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DIREITO CIVIL VI

DIREITO DAS FAMÍLIAS


AULA 02
PROFESSORA: MESTRA RAQUEL BUENO
@DIREITOPARADESESPERADO
E-mail Pessoal: raquellbueno@gmail.com
TEMAS DA AULA: Família Tradicional derivada do Casamento.
Natureza Jurídica do Casamento. Espécies de Casamento,
Procedimento de Habilitação. Capacidade para o Casamento. Causas
Impeditivas e Suspensivas do Casamento.
Pare o Casamento (Stop the Wedding)
Wesley Safadão - Sonhei Que Tava Me Casando Wanderléa
Por favor
Hoje é o dia que vai mudar a minha vida Pare agora
Tô no altar e já vai começar Senhor juiz
Pare agora
Violino tocando, a noiva do lado Senhor juiz
Coração acelerado, aliança chegou Eu quero saber
Sem este amor o que vou fazer
Igreja lotada, o padre perguntou Pois se o senhor
Este homem casar
Tem alguém contra essa união aqui presente? Morta de tristeza
Fale agora ou cale-se pra sempre Sei que vou ficar
Por favor
Eu olhei pra trás Pare agora
Meus amigos chorando Senhor juiz
Pare agora
Meus amores antigos, com pena, me olhando Senhor juiz
Ainda bem, caí da cama com o celular tocando Este casamento
Será pra mim
Sonhei que tava me casando e acordei no desespero Todo o meu tormento
Não faça isso
Vida de casado é boa, só perde pra de solteiro Peço por favor
Sonhei que tava me casando e acordei no desespero Pois minha alegria
Vive deste amor
A vida de casado é boa, só perde pra de solteiro Por favor
Sonhei que tava me casando e acordei no desespero Pare agora
Senhor juiz
Vida de casado é boa, só perde pra de solteiro Pare agora
Sonhei que tava me casando e acordei no desespero Senhor juiz
(Ahhh) Eu sei que o senhor é bonzinho
A vida de casado é boa, só perde pra de solteiro (Aaahhh) Por favor, ele é tudo que eu amo
É tudo que eu quero
E tem alguém contra essa união aqui presente? E eu estou certa que ele também me quer
Fale agora ou cale-se pra sempre Por favor…
ASPECTOS CONCEITUAIS E HISTÓRICOS: FAMÍLIA
MATRIMONIAL. O que é o matrimônio ou casamento?
“O matrimônio é a união legal de duas pessoas com intuito de constituir
família, vivendo em plena comunhão de vida e em igualdade de direitos
e deveres. Trata-se de um contrato especial do Direito de Família
vinculado a normas de ordem pública que tem por fim promover o
enlace de pessoas a fim de regularem suas relações sexuais, cuidarem
da prole que porventura tiverem e se prestarem mutua assistência, se
houver necessidade. (...) Trata-se do ato mais formal e solene de nossa
legislação, pois deve ser praticado com a estrita observância das
formalidades legais, rigidamente estabelecidas pela codificação civil,
sob pena de anulabilidade ou nulidade.” Conrado Paulino (p. 71/72)
“Então o Senhor Deus fez cair um sono Washington de Barros Monteiro -
pesado sobre Adão, e este adormeceu; e “união permanente entre o homem e a
tomou uma das suas costelas, e cerrou a mulher, de acordo com a lei, a fim de se
carne em seu lugar; reproduzirem, de se ajudarem
E da costela que o Senhor Deus tomou do mutuamente e de criarem os seus filhos”.
homem, formou uma mulher, e trouxe-a a
Adão.
p. 22
E disse Adão: Esta é agora osso dos meus
ossos, e carne da minha carne; esta será “união de duas pessoas, reconhecida e
chamada mulher, porquanto do homem foi
regulamentada pelo Estado, formada com
tomada.
Portanto deixará o homem o seu pai e a sua o objetivo de constituição de uma família
mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão e baseado em um vínculo de afeto.”
ambos uma carne.” Manual de Direito Civil, Flávio Tartuce, 8ª
edição, editora Método, p. 1340
Gênesis 2:21-24
NATUREZA JURÍDICA DO CASAMENTO
1ª - Natureza Negocial – negócio 2ª - Natureza Institucional 3ª - Natureza Mista ou Eclética –
jurídico especial de índole familiar (instituição social) ATO COMPLEXO (características
contratuais e institucionais).

