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Direito Municipal e Urbanístico

Prof. Bazolli
Volume 2
Lei Federal nº 10.257, de 10 de julho
de 2001 – “Estatuto da Cidade”
1. Panorama histórico
2. Constituição de 1.988
3. Objetivos
4. Diretrizes
5. Instrumentos
6. Impactos na Gestão Municipal
7. Impactos na sociedade
8. Impactos no mercado Imobiliário
“Depois de 11 anos de negociações e adiamentos,
o Congresso Federal aprovou o Estatuto da
Cidade, lei que regulamenta o capítulo de política
urbana (artigos 182 e 183) da Constituição Federal
de 1988.”
(ROLNIK, 2001)

Origem do Estatuto da Cidade – Projeto de Lei


181/89 – de autoria do Senador Pompeu de
Souza – Aprovado no Senado Federal em 1990
“No ano de 1999, pelo fato da Presidência da Comissão
de Desenvolvimento Urbano da Câmara dos Deputados
ter ficado sob a direção de partidos progressistas (Partido
Comunista do Brasil e Partido Socialista Brasileiro) e da
relatoria do Estatuto da Cidade ter sido assumida pelo
próprio Presidente da Comissão, Deputado Inácio Arruda
(PCdoB/Ceará), foi possível o estabelecimento de uma
parceria entre esta Comissão e o Fórum Nacional de
Reforma Urbana, e o desencadeamento de um processo
democrático envolvendo diversos atores da sociedade e
órgãos governamentais, visando a elaboração de um
substitutivo regulamentando os instrumentos de política
urbana que contemplasse os interesses essenciais de
cada setor.”
(SAULE JUNIOR, 2001)
“Deve-se ter bem claro que o Estatuto da Cidade
não vai, por si só, garantir cidades mais justas. A
nova lei traz o instrumental cirúrgico, que pode ser
bem usado, ou não, de acordo com a habilidade do
cirurgião, no caso as municipalidades.”
(ARRUDA, 2001)
“Instrumentos legais e planos urbanísticos que
orientem as cidades em direção ao "crescimento
harmônico e equilibrado" (palavras freqüentes nas
introduções dos Planos Diretores) não faltam.
Temos inclusive motivos de otimismo já que em
julho de 2001, após 12 anos de promulgada a
Constituição Federal de 1988, o Congresso
Nacional aprovou o Estatuto da Cidade”
(MARICATO, 2002)
CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO URBANA NO BRASIL

nº de
População Percentual
Ano municípios
2009 191.480.630 84,2 5.565

2000 137.755.550 81,2 5.507


1990 110.875.826 75,5 4.491
1980 82.013.375 67,7 3.991
1970 52.904.744 56,0 3.952
1960 32.004.871 45,1 2.766
1950 18.782.891 36,2 1.889

Fonte: Censos Demográficos


IBGE
2010 População
2000
1990 36,2
1980 45,1
56
1970
67,7
1960
75,5
1950
81,2
1940 87
1930
1920

Ano
“Existe em nosso país, um desiquilíbrio social-econômico que leva a
nossa sociedade à uma situação de antagonismo.Estas pessoas
ocupam áreas públicas em funçaõ deste desiquilíbrio.”
João Sette Whitaker Ferreira - Prof. de Arquitetura e Urbanismo da USP
O Quadro Urbano Atual: Desafio do Século
 Periferias longínquas e desprovidas de serviços e
equipamentos urbanos essenciais

 Constante retenção especulativa de terrenos

 Poluição do solo, água e ar assumem grandes


proporções

 Nascimento e crescimento de favelas, invasões,


alagados, etc.

