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Objetivos da Matéria no Curso

 Conhecer aspectos primordiais do Direito Civil;


 Interpretar princípios doutrinários adotados pela
Legislação Civil;
 Conhecer os diferentes aspectos técnico-
jurídicos relacionando-os com a atividade fim;
 Compreender procedimentos legais a serem
adotados em ações policiais;
 Identificar e solucionar problemas ligados a
atividade cotidiana.
Avaliações da Aprendizagem
Prevista no Plano de Matéria

 Verificação de Aprendizado:

Prova escrita: UD´s avaliadas – I a IV (2 h)


Lei de Introdução ao Código Civil
Decreto-Lei nº 4.657/1942.
 Não compõe o Código Civil;

 Tem caráter universal, aplicando-se a todos os


ramos do Direito através de princípios gerais que
regem a dinâmica normativa;

 Conjunto de normas sobre normas;

 Não estabelece critério hierárquico, pois a CF é a


norma mais importante do ordenamento jurídico sob
o ponto de vista estrutural.
Lei de Introdução ao Código Civil
Decreto-Lei nº 4.657/1942.
Principais Objetos da LICC:

 Tratar da obrigatoriedade das leis, discorrendo sobre sua


vigência e eficácia;
 Estabelecer o início e o fim da produção de efeitos das
normas;
 Apresentar todas as fontes do Direito;
 Solucionar o conflito de leis no tempo; e
 Resolver o conflito de leis no espaço.
Conceito de Direito

Direito é o conjunto de normas que rege as


ações humanas e suas conseqüências na
vida, estabelecida por uma organização
soberana, com caráter sancionatório.
(Prof. Vitor Frederico Kümpel)
Conceito de Direito Civil
 Para os romanos Jus Civiles  por pertencer aos
interesses dos cidadãos;

 Conjunto de leis que tem por finalidade regular


os interesses dos cidadãos entre si ou entre eles
e as entidades coletivas, concernentes à sua
capacidade, à sua família, ao seu estado, a seus
bens e a suas convenções, considerados,
entanto, como direitos e obrigações de ordem
civil. (Silva, De Plácido e. Vocabulário Jurídico. 11 ed. Rio de Janeiro, Forense, 1989)
Fontes do Direito
 Art. 4º da LICC;

 Fonte Principal: Lei.

 Fontes Secundárias: Costumes, Princípios


gerais do Direito, Doutrina e
Jurisprudência.
Conceito de Lei

Lei é o preceito jurídico escrito, emanado


do legislador e dotado de caráter geral e
obrigatório. É, portanto, toda norma geral
de conduta, que disciplina as relações de
fato incidentes no Direito, cuja
observância é imposta pelo poder estatal.
(Prof. Vitor Frederico Kümpel)
Características da Lei:
 Generalidade: é dirigida a todos os cidadãos,
indistintamente;

 Imperatividade: impõe um dever, uma conduta;

 Permanência: a lei não se exaure numa só


aplicação, perdurando até que seja revogada por
outra lei;

 Autoridade competente: a lei emana de


autoridade competente, de acordo com a
Constituição Federal.
Classificação das Leis:
1. Quanto à Hierarquia:

Constituição Federal

Leis Complementares e Ordinárias

Decretos, Portarias e demais atos


administrativos
Classificação das Leis:
2. Quanto à Especialidade:

 Normas Gerais: discorrem sobre todo um


ramo do Direito. Ex. Código Penal.

 Normas Especiais: regulam determinado


ramo do Direito. Ex. Lei 9.455/97
(Crimes de Tortura)
Classificação das Leis:
3. Quanto à Cronologia:

 Lei Permanente:
tem prazo indeterminado e portanto vai
vigorar até que outra lei a revogue ou a
modifique (art. 2º LICC).
Classificação das Leis:

 Lei Temporária:
prazo certo para vigência.
Classificação das Leis:
A Lei Temporária pode ainda ser subdividida
em:

Temporária Expressa: o prazo de vigência


está na própria norma.

Temporária Tácita: lei que vigora apenas


numa situação especial e cessa
juntamente com o fim de tal situação.
Conflito de Leis (Antinomia)

 A classificação das leis se presta à


resolução de conflitos de leis.
Conflito de Leis (Antinomia)
Critérios para a solução dos conflitos de normas:

 C. Hierárquico: a lei superior revoga a lei


inferior;
 C. da Especialidade: a lei especial revoga
a geral;
 C. Cronológico: a lei posterior revoga a
anterior.
Analogia
Não é fonte, mas sim um método de integração
do direito.

Expressão que significa semelhança ou


paridade.

