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ENVELHESER

O que é para você envelhecer


com saúde?
Você já se fez essa pergunta?
Os idosos representam 12% da população mundial, com previsão de
duplicar esse quantitativo até 2050 e triplicar em 2100. A maior longevidade
pode ser considerada uma história de sucesso para a humanidade. Esses
anos extras de vida permitem à população planejar o futuro de modo
distinto das gerações anteriores, dependendo de um elemento central: a
saúde.
A OMS define o envelhecimento saudável como o “processo de
desenvolvimento e manutenção da capacidade funcional que permite o bem-
estar na idade avançada”. A capacidade funcional, por sua vez, pode ser
compreendida como a associação da capacidade intrínseca do indivíduo,
características ambientais relevantes e as interações entre o indivíduo e essas
características. A capacidade intrínseca é a articulação das capacidades físicas
e mentais (incluindo psicossociais). As características ambientais são o
contexto de vida, incluindo as relações sociais. O bem-estar é singular e
permeado de aspirações subjetivas, incluindo sentimentos de realização,
satisfação e felicidade.
A maior proporção dos artigos a respeito deste assunto (27,3%) foi
publicada no ano de 2014. Os países que mais produziram artigos sobre
a perspectiva de idosos sobre o envelhecimento saudável foram o Brasil
(36,3%), Canadá (18,1%) e a Tailândia (18,1%). Os profissionais que mais
publicaram foram psicólogos (54,5%), seguidos de enfermeiros (27,2%).
A maior parte dos periódicos (63,6%) não é específica da área de
geriatria ou gerontologia.
O AVANÇO DA ESTÉTICA NOS TRATAMENTOS CONTRA
ENVELHECIMENTO
 
O envelhecimento apresenta características próprias na sua composição
social, com múltiplas dimensões possibilitando novos espaços e novas
oportunidades e experiências a serem vivenciadas, abrangendo aspectos
relevantes referentes a ordem social, política, cultural e econômica.
Do ponto de vista conceitual, a sociedade enfatiza quanto ao peso que
características corporais têm na vida das pessoas, especialmente das
mulheres.
Contudo o modelo de atendimento que leva em conta o sujeito como um
todo enfatiza uma mudança de perspectiva quanto às questões desse
corpo, que está inserido em um contexto e que tem que se levar em
conta, para que não seja visto somente “um corpo”, que está ali na nossa
frente, mas um sujeito que busca algo mais do que aquilo que podemos
ver.
O compromisso profissional não pode ser indiferente a essa realidade e
deve ser dotado de ações e reflexões referente à mesma.
Isso implica em valores humanos fundamentados numa perspectiva de
Direitos Humanos e a partir de um novo olhar sobre a realidade vivenciada
por esse sujeito. O reconhecimento disso por parte de quem atende o
indivíduo em qualquer circunstância é tão ou mais importante que a própria
técnica a ser aplicada, para o sucesso do nosso atendimento. No que
concerne a esse ideal de beleza podemos perceber que promoveu um
crescimento da indústria de cosméticos e de cirurgias plásticas, assim como
impulsionou os avanços da medicina nessa área que revelou novas formas de
tratamento, tudo isso na obsessão em retardar o envelhecimento.
Aqui temos a intenção de refletir sobre a importância da
interdisciplinaridade na estética, aproximando com a temática relativa ao
significado do envelhecer, especialmente para as mulheres e nesse sentido
a busca incessante da estética sem limites e sem avaliar as consequências
desse ato.
Mostrar a relação entre envelhecimento e a autoestima buscada na
estética é importante por várias razões.
Primeiro, porque o envelhecimento vem acompanhado de algumas
limitações nas capacidades físicas reais e, às vezes, também intelectuais, o
que assusta muito as pessoas que estão envelhecendo. A falta de
perspectiva para novas ocupações e o termino da ocupação profissional
com a aposentadoria, acaba com as expectativas desse sujeito. Tudo isso
nos remete a uma nova fase e enfrentamento de realidade assustadora.
Vale sempre lembrar que o envelhecimento populacional não precisa ser
necessariamente acompanhado da deficiência, limitações ou empecilho
grave à vida cotidiana das pessoas.
A fase do Envelhecer numa perspectiva Orgânica e Psicológica