 Injustiça social gerando elevado índice de


criminalidade
Razões do crescimento urbano

“O primeiro fator é primordialmente uma


conseqüência da diminuição da taxa de
mortalidade, provocada pela difusão súbita dos
avanços da medicina. (...)Mas o fenômeno
essencial que determina o crescimento urbano é o
das migrações. A fuga para as cidades, (...) muito
mais como uma decomposição da sociedade rural
do que como expressão do dinamismo da
sociedade urbana.”
(CASTELLS, 1975)
Constituição Federal de 1988

Artigo 182
Estabelece que a política de desenvolvimento
urbano tem por objetivo ordenar o pleno
desenvolvimento das funções sociais da
cidade e garantir o bem estar de seus
habitantes, definindo que o instrumento
básico desta política é o Plano Diretor.
Artigo 182 - Assuntos

 Plano Diretor (PD)

 Função social da propriedade urbana

 Desapropriações e indenização

 Uso adequado do solo (aproveitamento)


Plano Diretor
O Plano Diretor é o instrumento básico da
política de desenvolvimento do Município. Sua
principal finalidade é orientar a atuação do
poder público e da iniciativa privada na
construção dos espaços urbano e rural na oferta
dos serviços públicos essenciais, visando
assegurar melhores condições de vida para a
população. É parte integrante do processo de
planejamento municipal, devendo ser aprovado
por Lei.
Função Social da propriedade
"La función social es ni más ni menos que el
reconocimiento de todo o titular del domínio, de
que por ser um miembro de la comunidad tiene
derechos y obligaciones com relación a los
demás miembros de ella, de manera que si él ha
podido elegar a ser titular del domínio, tiene la
obligacion de cumplir com el derecho de los
demás sujeitos, que consiste en no realizar acto
alguno que pueda impedir u obstaculizar el bien
de dichos sujetos, o sea, la comunidad"
(BORGES, 1994).
Observamos então, que o balizamento do direito
de propriedade (com) função social, dá lugar a
uma nova dimensão da propriedade, que tem, nas
normas de direito urbanístico, a sua estruturação.

“ el contenido del derecho de propriedad lo define


la ordenación urbanística, que, al efecto, posee
uma estructura peculiar que la hace capaz de
acomodar el estatuto objetivo de la propriedad a
las características concretas que ésta presenta
según los bienes específicos sobre os que recae”.
(Luciano Parejo Alfonso)
Uso adequado do solo
(aproveitamento)

 Parcelamento ou edificação

compulsório

 IPTU progressivo

 Desapropriação (títulos públicos)


Constituição Federal de 1988
Artigo 183
Institui a usucapião urbana, possibilitando
a regularização fundiária, sob as
seguintes condições:

Área máxima de 250 M² utilizada para fins


de moradia, ocupada por 5 anos sem
oposição, não seja proprietário de outro
urbano ou rural.
Macro Objetivos

 Aplicar o conceito constitucional da função


social da propriedade urbana
 Criar e fortalecer instrumentos para uma
intervenção mais concreta e efetiva do
Poder Público no desenvolvimento urbano
 Mitigar a especulação imobiliária
 Fortalecer a gestão democrática da cidade
 Implantar um direito urbanístico possível
Diretrizes Gerais

Artigo 2º

A política urbana tem por objetivo ordenar o


pleno desenvolvimento das funções sociais da
cidade e da propriedade urbana, mediante as
seguintes diretrizes gerais:

“É o Estado, na sua esfera municipal, que deverá indicar a


função social da propriedade e da cidade, buscando o
necessário equilíbrio entre os interesses público e privado no
território urbano.”
(OLIVEIRA, 2001)
Diretrizes

Garantia do direito a cidade sustentáveis

“O dispositivo tem o sentido de exigir que o


administrador público prestigie esse direito
social dos habitantes da comuna, não
praticando atos que contrariem essa diretriz.”
(HARADA, 2004)

"Desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades


do presente sem comprometer as possibilidades de as gerações
futuras atenderem as suas próprias necessidades"
(RELATÓRIO BRUNDTLANDT, 1987).
Diretrizes

Gestão Democrática

“A participação da população na formulação,


execução e acompanhamento de planos de
governo é uma tendência dos dias atuais,
resultante de politização da massa e
conseqüente reafirmação da cidadania.”
(HARADA, 2004)
Diretrizes

Cooperação entre governos e iniciativa


privada
“A cooperação do setor privado também é
de vital importância na medida em que a
gama de necessidades públicas a serem
satisfeitas pelo Estado é sempre maior
que a disponibilidade de recurso
financeiro do Poder Público.”
(HARADA, 2004)
Diretrizes