Paulo Nader, Cristiano Chaves de Washington de Barros Monteiro e O casamento seria contrato em sua
Farias, Nelson Rosenvald, Pablo Maria Helena Diniz, Rubens Limongi formação e instituição em sua
Stolze e Rodolfo Pamplona Filho, França. existência e efeitos.
Caio Mário da Silva Pereira. Sílvio Rodrigues, Flávio Tartuce.
“grande instituição social, que, de
fato, nasce da vontade dos
contraentes, mas que, da imutável
autoridade da lei, recebe sua forma,
suas normas e seus efeitos.” Curso
de Direito Civil, p. 13.
Características mais importantes do casamento, elencadas pelos
professores Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald: p.
185

♥Caráter personalíssimo e de livre escolha dos nubentes;


♥ Solenidade da celebração;
♥ Inexigência de diversidade de sexos;
♥ Inadmissibilidade de submissão a termo ou condição;
♥ Estabelecimento de uma comunhão de vida;
♥ Natureza cogente das normas que o regulamentam;
♥ Estrutura monogâmica;
♥ Dissolubilidade, de acordo com a vontade das partes.
ESPÉCIES DE CASAMENTO
A - Casamento Civil
B - Casamento Religioso com Efeitos Civis
C - Casamento Homoafetivo – Provimento 175 CNJ + Enunciado 601
da VII JDC (ADI 4277/DF, ADPF 132)

ENUNCIADO 601 da VII JDC – É existente e válido o casamento entre pessoas do


mesmo sexo.
CASAMENTO. PESSOAS. IGUALDADE. SEXO.
In casu, duas mulheres alegavam que mantinham relacionamento estável há três anos e requereram habilitação para
o casamento junto a dois cartórios de registro civil, mas o pedido foi negado pelos respectivos titulares.
Posteriormente ajuizaram pleito de habilitação para o casamento perante a vara de registros públicos e de ações
especiais sob o argumento de que não haveria, no ordenamento jurídico pátrio, óbice para o casamento de pessoas
do mesmo sexo. Foi-lhes negado o pedido nas instâncias ordinárias. O Min. Relator aduziu que, nos dias de hoje,
diferentemente das constituições pretéritas, a concepção constitucional do casamento deve ser plural, porque plurais
são as famílias; ademais, não é o casamento o destinatário final da proteção do Estado, mas apenas o intermediário
de um propósito maior, qual seja, a proteção da pessoa humana em sua dignidade. Assim sendo, as famílias
formadas por pessoas homoafetivas não são menos dignas de proteção do Estado se comparadas com aquelas
apoiadas na tradição e formadas por casais heteroafetivos. O que se deve levar em consideração é como aquele
arranjo familiar deve ser levado em conta e, evidentemente, o vínculo que mais segurança jurídica confere às
famílias é o casamento civil. Assim, se é o casamento civil a forma pela qual o Estado melhor protege a família e se
são múltiplos os arranjos familiares reconhecidos pela CF/1988, não será negada essa via a nenhuma família que
por ela optar, independentemente de orientação sexual dos nubentes, uma vez que as famílias constituídas por
pares homoafetivos possuem os mesmos núcleos axiológicos daquelas constituídas por casais heteroafetivos, quais
sejam, a dignidade das pessoas e o afeto. Por consequência, o mesmo raciocínio utilizado tanto pelo STJ quanto
pelo STF para conceder aos pares homoafetivos os direitos decorrentes da união estável deve ser utilizado para lhes
proporcionar a via do casamento civil, ademais porque a CF determina a facilitação da conversão da união estável
em casamento (art. 226, § 3º). Logo, ao prosseguir o julgamento, a Turma, por maioria, deu provimento ao recurso
para afastar o óbice relativo à igualdade de sexos e determinou o prosseguimento do processo de habilitação do
casamento, salvo se, por outro motivo, as recorrentes estiverem impedidas de contrair matrimônio. REsp
1.183.378-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 25/10/2011. INFORMATIVO 486 STJ
D - Casamento por Procuração
Art. 1.542. O casamento pode celebrar-se mediante procuração, por
instrumento público, com poderes especiais.
§ 1 o A revogação do mandato não necessita chegar ao conhecimento do
mandatário; mas, celebrado o casamento sem que o mandatário ou o outro
contraente tivessem ciência da revogação, responderá o mandante por
perdas e danos.
§ 2 o O nubente que não estiver em iminente risco de vida poderá fazer-se
representar no casamento nuncupativo.
§ 3 o A eficácia do mandato não ultrapassará noventa dias.
§ 4 o Só por instrumento público se poderá revogar o mandato.
OBS.: Procuração por instrumento público, com poderes especiais, não
se admitindo uma mesma pessoa para representar ambos os nubentes.
E Casamento Em Caso de Moléstia Grave
Observação: Neste caso há habilitação prévia.
CC/02 - Art. 1.539. No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o
presidente do ato irá celebrá-lo onde se encontrar o impedido, sendo
urgente, ainda que à noite, perante duas testemunhas que saibam ler e
escrever.
§ 1  A falta ou impedimento da autoridade competente para presidir o

