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História da Interpretação Bíblica

História da Interpretação na
Reforma Protestante: Sola Scriptura.
LEITURA DAS
ESCRITURAS NA
REFORMA
PROTESTANTE

Formas de se ler a Bíblia


Questões preliminares
Do final do século XV ao início do XVI a Europa passa por um
período de renascimento das letras (Humanismo).

Lorenzo Valla (1407-1457) - Contra falsas Decretais –


Pseudo-Isidoriadas.
Questões preliminares
Erasmo de Roterdã (1466-1536) –

Elogio da Loucura (1509/1511) -

Novo Testamento (1516) -


Lutero e as Escrituras
MARTINHO LUTERO

1. Lutero começou a estudar as línguas originais e


ensinar a Bíblia no vernáculo. Aos poucos foi
descobrindo a verdadeira autoridade única da
Bíblia.

2. Aos 29 anos tornou-se professor em Wittenberg


(1512).

3. De 1513 a 1515 deu aula sobre Salmos; de 1515


a 1517, sobre Romanos e depois, Gálatas e
Hebreus. Romanos 1.17 foi marcante na vida de
Lutero – “o justo viverá pela fé” (Hc 2.4).
Edições
A edição de Weimar de obras dedas Obras de também
Lutero , Lutero conhecido como o Weimarer
Ausgabe ( WA ), é uma edição completa crítica de todos os escritos de Martin Luther e
suas declarações verbais, em latim e alemão. O título oficial desta edição é D. Martin
Luthers Werke: kritische Gesammtausgabe. Também estão incluídos os de
Lutero Table Talk ( Tischreden ), Letras ( Briefe ) e Tradução da Bíblia ( Die deutsche
Bibel ). Os três subsérie (Tischreden, Deutsche Die Bibel, e Briefwechsel) são
contados separadamente.
Edições das Obras de Lutero
O editor foi Hermann Böhlau de Weimar.
Volumes posteriores foram publicados por
H. Böhlaus Nachfolger. Ao longo dos 120
anos muitos editores têm colaborado para
preparar o conteúdo, que não foram
publicados em ordem cronológica exata.
Edições das Obras de Lutero
Wiemar - O trabalho editorial na WA começou em 1883, no aniversário 400 de Lutero.
O trabalho foi concluído em 2009 em 121 volumes com aproximadamente 80.000
páginas. 

O WA é dividido em quatro séries:

Abt. 1 Schriften / Werke ( escritos / obras ), 72 volumes ( abreviatura: WA);

Abt. 2 Tischreden ( tabela Discussão ), 6 volumes ( abreviatura: WA TR)

Abt. 3 Die deutsche Bibel ( A Bíblia alemão ), 15 volumes ( abreviatura: WA DB)

Abt. 4 Briefe / Briefwechsel ( correspondência ), 18 volumes ( abreviatura: WA BR).

WA é também disponível on-line. O WA é uma edição abrangente de todas as obras de


Martin Luther. É a única edição existente com todas as obras de Martin Luther
Edições das Obras de Lutero
Luther’s Works – 55 volumes – Dos 55 volumes da edição
americana das obras de Lutero, 33 deles correspondem a
escritos exegéticos do reformador alemão.

Ex. 8 volumes só para Gênesis.


Edições das Obras de Lutero
PRODUÇÃO LITERÁRIA
Lutero escreveu diversos Sermões, Comentários Bíblicos, Cartas, Tratados....

http://www3.est.edu.br/biblioteca/indice_lutero.htm#WA

A Ordem do Culto

O livro de Batismo

O livro de Bênção Matrimonial

A Missa Alemã

Catecismo Maior (para pastores)

O Sermonário

De servo arbitrio (A vontade cativa – Nascido escravo)

Dos judeus e suas mentiras -


https://ia600700.us.archive.org/35/items/80233877DosJudeusESuasMentirasEd.Revisao/80233877
-Dos-Judeus-e-Suas-Mentiras%20Ed.%20Revisao.pdf
Apenas 2 outros teólogos na história da Igreja
aproximam-se da estatura de Lutero, são eles:
Agostinho e Tomás de Aquino.
Reforma Protestante e as Escrituras

Uma marca indelével da Reforma foi a defesa das Escrituras


como a autoridade máxima da cristandade (Sola Scriptura).

Andreas von Karlstadt chegou a escrever 380 teses sobre a


supremacia das Escrituras (1520).
Reforma Protestante e as Escrituras
Era necessário expor a Bíblia de
um modo que tornaria claro seu
verdadeiro sentido.

A língua vernacular ganha espaço.

Rejeitou-se a alegoria.

Se tornou fundamental defender


uma posição teológica específica com
base do ensino bíblico. Abalou a
supremacia papal, a teologia
sacramental.
Reforma Protestante e as Escrituras
Métodos –

Os reformadores desenvolveram métodos de


análise textual usados ainda hoje (Calvino, Lutero
ainda são considerados).

A Bíblia é a única regra em questão de fé;

A Bíblia precisa ser lida em um contexto


teológico;

A Bíblia reflete um sistema de pensamento


coerente;

Privilegiou-se os estudos nas línguas originais;


Reforma Protestante e as Escrituras
Em termos patrísticos, os reformadores tinham
certa inclinação antiocana na teologia, em sua maior
parte a Bíblia deveria ser interpretada de forma literal;

Foram contrários a uma interpretação alegórica do


AT.