Planejamento para evitar o crescimento


desordenado da cidade e os seus reflexos
sobre o meio ambiente

“Detalhando o conteúdo do inciso I, esse inciso


sob comento preconiza a distribuição espacial
da população e das atividades econômicas no
território municipal de maneira a preservar o
equilíbrio do meio ambiente, indispensável à
qualidade de vida dos habitantes da comuna.”
(HARADA, 2004)
Diretrizes

Equipamentos urbanos e comunitários,


transporte e serviços públicos
adequados às características locais.

“Isso leva ao abandono da velha prática


de importação de modelos estrangeiros,
divorciados da realidade local.”
(HARADA, 2004)
Diretrizes

Ordenação e controle do uso do solo, de


forma a evitar:

Parcelamentos inadequados, especulação


imobiliária, poluição e degradação
ambiental, deterioração de áreas
urbanizadas e usos e utilização
inadequada dos imóveis urbanos.
Diretrizes

Relação entre as atividades urbanas e


rurais (visão sistêmica do município)

O urbanismo ultrapassa os limites da cidade


para englobar um território inteiro, que se
influencia mutuamente, devendo, pois, ser
estudado de forma sistêmica e conjugada.
Diretrizes

Relação entre os padrões de produção


e consumo de bens, de serviços e de
expansão urbana e a sustentabilidade
ambiental

“Aqui há uma clara condenação à política


do desenvolvimento a qualquer custo.”
(HARADA, 2004)
Diretrizes

Justa distribuição (benefícios e ônus)

“Esse inciso determina a justa distribuição dos


benefícios e ônus decorrentes do processo de
urbanização, de sorte a equilibrar a equação
beneficiados/prejudicados, dentro daquele
preceito programático do art. 170 da CF, que
objetiva assegurar a todos uma vida condigna,
de acordo com os ditames da justiça social”
(HARADA, 2004)
Diretrizes

Relação entre os instrumentos de


política econômica, tributária e
financeira e dos gastos públicos aos
objetivos do desenvolvimentos urbano
“Preconiza medidas de expansão de
investimentos, que gerem bem-estar geral
e a fruição dos bens pelos variados
segmentos da sociedade.”
(HARADA, 2004)
Diretrizes

Recuperação dos investimentos do Poder


Público de que tenha resultado a valorização
de imóveis urbanos

“Esse inciso legal prescreveu a instituição da


contribuição de melhoria a que faz jus a
entidade política que executar obras públicas
que acarretem valorização direta e específica do
imóvel.”
(HARADA, 2004)
Diretrizes

Audiência do Poder Público municipal


e da população interessada para
empreendimentos que afetem o meio
ambiente natural ou construído e
demais patrimônios da cidade.
Diretrizes

Regularização fundiária, urbanização de


áreas ocupadas por população de baixa
renda e simplificação da legislação de
parcelamento, uso e ocupação do solo e das
normas edilícias.

“Aqui o legislador revela sua preocupação com


a ocupação irregular do solo urbano por parte
da população de baixa renda, fato que pode
comprometer o meio ambiente.”
(HARADA, 2004)
Diretrizes

Isonomia de condições para os agentes


públicos e privados na promoção de
empreendimentos e atividades relativos ao
processo de urbanização

“Esse inciso legal deve ser interpretado com


intensa restrição a fim de não investir o
particular em prerrogativas do Poder Público,
ainda que atuando em setor no qual há
predomínio de natureza pública.”
(HARADA, 2004)
Instrumentos

Art 4º
Para fins desta Lei, serão utilizados, entre
outros instrumentos:
Instrumentos

De Planejamento

 Plano Diretor (PD)

“É plano, porque estabelece os objetivos a


serem atingidos, o prazo em que estes devem
ser alcançados (ainda que, sendo plano geral,
não precise fixar prazos, no que tange às
diretrizes básicas), as atividades a serem
executadas e quem deve executá-las. É diretor,
porque fixa as diretrizes do desenvolvimento
urbano do Município.”
(SILVA, 1997)
Instrumentos

