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Técnico em

Enfermagem

Módulo I
HISTÓRIA DA
ENFERMAGEM, ÉTICA
E LEGISLAÇÃO
Enfº Glauber Cavalcante
Evolução Histórica

 As práticas de saúde são tão antigas quanto a


humanidade, por serem inerentes à própria condição de
sobrevivência - desenvolveram-se entre as primeiras
civilizações do Oriente e do Ocidente;

 As práticas de saúde foram influenciadas pelas doutrinas


e dogmas das mais diversas correntes religiosas;
Evolução Histórica
AS ORIGENS DA PRÁTICA DO CUIDAR
 Os grupos de caçadores, criadores e agricultores, aliavam
conhecimento ao misticismo para aplacar as forças do mal;

 Surge então os xamãs , feiticeiros e consequentemente os


sacerdotes;

PRATICAS DO CUIDAR DIVIDIDAS EM GÊNERO


• Práticas de cuidar sempre relacionadas à fecundidade;
nascimento; puericultura; voltadas à mulher

• Os homens tinham a função de cuidar das pessoas agitadas,


embriagadas ou em estado de delírio; práticas em acidentes
durante a caça e a pesca; ferimentos de guerra; traumatismos
e fraturas;
Evolução Histórica
PERÍODO PRÉ-CRISTÃO

Doenças eram tidas como um castigo de Deus / ou poder do


demônio;

Sacerdotes ou Feiticeiras realizavam o tratamento das


doenças através de massagens, banho de água fria ou quente,
purgativos;

Sacerdotes adquiriram conhecimento sobre as plantas


medicinais e delegaram a função de enfermeiros e
farmacêuticos.
Evolução Histórica
NO EGITO:
Para os egípcios as receitas deveriam ser tomadas junto com recitações de
fórmulas mágico- religiosas;

A hospitalidade e o auxílio aos necessitados faziam parte de suas práticas,


que eram realizadas em ambulatórios gratuitos;

Utilizavam a interpretação de sonhos e o hipnotismo na cura de doenças.

NA INDIA:
A história enfatiza o conhecimento de anatomia e a arte humanística dos
hindus no ramo da saúde, destacando-se como verdadeiros mestres da cura;

O budismo contribuiu para o desenvolvimento da Enfermagem e da


medicina.

Citam os enfermeiros, exigindo destes conhecimentos científicos,


habilidades e elevados princípios morais;
Evolução Histórica

 Os enfermeiros hindus deveriam ter asseio, habilidade,


conhecimento na arte culinária e preparo de remédios,
devendo também ser puros, dedicados e
cooperadores;

 Construíram vários hospitais e usavam a


musicoterapia e os narradores de histórias; O rei
Asoka, a cerca 225 a.C. construiu um hospital notável
funcionavam também como escolas de medicina.

 Criado Tratado de Medicina no Séc. VI a.C.


Evolução Histórica

“O médico, as drogas, o enfermeiro e o paciente


constituem um agregado de quatro. Devemos
conhecer as qualidades de cada um na
contribuição para a cura”.

“Conhecimento do preparo das drogas e de sua


administração, inteligência, dedicação, pureza de
corpo e espírito são as quatros qualidades do
enfermeiro”.
Evolução Histórica
NA PALESTINA:

O cuidado com os dentes era um dever religioso que


também contribuiu para o cuidado e higiene corporal;

Muitas tradições do povo hebreu foram encontradas no


gênesis;

MOISÉS ESTABELECEU O CÓDIGO MOSAICO:


• Métodos para prevenir doenças por meio de algumas
regras de higiene pessoal, alimentação e repouso;

• Inspeção e seleção de animais para o abate, cuidados


com a excreta e notificação em caso de doença
contagiosa.
Evolução Histórica
NA ASSIRIA E BABILÔNIA:
A medicina baseava-se em crendices e magias.