A Bíblia, Naquilo que não é claro, deve ser


interpretada de acordo com a analogia da fé (as
partes mais claras ajudam a interpretar as obscuras);

Surgiram inúmeras controvérsias – Ceia, batismo


infantil, utilização de certos livros bíblicos....

Deve-se considerar o testemunho interno do


Espírito Santo;
A hermenêutica de Lutero
1. O sentido literal das Escrituras é também
o sentido espiritual;

2. A Bíblia é a Palavra de Deus em forma


escrita, que aponta para a palavra de
Deus encarnada em Jesus Cristo – calçou
uma lente cristológica;

3. A Bíblia contém 2 elementos opostos, mas


mutuamente complementares, a Lei e o
Evangelho. Aqui há uma nítida separação
com a tradição calvinista;
A hermenêutica de Lutero
Os pilares apresentados por Lutero para um indivíduo ser um bom teólogo:

ORATIO -

A nossa teologia deve começar e terminar com os nossos joelhos dobrados diante de
Deus;

MEDITATIO –

É fundamental termos um contato diário com as Escrituras Sagradas, lê-la


diariamente, alimentar-se da Palavra divina que é luz e lâmpada para os nossos pés.
A hermenêutica de Lutero
TENTATIO –

Um bom teólogo é aquele que tem consciência que é falível,


sujeito a tentação como qualquer outra pessoa;

EXPERIMENTIA -

A boa teologia deve nos conduzir a uma prática diária;

OCCASIO (oportunidade) –

Estejam atentos as oportunidades que baterão às portas, mas


lembrem-se, não somos guiados por vistas, aquilo que os
homens creem ser sucesso, pode ser para a perspectiva
celeste, ruína, queda;
A hermenêutica de Lutero
SEDULA LECTIO (estudo cuidadoso do texto) –

Separe tempo para estudar o texto com zelo, cuidadosamente. Esgote todas as
ferramentas disponíveis, como também a sua capacidade de compreensão, contudo,
sempre estejam cientes que há silêncios nas Escrituras e não caberá a você quebrá-los;

BONORUM ARTIUM COGNITIO (conhecimento das boas artes/ciências) –

Seja um teólogo das letras, das ciências, amplie seus horizontes, mas cuidado para não
se encantarem com tais conhecimentos, como infelizmente muitos têm feito.
Interpretações teológicas em Martinho Lutero
Não quis fundar uma seita -
Certa vez Lutero foi acusado de ter criado a seita "luterana", daí ele
respondeu:

"O que é Lutero? A doutrina não é minha.....Como eu, pobre e fedorento


saco de vermes, poderia designar os filhos de Cristo com meu
desgraçado nome? Nada disso, caros amigos, eliminemos os nomes
partidários e designemo-nos de cristãos, do qual temos o ensinamento".
Interpretações teológicas em Martinho Lutero
Tinha uma alta estima pela palavra de
Deus – acima da Tradição da Igreja:

“Simplesmente ensinei, preguei, escrevi a


Palavra de Deus; não fiz mais nada. E então,
enquando eu dormia, ou bebia cerveja de
Wittenberg com meu Filipe e meu Amsdorf, a
Palavra enfraqueceu tão intensamente o
papado que nenhum príncipe ou imperador
jamais fez estrago assim. Não fiz nada. A
Palavra fez tudo”. (Teol. Reformadores, p.55)
Interpretações teológicas em Martinho Lutero
No Cativeiro Babilônico da Igreja
(1520), Lutero afirma a importância
das Escrituras:

“O que for afirmado sem as Escrituras


ou sem uma revelação comprovada
pode ser considerado opinião, mas
não precisamos crer nisso”.

Lutero não rejeita a Tradição.


Interpretações teológicas em Martinho Lutero
O conhecimento da língua original fez
toda a diferença em Lutero.

Ex. Mt 3.2; Lc 3.8 – Sobre a tradução da


palavra Metanoia por Penitentia.

“Cita Lc 3.11. Não vês que, como


penitência, ele não impôs senão a
observância dos mandamentos de
Deus, e que, por isso, quis que sob
“penitência” fossem entendidas tão-
somente a conversão e a mudança para
uma nova vida?” (p.73).
Interpretações teológicas em Martinho Lutero
A teologia de Lutero era ao mesmo tempo bíblica, existencial e
dialética.

Era um teólogo bíblico, pois era professor de exegese, sobretudo


do AT em Wittenberg.

Com isso, rompe com a teologia escolástica voltando-se para o


texto bíblico.
Interpretações teológicas em Martinho Lutero
Se tornou um profundo cético/crítico em relação do valor da filosofia
(Aristóteles) na atividade teológica.

AS 97 TESES
Não mais querendo assistir aulas sobre as Sentenças de Pedro
Lombardo, redige essas teses (contra Gabriel Biel, prof. de
Tubingen) e ordena que um de seus alunos, Francisco Gunter
de Nordhausen, um candidato ao bacharelado em teologia,
promovesse um debate sobre elas (4 de Setembro de 1517).

Essas Teses significam o indício da ruptura com o


escolasticismo.
Interpretações teológicas em Martinho Lutero
Ao Criticar a Escolástica, critica a filosofia de Aristóteles – representados na
teologia de Tomás de Aquino (XIII), Duns Escoto (+1308) e Guilherme de Occam
(+1349), esta última corrente conhecida por via moderna.

Lutero liberta a teologia da lógica filosófica.