casamento suprir-se-á por qualquer dos seus substitutos legais, e a do


oficial do Registro Civil por outro ad hoc, nomeado pelo presidente do
ato.
§ 2  O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, será registrado no

respectivo registro dentro em cinco dias, perante duas testemunhas,


ficando arquivado.
F CASAMENTO NUNCUPATIVO (IN EXTREMIS) CC/02 - Art. 1.540. Quando algum dos
contraentes estiver em iminente risco de vida, não obtendo a presença da autoridade à qual
incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o casamento ser celebrado na presença
de seis testemunhas, que com os nubentes não tenham parentesco em linha reta, ou, na colateral,
até segundo grau.
Art. 1.541. Realizado o casamento, devem as testemunhas comparecer perante a autoridade
judicial mais próxima, dentro em dez dias, pedindo que lhes tome por termo a declaração de:
I - que foram convocadas por parte do enfermo;
II - que este parecia em perigo de vida, mas em seu juízo;
III - que, em sua presença, declararam os contraentes, livre e espontaneamente, receber-se por
marido e mulher.
§ 1 o Autuado o pedido e tomadas as declarações, o juiz procederá às diligências necessárias
6 TESTEMUNHAS para verificar se os contraentes podiam ter-se habilitado, na forma ordinária, ouvidos os
interessados que o requererem, dentro em quinze dias.
§ 2 o Verificada a idoneidade dos cônjuges para o casamento, assim o decidirá a autoridade
competente, com recurso voluntário às partes.
§ 3 o Se da decisão não se tiver recorrido, ou se ela passar em julgado, apesar dos recursos
interpostos, o juiz mandará registrá-la no livro do Registro dos Casamentos.
§ 4 o O assento assim lavrado retrotrairá os efeitos do casamento, quanto ao estado dos
cônjuges, à data da celebração.
§ 5 o Serão dispensadas as formalidades deste e do artigo antecedente, se o enfermo
convalescer e puder ratificar o casamento na presença da autoridade competente e do oficial do
registro.
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. CASAMENTO NUNCUPATIVO. VALIDADE. COMPROVAÇÃO DE VÍCIO
QUANTO A MANIFESTAÇÃO DA VONTADE INEQUÍVOCA DO MORIBUNDO EM CONVOLAR NÚPCIAS. COMPROVAÇÃO.
1. Ação de decretação de nulidade de casamento nuncupativo ajuizada em novembro de 2008. Agravo no recurso especial
distribuído em 22/03/2012. Decisão determinando a reautuação do agravo em recurso especial, publicada em 12/06/2012.
2. Recurso especial que discute a validade de casamento nuncupativo realizado entre tio e sobrinha com o falecimento daquele,
horas após o enlace.
3. A inquestionável manifestação da vontade do nubente enfermo, no momento do casamento, fato corroborado pelas 6
testemunhas exigidas por lei, ainda que não realizada de viva voz, supre a exigência legal quanto ao ponto.
4. A discussão relativa à a nulidade preconizada pelo art. 1.548 do CC-02, que se reporta aos impedimentos, na espécie,
consignados no art. 1.521, IV, do CC-02 (casamento entre colaterais, até o terceiro grau, inclusive) fenece por falta de escopo,
tendo em vista que o quase imediato óbito de um dos nubentes não permitiu o concúbito pós-casamento, não havendo que se