De Planejamento

 Planos setoriais (4-III-g), como o de


transporte urbano integrado para cidades
com mais de 500.000 hab. (41-§2)
 Planos de desenvolvimento econômico e
social
Instrumentos

Tributários e financeiros

 IPTU e contribuição de melhoria (4-IV- a e


b)
 Incentivos e benefícios fiscais e
financeiros (4-IV-c)
Instrumentos

Jurídicos e Políticos
 Concessão de uso especial para fins de
moradia
 Parcelamento, edificação ou utilização
compulsórios
 Usucapião especial de imóvel urbano
 Direito de superfície
 Direito de preempção em favor do Poder
Público
Instrumentos

Jurídicos e Políticos

 Outorga onerosa do direito de construir


 Transferência do direito de construir
 Operações urbanas consorciadas
 Regularização fundiária
 EIA e EIV
Utilização compulsória

“Muito embora a propriedade privada continue


figurando no capítulo dos direitos e garantias
individuais (art. 5º, XXII, da CF) – (...) sua
inclusão juntamente com sua função social no
capítulo da ordem econômica importou
inegavelmente, em conferir à propriedade um
alto grau de relativismo, à medida que os
princípios de ordem econômica estão pré-
ordenados com vistas ao atingimento da
finalidade de dignificar a criatura humana,
segundo preceitos da justiça social.”
Utilização compulsória

Conclusão:

“Vale dizer, a propriedade privada só se


justifica enquanto cumpre a função social.
Forçoso reconhecer, pois, que a
propriedade de base individualista cedeu
lugar a propriedade de finalidade social.”
(HARADA, 2004)
Utilização compulsória

Na concepção da CF quem define função


social da propriedade?

O município por meio da Lei do Plano


Diretor o que possibilitou a flexibilização
do conceito de função social, que poderá
variar de um município para outro.
Utilização compulsória

As obrigações decorrentes da utilização


compulsória é transferida pela
transmissão do imóvel, por ato inter vivos
ou causa mortis. Essa obrigação tem a
natureza propter rem, ou seja, uma
obrigação vinculada à propriedade do
imóvel urbano.
IPTU Progressivo
no tempo

Progressividade punitiva que permite ao


poder público a majoração do IPTU por
cinco anos consecutivos pelo
descumprimento pelo proprietário do
imóvel da função social da propriedade
urbana.
IPTU Progressivo
no tempo

 Alíquota máxima de 15% sem prejuízo da


prerrogativa da desapropriação do imóvel
 Depende de disposição no PD
 Majoração anual até duas vezes o valor
do exercício anterior
 Vedado isenções e anistias
Desapropriação
com pagamento
em Títulos

 Decorridos o prazo de cinco anos


 Pagamento com títulos da dívida pública
resgatáveis em até 10 anos em
prestações iguais e sucessivas
 Valor real da indenização e os juros legais
de 6% a.a.
Da Usucapião
Especial de imóvel
Urbano
Possuidor de área urbana de até 250 M²

