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PROJETO UEM 2020

PROF. MARCO ANTONIO MENDONÇA


MELHORES POEMAS
(ÁLVARES DE AZEVEDO) - 1853
 1º) Poesias em que a morbidez é a  2º) As poesias prosaicas, também
temática central. Nestes poemas chamadas de irônicas. São poemas
fica clara a opção do autor pelo que fogem à idealização romântica
“spleen”, sensação de desespero e do amor e da mulher amada.
abandono em face da morte. Essa Neles, o autor chega ao cômico por
característica também foi intermédio do grotesco e da
chamada de “mal-do-século”: vulgaridade:

É ela! É ela! É ela! É ela!


Um Cadáver de Poeta
 É ela! É ela! - murmurei tremendo,
 De tanta inspiração e tanta vida
E o eco ao longe murmurou - é ela!
Que os nervos convulsivos
Eu a vi... minha fada aérea e pura -
inflamava A minha lavadeira na janela!
E ardia sem conforto...
O que resta? uma sombra esvaecida,
Um triste que sem mãe agonizava...
Resta um poeta morto!
MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS
CUBAS (MACHADO DE ASSIS) - 1881
 Divisor de águas entre o romantismo e o realismo;
 Defunto-autor em flashback: “Ao verme que primeiro roeu...”;
 Tempo psicológico e tempo cronológico;
 “Menino diabo”, Marcela (“levei 30 dias e 3 esmeraldas... amou-me 15 meses e 11
contos...”), faculdade (“Direito não deve ser uma coisa muito séria...”), Eugênia
(“Por que coxa se bonita...”), Virgília (“A mais atrevida criatura...”);
 Perdeu a noiva (e a indicação de deputado) para Lobo Neves;
 Tem um relacionamento adúltero com ela a partir de 1842 (D. Plácida e o capítulo
LV);
 Ela engravida (perde o filho) e vai com o marido para o norte;
 Tenta ter um filho (Nhá Loló... morre);
 Virgília volta quando ele tem 60 anos... Torna-se deputado;
 Quincas morre em sua casa e ele tenta fazer os emplastos (fama);
 Não consegue e morre.
 O balanço: “Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa
miséria”
EU E OUTRAS POESIAS
(AUGUSTO DOS ANJOS) - 1912
 “Os primeiros poemas” ainda são muito influenciados pelo simbolismo
(aliterações e assonâncias) e sem a originalidade que marcaria as
composições posteriores.
 “Os segundos poemas” poemas possuem o caráter de sua visão de
mundo peculiarmente pessimista e escatológica. Neles é possível perceber
a influência de termos retirados tanto da Biologia quanto da Química, o que
demonstra a influência Positivista e Cientificista do autor.
 “O terceiro grupo” corresponde à produção mais complexa e madura,
que inclui “Ao Luar”.
 Estrutura ainda presa ao modelo Parnasiano (sonetos com métrica
rigorosa e rimas bem elaboradas)
CONTOS NOVOS
(MÁRIO DE ANDRADE) - 1946
 No Tempo da Camisolinha (1ª pessoa) – Carlos lembra-se
do período em que ele (muito pequeno) morou ma praia com
a tia, a mãe e a irmã recém nascida.
 Vestida de Preto (1ª pessoa) – Juca soube do retorno de sua
prima Maria à cidade de São Paulo após muitos anos.
 Frederico Paciência (1ª pessoa) – Juca lembra de um amigo
que se tornou muito próximo. Tão próximo que o narrador
acaba se sentindo atraído por ele.
 Peru de Natal (1ª pessoa) - Natal simboliza esperança e
renascimento. Por isso Juca quer um Natal diferente dos
anteriores após a morte do pai, figura “cinzenta” na vida da
família. Aquele ano haveria até peru.
 Primeiro de Maio (3ª pessoa) - O carregador de malas da estação da Luz que
usa a “chapinha” de número 35 diz ao amigo 22 que no dia seguinte (1º de
maio), não irá trabalhar: é feriado do dia do trabalhador.
 O Poço (3ª pessoa) - Joaquim Prestes quer um poço em sua fazenda em Mogi