falar, por conseguinte, em riscos eugênicos, realidade que, na espécie, afasta a impositividade da norma, porquanto lhe retira seu
lastro teleológico.
5. Não existem objetivos pré-constituídos para o casamento, que descumpridos, imporiam sua nulidade, mormente naqueles
realizados com evidente possibilidade de óbito de um dos nubentes - casamento nuncupativo -, pois esses se afastam tanto do
usual que, salvaguardada as situações constantes dos arts. 166 e 167 do CC-02, que tratam das nulidades do negócio jurídico,
devem, independentemente do fim perseguido pelos nubentes, serem ratificados judicialmente.
6. E no amplo espectro que se forma com essa assertiva, nada impede que o casamento nuncupativo realizado tenha como
motivação central, ou única, a consolidação de meros efeitos sucessórios em favor de um dos nubentes - pois essa circunstância
não macula o ato com um dos vícios citados nos arts. 166 e 167 do CC-02: incapacidade;
ilicitude do motivo e do objeto; malferimento da forma, fraude ou simulação.
Recurso ao qual se nega provimento. (REsp 1330023/RN, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em
05/11/2013, DJe 29/11/2013)
G - Casamento Avuncular (TIOS+SOBRINHOS)
CC/02 - Art. 1.521. Não podem casar: (...)
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o
terceiro grau inclusive;
Decreto-Lei 3.200/1941- flexibiliza o art. 1.521, tendo prova de risco
para a prole
H - Casamento Consular LINDB - Art. 7o  A lei do país em que domiciliada a
pessoa determina as regras sobre o começo e o
CC/02 - Art. 1.544. O casamento de brasileiro, celebrado fim da personalidade, o nome, a capacidade e os
no estrangeiro, perante as respectivas autoridades ou os direitos de família.
cônsules brasileiros, deverá ser registrado em cento e § 1o  Realizando-se o casamento no Brasil, será
oitenta dias, a contar da volta de um ou de ambos os aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos
cônjuges ao Brasil, no cartório do respectivo domicílio, ou, dirimentes e às formalidades da celebração.
em sua falta, no 1 o Ofício da Capital do Estado em que § 2o O casamento de estrangeiros poderá celebrar-
passarem a residir. se perante autoridades diplomáticas ou consulares
do país de ambos os nubentes.                         
(Redação dada pela Lei nº 3.238, de 1957)
§ 3o  Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá
os casos de invalidade do matrimônio a lei do
primeiro domicílio conjugal.
§ 4o  O regime de bens, legal ou convencional,
obedece à lei do país em que tiverem os nubentes
domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro
domicílio conjugal. (...)
I – CASAMENTO PUTATIVO (QUASE MATRIMÔNIO OU QUASE CASAMENTO)
CC/02 - Art. 1.561. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé
(SUBJETIVA – ERRO DESCULPÁVEL DE FATO OU DE DIREITO) por ambos os
cônjuges, o casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os
efeitos até o dia da sentença anulatória.
§ 1  Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus

efeitos civis só a ele e aos filhos aproveitarão.