 Possuidor durante cinco anos sem


oposição
 Utilização para moradia (homem ou
mulher)
 Não poderá ser proprietário de outro
imóvel urbano ou rural
Da Usucapião
Especial de imóvel
Urbano
Possuidor de área urbana com mais até 250
M² ocupadas por população de baixa
renda
 Usucapião especial coletiva
 Atribuição de fração ideal
 Condomínio indivisível, não sendo
passível a extinção
 Obedece a constituição de condomínio
especial
Do Direito de
Superfície
“O direito de superfície é o direito real autônomo,
temporário ou perpétuo, de fazer e manter
construção ou plantação sobre ou sob solo
alheio; é a propriedade – separada do solo -
dessa construção ou plantação, bem como é a
propriedade decorrente da aquisição feita ao
dono do solo de construção ou plantação nele já
existente.”
(LIRA, 1997)
Do Direito de
Superfície
“Ao contrário da transferência de parcela
do direito de construir, que se
depreenderia do direito de propriedade
por imposições urbanística o direito de
superfície apresenta-se como forma de
uso e gozo do solo de propriedade alheia,
implementada sempre por acordo de
vontades.”
(FERNANDES, 1998)
Do Direito de
Superfície
 Direito real sobre o solo, subsolo e espaço
aéreo
 Poderá ser gratuita ou onerosa
 Transferência a terceiros (terreno ou
concessão)
 Extinção (termo ou descumprimento das
obrigações contratuais)
 Recuperação do pleno domínio
(averbação)
Do Direito de
Preempção
“Pelo direito de preempção (ou preferência) o
Município, em determinadas áreas definidas nos
planos urbanísticos, atribui-se a opção
preferencial para a aquisição de todos os
imóveis postos em mercado, de forma ao
estabelecimento de uma reserva de terrenos
públicos que lhe propicie maior poder de
interferência no espaço urbano, sem precisar
recorrer a expedientes mais morosos e
burocráticos, como a desapropriação.”
(FERNANDES, 1998)
Do Direito de
Preempção

 Estar delimitado no PD

 Prazo máximo de cinco anos (renovável)

 Casos elencados no artigo 26


Do Direito de
Preempção

Operacionalização
 Notificação com a intenção de alienar o
imóvel
 Edital de notificação recebida (município)
 Transcorrido o prazo sem manifestação o
proprietário fica autorizado a realizar a
alienação pelo valor da proposta sob pena
de nulidade de pleno direito
Da Outorga
Onerosa
“Urbanisticamente, a idéia do solo criado
pressupõe a adoção de um coeficiente
único de aproveitamento do solo em
determinada municipalidade.”
“(...)solo criado é o excesso de construção
(piso utilizável) superior ao limite
estabelecido pela aplicação do coeficiente
único de aproveitamento.”
(LIRA, 1997)
Da Outorga
Onerosa

A outorga onerosa assume a versão


financeira do solo criado (solução
francesa) na qual o usuário do solo
artificial compensa a coletividade pelo plus
que consentidamente pratica vertendo à
municipalidade uma certa importância em
dinheiro.
Da Outorga
Onerosa

“A taxa de ocupação refere-se a área do


terreno que poderá ser utilizada para a
construção.”
“Coeficiente de aproveitamento é a
relação entre a área do lote e o total da
construção.”
(FERNANDES, 1998)
Da Outorga
Onerosa
Exemplo:
 Construção com a taxa de ocupação de
0,3 poderá ocupar 30% da projeção
horizontal do terreno (não ultrapassa de 1)
 Área de 1000 M² com Coeficiente de 2
poderá receber construção de 2000 M²
 A primeira indica o espaço que a
edificação ocupa no terreno e o segundo,
a sua densidade.
Da Outorga
Onerosa
 PD estabelece áreas onde o CA poderá
ser exercido acima do básico adotado
 Pode adotar CA único para toda a zona
urbana
 Estabelece limites máximos (Infra-estrutua
existente X densidade esperada para a
área)
 Operacionalização por Lei municipal
específica
Da Outorga
Onerosa
Destinação dos Recursos

“Os recursos arrecadados com a outorga


onerosa do direito de construir, bem como com
a alteração de uso do solo, serão destinados à
consecução das finalidades previstas nos
incisos I a X do art. 26, isto é, no atingimento
daquelas finalidades, que legitimam a instituição
da preempção a favor do Poder Público
municipal.”
(HARADA, 2004)
Das Operações
Urbanas
Consorciadas
“um conjunto de intervenções coordenadas pelo
Poder Público, com participação da sociedade
civil, e que tem como objetivo alcançar
transformações urbanísticas estruturais,
melhorias sociais e a valorização ambiental,
notadamente ampliando os espaços públicos,
organizando o transporte coletivo, implantando
programas habitacionais de interesse social e
de melhorias de infra-estrutura e sistema viário,
num determinado perímetro.”
(Lei 10.257)
Das Operações
Urbanas
Consorciadas
 Fonte dos recursos: Certificados de Potencial
Adicional de Construção CEPAC
 Possibilita ao incorporador construir acima do
permitido pela Lei de Zoneamento
 Podem ser alienados em leilão, ou utilizados
diretamente para pagamento das obras da
operação,desapropriações e aquisições de
terrenos para Habitação de Interesse Social
 Podem livremente negociados, mas
 conversíveis em direito de construir somente na
área da operação urbana.
Das Operações
Urbanas
Consorciadas