O Brasil é um dos dez países do mundo com maior número de pessoas


acima de 60 anos: 16 milhões. É a faixa etária da população que mais
cresce. Essa fase é bastante complexa e muito influenciada por fatores
individuais que se iniciam com o declínio lento e depois acentuado das
habilidades que o indivíduo desenvolvia anteriormente (OMS, 2015).
Até o início do século passado, a média de vida, em países
desenvolvidos, mal chegava aos 40 anos. Com o saneamento básico, as
vacinas, os antibióticos, todo o progresso da ciência mudou
radicalmente esse quadro. Atualmente a expectativa de vida aumentou
de 40 para 70 anos de idade. Isso passa a ser um grande desafio para a
sociedade, pois essa sociedade está envelhecendo e precisamos pensar
em políticas públicas para esse público alvo, bem como alternativas de
melhorar a qualidade de vida dessas pessoas (LOPES, et al., 2014).
Diversas teorias se propõem a esclarecer os eventos biológicos
responsáveis pelo envelhecimento humano, mas nenhuma é conclusiva o
bastante para serem totalmente acolhidas, mesmo aquelas
fundamentadas na genética, ainda que exista grande ênfase em torno da
teoria de que o período de vida é geneticamente determinado
(MOLITERNO, et al., 2012).
Basílio e Romeu (2012) afirmam que a manifestação fisiológica do
envelhecimento é a deterioração gradual da função e capacidade de
resposta aos estresses ambientais. Esta manifestação está relacionada tanto
a uma redução no número total de células do organismo, quanto ao
funcionamento desordenado das muitas células que permanecem.
Envelhecer é, assim, um processo natural e pode ser definido como um
conjunto de modificações fisiológicas irreversíveis, inevitáveis.
TELÔMERO
Pode-se observar neste processo, mudanças emocionais na auto-estima e
autoconfiança do idoso como a aceitação ou recusa do envelhecimento;
aceitação ou rejeição da família; apego ao conservadorismo e atitude
hostil ante o novo; estreitamento da afetividade e diminuição das
aspirações; enfraquecimento da consciência, deteriorização da memória e
dificuldade de aprendizagem; mudanças no caráter (irritabilidade,
desconfiança e indocilidade); reações emocionais mais evidentes, como o
medo de ser abandonado ou da solidão, tristeza e frustração diante da
ideia de envelhecer.
O conceito de envelhecimento vem assumindo diferentes paradigmas ao
longo dos tempos. Desde o ancião respeitável, significando conhecimento
em determinadas culturas a partir da noção de produção e de experiência,
até a imagem de decadência e de perda de capacidades físicas e
psicossociais. O envelhecimento acontece durante um período especifico
de vida do ser humano, acarretando importantes transformações na
constituição do sujeito. As alterações são biológicas, psicológicas e sociais.
Com isso, como acontece com todos os órgãos do corpo humano, a
estrutura e as funções da pele vão se modificando gradualmente com o
passar do tempo. Para isso existem inúmeras formas de tratamento com o
intuito de suprimir ou suavizar as alterações presentes no envelhecimento
(MOLITERNO, et al., 2012).
A degeneração senil ocorre de preferência sobre regiões que se acham
expostas às intempéries (face, pescoço, dorso das mãos e antebraços),
provocando o agravamento ou exagero dos sulcos e pregas naturais das
regiões comprometidas (SPIRDUSO, 2012). Na conjuntura atual, com o
expressivo aumento da expectativa de vida, podemos compreender que o
envelhecimento com aquela ideia de inatividade, inutilidade, inatividade,
vem sendo substituído, pela ideia de uma etapa destinada a novas
oportunidades e prazeres, a uma segunda vocação, ao descanso e a
qualidade de vida (BASÍLIO; ROMEU, 2012).
O Equilíbrio entre a Estética e a Saúde
Se no campo da estética a aspiração é aparentar cada vez menos anos de vida,
na área da saúde o objetivo é ganhar cada vez mais tempo e qualidade de
vida. Neste contexto, o grande desafio na atualidade é incorporar a Estética no
mesmo patamar de discussão que prioriza a qualidade de vida e saúde do
sujeito ao qual estamos nos debruçando, pois precisamos avançar para termos
a legitimidade desse trabalho. É preciso levar em conta esse sujeito como um
todo em um contexto em que determinado sujeito precisa além de ter
pouquíssimas rugas em seu rosto, garantir uma saúde coerente com a sua
realidade (MORAES; BARBOSA, 2014).
O envelhecimento é um processo lento, progressivo e irreversível, influenciado
por diversos fatores intrínsecos e extrínsecos. O envelhecimento intrínseco
pode também ser chamado de verdadeiro ou cronológico, sendo aquele já
esperado e inevitável. Já o extrínseco pode ser denominado também de foto
envelhecimento, no qual as alterações surgem em longo prazo e se sobrepõe
ao envelhecimento intrínseco (MOREIRA, 2012). Todo esse processo, apesar
dos diversos estudos, não tem uma causa definida que explique a natureza das
alterações anatômicas, mas várias teorias tentam explicá-la. As principais são:
Teoria do Relógio Biológico, Teoria da Multiplicação Celular, Teoria das Reações
Cruzadas de Macromoléculas, Teoria dos Radicais Livres, Teoria do Desgaste e a
Teoria autoimune (MOLITERNO, et al., 2012).
Na epiderme inicia uma redução de suas camadas, resultando na diminuição
do número de células que se descamam em função da alteração da
renovação celular. Há também uma diminuição da produção hormonal e a
pele começa a apresentar ressecamento. A derme começa a apresentar uma
diminuição da quantidade e da qualidade do gel coloidal, perdendo sua
capacidade de reter a água e de manter o equilíbrio na produção das fibras
de colágeno e elastina, que sustentam a pele. Com isso a manutenção da
firmeza e da elasticidade da pele fica fragilizada. Os vasos sanguíneos vão
perdendo a capacidade de eliminar as toxinas do organismo e também de
nutrir e oxigenar as células da epiderme (MOREIRA, 2012).
Para Moraes e Barbosa (2014) definir beleza tem sido o tema constante na
história da humanidade; procura-se compreendê-la pelas diversas
perspectivas, na tentativa de alcançá-la, conquistá-la e ter a fórmula para
aprisioná-la. Encontrar-se descontente com a própria imagem é habitual
desde que não extrapole os contornos do admissível e passe a ser um objeto
de ansiedade, inquietação exagerada e obsessiva com os contornos
perfeitos levando a um descontentamento inflexível com o próprio corpo,
desvirtuando os pensamentos e conduta da pessoa na maior parte do dia,
pois isso já seria patológico.
 