Interpretações teológicas em Martinho Lutero
97 TESES -
41. Quase toda a “Ética de Aristóteles” é a pior
inimiga da graça;

43. É um erro dizer que, sem Aristóteles,


ninguém se torna teólogo;

47. Nenhuma fórmula silogística subsiste em


questões divinas;

49. Se uma fórmula silogística subsistisse em


questões divinas, o artigo sobre a Trindade seria
conhecido, em vez de ser crido.
Interpretações teológicas em Martinho Lutero
AS 95 TESES
1.Em 1517, Teztel, o astuto agente dominicano, começou a vender indulgências
em Juterborg, próximo de Lutero.

2.Lutero e seus seguidores decidiram fazer um protesto público contra essa e


outras pátricas, além de escrever uma carta e enviar as Teses para o Arcebispo
Alberto de Mogúncia, que encaminha o caso para Roma.
Interpretações teológicas em Martinho Lutero
1.Em 31 de outubro de 1517, Luterou afixou suas 95 Teses no quadro de mural da
Universidade, as portas da Igreja de Wittenberg.

Foi um convite para um debate nos meios acadêmicos e não uma afronta a
igreja.

Nelas condenava os abusos da Igreja, contudo, não condenava as


indulgências em si (não correspondia ao perdão dos pecados, mas das penas
impostas pela Igreja, correspondente ao purgatório, pois ao inferno era
decorrente da vontade de Deus), e muito menos o papa, mas a sua autoridade
para perdoa pecados.
Interpretações teológicas em Martinho Lutero
Contra a autoridade irrestrita do papa (6-9);

Contra as indulgências aos mortos (11-13);

A salvação, as indulgências e o papa (20-21,24, 26-28);

A individualidade cristã, respeito e isenção do papa (36-38, 42)

Defesa do papa (48-53, 89-91);

Contudo, reconhece a ostentação papal (86).

O foco deve ser Cristo (94-95).

Em 1518 publica um Sermão:

Sobre as Ingulgências e a graça.

Ninguém apareceu para o debate, mas logo ganhou grande repercussão.


Interpretações teológicas em Martinho Lutero
O Debate de Heidelberg -

1. Convocado por Staupitz em 1518.

2. Convidado para dirigir Lutero formula 28 Teses teológicas e 12


Teses filosóficas.

3. A Teologia da Cruz de Lutero (19-21) – a verdadeira teologia não


reconhece em seu poder,mas no sofrimento e na fraqueza, no
Cristo crucificado.

4. Depois de Luder descobrir a liberdade (Euleutheria), passará


assinar como Luther. Envia uma carta a Espalatino, secretário do
príncipe: Martinus Eleutherius – Passando a chamar-se: Martinho
Lutero.
Questões teológicas em Martinho Lutero
Sobre a Tradução das Escrituras:

Martin Luther. Carta Aberta do Dr. Martinho


Lutero a Respeito da Tradução e da
Interpretação dos Santos. In Nestor Beck,
editor, Martinho Lutero-Obras

Selecionadas, volume 8, páginas 197–220.


Sinodal, São Leopoldo, 2003. Traduzido por
Walter Schlupp.
Interpretações teológicas em Martinho Lutero
Durante sua residência forçada no castelo de Wartburg, de maio de 1521 a março
de 1522, servindo-se do Novo Testamento grego, feita por Erasmo, completou a
tradução do NT para o alemão (em 10 semanas), traduzindo em média 10 páginas
por dia. A Bíblia foi traduzida toda para o alemão em 1534. Além disso, serviu para
padronizar a língua alemã.

Lutero escreveu ainda Sobre os Votos Monásticos, levando freiras e monges a


repudiarem seus votos, deixarem a clausura e se casarem.
Interpretações teológicas em Martinho Lutero
Procurou restaurar a ordem Fé e Razão – contra a ordem
Escolástica – Razão e Fé.

A razão precisa ser iluminada, incorporada à fé.

Não se deve ir à Bíblia pela razão simples para compreendê-la.


Interpretações teológicas em Martinho Lutero
Teologia existencialista de Lutero – Coram Deo – diante de
Deus – na presença de Deus.

Em toda a esfera humana Deus está presente.

Isso leva à uma vida de devoção.

Christus pro Me – Cristo se deu por mim. Único meio de reaver o


relacionamento com Deus perdido com o pecado.
Interpretações teológicas em Martinho Lutero
Anfechtung – tentação, pavor, desespero, sensação de perdição
– a vida cristã é cheia de conflitos que devem nos conduzir para
Deus e considerar a nossa finitude.

“Não aprendi minha teologia toda de uma vez, mas tive de buscá-
la mais a fundo, onde minhas tentações (Anfechtungen) me
levavam (...) Não a compreensão, a leitura ou especulação, mas
o vivevr, ou melhor, o morrer e o ser condenado fazem um
teólogo”.
Interpretações teológicas em Martinho Lutero
A fé genuína e a verdadeira teologia são forjadas sobre a bigorna da tentação,
porque só a experientia faz um teólogo.

A 3° marca da teologia de Lutero era o seu caráter dialético.

Lei e Evangelho, ira e graça, fé e obras, carne e espírito, coram Deo e coram
cosmo, liberdade e escravidão, Deus oculto e Deus revelado.

Esses dualismos marcam a teologia de Lutero.