 Existentes:(Águas Espraiadas, Faria Lima,


Água Branca e Centro)

 Previstas: Diagonal Sul, Diagonal


Norte,Carandiru-Vila Maria, Rio Verde-
Jacú, Vila Leopoldina, Vila Sônia - Celso
Garcia e Santo Amaro Tiquatira)
Das Operações
Urbanas
Consorciadas
 Águas Espraiadas: área de 14.134.000
M², onde estão previstos custos de R$
1,1 bi, ou o equivalente a 3.750.000
CEPAC´s de R$ 300,00 (preço mínimo
deste papel)
 Destino recursos: R$ 350 milhões -favelas
e R$ 750 milhões desapropriações e
obras de melhoria e infra-estrutura.
Das Operações
Urbanas
Consorciadas
Operacionalização
 Definição de área
 Programa de ocupação
 EIV
 Contrapartida
 Destinação dos recursos
 Controle dos Certificados
Da Transferência
do Direito de
Construir
“Aqui, o dispositivo, ao contrário do que
ocorre na operação urbana consorciada,
permite transferir o potencial construtivo
de um imóvel, situado em determinado
local, para outro imóvel, situado em outra
localidade.”
(HARADA, 2004)
Da Transferência
do Direito de
Construir
Operacionalização

 Situações específicas previstas nos


incisos I a III do artigo 35.

 Imóveis com potencial construtivo


congelado ou doado
EIV

"se é certo que o destino urbanístico e a função


social delimitam o direito de propriedade, menos
certo não será que lhes acrescenta outros
valores e outras vantagens em favor do
proprietário, especialmente numa sociedade
capitalista, em que os detentores do solo
perseguem a máxima privatização da cidade,
não só da propriedade imobiliária mas também
das mais-valias que sua atividade gera.“
(SILVA, 1997)
EIV

Elementos analisados
 Adensamento populacional, equipamentos
urbanos e comunitários, uso e ocupação
do solo, valorização imobiliária, geração
de tráfego e demanda por transporte
público, ventilação e iluminação,
paisagem urbana e patrimônio natural e
cultural.
EIV

 Metodologia aplicada?

 Equação ônus e benefícios

 Não confundir com impacto ambiental

 Efeitos positivos e negativos


Plano Diretor

 A função social da propriedade deve ser


tratada por região (não é estática ou
homogênea)
 Plano estratégico básico da política de
desenvolvimento e expansão urbana
 Princípios da participação popular e da
transparência
 Princípio da contigüidade
 Norteador de diretrizes e prioridades
Plano Diretor

 Revisão a cada 10 anos


 Municípios acima de 20 mil habitantes ou
outros com características especiais
 Delimitação das áreas urbanos
 Regulamenta artigos do Estatuto da
cidade
Gestão
Democrática da
Cidade
 Prescreve a cooperação das associações
representativas no planejamento
municipal
 Instrumentos: colegiado, debates,
audiências, consultas públicas,
conferências, iniciativa popular de projeto
de lei, planos e programas
Gestão
Democrática da
Cidade
 Prescreve a cooperação das associações
representativas no planejamento
municipal
 Instrumentos: colegiado, debates,
audiências, consultas públicas,
conferências, iniciativa popular de projeto
de lei, planos e programas
Regularização
Fundiária
 Urbanização de áreas ocupadas por
população de baixa renda (2-XIV)
 Quando o Poder Público necessitar de
áreas para regularização fundiária (26-I)
 Quando a lei especial autoriza o
proprietário a transferir o direito de
construir se o imóvel servir para
programas de regularização fundiária (35-
III)
Regularização
Fundiária
Instrumentos
 Contratação coletiva da concessão de
direito real de uso de imóveis públicos (4
§2)
 Usucapião especial de imóvel urbano (9)
 Usucapião coletivo (10)
 Direito de superfície (21)
Disposições
Gerais

