Você está na página 1de 26

Conceituando Bioética

Prof.º Ms. Leandro S. Dias


Conceituando

 Numa Perspectiva etimológico-conceitual, “bio-ética” designa uma “ética da vida”, uma


“ética aplicada à vida”, “a ação humana em relação à vida”, podendo referir-se à vida
na sua expressão universal (bio esfera), orientar-se para o fundamento ou razão de ser ação
sobre a vida como também para o estabelecimento de normas ou obrigações a que se
subordine a ação.

 O vocábulo de raiz grega, bios designa as ciências da vida, como a ecologia, a biologia e a
medicina, dentre outras, e éthos, também do grego, refere-se aos valores que são aplicados
com os fatos e conflitos da vida
Conceituando

 Evidencias atuais mostram que o termo “bioética” foi primeiramente utilizado pelo alemão
Fritz Jahr, em 1972, denotando a emergência de obrigações éticas não apenas para o
homem para com todos os seres vivos.

 É “o estudo sistemático das dimensões morais, incluindo visão, a decisão, a conduta e as


normas, das ciências da vida e da saúde, utilizando uma variedade de metodologias éticas
num contexto interdisciplinar.”
Origem

 A Bioética surgiu na segunda metade do século XX, devido ao grande desenvolvimento da


Medicina e das ciências, que avançaram cada vez mais para a modificação da vida humana
e a promoção do conforto humano, bem como para a utilização de cobaias vivas (humanas
e não humanas). A fim de evitar horrores, como os que foram vividos dentro dos 
campos de concentração nazistas e de técnicas médicas que ferissem os princípios vitais
das pessoas, surgiu a Bioética como meio de problematizar o que está oculto
na pesquisa científica ou na técnica médica quando elas envolvem a vida
Enfoques da Bioética

 Há diferentes tendências na configuração das formas de sistematizar e tratar a análise ética


nos fatos relacionados às ciências da vida e da saúde.

Dentre os paradigmas mais comuns destacam-se:

 Liberalismo, que tem nos direitos humanos a justificativa para o valor central da
autonomia do individuo sobre o seu próprio corpo e as decisões relativas á sua vida;

 Virtudes, que coloca a tônica na boa formação do caráter e da personalidade das pessoas
ou dos profissionais;
Enfoques da Bioética

 Casuística, que incentiva a análise sistemática de casos a fim de reunir características


paradigmáticas que se prestarão para analogias em situações com circunstâncias semelhantes;

é necessário comparar o caso que precisa ser solucionado com casos paradigmáticos já
resolvidos até se chegar à provável resolução;

 Narrativo, que entende a intimidade e a identidade experimentadas pelas pessoas ao contarem ou


seguirem histórias como um instrumental facilitador da análise ética;

 Cuidado, que defende a importância das relações interpessoais e da solicitude (estado de solidão);

 Principialista, baseado nos princípios da beneficência, não maleficência, autonomia e justiça.


Enfoques da Bioética

 Principio da autonomia: autogoverno, direito de liberdade, intimidade, livre-arbítrio e


eleição individual do próprio comportamento. Em suma, refere-se à capacidade do ser
humano de se decidir pelo que é “bom”, ou por algo que é para o seu “bem-estar”, de
acordo com seus valores, expectativas, necessidades, prioridades e crenças.

 Principio da não maleficência: obrigação de não causar danos aos outros. O Termo
“dano” não fica restrito aos aspectos físicos, como a dor, as incapacidades e a morte, inclui
os âmbitos psíquicos, social, moral e outra série de prejuízos. Decorrem outras regras
morais de cunho mais específicos, como não matar; não causar dor ou sofrimento; não
incapacitar; não ofender; não privar os outros dos bens da vida.
Enfoques da Bioética

 Principio da beneficência: “fazer o bem”, “cuidar da saúde”, “favorecer a qualidade de


vida”, em fim dilatar os benefícios, evitar ou ao menos minorar os danos. De uma maneira
geral, é toda a ação que pretende beneficiar as pessoas.

 Principio da Justiça: abarca a distribuição justa , equitativa, apropriada e determinada


por normas justificadas nos termos da cooperação social. Refere-se à distribuição dos
direitos e responsabilidades na sociedade, incluindo os direitos civis e políticos.
Conceitos Básicos

Tanatologia – Estudo ou tratado sobre a morte.

Eutanásia – Significa literalmente “morte sem dor ou sofrimento” . Ato de pôr fim à
vida de uma pessoa enferma que sofre terrivelmente. Nessa condição, provoca-se a
morte de um doente com o fim de cessarem os sofrimentos intoleráveis e inúteis.
 É ética e ilegalmente incorreta
no Brasil. O enfermeiro deve ser
ciente do seu código de ética, o
qual claramente quanto ás
proibições:

“Promover a eutanásia ou
participar em prática destinada a
antecipar a morte do cliente”
Conceitos Básicos

 “Terminar a vida do paciente, para prevenir sofrimentos adicionais” – é uma


situação diferente de não aplicar determinado tratamento que poderia manter a
vida. É também diferente de administrar uma droga , por exemplo a morfina – que
tem por objetivo aliviar a dor e que pode causar acometimento respiratório grave –
que possa abreviar a vida do paciente.