§ 2  Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus

efeitos civis só aos filhos aproveitarão.

►Momento de aferir a boa-fé: celebração do casamento.


► Pode ser reconhecida a putatividade na ação declaratória de nulidade do
casamento ou anulatória, ou em ação autônoma declaratória de putatividade. O
juiz também pode reconhecê-la de ofício.
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DE DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL C/C PEDIDO DE
ARROLAMENTO E PARTILHA DE BENS. UNIÃO ESTÁVEL CONCOMITANTE A CASAMENTO SEM SEPARAÇÃO DE FATO.
1. À luz do disposto no § 1º do artigo 1.723 do Código Civil de 2002, a pedra de toque para o aperfeiçoamento da união estável
não está na inexistência de vínculo matrimonial, mas, a toda evidência, na inexistência de relacionamento de fato duradouro
concomitante àquele que pretende proteção jurídica. Nesse viés, apesar de a dicção da referida norma também fazer referência
à separação judicial, é a separação de fato (que, normalmente, precede a separação de direito e continua após tal ato formal)
que viabiliza a caracterização da união estável de pessoa casada.
2. Consequentemente, mantida a vida em comum entre os cônjuges (ou seja, inexistindo separação de fato), não se poderá
reconhecer a união estável de pessoa casada. Nesse contexto normativo, a jurisprudência do STJ não admite o reconhecimento
de uniões estáveis paralelas ou de união estável concomitante a casamento em que não configurada separação de fato.
3. No caso dos autos, procedendo-se à revaloração do quadro fático delineado no acórdão estadual, verifica-se que: (a) a autora
e o réu (de cujus) mantiveram relacionamento amoroso por 17 anos; (b) o demandado era casado quando iniciou tal convívio,
não tendo se separado de fato de sua esposa; e (c) a falta de ciência da autora sobre a preexistência do casamento (e a
manutenção da convivência conjugal) não foi devidamente demonstrada na espécie, havendo indícios robustos em sentido
contrário.
4. Desse modo, não se revela possível reconhecer a união estável alegada pela autora, uma vez que não foi atendido o requisito
objetivo para sua configuração, consistente na inexistência de relacionamento de fato duradouro concomitante àquele que
pretende proteção jurídica.
5. Uma vez não demonstrada a boa-fé da concubina de forma irrefutável, não se revela cabida (nem oportuna) a discussão sobre
a aplicação analógica da norma do casamento putativo à espécie.
6. Recursos especiais do espólio e da viúva providos para julgar improcedente a pretensão deduzida pela autora. (REsp
1754008/RJ, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 13/12/2018, DJe 01/03/2019)
(VOTO VOGAL) (MIN. MARIA ISABEL GALLOTTI)
"Tenho reservas à tese de que seja possível existir uma união
estável putativa. Penso que esse instituto existe para casamentos,
os quais são atos formais. Nos casamentos, ambos os cônjuges sabem
que estão casados e, por alguma circunstância desconhecida de ambos
ou de algum deles, o ato formal não teve validade. Por isso, a
figura do casamento putativo.
O escopo que leva a proteger a boa-fé de quem praticou ato
jurídico formal, sem validade por motivo desconhecido do contraente,
não pode ser meramente transportado para o âmbito da união estável".
União estável. Reconhecimento de duas uniões concomitantes.
Equiparação ao casamento putativo. Lei nº 9.728/96.
1. Mantendo o autor da herança união estável com uma mulher, o posterior
relacionamento com outra, sem que se haja desvinculado da primeira, com
quem continuou a viver como se fossem marido e mulher, não há como
configurar união estável concomitante, incabível a equiparação ao
casamento putativo.
2. Recurso especial conhecido e provido.
(REsp 789.293/RJ, Rel. Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO,
TERCEIRA TURMA, julgado em 16/02/2006, DJ 20/03/2006, p. 271)
CAPACIDADE PARA O CASAMENTO = 16 ANOS
CC/02 - Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se
autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a
maioridade civil.
Parágrafo único. Se houver divergência entre os pais, aplica-se o disposto no parágrafo único do art.
1.631.
Art. 1.518.  Até a celebração do casamento podem os pais ou tutores revogar a autorização. 
(Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
Art. 1.519. A denegação do consentimento, quando injusta, pode ser suprida pelo juiz.
Art. 1.520.  Não será permitido, em qualquer caso, o casamento de quem não atingiu a idade núbil,
observado o disposto no art. 1.517 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 13.811,)
de 2019 (Não se aplica mais o Enunciado 329, da IV JDC)