Aplicação à hipótese não prevista em lei um


dispositivo legal relativo a caso semelhante.
Analogia
Ex.: Lei nº 2.681/1912.
Destinada a regulamentar a
responsabilidade das companhias de
estradas de ferro por danos causados a
passageiros e a bagagens, passou a ser
aplicada, por analogia, a todas as espécies
de transportes terrestres (metrô, ônibus),
diante da falta de legislação específica.
Costumes
(Direito Consuetudinário)

Norma aceita como obrigatória pela


consciência da população, sem que fosse
estabelecida pelo Poder Público.

Ex.: Costume de efetuar pagamentos com


cheque pré-datado, e não como ordem de
pagamento à vista, afastando a existência
de crime.
Costumes
(Direito Consuetudinário)

Súmula nº 370 do STJ


(25 fev. 2009)

“Caracteriza dano moral a apresentação


antecipada de cheque
pré-datado.”
Costumes
(Direito Consuetudinário)

Exemplo de textos do Código Civil que se


referem ao uso dos costumes:

Art. 569, inc. II.

Art. 1297, § 1º;


Princípios Gerais do Direito

Postulados implícitos ou explícitos no


sistema jurídico.

Regras que se encontram na consciência


dos povos, universalmente aceitas, mesmo
que não escritas.
Princípios Gerais do Direito
Ex.: “ninguém pode lesar a outrem”;

“A boa-fé se deve presumir e a má-fé deve ser


provada”;

“Quem exercitar o próprio direito não estará


prejudicando ninguém”;
“As obrigações contraídas devem ser cumpridas ”;
“Se deve favorecer mais aquele que procura evitar
um dano do que aquele que busca realizar um
ganho”.
Doutrina

Pesquisas, estudos, pareceres dos cientistas


do Direito.

“Por seu intermédio, depura-se e cristaliza-se o


melhor critério interpretativo, a servir de guia
para o julgador e de boa orientação para o
legislador.”
(Monteiro, Washington de Barros. In. Curso de Direito Civil – Parte Geral.
Saraiva)
Jurisprudência
Decisões reiteradas, constantes e pacíficas do
Poder Judiciário, sobre determinada matéria.

Súmula: interpretação pacífica ou majoritária


adotada por um tribunal a respeito de um tema
específico, com a dupla finalidade de tornar
pública a jurisprudência para a sociedade, bem
como de promover a uniformidade entre as
decisões.
Jurisprudência

Súmula Vinculante: É a jurisprudência que,


quando votada pelo Supremo Tribunal
Federal, se torna um entendimento
obrigatório ao qual todos os outros
tribunais e juízes terão que seguir.
Vigência da Lei

• Elaboração – processo legislativo;

• Promulgação – a lei “nasce”; e

• Publicação no Diário Oficial – a lei começa


a “vigorar”.
Vigência da Lei
O início da vigência – Obrigatoriedade:

Se dá com a publicação no Diário Oficial.

Segundo o art. 1º da LICC a lei começa a


vigorar em todo o país 45 dias depois de
oficialmente publicada, salvo disposição
em contrário.
Vigência da Lei
O intervalo entre a data da publicação da
Lei e a sua entrada em vigor denomina-se
“vacatio legis”.

A Lei não produzirá efeitos durante a


“vacatio legis”.
Vigência da Lei
Vacatio legis - Finalidade:

• os destinatários tomem conhecimento


antes da vigência.

• os órgão da Administração Pública se


preparem para que a norma seja
efetivamente aplicada.
Vigência da Lei
Vacatio legis - Sistemas:
• Prazo Simultâneo: a lei sempre entra em
vigor na mesma data em todo o território
nacional. Atual sistema brasileiro. Mais
segurança jurídica.

• Prazo Progressivo: a vigência da lei era


distinta para locais distintos no mesmo
território. Antiga LICC.
Vigência da Lei
Vacatio legis - Espécies:

• Expressa: o período tem expressa


disposição no texto legal;

• Tácita: art. 1º da LICC (45 dias);

• Sem vacatio legis: entra em vigor na data


da publicação.
Vigência da Lei
Vacatio legis – Contagem do Prazo:

LEI COMPLEMENTAR Nº 95, DE 26 Fev. 1998

Art. 8º (...)
§ 1o A contagem do prazo para entrada em vigor das leis
que estabeleçam período de vacância far-se-á com a
inclusão da data da publicação e do último dia do prazo,
entrando em vigor no dia subseqüente à sua consumação
integral.
(Parágrafo incluído pela Lei Complementar nº 107, de 26.4
.2001)
Vigência da Lei

Aplicação da Lei Brasileira nos


Estados Estrangeiros

Quando admitida a lei brasileira no exterior


(cônsul, embaixador) sua obrigatoriedade se
inicia 3 meses depois da publicação oficial.