 O paciente tem direito a própria morte e de morrer com dignidade, ou seja,


solicitar para não ser submetido a tratamento oncológico, quando com metástase e
em fase final de vida. Pode estabelecer acordo com o médico, um termo de
consentimento esclarecido.
Conceitos Básicos

 Eutanásia ativa: também chamada de positiva e direta, morte piedosa, por


misericórdia. Trata-se da ação que abrevia a vida de uma pessoa, seja a pedido
desta (voluntária) ou não (involuntária). Nessa situação, a intenção é de antecipar
a morte sem sofrimento, por meio do uso planejado de terapias com drogas
que apresentem caráter letal ou desligando-se ventiladores mecânicos.
Conceitos Básicos

 Eutanásia passiva: também chamada negativa ou indireta. A morte do paciente


ocorre dentro de uma situação de “terminalidade”, a qual se caracteriza pela
ausência de possibilidades terapêuticas.

Caracteriza-se pela omissão de condutas terapêuticas que prolongariam a vida


humana, não se iniciando uma ação médica , como o caso de não se utilizar um
ventilador mecânico que simplesmente prolongaria a vida do paciente. Nesse caso,
este continua recebendo tratamento para alívio da dor e os profissionais respeitam o
processo natural da morte, provendo todo o suporte terapêutico possível.
Conceitos Básicos

 Distanásia – é sinônimo de tratamento fútil ou inútil, sem benefícios para a pessoa


em sua fase terminal. É o processo pela qual se prolonga meramente o processo de
morrer, e não a vida propriamente dita, tendo como consequências morte
prolongada, lenta e, com frequência acompanhada de sofrimento, dor e agonia.
Quando há investimento à cura, diante de um caso de incurabilidade, trata-se de
agressão à dignidade dessa pessoa. As medidas avançadas e seus limites devem
ser ponderados visando a beneficência para o paciente e não a ciência vista como
um fim em si mesma.
Conceitos Básicos

 O enfermeiro deve ter sempre


esse conceito em mente,
refletindo sobre ele diante de
cada conduta, perante os diversos
momentos da evolução do
paciente, para que não faça ou
corrobore alguma medida
distanásia, acrescentando
sofrimento à pessoa que está
diante do processo de morrer.
Conceitos Básicos

 Ortotanásia – tem o sentido da morte em


seu tempo. Designada para falar de morte
digna, sem abreviações desnecessárias sem
sofrimento adicionais, isto é, morte em seu
tempo certo é a arte de morrer bem,
naturalmente e humanamente, com
dignidade e supostamente sem sofrimento.
É sensível ao processo de humanização
da morte, ao alívio das dores e não
incorre em prolongamento abusivos. A
pessoa recebe cuidados de forma final
da maneira mais natural possível.
Conceitos Básicos

 É importante ressaltar que profissionais de saúde devem avaliar se os meios ou


recursos tecnológicos disponíveis são moralmente lícitos ou não. É preciso
entender que a não-utilização dos meios terapêuticos desproporcionais ou
extraordinários não caracteriza homicídio, suicídio ou omissão.

 Os recursos extraordinários são aqueles que quando usados não oferecem


possibilidade de beneficio razoável para a melhoria do quadro clínico do
paciente. Contudo, a recusa é aceita diante da inevitabilidade da morte como
condição humana.
Conceitos Básicos

 “Permitir ao doente e sua família


enfrentar a morte com grau maior
de tranquilidade, aceitando a morte
como parte da vida e não como uma
doença a ser curada”
Conceitos Básicos

 A participação do enfermeiro nesse processo é essencial, identificando situações


em que não estejam sendo respeitados os princípios bioéticos e direitos dos
pacientes e fazendo intervenções necessárias, oferecendo garantia de humanização
e seguridade. É indiscutível a importância de o enfermeiro ter o devido
reconhecimento dos conceitos de distanásia, eutanásia e ortotanásia para
alcançar esse objetivo.
Concluindo

Enfermagem diante do processo de morrer...

 Ainda hoje, os preceitos éticos a serem respeitados advogam seu exercício com
justiça, competência, responsabilidade e honestidade, visando a promoção do ser
humano como um todo. O enfermeiro deve retomar seus princípios frente a
toda prática distanásia, a fim de nortear cada momento do seu agir;
Concluindo

 Também é dever respeitar e reconhecer o direito do cliente decidir sobre sua


pessoa, seu tratamento e seu bem-estar respeitar o ser humano na situação de
morte e pós-morte. O enfermeiro precisa, então, garantir informações em sua
veracidade aos familiares e paciente, para que possam tomar as decisões cabíveis,
livres e coincidentemente, exercitando sua autonomia.

 É fundamental, como exigência ética, o respeito pela autonomia do paciente e


seu direito de decidir sobre o tratamento, além do respeito à justiça,
beneficência e não maleficência que embasam a assistência ética de
enfermagem
Concluindo

 Deve ser fundamento para as ações do enfermeiro a busca pela ortotanásia que é a
arte de morrer bem, humanamente, e resgatando a dignidade da pessoa cujo
cuidado é responsável, de modo á integrar ética á ciência e as habilidades técnicas;

 Também deve nortear suas ações os quatro princípios bioéticos do modelo


Principialista,(beneficência, autonomia, não maleficência e justiça)
permeados pela responsabilidades, a fim de guardar os direitos dos pacientes,
oferecendo garantias de humanização da assistência e seguridade, também
evitando riscos e danos.
Bibliografia

 OGUISSO, T.; ZOBOLI, E. Ética e bioética: desafios para a enfermagem e a


saúde. Barueri, SP: Manole, 2006.

 BIONDO, C.A.; SILVA, M.J.P. da; SECCO, L.M.D. Distanásia, Eutanásia e


ortotanásia: percepções dos enfermeiros de unidades de terapia intensiva e
implicações da assistência. Ver Latino-am. São Paulo: 2009.

Você também pode gostar