das Cruzes. Os trabalhadores arriscam a própria vida para cavar no frio e na


chuva. Exaurido, Albino não consegue mais trabalhar e o fazendeiro perde
uma caneta que cai no poço.
 Nélson (3ª pessoa) – O conto explora os múltiplos pontos de vista de quatro

jovens sobre uma personagem estranha que está em um bar: Nélson, que tem
uma mão defeituosa.
 O Ladrão (3ª pessoa) – Numa noite em uma vila operária ouvem-se gritos de

“pega ladrão”. Ninguém chega a sequer ver ladrão, mas o fortuito


acontecimento faz com que as pessoas que ali estão comecem a conversar e
tecer opiniões sobre a vida e o comportamento de alguns vizinhos.
 Atrás da Catedral de Ruão (3ª pessoa) – Um pouco em francês, um pouco

em português o conto explora os modelos estereotipados da sociedade


paulistana: Mademoiselle (a professora virgem balzaquiana) expõe suas
apreensões a duas adolescentes, filhas de um casamento desfeito: Alba e
Lúcia.
ANTOLOGIA POÉTICA
(CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE) -
1962
 1. UM EU TODO RETORCIDO - O Indivíduo: O eterno conflito entre o
eu e o social
 2. UMA PROVÍNCIA: ESTA - A terra natal: Itabira, saudades e vivências.
 3. A FAMÍLIA QUE ME DEI - A família: Itabira e vivências íntimas do
menino.
 4. CANTAR DE AMIGOS - Amigos: Homenagem aos amigos reais ou
intelectuais.
 5. NA PRAÇA DE CONVITES - O choque social: A violência humana
 6. AMAR – AMARO - O conhecimento amoroso: O amor altruísta (como
só ele poderia existir)
 7. POESIA CONTEMPLADA - A própria poesia: metalinguagem
 8. UMA, DUAS ARGOLINHAS – exercícios lúdicos
 9. TENTATIVA DE EXPLORAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DO ESTAR-
NO MUNDO - Uma visão, ou tentativa de, a existência: o estar no mundo.
 Elegia 1938
 Trabalhas sem alegria para um mundo caduco,
onde as formas e as ações não encerram nenhum exemplo.
Praticas laboriosamente os gestos universais,
sentes calor e frio, falta de dinheiro, fome e desejo sexual.

 Heróis enchem os parques da cidade em que te arrastas,


e preconizam a virtude, a renúncia, o sangue-frio, a concepção.
À noite, se neblina, abrem guarda-chuvas de bronze
ou se recolhem aos volumes de sinistras bibliotecas.

 Amas a noite pelo poder de aniquilamento que encerra


e sabes que, dormindo, os problemas te dispensam de morrer.
Mas o terrível despertar prova a existência da Grande Máquina
e te repõe, pequenino, em face de indecifráveis palmeiras.

 Caminhas entre mortos e com eles conversas


sobre coisas do tempo futuro e negócios do espírito.
A literatura estragou tuas melhores horas de amor.
Ao telefone perdeste muito, muitíssimo tempo de semear.

 Coração orgulhoso, tens pressa de confessar tua derrota


e adiar para outro século a felicidade coletiva.
Aceitas a chuva, a guerra, o desemprego e a injusta distribuição
porque não podes, sozinho, dinamitar a ilha de Manhattan.
 Áporo
 Um inseto cava
cava sem alarme
perfurando a terra
sem achar escape.

Que fazer, exausto,


em país bloqueado,
enlace de noite
raiz e minério?