Os sacerdotes comercializavam talismãs com orações


contra ataques demoníacos considerados causadores de
doenças
Existia penalidades para médicos incompetentes;
Não há registros de hospitais e enfermeiros;
Conheciam a lepra

“Vai, lava-te sete vezes no Rio Jordão e tua carne


ficará limpa” (Reis: 5, 10-11)
Evolução Histórica
 o código de HAMURABI pautava-se em bases de
conduta para o sacerdote / médico: caso errasse no
tratamento teria suas mãos arrancadas.

 Utilizavam uma terapêutica natural, dando importância


ao regime alimentar, usavam massagens, e praticavam
tamponamentos nasais para caso de epistaxe;

 Deitavam os doentes nas ruas para que as pessoas


que já tivessem experiência com aquele tipo de
doença os receitassem (Origem da medicina baseada
em evidências)
Evolução Histórica

NA CHINA:
Os doentes eram cuidados com plantas medicinais nos
templos por sacerdotes, eles dividiam as doenças em
benignas, médias e malignas;

Doenças resultantes dos maus-espiritos; Construíram


hospitais e casas de repouso;

Anestesia: ópio;

Proibiam a dissecação de cadáveres;

Diagnóstico: OUVIR, VER, SENTIR, OBSERVAR,


INDAGAR
Evolução Histórica
NA GRÉCIA:
 A mitologia grega, seus deuses e heróis são o motivo da história
da medicina ocidental, através dos sacerdotes e cirurgiões;

 Apolo: deus da saúde e da medicina;

 Faziam ataduras e retiravam corpos estranhos;

 Hipócrates, o pai da medicina, dissociou a crendice das práticas


de saúde; Diagnostico; prognostico e terapêutica;

 Os tratamentos utilizados eram os recursos naturais, como banho


de sol, ar puro, água pura, sangrias, massagens e dietas; Para
ele, a natureza era o melhor médico e seu primeiro cuidado é não
contrariá-la; Descreveu conhecimentos sobre doenças do pulmão,
do aparelho digestivo e do sistema nervoso; Tinha extraordinário
conhecimento sobre doenças mentais; E Praticava a cirurgia e
distinguia as fases da cicatrização.
Evolução Histórica

 O cuidar de pessoas enfermas tem sido observado como a


essência da profissão de enfermagem. No entanto o modo como
esse cuidado vem sendo exercido ao longo dos anos exerce
estreita relação com a história da humanidade.

 Os povos desenvolveram sua arte de tratar os doentes, baseados


em seus conhecimentos, crenças e costumes locais. Com base
nisto, se pode afirmar que o hospital, antes do século XVIII, era
uma instituição de assistência aos pobres e feridos em guerras.
Evolução Histórica

 Mas as transformações ocorridas ao longo do tempo, além das


descobertas científicas, permitiram que os hospitais passassem a
ser concebidos como um espaço para cuidar, tratar e curar os
doentes. Tudo isto, se pode dizer, graças às mudanças
resultantes da organização do trabalho de enfermagem.

 O dia 12 de maio é mundialmente comemorado como o Dia


Internacional da Enfermeira. Era a da de nascimento de Florence
Nightingale, a figura mais marcante da enfermagem mundial. Ela
viveu até os 90 anos, sendo cultuada até os dias atuais, em
Londres, como uma das grandes heroínas inglesas.
Evolução Histórica

 Florence, desde a infância, gostava de cuidar de animais e


crianças doentes, e se revelava uma revolucionária, não
aceitando o destino reservado às mulheres de sua época: casar e
ter filhos. Assim, aos 24 anos decidiu trabalhar em um hospital.

 No entanto, àquela época, os hospitais ingleses não ofereciam


condições recomendáveis de trabalho, dado que as pessoas que
prestavam algum tipo de cuidado ou assistência na área eram
religiosas católicas ou anglicanas, em sua maioria composta por
mulheres, sem preparo nem princípios morais, muitas vezes
atuando embriagadas, sendo, por isto, mal vistas pela sociedade.
Evolução Histórica

 De acordo com Brasil (2003), aos 31 anos Florence conseguiu


autorização dos pais para fazer estágios na Alemanha, numa
instituição de diaconisas, sob orientação do Pastor Fliedner,
onde aprendeu a cuidar de doentes pobres.