Enunciado 512 da V JDC - Art. 1.517: O art. 1.517 do Código Civil, que exige autorização dos pais ou responsáveis para
casamento, enquanto não atingida a maioridade civil, não se aplica ao emancipado.
CAUSAS IMPEDITIVAS E SUSPENSIVAS DO CASAMENTO

Art. 1.521. Não podem casar: Art. 1.523. Não devem casar: (recomendação)
IMPEDIMENTOS ABSOLUTOS (DIRIMENTES) IMPEDIMENTOS RELATIVOS (IMPEDIENTES)
I - os ascendentes com os descendentes, seja o I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não
parentesco natural ou civil; INCESTO fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros; (Ver
II - os afins em linha reta; Ver artigo 1595 do CC/02 1489, II, CC/02)
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter
adotado com quem o foi do adotante; sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais dissolução da sociedade conjugal;
colaterais, até o terceiro grau inclusive; Decreto Lei III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a
3.200/41 + Enunciado 98 da JDC partilha dos bens do casal; Ver artigo 1581 do CC/02
V - o adotado com o filho do adotante; IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos,
VI - as pessoas casadas; CRIME DE BIGAMIA (CP, 235) cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada,
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as
homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu respectivas contas.
consorte. Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não
lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos I, III e
A – Em razão de vínculo de parentesco; IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo,
B – Em razão de um vínculo matrimonial já existente; respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa
C – Em razão da prática de um crime. tutelada ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar
NULIDADE ABSOLUTA nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo.

Finalidade: Evitar confusão patrimonial ou a turbatio sanguinis.


CÓDIGO PENAL BRASILEIRO - Bigamia

Art. 235 - Contrair alguém, sendo casado, novo


casamento:
Pena - reclusão, de dois a seis anos.
§ 1º - Aquele que, não sendo casado, contrai CC/02 - Art. 1.641. É obrigatório o regime da
casamento com pessoa casada, conhecendo essa separação de bens no casamento:
circunstância, é punido com reclusão ou detenção, de um
a três anos. I - das pessoas que o contraírem com
§ 2º - Anulado por qualquer motivo o primeiro inobservância das causas suspensivas da
casamento, ou o outro por motivo que não a bigamia, celebração do casamento;
considera-se inexistente o crime.
II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos;
(Redação dada pela Lei nº 12.344, de 2010)

III - de todos os que dependerem, para casar, de


Enunciado 98 JDC - Art. 1.521, IV, do novo Código Civil: suprimento judicial.
O inc. IV do art. 1.521 do novo Código Civil deve ser
interpretado à luz do Decreto-lei n. 3.200/41, no que se
refere à possibilidade de casamento entre colaterais de 3º
grau.
Art. 1.524. As causas suspensivas da
celebração do casamento podem ser
arguidas pelos parentes em linha reta
CC/02 - Art. 1.522. Os de um dos nubentes, sejam
impedimentos podem ser consanguíneos ou afins, e pelos
opostos, até o momento da colaterais em segundo grau, sejam
celebração do casamento, por também consanguíneos ou afins.
qualquer pessoa capaz.
En. 330 da IV JDDC Art. 1.524: As
causas suspensivas da celebração do
Parágrafo único. Se o juiz, ou o casamento poderão ser argüidas
oficial de registro, tiver inclusive pelos parentes em linha reta
conhecimento da existência de de um dos nubentes e pelos colaterais
algum impedimento, será em segundo grau, por vínculo
decorrente de parentesco civil.
obrigado a declará-lo.
PROCEDIMENTO DE HABILITAÇÃO
PARA O CASAMENTO

