Você está na página 1de 20

IRA

Insuficiência Renal
Aguda

Thiago Machado Chaves


Definição

• É uma síndrome que se caracteriza pelo declínio abrupto e sustentado


da função renal.
• Ocorre em um período curto de tempo, em geral, dentro de horas a
dias.
• Avaliada pela taxa de filtração glomerular (TFG) – e pela retenção de
escórias nitrogenadas – por exemplo, ureia e creatinina.
• Dependendo da duração e gravidade da disfunção renal, pode ocorrer
hipervolemia, acidose metabólica e hipercalemia.
Definição

A IRA resulta da incapacidade renal de manter o equilíbrio hidro-


eletrolítico, de controlar os volumes dos compartimentos corporais e a
pressão arterial, de manter sua função excretora, de controlar a
osmolaridade, de eliminar a carga ácida fixa e de manter funções
endócrinas e metabólicas.
Critérios de RIFLE
Classificação da IRA
Etiologia

• Pré-renal – ocorre devido à redução do fluxo


plasmático renal e do ritmo de filtração glomerular.
• Exemplos: choque hipovolêmico, hemorragias,
desidratação grave.
• 55-60% dos casos.
Etiologia

• Renal – ocorre por causa de doenças que envolvem o


parênquima renal.
• Exemplos: necrose tubular aguda, nefrite,
glomerulonefrites, nefrotoxicidade.
• 35-40% dos casos.
Etiologia

• Pós-renal – doenças associadas secundariamente à


obstrução aguda do trato urinário.
• Exemplos: cálculos, traumas, coágulos, tumores,
fibrose retroperitoneal.
• <5% dos casos.
Caso Clínico
Paciente N. S. V., sexo masculino, 82 anos, negro, aposentado, natural e procedente de
Itaberaí-GO, procurou a unidade de emergência hospitalar, acompanhado da neta, com
queixa de diarreia e vômito há quatro dias. Relata que os sintomas se iniciaram um dia
após a ingestão de um pastel de feira com salada de repolho. Refere piora nas últimas 48
horas, apresentado cerca de 4 evacuações de aspecto líquido, mucoso e não
sanguinolento, além de 2 episódios de hêmese e febre mensurada de 38,4 °C.  O paciente
queixa-se ainda de oligúria e fadiga nas últimas 24 horas. Refere uso de bromoprida, para
as náuseas e vômito, e dipirona para febre, com melhora. Também fez uso de amoxicilina
500 mg 3x/dia por dois dias, mas sem melhora ou piora para oligúria e a diarreia. Nega
histórico de doenças prévias e alergias.  Refere ingesta hídrica de 2 copos de água por dia
e que é etilista social. Nega tabagismo. Sedentário. Afirma dormir 7 a 8 horas por dia.
Caso Clínico
Ao exame físico, o paciente encontrava-se em REG, hipoativo, letárgico, afebril,
acianótico, conjuntivas e escleróticas anictéricas, desidratado (+++/+4), eupneico
(FR = 18 irpm), taquicárdico (FC = 120 bpm) e hipotenso (90 x 60 mmHg). Olhos
secos e fundos. Sistema respiratório com murmúrio vesicular presente e sem
ruídos adventícios. Aparelho cardiovascular com bulhas normofonéticas em dois
tempos, sem presença de sopros. Abdome flácido, com ruídos hidroaéreos
aumentados, discretamente doloroso à palpação profunda. Fígado e baço não
palpáveis. Murphy e descompressão brusca negativos. Giordano negativo.
Ausência de edema em MMII com panturrilhas livres e sem sinais de TVP. 60 kg.
Caso Clínico

• HD: GECA/Desidratação

• CD:
• Internação;
• Solicito exames – hemograma, gasometria arterial, ureia, creatinina, sódio,
potássio, fósforo, cloro, coprocultura de fezes, urocultura.
Caso Clínico
Caso Clínico
Caso Clínico
• No hemograma, notou-se níveis de leucócitos e neutrófilos acima do normal e demais valores
dentro dos parâmetros.
• HGT = 96 mg/dL.
• Na gasometria arterial indicou níveis de pH = 7,32; [HCO3–] = 15 mEq/L; pCO2 = 30 mmHg;
base excess (BE) = -1,0; ânion gap (AG) = 10.
• Sódio = 146 mEq/L, Potássio = 5,8 mEq/L, Fósforo = 4,9 mg/dL, Cloro 115 mEq/L.
• Ureia = 80 mg/dL, Creatinina sérica = 1,8 mg/dL.
• O exame de fezes indicou a presença de muco e de leucócitos na amostra e infecção pela
bactéria Salmonella, condizente com os sinais e sintomas apresentados pelo paciente.
• A urocultura veio negativa.
Caso Clínico
O paciente possui uma enterocolite por Salmonella, que levou o mesmo a um
quadro de lesão renal aguda (LRA) pré-renal por hipovolemia (desidratação). É
importante destacar que pacientes idosos estão bastante susceptíveis a
desidratação em quadros diarreicos sendo, assim, um fator de risco
importante.
Com a LRA instalada, é possível notar uma alteração na função renal (ureia e
creatinina), assim como nos eletrólitos.
A gasometria arterial expressa uma acidose metabólica hiperclorêmica,
comum nesses quadros.
Caso Clínico
Devido da ausência de tratamentos específicos para a maioria dos casos de IRA instalada, a melhor
maneira de tratá-la é provavelmente evitar a sua ocorrência. A prevenção para a Lesão Renal
Aguda envolve inicialmente a mudança de hábitos de vida, no geral, como a adoção de uma boa
alimentação e prática de exercícios físicos. Ademais, cabe ao profissional de saúde orientar
corretamente, principalmente os pacientes com potenciais fatores de risco, como idade avançada,
doença renal crônica preexistente, insuficiência cardíaca, doença vascular periférica, diabetes,
hipertensão, síndrome nefrótica, entre outros. Aliado a isso, é necessário tratar todas as
comorbidades associadas e instruir o paciente quanto ao uso inadequado de nefrotoxinas que não
necessitam de prescrição médica, como AINEs, por exemplo. No nível hospitalar é necessário
evitar a administração de medicamentos nefróticos, como aminoglicosídeos, evitar o uso de
radiocontraste e monitorar os valores de produção urinária com determinação diária de eletrólitos
séricos e níveis de creatinina.  
Fluxograma
Fluxograma
Fluxograma
Bibliografia
• Bellomo R, Ronco C, Kellum JA, Mehta RL, Palevsky P; Acute Dialysis Quality Initiative Workgroup. Acute renal
failure - definition, outcome measures, animal models, fluid therapy and information technology needs: the
Second International Consensus Conference of the Acute Dialysis Quality Initiative (ADQI) Group. Crit
Care. 2004;8(4):R204-12.

• Cecil Medicina Interna. 24. ed. Saunders-Elsevier, 2012.


• Ministério da Saúde. Manejo do Paciente com Diarreia. Brasil, 2019.
• Schrier RW, Wang W, Poole B, Mitra A. Acute renal failure: definitions, diagnosis, pathogenesis, and therapy.
J Clin Invest.2004;114(1):5-14.

• Venkataraman R, Kellum JA. Defining acute renal failure: the RIFLE criteria. J Intensive Care
Med. 2007;22(4):187-93.

Você também pode gostar