Art. 1º, § 1º da LICC.


Vigência da Lei

Decretos e Regulamentos

• O prazo de 45 dias não se aplica, pois a


obrigatoriedade se dá pela publicação oficial do
ato;

• Estes se tornam obrigatórios desde a data da


publicação, salvo se dispuserem em contrário.
Vigência da Lei
Ocorrência de Erros:

• Erros substanciais, que impliquem em divergência de


interpretação.

• Detectados antes da publicação  correção sem


maiores conseqüências;

• Detectados durante a “vacatio legis”  correção, porém,


inicia-se nova “vacatio legis” (art. 1º, § 3º LICC);

• Detectados após a entrada em vigor  correção


mediante lei nova (art. 1º, § 4º LICC)
Vigência da Lei
Ocorrência de Erros:

• Erros materiais, evidentes, tais como os de


ortografia, podem ser corrigidos pelo juiz, ao aplicar
a lei.

• Os direitos adquiridos em virtude da vigência da “lei


corrigida” são resguardados.
Vigência da Lei
A Eficácia da Lei no Tempo:

• Princípio da Continuidade: uma lei só perde sua


eficácia se outra lei modificá-la ou revogá-la. (art.
2º LICC).

• Revogação: é a retirada da força obrigatória de uma


lei, por outra lei de mesma ou superior hierarquia,
que lhe suprime a eficácia.
Vigência da Lei
A Eficácia da Lei no Tempo:

Formas de Revogação da Lei


(art. 2º, § 1º LICC):

• Revogação expressa: a nova lei declara


expressamente que a lei anterior, ou parte dela, fica
revogada.

• Revogação tácita: a nova lei não declara a


revogação da anterior, porém, se mostra
incompatível com ela
Vigência da Lei
A Eficácia da Lei no Tempo:

Formas de Revogação da Lei


(art. 2º, § 1º LICC):

• Revogação total: ab-rogação. A lei antiga perde a


eficácia na totalidade.

• Revogação parcial: derrogação. A lei antiga


continua em vigor, com alguns pontos alterados
pela nova lei.
Vigência da Lei
A Eficácia da Lei no Tempo:

Coexistência das Leis:

A lei nova que estabeleça disposições gerais ou


especiais a par das já existentes, não revoga nem
modifica a lei anterior (art. 2º, § 2º LICC).
Vigência da Lei
A Eficácia da Lei no Tempo:

Não-Repristinação da Norma:
(art. 2º, § 3º LICC):

A norma revogada não se restaura por ter a lei


revogadora perdido a vigência, salvo disposição em
contrário.

Ex.: Revogada a Lei “A” pela Lei “B”, e


posteriormente revogada a lei revogadora pela Lei
“C”, não se restabelece a vigência da Lei “A”.
Vigência da Lei
A Eficácia da Lei no Tempo:

•Princípio da Obrigatoriedade: a norma jurídica


publicada é obrigatória. Portanto, ninguém
poderá descumpri-la alegando ignorância.

• Art. 3º LICC.
Vigência da Lei
Conflito de Leis no Tempo:

• Conflitos advindos de uma nova lei e as


relações jurídicas que foram definidas sob a
vigência de lei anterior;

• Já havia relações jurídicas na vigência da lei


anterior.
Vigência da Lei
Conflito de Leis no Tempo:

Critérios de Solução:

1. Disposições Transitórias:

Elaboradas pelo legislador no próprio texto da


lei, destinam-se a evitar e solucionar conflitos
que poderão surgir no confronto da lei nova com
a lei anterior.
Vigência da Lei
Conflito de Leis no Tempo:

Critérios de Solução:

2. Princípio da Irretroatividade (regra):

A lei não se aplica às situações constituídas


anteriormente.
Vigência da Lei
Conflito de Leis no Tempo:

Critérios de Solução:

Na hipótese do legislador, expressamente,


mandar aplicar a lei nova a casos pretéritos
(EXCEÇÃO), não pode haver qualquer ofensa ao
ato jurídico perfeito, ao direito adquirido e à
coisa julgada. (Teoria de Gabba)
Vigência da Lei
Conflito de Leis no Tempo:

Art. 6º LICC:
(CF/88, art. 5º, inc. XXXVI)

1. Ato Jurídico Perfeito (§ 1º):

É aquele que tem aptidão para produzir efeitos.