 Sendo poliglota, Florence aproveitou sua estada em um hospital


de Paris, onde conheceu, aprendeu e acompanhou por vários
meses o trabalho assistencial e administrativo realizado pelas
irmãs de caridade de São Vicente Paulo.
Evolução Histórica

 Foi com elas que Florence aprendeu sobre regras, a cuidado


com os doentes, a fazer anotações, elaborar gráficos, listas de
atividades desenvolvidas, etc. Durante a Guerra de Crimeia, em
1854, Florence ofereceu seus serviços e partiu com outras 38
voluntárias de diferentes hospitais.

 Ao encontrar 4.000 feridos em imensos galpões, organizou a


lavanderia, a cozinha e todos os serviços necessários para o
cuidado dos feridos, conseguindo baixar a mortalidade de 40%
para 2%.
Evolução Histórica
 À noite, ela percorria os alojamentos e corredores do hospital
improvisado com uma lamparina para poder ver os pacientes,
passando a ser conhecida como a Dama da Lâmpada – motivo
pelo qual até hoje a enfermagem é representada pela lâmpada,
símbolo da sentinela, de vigília constante e do cuidado contínuo
do profissional que trabalha junto aos doentes.

 Após a guerra da Criméia, Florence publicou dois livros: Notas


Sobre Hospitais, em 1858, e Notas Sobre Enfermagem, em 1859.
Devido ao sucesso de sua missão, recebeu homenagens do povo
e do governo, além de um prêmio em dinheiro, utilizado para a
organização da primeira escola de enfermagem dos tempos
modernos no Hospital São Tomas, em Londres, tendo as
primeiras 15 alunas matriculadas no ano seguinte.
Evolução Histórica

 A ideia de Florence era reformar a enfermagem não apenas na


Inglaterra, mas no mundo inteiro, a partir da seleção de
candidatas jovens, educadas e de elevada posição social. Este
rigor se dava pelo intuito de eliminar o baixo nível social
daquelas que, até então, presavam assistência aos pacientes em
hospitais.

 Apesar disto, o início foi de intensa luta, visto que poucos


entendiam a necessidade de se ter enfermeiras cultas e com
elevados dotes morais. E o mais grave: não se acreditava que
seriam necessários estudos e preparação especial para cuidar de
pessoas doentes.
Evolução Histórica

 Acredita-se que as experiências de Florence durante sua


passagem pela França, aquelas adquiridas com as regras das
irmãs de caridade, de São Vicente de Paulo, além da rígida
convivência com a disciplina militar, a influenciaram quanto à
concepção de um modelo militarizado de organização das
atividades de enfermagem.

 Algumas das enfermeiras diplomadas em sua escola


trabalharam na Europa, e outras forma para os EUA, Canadá,
Nova Zelândia e Austrália, o que permitiu a divulgação do
sistema Nightingale em todo o mundo, chegando, inclusive ao
Brasil.
Evolução Histórica

 Este sistema tinha como pontos centrais:

a) As enfermeiras deveriam assumir a direção das escolas de


enfermagem, sendo as principais responsáveis pelo ensino
metódico da profissão;

b) Os critérios de conduta moral, intelectual, bem como de aptidão,


deveria ser usados na seleção das candidatas.
História da Enfermagem no Brasil

 “No Brasil, como em muitos outros países, durante um longo


período, as funções de enfermagem foram relegadas ao plano
doméstico ou religioso, sem nenhum caráter técnico ou
científico” (BRASIL, 2003, p. 127).