Interpretações teológicas em Martinho Lutero
JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ –

“comecei a entender que “a justiça de Deus”


significava aquela justiça pela qual o homem
justo vive mediante o dom de Deus, isto é,
pela fé. É isso o que significa: a justiça de
Deus é revelada pelo evangelho, uma justiça
passiva com a qual o Deus misericordioso
nos justifica pela fé (Rom 1.17). Aqui, senti
que estava nascendo completamente de
novo e havia entrado no próprio paraíso
através de portões abertos” (64).
Interpretações teológicas em Martinho Lutero
Soteriologia – O perdão dos pecados dos
homens é um dom de Deus, não resultado de
mérito humano.

Base na teologia agostiniana.

“Agostinho chegou mais perto do sentido


paulino do que todos os estudiosos, mas não
alcançou Paulo. No começo, eu devorava
Agostinho, mas quando a porta para Paulo
abriu-se e entendi o que era realmente a
justificação pela fé, descartei-o” (70).
Interpretações teológicas em Martinho Lutero
Hamartiologia - Vê com grande importância ter consciência do
nosso estado de pecado.

Em Romanos ele interpreta corretamente a doutrina da


justificação por declarados justos ao invés do tornados justos.
Interpretações teológicas em Martinho Lutero
Na Disputa de Heidelberg, em 1518, Lutero defendeu a tese:
“Depois da queda, o livre-arbítrio existe apenas nominalmente, e
enquanto alguém faz o que está em si, está comentendo um
pecado mortal”.
Interpretações teológicas em Martinho Lutero
Para Lutero os homens têm livre-arbítrio para tomar decisões
ordinárias, cumprir responsabilidades no mundo, mas é incapaz
de obter a própria salvação, pois o livre-arbítrio está totalmente
corrompido pelo pecado e cativo a Satanás.
Interpretações teológicas em Martinho Lutero
Ou somos controlados por Deus ou pelo diabo:

“A vontade é como um animal entre dois cavaleiros. Se Deus o


monta, ele quer ir e vai onde Deus quer (...) Se Satanás o monta,
ele quer ir e vai onde Satanás quer; ele não pode escolher correr
para um deles ou seguir a um deles, mas os próprios cavaleiros
brigam pela posse e controle dele”.
Interpretações teológicas em Martinho Lutero
Portanto, o propósito da graça é libertar-nos da ilusão da
liberdade, que na verdade é escravidão. A escravidão da vontade
é a liberdade do cristão.
Interpretações teológicas em Martinho Lutero
Assim: “Somos verdadeira e totalmente pecadores, com respeito
a nós mesmos e ao nosso primeiro nascimento. Inversamente, já
que Cristo nos foi dado, somos santos e justos, totalmente.
Então, de diferentes aspectos, somos considerados justos e
pecadores ao mesmo tempo” (p.73).
Interpretações teológicas em Martinho Lutero
Sobre a Eucaristia -
1.Zwínglio perdeu o apoio de Lutero no Colóquio de Marburg em 1529.
Concordaram em 14 artigos, mas no 15º discordaram sobre a natureza da
presença de Cristo na Ceia. Seguiu então separado do luteranismo.

2.Lutero (consubstanciação – Este é o meu corpo); Zwínglio (Memorial – fazei isto


em memória de mim). Lucas 22.19.
Interpretações teológicas em Martinho Lutero
Sobre o Batismo – Catecismo
Menor –

“Que dá ou rende o batismo?


Resposta: Ele efetua o perdão dos
pecados, o livramento da morte e
do diabo, e dá a salvação eterna
para todos os que creem nisso”.
Interpretações teológicas em Martinho Lutero
Lutero explica que a água em si não tem esse poder, mas a
Palavra de Deus que está com a água e nela, e a fé que confia
em tal palavra na água.

O batismo é a representação litúrgica da doutrina da justificação


somente pela fé.
Interpretações teológicas em Martinho Lutero
Batismo Infantil – Lutero e os principais reformadores
praticavam o batismo infantil.

As Escrituras nem ordenam explicitamente, como também não


condenam.

Para eles o batismo é análogo a circuncisão do AT como selo da


promessa de Deus a seu povo.
Interpretações teológicas em Martinho Lutero
“É certo que as crianças são trazidas
ao batismo pela fé e pela obra de
outros; mas, quando chegam ali e o
pastor as batiza no lugar de Cristo, é
Cristo quem as abençoa e lhes
concede a fé e o reino dos céus”. A
fé, por assim dizer, é imputada à
criança no batismo, mesmo que ela
não esteja consciente de tal fato.

Isso confirma ainda mais a


misericórdia de Deus.
Interpretações teológicas em Martinho Lutero
Não cria que as crianças não-nascidas ou mortas na infância sem
o batismo iam para o limbo, e sim, acreditava na salvação destas,
embora não pregasse publicamente, para que o povo não fosse
negligente com o batismo de seus filhos.
Interpretações teológicas em Martinho Lutero
Sacerdócio Universal –

Disse Timothy George: “A maior


contribuição de Lutero à eclesiologia
protestante foi sua doutrina do sacerdócio
universal de todos os crentes (...) A
essência de sua doutrina pode ser
expressa numa única frase: todo cristão é
sacerdote de alguém e somos sacerdotes
uns dos outros” (p.96).
Interpretações teológicas em Martinho Lutero
Lutero e o Estado - Contudo, há uma diferença fundamental
entre a tradição luterana e a reformada.

