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Fernando Pessoa

e seus
heterônimos
Heterônimos
       Desde cedo, Fernando
Pessoa inventara seus
companheiros. Ainda em
Durban, imagina os
heterônimos Charles Robert
Anon e H. M. F. Lecher.
Cria também o especialista
em palavras cruzadas
Alexander Search e outras
figuras menores.
Os heterônimos são
invenções de personagens
completos, que têm uma
biografia própria, estilos
literários diferenciados, e
que produzem uma obra
paralela à do seu criador.
A genialidade de Fernando Pessoa é grande
demais para caber em um só poeta. Como
bem o sintetizou o seu heterônimo mais
atribulado, Álvaro de Campos:

"Quanto mais eu sinta, quanto mais eu sinta


como várias
pessoas,
Quanto mais personalidades eu tiver,
(...)
Quanto mais unificadamente diverso,
dispersadamente
atento,
Estiver, sentir, viver, for,
Mais possuirei a existência total do
universo,
Mais completo serei pelo espaço inteiro
fora."
Fernando Pessoa viveu durante
os primórdios do Modernismo, uma
época em que a arte se fragmentava
em várias tendências simultâneas, as
chamadas Vanguardas: Futurismo,
Cubismo, Expressionismo, Dadaísmo,
Surrealismo entre outras.
Fernando Pessoa, introdutor das
vanguardas modernistas em Portugal,
ao se dividir, levou a fragmentação da
arte moderna às últimas conseqüências.

Alberto Caeiro, o camponês sábio


Ricardo Reis, o neoclássico,
racionalista e semipagão
Álvaro de Campos, o futurista,
neurótico e angustiado
Alberto Caeiro
Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.     
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
Ricardo Reis

Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.


Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos.)
Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses.
Álvaro de Campos
Poema em linha reta
“Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas
[vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para
[tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
(...)
Eu verifico que não tenho par nisto tudo, neste mundo.
Assinaturas dos heterônimos
      Além de todos esses
heterônimos, Pessoa também
assinava alguns textos com seu
próprio nome, ortônimo,
Fernando Pessoa ele mesmo.
Fernando Pessoa
   Fernando Pessoa “ele mesmo”
(ortônimo)
 
Sua poesia é marcada pelo ceticismo, pela
sensação do tédio, pela idéia de que o
poeta é um desajustado, marcado para a
solidão e o desamparo.

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