É o ato já consumado segundo a lei vigente ao


tempo em que se efetuou.
Vigência da Lei
Conflito de Leis no Tempo:

Art. 6º LICC:
(CF/88, art. 5º, inc. XXXVI)

Ato Jurídico Perfeito (§ 1º):

Ex.: um contrato que tenha sido firmado (assinado por


ambas as partes) na vigência da lei antiga, mesmo que
seus efeitos se prolonguem pelo tempo não poderão ser
alcançados pela lei nova.
Vigência da Lei
Conflito de Leis no Tempo:

Art. 6º LICC:
(CF/88, art. 5º, inc. XXXVI)

2. Direito Adquirido (§ 2º):

É aquele que já se incorporou definitivamente


ao patrimônio e à personalidade de seu titular.
Vigência da Lei
Conflito de Leis no Tempo:
Art. 6º LICC:
(CF/88, art. 5º, inc. XXXVI)

Direito Adquirido (§ 2º):


Ex.: aposentadoria dos homens ao completarem 35 anos de
serviço. Se alguém que já alcançou o direito de requerer a
aposentadoria por idade (com mais de 35 anos de serviço) e não o
fez por motivos próprios, não terá seu direito ferido caso entre em
vigor uma lei que altere este prazo para 40 anos, uma vez que ao
tempo da vigência da lei antiga, ele já tinha adquirido o direito de
se aposentar por tempo de serviço.
Vigência da Lei
Conflito de Leis no Tempo:

Art. 6º LICC:
(CF/88, art. 5º, inc. XXXVI)

3. Coisa Julgada (§ 3º):

Imutabilidade dos efeitos da sentença, não mais


sujeita a recursos.
Vigência da Lei
Conflito de Leis no Tempo:

Art. 6º LICC:
(CF/88, art. 5º, inc. XXXVI)

Coisa Julgada (§ 3º):

Ex.: processos já encerrados, nos quais já não


cabe mais discussão sobre o assunto (Transitar
em Julgado).
Vigência da Lei
Eficácia da Lei no Espaço:

Art. 7º LICC

A lei do país em que for domiciliada a pessoa


determina as regras sobre o começo e o fim da
personalidade, o nome, a capacidade e os
direitos de família.
Vigência da Lei
Eficácia da Lei no Espaço:

Domicílio:

Art. 70, CC.: O domicílio da pessoa natural


é o lugar (elemento objetivo) onde ela
estabelece a sua residência com ânimo
definitivo (elemento subjetivo).
Vigência da Lei
Eficácia da Lei no Espaço:
Domicílio e Residência:

• Residência: lugar no qual alguém habita com


intenção de ali permanecer, mesmo que dele se
ausente por algum tempo.
•Domicílio: é a sede jurídica da pessoa, onde ela
se presume presente para efeitos de direito e
onde exerce ou pratica habitualmente seus atos
e negócios jurídicos (Maria Helena Diniz).
Vigência da Lei
Eficácia da Lei no Espaço:
Domicílio Necessário:
Art. 76, CC.: Têm domicílio necessário o incapaz, o
servidor público, o militar, o marítimo e o preso.

Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu


representante ou assistente; o do servidor público, o
lugar em que exercer permanentemente suas funções; o
do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou da
Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar
imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o
navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que
cumprir a sentença.
Interpretação das Normas Jurídicas
Hermenêutica Jurídica:

• Ciência da interpretação da linguagem jurídica;

•Traz os princípios e regras a serem empregados


pelo intérprete da norma.

Exegese:

• Aplicação prática das regras de hermenêutica


jurídica.
Interpretação das Normas Jurídicas
• As normas são genéricas.

• Possuem comandos abstratos (não tratam de


casos concretos).

•O juiz é o intermediário entre o fato e a norma e,


ao interpretá-la ele busca descobrir o sentido e o
alcance desta última.

• Fenômeno da Subsunção: enquadramento do


fato na norma.
Interpretação das Normas Jurídicas

Espécies de Interpretação:

1. Gramatical: significado literal da linguagem,


exame do texto sob o ponto de vista
lingüístico;

2. Lógica: busca apurar o sentido e o alcance da


norma, a intenção do legislador;
Interpretação das Normas Jurídicas

Espécies de Interpretação:

3. Sistemática: a lei deve ser interpretada em


conjunto com outras dentro do sistema em
que está incluída;

4. Sociológica: busca adaptar a norma ao


contexto social existente ao tempo de sua
aplicação (Sistema da livre pesquisa).
Interpretação das Normas Jurídicas

Art. 5º LICC

O Sistema da Livre Pesquisa:

“Ao interpretar uma norma, o juiz deve


buscar a finalidade social da mesma, ou
seja, deve buscar o bem comum.”
Interpretação das Normas Jurídicas
“O juiz não pode deixar de proferir decisão
alegando que a lei é omissa.”

Regras:

1ª) Interpretação Gramatical (literal);

2ª) Outras espécies para interpretação: Lógica, Sistemática


e Sociológica;

3ª) Uso da Analogia;

4ª) Fontes secundárias do Direito.

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