Autocuidado em Saúde e a Busca pela Beleza


A busca pela beleza à custa de tecnologias mais simples empregadas pelas
técnicas estéticas tem tido maior receptividade nos últimos anos. Nesse
mercado o Brasil apresenta-se como uma nação que disponibiliza o maior
número de tratamentos e procedimentos para atender uma demanda de
clientes em franca expansão que buscam, além da melhoria corporal, também
uma vida mais saudável (PAIXÃO; LOPES, 2014). Contudo uma preocupação
deve ser constante em nossa área, que é a não fragmentação dessa técnica e
principalmente desse sujeito. Entretanto não é essa realidade vista no
cotidiano de nossa prática.
Essa reflexão sobre a teoria da fragmentação aponta como uma
necessidade urgente de avanços, pois é preciso ultrapassar a concepção de
que o fazer “partido” em que se resume a uma aplicação do saber
patológico sobre a queixa do individuo, sem levar em conta o contexto e o
todo desse sujeito. Esse é um método que busca esquartejar o sujeito,
julgando o mesmo em um aspecto tentando enquadrá-lo à força nos
compartimentos da constituição teórica acerca do corpo (PASCHOARELLI;
CAMPOS; SANTOS, 2015)
Olhar para uma mesma realidade, levando em conta nossa experiência,
expectativas, valores, formação e os cuidados no atendimento em estética,
vai ao encontro da necessidade de perspectivas da pessoa e que ultrapassem
as limitações e se depara com varias fronteiras que envolve vários saberes
disciplinares. Todos os técnicos estão comprometidos em ensinar, aprender e
trabalhar em conjunto para delinear planos de intervenção que ultrapassam
os limites da sua disciplina. A ênfase no idoso é uma grande preocupação na
atualidade e a integração dos profissionais de diversas áreas da saúde se faz
necessário em decorrência dessa população constitui-se como um grupo
diferenciado entre si e em relação aos demais grupos etários. Por isso que
qualquer que seja o enfoque do atendimento, é preciso ter como proposta
um trabalho interdisciplinar. Nesse contexto cabe à equipe interdisciplinar
dar o suporte de que a pessoa necessita para viver essa experiência.
Isso permite salientar que o papel da equipe não deve residir somente na
aplicação de técnicas específicas, visando ao tratamento, mas em
conhecer o sujeito dentro das condições em que está inserida, levando-se
em conta os fatores ambientais. Há necessidade de um intercâmbio de
informações em meio aos profissionais, para que a visão destes em
relação ao sujeito seja integrada.
Não se pode atender alguém sem conhecer a sua realidade, pois como
dar as orientações adequadas a cada realidade?
Para, além disso, um trabalho em uma proposta interdisciplinar centra-se,
fundamentalmente, nas necessidades da pessoa e não na especialização
dos técnicos.
Portanto cada um tem sua expectativa e sua demanda, quando busca esse
atendimento, e precisamos entender que o conceito de estética é algo
subjetivo, pois cada sujeito tem o seu conceito próprio, por isso precisa ser
ouvido. A imagem que as pessoas têm de si mesmas é bastante variável e
precisa ser levada em conta quando se pensa em atendimento na área da
estética. Isso se justifica pela constituição da imagem corporal, que começa
a se constituir lá no inicio do desenvolvimento infantil, a partir das relações
que ele forma com a mãe. Por isso essa imagem se estabelece com
influência do incremento psicológico e, portanto o emocional está sempre
presente na formação da imagem que temos de nós mesmos.
Música: Envelhecer – Arnaldo Antunes
https://youtu.be/HFgi79BbrxI

MUITO
OBRIGADA!!!
Ana Paula Barbieri de Moraes – (11) 9 8281-2868
propaulamoraes@gmail.com

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