Lutero desenvolveu sua teoria do estado em relação à sua


doutrina dos dois reinos:


Interpretações teológicas em Martinho Lutero
“Pois Deus estabelece dois tipos de governo entre os homens.
Um é espiritual; não tem espada, mas tem a palavra, por meio da
qual os homens devem tornar-se bons e justos, para que,
mediante essa retidão, possam alcançar a vida eterna. Ele
administra essa retidão mediante a palavra, que confiou aos
pregadores. Outro tipo é o governo mundano, que opera por meio
da espada, a fim de que os que não desejam tornar-se bons e
justos para a vida eterna sejam forçados a tornar-se bons e justos
aos olhos do mundo. Ele administra essa retidão mediante
espada”.
Interpretações teológicas em Martinho Lutero
Claramente Lutero se opõe a Bula Unam Sanctam (1302), onde o
papa Bonifácio afirmava que tanto a autoridade temporal quanto a
espiritual residam na igreja.

Claramente vemos a influência agostiniana.


Interpretações teológicas em Martinho Lutero
Os cristãos devem aceitar as responsabilidades cívicas, desde
que não violassem as ordenanças de Cristo.

Porém era relutante a apoiar uma revolução ou resistência ativa,


mesmo contra tiranos, pois os 2 reinos haviam sido estabelecidos
no ofício por Deus, e seriam depostos por ele quando tivessem
servido a seus propósitos.
Interpretações teológicas em Martinho Lutero
Mesmo permitindo que o cristão atuasse como magistrado, Lutero
não tinha nenhuma doutrina acerca de uma magistratura cristã.

O Estado foi ordenado por Deus como concessão ao pecado


humano.
Outros Autores
Alguns outros nomes:

Filipe Melanchton (1497-1560) – escreveu o


Loci communes rerum theologicarum (Lugares
comuns de questões teológicas) em 1521 que se
tornou um manual de teologia luterana, além de
diversos comentários bíblicos.

João Brenz (1499-1570) – escreveu inúmeros


comentários bíblicos.
João Calvino
1.Dificuldade em tratar da vida de Calvino:

2.Versão “demoníaca” “Hagiografia”


Hermenêutica de Calvino
1. Na Bíblia, os cristãos têm um encontro
pessoal com Deus, que os convence da
verdade da mensagem que ela contém;

2. As virtudes fundamentais de um bom


comentário são clareza e brevidade.
Criticou Melanchton por sua obscuridade
e Bucer por sua abordagem enfadonha;
Hermenêutica de Calvino
3. A intenção do autor precisa ser o
princípio orientador da interpretação;

4. O sentido literal da interpretação é


de importância máxima, mas não
precisamos segui-lo de forma servil;

5. A interpretação cristológica das


Escrituras precisa ser teológica e
histórica;
Hermenêutica de Calvino
6. A interpretação bíblica passa por
3 fases distintas, mas relacionadas. Se
qualquer for omitida, o texto não será
corretamente interpretado: exegese,
dogmática e pregação;
Hermenêutica de Calvino
- Somente quando as fases são mantidas juntas (exegese, dogmática e
pregação) e em equilíbrio correto a mensagem das Escrituras pode ser
corretamente aplicada à vida da Igreja e o povo de Deus pode ser edificado
como deve.
Interpretações bíblicas em Calvino
1.Aos 26 anos (1536) em Basileia, termina
a sua grande obra: As Institutas da
Religião Cristã. O pequeno livro era
dirigido a Francisco I, da França, para
defender os protestantes da França. A
primeira edição era apologética,
nintidamente percebe-se a influência do
Catecismo, de Lutero, além de ter um
forte objetivo catequético.
Interpretações bíblicas em Calvino
1.Prefácio: “O Ensino Básico da Religião Cristã, compreendendo quase a
soma total da piedade e do que é necessário conhecer sobre a doutrina da
salvação. Um trabalho recém-publicado que muito merece ser lido por todos
os que estudam a piedade. Um prefácio ao mais cristão rei da França,
oferecendo a ele este livro como uma confissão de fé do autor, Jean Calvin de
Noyon.
Interpretações bíblicas em Calvino
1.A obra passou por várias edições, chegando a
edição final em 1559 em latim e em francês 1560.
Esta edição final compõem-se de quatro livros e oito
capítulos.
Interpretações bíblicas em Calvino
1.Calvino Não só escreve as Institutas, mas também:

2.Comentários Bíblicos, exceto 2º e 3º João, Apocalipse. E no AT comentou o Pentateuco, Josué,


Salmos e Isaías;  a partir de 1557 em diante, ele não poderia encontrar o tempo para continuar
seus comentários, daí, deu permissão para que suas palestras fossem publicadas a partir de notas.
Estas abrangiam os Profetas Menores, Daniel, Jeremias, Lamentações e parte de Ezequiel;

3.Sermões – cerca de 2 mil;

4.Folhetos e Tratados –

5.Cartas –

6.Escritos Litúrgicos e Catequéticos – A forma das orações,

7.Hinos Eclesiásticos, O pequeno Tratado sobre a santa Ceia,

8.Entre outros.
Interpretações bíblicas em Calvino
1.A medida que escrevia seus comentários das Escrituras, ampliava sua obra-
prima: Instituição da Religião Cristã.

2.Calvino foi um teólogo bíblico, como também sistemático.


CORPUS REFORMATORUM – Séc. XIX-XX
1.Série I: Philip Melanchthon, Opera Quae Supersunt Omnia - Volumes 1- 28

2.Volumes 1-15 editado por Karl Gottlieb Bretschneider. 

3.Volumes 16-28 editado por Heinrich Ernst Bindseil.


