive, oralmente à autoridade (delegado
de polícia, juiz ou Promotor de Justiça), sendo nesse caso reduzida a termo.
• O artigo 39, § 2º, do CPP determina apenas que a representação conterá
todas as informações que possam servir à apuração do fato e da autoria.
Art. 39: “O direito de representação poderá ser exercido,
pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante
declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério
Público, ou à autoridade policial.
§ 2o  A representação conterá todas as informações que possam
servir à apuração do fato e da autoria.”
Teses e pedidos
• O ofendido pretenderá, evidentemente, demonstrar a ocorrência de crime de
ação penal pública condicionada e, salvo se já possuir elementos probatórios
suficientes, deverá requerer a instauração de inquérito policial para a sua
apuração e futura instauração do processo respectivo contra quem
supostamente é o autor da infração penal.

• É possível também, com o escopo de auxiliar na comprovação da autoria e


materialidade delitivas, requerer a oitiva da vítima e de testemunhas na
representação.
Endereçamento
A representação pode ser endereçada a autoridade policial, ao próprio
juiz ou ao membro do Ministério Público.
- Ao delegado: “Ilustríssimo Senhor Doutor Delegado de Polícia
Titular do Distrito Policial de...”
- Ao Juiz: “Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara
Criminal da Comarca de ”.
- Ao Promotor: “Ilustríssimo Senhor Doutor Promotor de Justiça
Titular da Promotoria de Justiça de ”.
Legitimidade no caso de Funcionários Públicos

Admite-se uma dupla legitimidade (concorrente), de forma que o


funcionário publico ofendido pode oferecer Representação ou ingressar
ele mesmo com a queixa-crime
Súmula 714 do STF:
“É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do
ministério público, condicionada à representação do ofendido, para a
ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do
exercício de suas funções.”
Atividade proposta
Carlos, funcionário público há mais de 10 anos, foi ofendido em sua honra
por seu colega de trabalho José.
Em uma tarde de trabalho na repartição pública da prefeitura, José após
acalorado debate com Carlos, desentendeu-se com este por divergências
políticas, imputando-lhe o crime de “corrupção passiva”, dizendo, na presença
de vários outros colegas da repartição como Maria, Antônio e João, que Carlos
recebia vez por outra “propina”, que era um safado corrupto, indigno do cargo
que ocupava.
Carlos inconformado com a atitude do colega o procura como advogado para
que possa representar contra o agressor, requerendo a instauração do
competente Inquérito Policial para que, posteriormente, possa ser promovida a
persecução penal contra o Representado.

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