 Os poucos hospitais que existiam àquela época, voltavam-se


para o atendimento das vítimas de epidemias, soldados feridos
em guerra e indigentes. Às parteiras cabia o atendimento às
mulheres grávidas e doentes.
História da Enfermagem no Brasil

 No início do século XIX, entre os graves problemas de saúde


pública existentes no território nacional, destacavam-se a
falta de saneamento das cidades, a precariedade das
habitações, a necessidade de controle sanitário dos portos e
das doenças epidêmicas, assim como alguns problemas
sociais decorrentes da presença de doentes mentais
perambulando pelas ruas (BRASIL, 2003, p. 127).
História da Enfermagem no Brasil

 Nesse sentido, entre as múltiplas propostas de intervenção


sobre o espaço urbano com vistas ao saneamento, tem especial
importância a criação, no Rio de Janeiro, em 1824, de um
hospício, chamado posteriormente de Hospital Nacional de
Alienados. A criação deste pode ser considerada um marco
histórico que antecedeu à criação da primeira escola de
enfermagem no país.

 A Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras foi crida em


1890, por força de um decreto federal, no 791, que funcionava
dentro do Hospital Nacional de Alienados.
História da Enfermagem no Brasil

 Essa escola denominou-se, posteriormente, Escola de


Enfermagem Alfredo Pinto, que hoje pertence à Universidade
Federal do Rio de Janeiro (Unirio). Observa-se que a escola não
fora instalada nos moldes do sistema Nightingale, dado que sua
divulgação não havia chegado ainda Brasil.

 O primeiro curso de enfermagem seguindo os moldes


“nightingaleanos” surgiu em São Paulo, no ano de 1895, por
iniciativa de enfermeiras inglesas que praticavam também a
enfermagem domiciliar, que era muito importante na época,
tendo em vista que havia muita resistência à hospitalização,
especialmente no que diz respeito às camadas sociais elevadas.
História da Enfermagem no Brasil

 Por ser um grupo restrito, dirigido por pessoas ligadas à religião


presbiteriana, essa iniciativa não teve grandes repercussões. Em
1916, no Rio de Janeiro, durante a Primeira Guerra Mundial, a
Cruz Vermelha Brasileira criou sua escola de enfermagem, com
o objetivo de preparar voluntárias para o exercício da
enfermagem em frentes de batalha (BRASIL, 2003).

 O início da década de 1920 foi marcado pelas epidemias que


assolavam o País: tifo, cólera e febre amarela. Surgiu, então, o
Departamento Nacional de Saúde Pública, organizado pelo Dr.
Carlos Chagas.
História da Enfermagem no Brasil

 Com vistas a conter a epidemia de febre amarela, Carlos Chagas


promoveu a vinda de um grupo de enfermeiras norte-
americanas, tendo a colaboração da Fundação Rockfeller.

 Embora já funcionasse, há mais de vinte anos, uma escola


profissional e enfermeiros e enfermeiras, contando com a ajuda
do Departamento Nacional de Saúde Pública, criado por Chagas,
estas enfermeiras fundaram, então, em 1923 uma escola de
enfermagem, vinculada a este departamento, denominada
Escola de Enfermagem Anna Nery, que atualmente faz parte da
Unirio.

 Deste modo, as duas escolas passaram a coexistir de forma


totalmente independente.
História da Enfermagem no Brasil

 Após a formatura da primeira turma de enfermeiras dessa nova


escola, surgiu, então, a Associação Brasileira de Enfermagem
(Aben), em 1926. Diz-se que a história da enfermagem brasileira
se confunde com a história da Aben, cujas pioneiras (Edith de
Magalhães Fraenkel, Glete de Alcântara, Marina de Andrade
Resende, Haydée Guanais Dourado, Maria Rosa de Souza
Pinheiro, Irmã Maria Tereza Notarnicola, Maria Ivete Ribeiro de
Oliveira, entre muitas outras) lideraram, com intensa luta, todas
as conquistas da profissão (BRASIL, 2003).
OBRIGADO!

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