Eis que o labirinto


(oh razão, mistério)
presto se desata:

em verde, sozinha,
antieuclidiana,
uma orquídea forma-se
ELES NÃO USAM BLACK-TIE
(GIANFRANCESCO GUARNIERI) -
1958
 Inicia a fase nacionalista do Teatro de Arena (SP) - Tema político-social/ engajado
 Peça (drama) em 3 atos (estrutura clássica). Transcorre entre uma 6ª feira à noite e uma 2ª
à tarde
 Ambientada no Rio de Janeiro (distanciamento) na década de 50. Período J.K.
(“Desenvolvimentismo”, Brasília, Indústria Automobilística, Bossa-Nova, Copa do
Mundo...)
 Enfoca a vida de operários e moradores do morro (vocabulário próprio -
oralidade/temática do cotidiano)
 Tião foi criado na cidade e hoje é operário; sua namorada Maria está grávida e eles vão se
casar. No entanto o pai de Tião, Otávio (velho sindicalista já na Era Vargas - DOPS) está
organizando uma greve para reivindicar melhorias salariais para a classe trabalhadora.
 Tião, ao invés de ficar do lado dos operários e de sua gente, prefere “furar a greve”, pois
tem medo de perder o emprego com o filho para criar. É praticamente “banido” do morro.
LUTA INDIVIDUAL x LUTA COLETIVA
 Juvêncio tem o samba “roubado”.
QUARTO DE DESPEJO
(CAROLINA MARIA DE JESUS) -1960
 Carolina era negra, semi-alfabetizada, mãe solteira e favelada;
 Nasceu em MG e migrou para São Paulo na década de 30;
 Na década de 50 foi “despejada” às margens do rio Tietê, na Favela do
Canindé;
 Catadora de papel e metais, teve três filhos (João, José Carlos e Vera Eunice);
 Relacionou-se com dois homens (Raimundo e Manoel), além do pai de José
Carlos que enviava algum dinheiro. Apesar de Manoel (trabalhava para o
Conde Matarazzo) querer casar com ela, nunca quis se “submeter” a homem
algum;
 Foi “descoberta” pelo jornalista Audálio Dantas da revista “O Cruzeiro”;
 Traduzida para 13 idiomas, tornou-se famosa, mas morreu pobre;
 Escrevia seu “diário” e expressava em uma linguagem muito simples a
realidade da fome e das desigualdades sociais;
 Insere em seu texto palavras cultas e frases poéticas.
LEGIÃO ESTRANGEIRA
(CLARICE LISPECTOR) - 1964
 Prosa introspectiva – epifania (revelação), discurso indireto livre;
 Sondagem da psiquê (Virgínia Woolf/Franz Kafka);
 Atemporal e desgeografizada.
 Os desastres de Sofia (1ªpessoa) – A menina “descobriu-se” escritora após ser elogiada
pelo professor “gordo e cansado”;
 A repartição dos pães (1ªpessoa) – “Pão é amor entre estranhos!”;
 Macacos (1ªpessoa) – “Mãe, você é tão engraçada, parece a Lisette! Eu também te amo!”;
 Ovo e a galinha – Somos tão frágeis, de onde viemos e para onde vamos? Um texto
filosófico sobre o absurdo existencial.
 A quinta história (1ª pessoa) – Como o simples ato de matar baratas pode gerar reflexões
profundas sobre a morte e o poder de matar.
 Uma amizade sincera (1ª pessoa) – Dois rapazes (um de São Paulo e outro do Piauí) se
conhecem no último ano de escola e resolvem morar juntos. Aos poucos a relação começa
a ficar monótona, uma solidão a dois, até que se separam;
 A legião estrangeira (1ª pessoa/flashback) – Ao ver um pintinho em sua casa, narradora
lembra-se de uma menina que vinha às tarde à sua casa e se chamava Ofélia. É possível
matar por amor.
 A mensagem (3ª pessoa) – O que aquela casa (velha) fez nos e aos
dois?;
 Tentação (3ª pessoa) – O cachorro ruivo e a menina foram um do outro
por poucos segundos;
 Viagem a Petrópolis (3ª pessoa) – Que lembranças poderism existir