“O casamento é negócio jurídico


formal e solene, submetido a um a
série de requisitos expressos em
lei.” Cristiano Chaves de Farias e
Nelson Rosenvald. p. 216
ESQUEMA
TUDO QUE VOCÊ QUISER - LUAN SANTANA
Tem dias que eu acordo pensando em você
Em fração de segundo, vejo o mundo desabar
E aí que cai a ficha que eu não vou te ver
Será que esse vazio um dia vai me abandonar?
Tem gente que tem cheiro de rosa, de avelã ALTERAÇÃO DO SOBRENOME POR
Tem o perfume doce de toda manhã OCASIÃO DO CASAMENTO
Você tem tudo
Você tem muito
Muito mais que um dia eu sonhei pra mim
Tem a pureza de um anjo querubim
Eu trocaria tudo pra te ter aqui
Eu troco minha paz por um beijo seu
Eu troco meu destino pra viver o seu
Eu troco minha cama pra dormir na sua
Eu troco mil estrelas pra te dar a lua
E tudo que você quiser
E se você quiser te dou meu sobrenome
CC/02 - Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem
mutuamente a condição de consortes, companheiros e responsáveis
pelos encargos da família.
§ 1 o Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o
sobrenome do outro.
§ 2 o O planejamento familiar é de livre decisão do casal, competindo
ao Estado propiciar recursos educacionais e financeiros para o
exercício desse direito, vedado qualquer tipo de coerção por parte de
instituições privadas ou públicas.
RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL. FAMÍLIA. CASAMENTO. NOME CIVIL.
SUPRESSÃO DO PATRONÍMICO MATERNO. POSSIBILIDADE. JUSTO MOTIVO.
DIREITO DA PERSONALIDADE. INTEGRIDADE PSICOLÓGICA. LAÇOS
FAMILIARES ROMPIDOS. AUTONOMIA DE VONTADE.
1. Excepcionalmente, desde que preservados os interesses de terceiro e
demonstrado justo motivo, é possível a supressão do patronímico materno por
ocasião do casamento.
2. A supressão devidamente justificada de um patronímico em virtude do casamento
realiza importante direito da personalidade, desde que não prejudique a plena
ancestralidade nem a sociedade.
3. Preservação da autonomia de vontade e da integridade psicológica perante a
unidade familiar no caso concreto.
4. Recurso especial não provido.
(REsp 1433187/SC, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA
TURMA, julgado em 26/05/2015, DJe 02/06/2015)
REQUERIMENTO DE HABILITAÇÃO DOS NUBENTES
CC/02 - Art. 1.525. O requerimento de habilitação para o casamento será firmado por ambos
os nubentes, de próprio punho, ou, a seu pedido, por procurador, e deve ser instruído com
os seguintes documentos:
I - certidão de nascimento ou documento equivalente;
II - autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal estiverem, ou ato judicial
que a supra;
III - declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não, que atestem conhecê-los e
afirmem não existir impedimento que os iniba de casar;
IV - declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual dos contraentes e de seus
pais, se forem conhecidos;
V - certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória de nulidade ou de
anulação de casamento, transitada em julgado, ou do registro da sentença de divórcio.
Art. 1.526. A habilitação será feita pessoalmente perante o oficial do Registro Civil, com a
audiência do Ministério Público. (Redação dada pela Lei nº 12.133, de 2009) Vigência
Parágrafo único. Caso haja impugnação do oficial, do Ministério Público ou de terceiro, a
habilitação será submetida ao juiz. (Incluído pela Lei nº 12.133, de 2009) Vigência
CC/02 - Art. 1.527. Estando em ordem a documentação, o oficial extrairá o edital, que se afixará durante quinze
dias nas circunscrições do Registro Civil de ambos os nubentes, e, obrigatoriamente, se publicará na imprensa
local, se houver. PROCLAMAS
Parágrafo único. A autoridade competente, havendo urgência, poderá dispensar a publicação.
Enunciado 513 da VJDC - Art. 1.527, parágrafo único: O juiz não pode dispensar, mesmo fundamentadamente,
a publicação do edital de proclamas do casamento, mas sim o decurso do prazo.
Art. 1.528. É dever do oficial do registro esclarecer os nubentes a respeito dos fatos que podem ocasionar a
invalidade do casamento, bem como sobre os diversos regimes de bens.
Art. 1.529. Tanto os impedimentos quanto as causas suspensivas serão opostos em declaração escrita e assinada,
instruída com as provas do fato alegado, ou com a indicação do lugar onde possam ser obtidas.
Art. 1.530. O oficial do registro dará aos nubentes ou a seus representantes nota da oposição, indicando os
fundamentos, as provas e o nome de quem a ofereceu.
Parágrafo único. Podem os nubentes requerer prazo razoável para fazer prova contrária aos fatos alegados, e
promover as ações civis e criminais contra o oponente de má-fé.
Art. 1.531. Cumpridas as formalidades dos arts. 1.526 e 1.527 e verificada a inexistência de fato obstativo, o
oficial do registro extrairá o certificado de habilitação.
Art. 1.532. A eficácia da habilitação será de noventa dias, a contar da data em que foi extraído o certificado.
(PRAZO DECADENCIAL)
DA CELEBRAÇÃO