Série II: Ioannis Calvini, Opera Quae Supersunt Omnia - Volumes 29- 87 
editado por Guilielmus Baum, Eduardus Cunitz, Eduardus Reuss.

4.Série III: Huldreich Zwinglis, Sämtliche Werke - Volumes 88-101 


Interpretações bíblicas em Calvino
1.Centralidade das Escrituras –

2.“Visto que a Igreja é o reino de Cristo, e ele não reina senão por sua Palavra,
continuamos duvidando de que são mentirosas as palavras daqueles que
imaginam o reino de Cristo sem o seu cetro, quer dizer, sem a sua santa
Palavra?” (Institutas, IV, 15).

3.É a palavra que antece a Igreja e não o contrário


Interpretações bíblicas em Calvino
1.“O eixo hermenêutico na Reforma deslocou-
se da tradição da Igreja para a compreensão
pessoal da Palavra; contudo, sem desprezar
aquela” (p.70)

2.Por exemplo: Os credos – têm sua


autoridade decorrente da Palavra de Deus, ou
seja, seu valor não é intrínseco, mas
extrínsico. Eles são recebidos e cridos
enquanto permanecem fieis à Escritura.
Interpretações bíblicas em Calvino
1.Nas Escrituras Deus se acomodou ao nosso modo ordinário de falar por
causa da nossa ignorância, pois seu desejo é que compreendamos a Sua
vontade.

2.Assim, “a revelação é um ato de condescendência divina” – Exposição de I


Cor 2.7 (p.82).
Interpretações bíblicas em Calvino
1.A ação do Espírito e a Santa Palavra são
inseparáveis –

2.“Primeiro, com sua Palavra, o Senhor nos


ensina e instrui; então, com os sacramentos, a
confirma em nós; finalmente, com a luz de seu
Espírito, nos ilumina a mente e abre acesso em
nosso coração à Palavra e aos sacramentos,
que, de outra maneira (...) estariam longe de
afetar-nos o íntimo” (p.373-374).

Este é o seu primeiro comentário (1539).


Entendia ser uma porta aberta para uma sólida
compreensão de toda a Bíblia.
Interpretações bíblicas em Calvino
1.Sobre a clareza das Escrituras:

2.“Deus trata conosco de forma tão clara e isenta de ambiguidade que sua
Palavra é com razão denominada de luz. Seu brilho, contudo, é ofuscado por
nossas trevas. Isso acontece, em parte, por causa de nosso embotamento e,
em parte, por causa de nossa leviandade”. (p.139).

3.É a única autoridade infalível para a Igreja.


Interpretações bíblicas em Calvino
1.Calvino defendia a brevidade e a clareza como essenciais num comentário:

2.“Naturalmente, aprecio a brevidade; talvez, se quisesse falar mais


extensamente, não conseguisse êxito; se fosse muito agradável uma forma de
ensinar mais prolixa, dificilmente eu a usaria” (Institutas – III, 6, 1).

3.Calvino se insere, dentro do método histórico-gramatical-teológico. O que o


norteia em seus comentários é a brevidade na interpretação. Considerava a
interpretação alegórica como o “mais danoso erro” (p.65-69).
Interpretações bíblicas em Calvino
1.O conhecimento para a vida – A doutrina não é apenas para o nosso
deleite espiritual e reflexivo; antes, exige, de forma imperativa, um
compromisso de vida e obediência.

2.“O fim de um teólogo não pode ser deleitar o ouvido, senão confirmar as
consciências, ensinando a verdade e o que é certo e proveitoso” (Institutas, I,
14, 4).

3.Há uma associação intrínseca entre conhecimento, verdade e piedade.


Interpretações bíblicas em Calvino
1.“Chamo de piedade a reverência associada ao amor de Deus que o
conhecimento de seus benefícios nos concede. Até que os homens sintam que
tudo devem a Deus, que são assistidos de seu paternal cuidado, que é ele o
autor de todas as coisas boas (...), jamais se lhe sujeitarão em voluntária
obediência. Mas, a não ser que nele ponham sua plena felicidade, nunca,
verdadeiramente e de coração, inteiros se lhe renderão” (Institutas, I, 2, 1).
Interpretações bíblicas em Calvino
1.Calvino era avesso a especulações, fruto de nossa imaginação. A teologia
está relacionada à vida prática. Questionar por questionar é algo sem sentido e
nocivo. Contra a escolástica.

2.O teólogo deve ter cuidado para não cair nessa armadilha.

3.Ele é contra questionamentos supérfluos.


Interpretações bíblicas em Calvino
1.O silêncio de Deus deve propiciar o nosso silêncio reverente. Não devemos
buscar insanamente ultrapassar o revelado.

2.Há uma corelação entre o conhecimento de Deus e de nós mesmos – Não


há um conhecimento próprio de Deus que não envolva o autoconhecimento.
Ainda assim, ninguém pode saber quem realmente é sem primeiro considerar
a face de Deus.
Interpretações bíblicas em Calvino
1.Vida de Oração – “a legítima oração requer arrependimento” (III,20,7).

2.“Os crentes genuínos, quando confiam em Deus, não se tornam por essa
conta negligentes à oração” (Vol I, p.633).

3.O conhecimento de Deus através das Escrituras leva o crente a ter uma vida
de oração.

4.Considerava os Salmos uma “anatomia de todas as partes da alma” (p.33).