Consórcio Imobiliário
 Recai sobre o proprietário de imóvel que
foi atingido pela obrigatoriedade de
parcelar
 Transfere o imóvel ao Poder Público e
posteriormente recebe unidades
urbanizadas ou edificadas como
pagamento
Disposições
Gerais

“O valor dessas unidades corresponderá


ao valor do imóvel transferido antes da
execução das obras, isto é, não haverá
incorporação da mais valia decorrente da
obra pública(§ 2º).”
(HARADA, 2004)
Impactos na
Gestão Municipal

 Disponibiliza ferramentas para a


implementação da política urbana

 Impõe expressivos deveres ao Munícipio

 Assegura direitos e deveres de cidadania


à sociedade civil organizada
Impactos na
Gestão Municipal

 Editar e revisar o PD a cada 10 anos


 Propor aprofundamento nos estudos
necessários à edição do PD
 Propor leis específicas para o manejo de
determinados instrumentos da política urbana
 Priorizar o atendimento às normas já aplicáveis
como: a usucapião, direito de superfície,
concessão de uso especial para fins de moradia
Impactos na
Sociedade
 Participação efetiva nos processos de
aprovação da PPA, LDO e LOA, bem
como na elaboração do PD
 Possibilita acesso aos documentos
produzidos na elaboração do PD e EIV
 Participação nos processos de
implantação de empreendimentos e
atividades que afetem o meio ambiente ou
conforto da população
Impactos na
Sociedade
Pode:

 Investir nas operações consorciadas


 Participar do controle dessas operações
 Participar dos organismos gestores
 Obter benefícios com o uso do solo criado,
direito de superfície e direito de construir, etc.
Impactos no
Mercado
Imobiliário
 Contesta a utilização compulsória por
confundir o investidor com o especulador
 Contesta a preempção por entender como
uma desapropriação camuflada
 EIV interfere na aprovação de
empreendimentos imobiliários
 Não definiu claramente as questões do
parcelamento do solo urbano
Bibliografia
Brasil, Constituição. Constituição da República Federativa do Brasil: 1988 texto

constitucional de 5 de outubro de 1988 com as alterações das emendas

constitucionais. 17 ed. Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações

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CORBUSIER. Le. Princípios de Urbanismo. La Carta de Atenas. Barcelona: Ariel, 1975.

FERNANDES, Edésio. Direito Urbanístico. Belo Horizonte: Del Rey, 1998.

LIMA, João Ademar de Andrade. Urbanismo como ciência, técnica e arte: sua política e sua
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LIRA, Ricardo Pereira. Elementos de direito urbanístico . Rio de Janeiro: Renovar, 1997.

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Municipal brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1997.

MUKAI, Toshio. Direito e Legislação Urbanística no Brasil: história, teoria, prática. São
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Bibliografia
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ROLNIK, Raquel. Plano Diretor Participativo. Brasília: Tecnopop, 2004.

OLIVEIRA, Isabel Cristina Eiras de. Estatuto da Cidade; para compreender...Rio de


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Bibliografia
Consultas
Artigo: ESTATUTO DA CIDADE INSTRUMENTO PARA AS CIDADES QUE
SONHAM CRESCER COM JUSTIÇA E BELEZA Raquel Rolnik -
Artigo: ESTATUTO DA CIDADE INSTRUMENTO DE REFORMA URBANA- Nelson
Saule Júnior
http://www.estatutodacidade.org.br/estatuto/artigo1.html

Rodrigo Pagani de Souza - Sociedade Brasileira de Direito Público – Estatuto da


Cidades
http://www.inova.unicamp.br/inovanosmunicipios/aprepdf/pal1/Rodrigo
%20Pagani.pdf

Ermínia Maricato, 2002 – Estatuto da Cidade -


http://www.comciencia.br/reportagens/cidades/cid18.htm

Inacio Arruda. Estatuto da Cidade: E Agora?

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