CC/02 Art. 1.533. Celebrar-se-á o casamento, no dia, hora e lugar previamente designados pela
autoridade que houver de presidir o ato, mediante petição dos contraentes, que se mostrem
habilitados com a certidão do art. 1.531.
Art. 1.534. A solenidade realizar-se-á na sede do cartório, com toda publicidade, a portas
abertas, presentes pelo menos duas testemunhas, parentes ou não dos contraentes, ou,
querendo as partes e consentindo a autoridade celebrante, noutro edifício público ou
particular.
§ 1 o Quando o casamento for em edifício particular, ficará este de portas abertas durante o
ato.
§ 2 o Serão quatro as testemunhas na hipótese do parágrafo anterior e se algum dos
contraentes não souber ou não puder escrever.
Art. 1.535. Presentes os contraentes, em pessoa ou por procurador especial, juntamente com
as testemunhas e o oficial do registro, o presidente do ato, ouvida aos nubentes a afirmação de
que pretendem casar por livre e espontânea vontade, declarará efetuado o casamento, nestes
termos:"De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos
receberdes por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados."
CC/02 - Art. 1.536. Do casamento, logo depois de celebrado, lavrar-se-á o assento no livro de registro. No assento,
assinado pelo presidente do ato, pelos cônjuges, as testemunhas, e o oficial do registro, serão exarados:
I - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento, profissão, domicílio e residência atual dos cônjuges;
II - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento ou de morte, domicílio e residência atual dos pais;
III - o prenome e sobrenome do cônjuge precedente e a data da dissolução do casamento anterior;
IV - a data da publicação dos proclamas e da celebração do casamento;
V - a relação dos documentos apresentados ao oficial do registro;
VI - o prenome, sobrenome, profissão, domicílio e residência atual das testemunhas;
VII - o regime do casamento, com a declaração da data e do cartório em cujas notas foi lavrada a escritura antenupcial,
quando o regime não for o da comunhão parcial, ou o obrigatoriamente estabelecido.
Art. 1.537. O instrumento da autorização para casar transcrever-se-á integralmente na escritura antenupcial.
Art. 1.538. A celebração do casamento será imediatamente suspensa se algum dos contraentes:
I - recusar a solene afirmação da sua vontade;
II - declarar que esta não é livre e espontânea;
III - manifestar-se arrependido.
Parágrafo único. O nubente que, por algum dos fatos mencionados neste artigo, der causa à suspensão do ato, não
será admitido a retratar-se no mesmo dia.

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