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Alienação e Razão

Instrumental
• Fé e razão podem se aproximar?
• A Filosofia, ao longo da história, suscitou
tantas oposições.
• Que fez florescer a ciência moderna.
• Posteriormente, ela encontrou formas de
unir metafísica, ciência e religião.
• Uma alternativa encontrada na modernidade
consiste em delimitar os campos de atuação
de cada área.
• Desse modo, a religião fica responsável
pelos problemas morais e por oferecer
propostas para o destino da alma humana.
• A crença em Deus, segundo essa visão,
diferencia o ser humano dos outros
animais.
• Assim como a certeza da finitude do
corpo, a possibilidade da imortalidade da
alma.
• A liberdade de recusar aquilo que é essencial
à sua sobrevivência.
• Enfim, esses aspectos morais se tornam
problemas e soluções das religiões.
• Assim, a consciência pode relacionar-se com o
mundo de maneiras variadas.
• Senso comum, ciência, filo­sofia, artes, religião - de
sorte que não há oposição nem exclusão entre elas.
• Mas diferença.
• Isso significa que a oposição só surgirá quando a
consciência.
• Estando numa atitude, pretender relacionar-se com o
mundo utilizando significações e práticas de uma
outra atitude.
• Foi isso que engendrou a oposição e o conflito
entre filosofia e religião.
• Pois, sendo atitudes diferentes da consciência.
• Cada uma delas não pode usurpar os modos
de conhecer e agir, nem as significações da
outra.

• CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São


Paulo Ática. 2003 p, 268.
• Uma possibilidade de harmonia.
• Entre fé e razão, dá-se pela separação entre
seus domínios.
• Mesmo considerando o âmbito de uma só
pessoa.
• Cada um pode ter atitudes filosóficas,
científicas, religiosas.
• Em momentos diferentes de sua vida e sobre
objetos diferentes.
• O conflito volta a ser estabelecido.
• Quando um modo de relacionar-se com o
mundo se sobrepõe ao outro.
Alienação
• Houve também tentativas de relacionar Filosofia e
religião.
• Criando uma religião antropológica ou uma filosofia da
religião.
• Quais foram os resultados dessas tentativas de relacionar
razão e fé?
• Ludwig Feuerbach (1804-1872), filósofo alemão, criticava
a religião por considerá-la uma forma de alienação.
• O filósofo defendia a ideia de que os seres humanos
criavam os deuses.
• Atribuindo-lhes poderes para dominarem a
própria humani­dade.
• Mas também para consolarem a dor ou a tristeza
de uma perda, por exemplo.
• O problema, afirmava Feuerbach, era que os seres
humanos se esqueciam de que eles mesmos
inventaram os deuses.
• E acabavam, portanto, invertendo o jogo:
• Passaram a pensar que os deuses criaram os seres
humanos.
• A alienação religiosa, na concepção de
Feuerbach, seria o processo de atribuir ao outro
aquilo que é seu, a sua criação:
• Ser humano transforma um outro ser.
• Que é estranho, um deus, por exemplo.
• Em um ente tão poderoso.
• Que é capaz de fazer com que se esqueça de
que o próprio ser humano o criou.
• Esse esquecimento autoriza o poder da criatura
sobre o criador.
• De modo tão absoluto que essa relação de
criação parece invertida.
• Isso acontece, segundo o filósofo, porque o ser
humano precisa do outro para reconhecer a si
mesmo.
• Uma vez feita a critica da religião alienada, coube
a Feuerbach repensar a religião sem alienação.
• Assim, ele elaborou uma teoria da religião
antropológica como expressão da natureza
humana.
• O amor, a razão e a vontade formam a
trindade da essência humana.
• E constituem a religião antropológica em que o
querer, o sentir e o pensar são ilimitados e
infinitos.
• O ser humano pode ter vontade (querer)
de qualquer coisa.
• Pode usar a razão (pensar) para descobrir
infinitas coisas, e pode amar (sentir) tudo.
• Portanto, a infinitude que o ser humano
religioso atribui a Deus é, para o filósofo,
uma característica da própria essência
humana.
• Karl Marx retomou a crítica de Feuerbach sobre a
alienação religiosa.
• Para formular tanto a sua própria posição referente à
religião.
• Como para reformular o conceito de alienação
aplicado à política.
• Segundo Marx, o povo que é oprimido e explorado.
• A classe proletária usa a religião para buscar um
lugar melhor.
• Já que há religiões que prometem a salvação em
outro mundo melhor.
• Assim, a religião teria o papel de confortar o
indivíduo que sofre a opressão capitalista.
• É o "grito do oprimido" que não suporta mais as
misérias da humanidade.
• E, então, busca refúgio no mundo sobrenatural,
alienando-se.
• Nesse sentido, Marx proferiu a seguinte frase: "a
religião é o ópio do povo".
Razão instrumental
• Não é apenas a religião que é criticada pela Filosofia como
forma de alienação e dominação.
• A razão científica também é criticada pelo mesmo motivo.
• Os filósofos da chamada Escola de Frankfurt, como
Adorno, Marcuse e Horkheimer.
• A partir da década de 1920, acusaram determinada forma de
fazer ciência de pretender dominar e controlar a natureza.
• E até os seres humanos, usando um discurso falso e
generalizador.
• Parece que enquanto o conhecimento técnico expande o horizonte da
atividade e do pensamento humanos.
• A au­tonomia do homem enquanto indivíduo, a sua capacidade de
opor resistência ao crescente mecanismo de manipulação das massas.
• O seu poder de imaginação e o seu juízo independente sofreram
aparentemente uma redução.
• O avanço dos recursos técnicos de informação se acompanha de um
processo de desumanização.
• Assim, o progresso ameaça anular o que se supõe ser o seu próprio
objetivo: a ideia de homem.

• HORKHEIMER. Max. Eclipse da razão. Rio de Janeiro: Editorial Labor


do Brasil. 1976. p. 6.
• A razão instrumental, em oposição à razão crítica,
fundamenta uma forma de fazer ciência que somente se
interessa pelos fins.
• Sem se preocupar com os meios necessários para atingir
seus objetivos.
• Isso acontece porque a dominação cientificista interessa
aos capitalistas.
• Àqueles que têm lucro com a produção científica,
mesmo que o produto não seja benéfico para to­dos.
• Como é o caso da bomba nuclear.
• Trata-se, então, de uma razão com as
características do Iluminismo.
• Pois tem pretensões de progresso, de
emancipação, de liberdade para o ser humano.
• Mas, ao tornar-se instrumental e cientificista.
• Termina por gerar regressão, individualização,
destruição, submissão e alienação.

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