ainda na cabeça e no coração daquela senhora (Mocinha, a dona
Margarida);
 A solução (3ª pessoa) – A gorda Almira “esgarfeia” a amiga Alice, que
ela tanto se esforçava (em vão) em agradar;
 Evolução de uma miopia (3ª pessoa) – O menino “inteligente” (usava
óculos) seria amado pela prima como ele imaginara e se esforçava para
ser? No fim, foi criança por um dia.
 Os Obedientes (3ª pessoa) – Um casal vive junto há anos, ela
imaginando alguém que a salve do casamento monótono e ele
imaginando aventuras amorosas. Após os 50 anos a mulher – ao comer
uma maçã – tem um dente quebrado. Olha-se no espelho e pula do
prédio;
DOIS IRMÃOS
(MILTON HATOUM) - 2000
 Tempo cronológico (anos 20 a anos 60 do século XX) em Manaus (AM);
 A saga, os amores e ódios que permeiam uma família de imigrantes libaneses e seus filhos
e agregados;
 Nael é o narrador que tenta “juntar os cacos” das histórias contadas por Halim, Zana,
Domingas... Para tentar entender o que deu errado entre os gêmeos e quem é ele mesmo...;
 Halim e Zana tiveram três filhos: Yaqub, Omar e Rânia.
 Yaqud e Omar sempre “disputaram” tudo, inclusive o amor de Lívia. Omar fere Yaqub,
que é mandado para o Líbano (só volta após a 2ª GM). Enquanto Yaqub se esforça para
crescer, Omar se esbalda em noitadas no Varanda de Eva (foi expulso da escola e
matriculado no Liceu Rui Barbosa – “O Galinheiro dos Vândalos”- onde conheceu
Antenor Laval.
 Yaqub parte para São Paulo, faz engenharia, NPOR e se casa com Lívia, sem que ninguém
saiba. Omar é enviado para São Paulo, para que Yaqub dê um jeito no irmão, rouba o
passaporte de Yaqub e vai para os EUA. De volta a Manaus, começa a se envolver com o
tráfico de bebidas e com a “Pau Mulato”. Halim morre e Zana quer tentar estabelecer a paz
entre os irmãos através da construção de um hotel (Rochiran). Não deu certo.
A PALAVRA ALGO
(LUCI COLLIN) - 2016
 "Luci estabelece intertextualidades com diversos poetas como Fernando Pessoa, Mallarmé,
Casimiro de Abreu. O poema Autopsicografia, de Fernando Pessoa, se transforma em
Deveras e assim inicia: “O poeta finge/ e enquanto isso/ cigarras estouram/ pontes caem/
azaleias claudicam”.
 A autora se vale também de frases banais, provavelmente lidas em placas espalhadas pela
cidade, e com elas constrói o poema Orçamento Sem Compromisso, no melhor exemplo de
“escrita não criativa” contemporânea: “Compro ouro/ Cobrem-se botões/ Compro e vendo
cabelo/ X-calabresa/ Porção e executivo/ Piso escorregadio”.
 Há, na poesia de Luci Collin, muito das influências da poesia concreta e da poesia marginal,
mesmo a autora não tendo participado destes movimentos.
 No entanto há pontos de convergência: a metalinguagem, que é a discussão do próprio fazer
poético e de sua utilidade em um mundo cada vez mais voltado para a tecnologia e –
consequente – falta de inspiração e poesia; além da utilização de aspectos visuais próprios do
Concretismo.
 Não se encontra em Collin a tendência ao chiste e à blague, típicos da poesia marginal, assim
como não há palavrões nem contestação político-ideológico marxista. A autora não toca
nessas questões, mas toca muito no sentido de ser e existir e nos dramas humanos. Sua
poesia, portanto, capta o que “de melhor” havia nos momentos anteriores para se tornar
algo único. Contemporâneo e universal.

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