Interpretações bíblicas em Calvino
1.“A oração não é feita para nos exaltarmos diante de Deus, nem para que
seja aprecidado o que há em nós, mas para confessarmos a nossa miséria e
para fazermos sentida lamentação de tudo o que pesa sobre nós, como uma
criança faz a seu pai. Ao contrário, pois, de causar temor, o senso de miséria
pessoal deve antes ser como uma espora ou como um aguilhão que nos incite
à oração. Como somos advertidos pelo exemplo (de Davi), que orou a Deus,
pedindo-lhe: Compadece-te de mim, Senhor; sara a minha alma, porque
pequei contra ti (Sl 41.4)” (III, 9).
Interpretações bíblicas em Calvino
1.Respondendo a questão: se Deus sabe todas as coisas, por que então
orar?

2.“Os que argumentam desse modo naõ percebem para que fim o Senhor
estituiu a oração para os seus. Porque não a estabeleceu por sua causa, mas
em atenção a nós. Embora esteja sempre em vigilância e faça constantemente
a ronda para nos preservar, (...) e embora, por vezes, nos dê socorro antes de
ser invocado, todavia nos é necessário suplicá-lo constantemente” (III, 9), pois
assim teremos um coração inflamado por Deus.
Interpretações bíblicas em Calvino
1.Sobre o ministro - Além de ser um
expoente das Escrituras, cabe ao
ministro, zelar saúde e disciplina do
rebanho.

2.“É dever de um pastor não só pôr-se


contra as práticas perversas e egoístas
daqueles que procedem de maneira
incoveniente, mas também, pelo seu
ensino e contínuas admoestações,
precaver-se contra todos esses perigos,
quando estiver em seu poder de fazê-lo”
(p.135).
Interpretações bíblicas em Calvino
1.A felicidade humana – a meta de toda a vida é nossa total união com Cristo

2.“A felicidade dos homens consiste única e exclusivamente no gracioso


perdão dos pecados, porquanto nada pode ser mais terrível que ter Deus por
nosso inimigo; tampouco pode ele ser gracioso para conosco de outra maneira
senão perdoando nossas transgressões” (Salmos – vol. p.37-38) – Esse
perdão se dá exclusivamente por Cristo.
Interpretações bíblicas em Calvino
1.A eleição – “Eleição é o imutável propósito de
Deus, pelo qual ele, antes da fundação do
mundo, escolheu um número grande e definido
de pessoas para a salvação, por graça pura.
Estas são escolhidas de acordo com o
soberano bom propósito de sua vontade, dentre
todo o gênero humano, decaído, por sua própria
culpa, de sua integridade original para o pecado
e a perdição. Os eleitos não são melhores ou
mais dignos que os outros, mas envolvidos na
mesma miséria” (Cânones de Dort, I. 7 – 1618-
1619).
Interpretações bíblicas em Calvino
1.Pressupostos – O homem é totalmente
depravado, isto é, dominado completamente pelo
pecado:

2.“O intelecto do homem está de fato cegado,


envolto em infinitos erros e sempre contrário à
sabedoria de Deus; a vontade, má e cheia de
afeições corruptas, odeia a justiça de Deus: a força
física, incapaz de boas obras, tende furiosamente
à iniquidade” (p.15).

3.Assim o homem é incapaz de fazer o bem, como


também de entendê-lo e desejá-lo por si mesmo.
Suas escolhas estão a serviço do pecado
Interpretações bíblicas em Calvino
1.O poder de Deus é soberanamente livre;
não precisa exercitar o seu poder para ser
o que é (Vol I, p.173-174) –

2.O decreto da eleição é uma obra da


Trindade, todavida, a Bíblia atribui mais
especificamente ao Pai este ato soberano
(III, 22, 7).
Interpretações bíblicas em Calvino
1.Declarar a liberdade soberana de Deus é
reconhecer que Deus é Deus.

2.Procurar relacionar nossa eleição a causas


externas é tentar Deus. A vontade de Deus deve
ser suficiente para nós (p.331-333).

3.Além disso, esssa eleição é eterna, imutável,


irresistível e justa.

4.Os eleitos demonstram sua eleição vivendo em


santidade e de acordo com a ética cristã (amor,
humildade, serviço...).
Interpretações bíblicas em Calvino
1.“A santidade, a inocência, e assim toda e qualquer virtude que proventura
exista no homem, são fruto da eleição” (p.25) –

2.Tudo o que o homem tem de bom provém de Deus.


Interpretações bíblicas em Calvino
1.“Alguns dizem: a doutrina da
predestinação é prejudicial à utilidade da
pregação. Como se fosse contrária à
pregação do apóstolo: o Doutor dos Gentios
não proclamou tantas vezes a predestinação
na fé e, por acaso, desistiu de pregar a
Palavra de Deus? (...) Por que julgamos a
doutrina da predestinação, que a Escritura
divina proclama, como prejudicial à
pregação, aos mandamentos, à exortação e
à correção, que aparecem tantas vezes na
mesma Escritura?” (p.247-248).
Interpretações bíblicas em Calvino
1.“Jamais seremos claramente persuadidos, como convém, que nossa
salvação flui da graciosa misericórdia de Deus, até que conheçamos sua
eterna eleição, que, mercê deste contraste, ilumina a graça de Deus: que ele
não adota todos indiscriminadamente; pelo contrário, dá a uns o que nega a
outros” (III, 21, 1).
Interpretações bíblicas em Calvino
1.Sobre a providência de Deus – No tratado Contra os Libertinos (1545),
Calvino distingue 3 aspectos da providência:

2.1. Providência geral ou universal – manifesta na ordem da natureza – aqui


Deus governa todas as criaturas de acordo com a qualidade e a inclinação que
colocou nelas;

3.2. Providência “especial” – ações de ajuda de Deus com a comunidade


humana, punindo os ímpios e testando ou castigando os fieis – suas dádivas
são distribuídas sem discriminação entre todos os povos;
Interpretações bíblicas em Calvino
1.3. Providência para os eleitos – a forma como ele governa os fieis, vivendo e
reinando neles por seu Espírito Santo – “uma vez que Deus para Si escolheu a
Igreja por morada, não há dúvida de que evidencia, por singulares provas o
paternal cuidado em governá-la” (I, XVII, 16).
Interpretações bíblicas em Calvino
1.Sobre a doutrina do pecado – concordava com Agostinho sobre o pecado
original. Cria que a imagem de Deus no homem foi desconfigurada e não
apagada.

2.Só através de Cristo essa imagem é restaurada (I, XV, 4).


Interpretações bíblicas em Calvino
1.Sobre a Ceia – Calvino fez uma síntese do pensamento de Lutero e de
Zwuínglio, conseguindo combinar o espiritualismo de Zwuínglio com o realismo
de Lutero, sem, contudo, limitar-se à perspectiva de ambos (Vol. VIII, p.590).
Interpretações bíblicas em Calvino
1.Definição de Sacramento – “um sinal exterior pelo qual o Senhor
representa para nós e nos testifica sua boa vontade para conosco, para
sustentar, confirmar e fortalecer nossa fraca fé. Também se pode definir
diferentemente o sacramento e descrevê-lo como testemunho da graça de
Deus, testemunho declarado mediante um sinal exterior. Com isso vemos que
jamais o sacramente é apresentado sem a Palavra de Deus, que o precede.
Ele é acrescentado à Palavra como um apêndice ordenado para simbolizá-la,
confirmá-la e certificá-la mais fortemente em nosso interesse (...) Não significa
que a Palavra não seja suficientemente forte e firme em si mesma, ou que ela
própria careça de melhor confirmação e fortalecimento (...), o objetivo é que
com ela e por ela sejamos fortalecidos” (III, 10).
Interpretações bíblicas em Calvino
1.Calvino publicou seu primeiro
manual de culto completo em
língua francesa (1539/40) – Razão
e Forma Pública da Oração, da
Administração dos Sacramentos e
Outros – contendo diversos
Salmos e versos acompanhados
de suas respectivas melodias para
o canto congregacional.
Interpretações bíblicas em Calvino
1.Sobre o culto -

2.Para os Reformadores, os cânticos tinham


grande apelo didático, tendo por objetivo,
inclusive, a fixação das Escrituras. Tornou-se
uma parte importante no culto.

3.Havia orações espontâneas como a


recitação da Oração do Senhor e o Credo
apostólico. Mas a centralidade era a exposição
das Escrituras.

4.Quem orienta ao verdadeiro culto, aceitável


a Deus é a Sua própria Palavra.
Interpretações bíblicas em Calvino
1.Criou a Academia de Genebra (Schola
Privata e Schola Publica iniciou com 600
alunos), tendo o culto inaugural em 5 de
junho de 1550, no templo de Saint Pierre.

2.Inicialmente tinha 5 professores: Calvino


e Beza (Teologia); Antoine-Raoul
Chevalier (Hebraico); François Bérauld
(grego) e Jean Tagaut (artes – filosofia).

3.A base da educação era a Bíblia.

4.Era uma formação intelectual e


espiritual.
Interpretações bíblicas em Calvino
1.O próprio Jacobus Arminuis (1560-1609), antigo aluno de Beza, reconhecia a
importância de Calvino: “Exorto aos estudantes que, depois das Sagradas
Escrituras, leiam os Comentários de Calvino, pois lhes digo que ele é
incomparável na interpretação das Escrituras” – Carta escrita à Sebastian
Egbertsz, publicada em 1704 – Volume VIII, p.280
Considerações Finais
Dieta de Spira 1529 –

“Não há, afirmamos, pregação ou doutrina segura senão


aquela que permanece pela Palavra de Deus. De acordo com o
mandamento de Deus, nenhuma outra doutrina deve ser
pregada. Cada passagem da santa e divina Escritura deve ser
elucidada e explicada por outras passagens. Esse santo livro é,
em todas as coisas, necessário ao cristão; ele brilha claramente
com sua própria luz e é encontrado para iluminar as trevas.
Considerações Finais
Estamos determinados, pela graça e com o auxílio de Deus, a permanecer
somente na Palavra de Deus, o santo evangelho contido nos livros bíblicos do
Antigo e Novo Testamentos. Somente essa Palavra deve ser pregada, e nada
que seja contrário a ela. Ela é a única verdade. Ela é a regra segura de toda
doutrina e conduta cristãs. Ela nunca nos desaponta nem nos engana. Todo
aquele que edifica e permanece sobre esse fundamento permanecerá firme
contra as portas do inferno, enquanto todas as adições e vaidades meramente
humanas levantadas contra ela cairão diante da presença de Deus”.
Considerações Finais
Vivemos uma crise hermenêutica na
Igreja protestante no Brasil;

A Bíblia e a sua interpretação tem


uma história;

Vamos para a Academia e ela molda


a nossa Confessionalidade, enquanto
deveria ser o contrário;

Precisamos de piedosos
pesquisadores;

A Bíblia é a Palavra de Deus.

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