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História da Música I:

da Antiguidade ao Barroco.

Prof. M.e. Vitor Leite


Música na Antiguidade
 Evidências mais antigas:

1. Representações de instrumentos e/ou instrumentos.


Acreditava-se: um dos mais antigos exemplos preservados fosse uma
flauta de osso (radio da asa do cisne), datada de 36.000 a.C
Música na Antiguidade
 Evidências mais antigas:
2. Representações de instrumentos e/ou instrumentos.
Pesquisas mais recentes:
Flauta de osso de urubu, circa 40.000 a.C.
Música na Antiguidade

 Escavações em cavernas revelaram:

3. Do Paleolítico: pinturas que parecem mostrar instrumentos musicais sendo


tocados;
Música na Antiguidade

4. Do Neolítico: Flautas de cerâmica, chocalhos e tambores;

5. Era do Bronze: instrumentos em metal (sinos, chocalhos, badalos, címbalos e


buzinas. Instrumentos de cordas apareceram na mesma época mas poucos
sobreviveram pois os materiais usados eram muito perecíveis.

Ps: muito embora seja possível entender algumas facetas da cultura musical pré-
histórica através de imagens e fragmentos arqueológicos, a falta de
documentação escrita limita muito o nosso entendimento sobre a música
daquele período.

Por outro lado, a invenção da escrita, fato que marcou o final da era pré-
histórica, traz um novo tipo de evidência; graças à escrita, a história da
música começa a ser registrada e compreendida de maneira mais própria.
Música na Antiguidade

 Música na Antiga Mesopotâmia: a terra entre o Tigres e o Eufrates


(hoje, parte do Iraque e da Síria).
Música na Antiguidade
 Música na Antiga Mesopotâmia: a terra entre o Tigres e o Eufrates (hoje,
parte do Iraque e da Síria):
6. Berço da Cultura Ocidental;
7. A palavra vem do grego e significa “entre rios”;
8. Desenvolveu-se no vale dos rios Tigre e Eufrates;
9. Uma região fértil, com abundância de água, o que facilitava a fixação de
populações: revolução urbana (fenômeno);
10. Em épocas sucessivas, sumérios, acádios e assírios, babilônios, dentre
outros povos, dominaram a zona;
11. Daqueles povos vieramos cálculos astronômicos, a escrita cuneiforme
(sumérios), o primeiro código de leis escritas (de Hamurabi,rei
babilônico) as cidades-estados e muito mais;
12. As cidades eram protegidas por muralhas e suas construções mais altas
eram os templos, chamados de zigurates. Estes eram administrados por
sacerdotes que detinham o poder administrativo da cidade.
13. Com o tempo, separa-se o poder religioso do administrativo e surgem os
primeiros comandantes militares;
14. Com o tempo o excedente passa a ser comercializado o que gera as
primeiras trocas comerciais que se têm notícias.
Música na Antiguidade
 Música na Antiga Mesopotâmia - descobertas arqueológicas:

15. Pinturas mostram como os instrumentos eram segurados, tocados e em qual


ocasião eram usados;
16. Instrumentos encontrados mostram detalhes de sua construção:
Ex: Na tumba real de Ur (cidade suméria), arqueólogos encontraram liras e harpas,
dois tipos de instrumentos de cordas dedilhadas.

17. A combinação de registros escritos com imagens revelam que seu repertório
incluía músicas de casamentos, lamentos funerários, música militar, música
de trabalho, música para dançar, ninar, para se cantar nas tavernas, para
adorar aos deuses, músicas para entretenimento e festas, e músicas para
procissões;
18. Como aconteceu até o séc. XIX, as melhores evidências são as músicas das
elites, governantes e padres, que tinham dinheiro para pagar pela produção
de isntrumentos bem como para contratar escribas que escrevessem sobre
isso.
Música na Antiguidade
 Música na Antiga Mesopotâmia

19. Por volta de 1800 a.C, babilônios começam a escrever sua música, ao invés
de transmití-la apenas de maneira oral;
20. Suas escritas revelam técnicas de afinação, gêneros de música, intervalos,
improvisações, técnicas de performance;
21. Essas escritas parecem sugerir que os babilônicos foram os primeiros a usar o
sistema de escala de sete notas (diatônica);’
22. Reconheceram sete escalas desse tipo, mas que não dialogam com as escalas
que hoje tocamos nas teclas brancas do piano moderno;
23. Sua teoria e prática musical influenciariam aquela dos gregos e, certamente,
de maneira direta ou indireta, a música européia de eras vindouras;
24. Chinas e India também tiveram sua história musical antiga. Mas não
abordaremos aqui por não fazerem parte da história da música ocidental.
Grécia antiga
Música na Antiguidade
 Música na Grécia Antiga:

25. A Grécia Antiga é a civilização mais antiga a nos oferecer evidência


suficiente para a construção de uma cultura musical bem equilibrada;
26. A partir de documentos escritos, descobertas arqueológicas e centenas de
imagens em cerâmica: os instrumentos mais importantes eram o aulos, a
lira e a cítara.
Música na Antiguidade
 Música na Grécia Antiga: O aulos.
27. Usado para adorar a Dionísio, deus da fertilidade e vinho;
28. Muitas vezes tocado por musicistas mulheres, que também eram
prostitutas;
Música na Antiguidade
 Música na Grécia Antiga: A lira
29. Associada à Apolo, deus da luz, profecia, aprendizado e artes,
especialmente música e poesia;
30. Todos (homens e mulheres) aprendiam a tocar lira na educação básica,
em Atenas;
The Tortoise Shell Lyre of Ancient Greece
Música na Antiguidade
 Música na Grécia Antiga: A Cítara
31. Maior que a lira, era usada para procissões e cerimônias sacras, e no
teatro;
32. Tocava-se em pé.
The Ancient Greek Kithara
Música na Antiguidade
 Música na Grécia Antiga: os modos gregos

33. São tipos de escalas;


34. São 7 modelos diferentes para a escala maior natural;
35. 1º: Modo Jônico ou modo de Dó: C, D, E, F, G, A, B (tom-tom-
semitom-tom-tom-tom-semitom);
36. 2º: Modo Dórico ou modo de Ré: D, E, F, G, A, B, C (tom-semitom-
tom-tom-tom-semitom-tom);
37. 3º: Modo Frígio ou modo de Mi: E, F, G, A, B, C, D (semitom-tom-tom-
tom-semitom-tom-tom);
38. 4º: Modo Lídio ou modo de Fá: F, G, A, B, C, D, E (tom-tom-tom-
semitom-tom-tom-semitom);
39. 5º: Modo Mixolídio ou modo de Sol: G, A, B, C, D, E, F (tom-tom-
semitom-tom-tom-semitom-tom);
40. 6º: Modo Eólio ou modo de Lá: A, B, C, D, E, F, G (tom-semitom-tom-
tom-semitom-tom-tom);
41. 7º: Modo Lócrio ou modo de Si: B, C, D, E, F, G, A (semitom-tom-tom-
semitom-tom-tom-tom);
Música na Antiguidade
 Música na Grécia Antiga: os modos gregos

42. A origem dos nomes:


i. Surgiram na Grécia Antiga;
ii. Alguns povos tinham maneiras peculiares de organizar os sons;
iii. Esses povos eram oriundos das regiões Jônia, Dória, Frígia, Lídia e Eólia;
iv. O modo mixolídio surgiu da mistura dos modos Lídio e dórico;
v. O modo lócrio surgiu apenas para completar o ciclo e é pouco utilizado na
prática;
vi. Os modos Jônico e Eólio acabaram sendo os mais utilizados, sendo muito
difundidos da Idade Média.
43. Epitáfio
de Seikilos
43. Epitáfio de Seikilos

i. Acima da letra do texto existem letras e outros símbolos que indicam alturas musicais
de acordo com a notação musical grega;

ii. Acima desses símbolos existem sinais que indicam duração melódica, mas não
exsistem símbolos para durações rítmica;

iii. As notas escritas valem 1 unidade de tempo;

iv. Na transcrição, consideraram essa unidade de tempo como sendo a colcheia;

v. Existem ainda símbolos que indicam 2 unidades de tempo (-) e símbolos que indicam
3 unidades de tempo (traço horizontal com um ponto em cima);

vi. Essas durações, porém, são relacionadas com as sílabas do texto (segunda linha) e
não com as alturas;

vii. Foi possível transcrever a obra para a notação moderna graças ao Indroductio musica
de Alypius, com data provável do final do Séc. IV ou V, que registrou a sequência dos
intervalos musicais do Sistema Tonal Grego, em escalas.
43. Epitáfio
de Seikilos
Video externo Sikilos
44. Euripides: Orestes, tragédia grega; trecho: côro
Stasimon
44. Euripides: Orestes, tragédia grega; trecho: côro
Stasimon

Ó deusas iradas
Que fendeis os céus buscando vingança pelo crime:
Imploramo-vos que livreis os filho de Agamêmnon
De sua fúria cega [...]
Choramos por este mancebo.
A ventura é fugaz entre os mortais.
Sobre eles se abatem o luto e a angústia,
Qual súbito golpe de vento sobre uma chalupa,
E ele naufraga nos mares revoltos.
44. Euripides: Orestes,
tragédia grega;
trecho: côro Stasimon

video externo
44. Euripides: Orestes, tragédia grega; trecho: côro
Stasimon
Música na Antiguidade
45. Sobre a música na Roma Antiga:

i. Existem muitas imagens, alguns instrumentos e milhares de registros escritos;


ii. Nenhuma composição sobreviveu;
iii. Os romanos adotaram a cultura músical grega, especialmente após as ilhas gregas
passarem a ser parte da província romana;
iv. Como na Grécia, as poesias eram sempre cantadas;
v. A tíbia, era uma versão romana do aulos, sendo um instrumento usado nas mesmas
ocasiões que o aulos;
vi. Existem registros de grandes coros, músicos virtuosos, grandes festivais e
competições, mas tudo seguindo o modelo grego;
vii. Para qualquer influencia diretamente romana na música ocidental, que possa ter
acontecido, não existe nenhuma pista. Todo mo modelo implantado era da Grécia.
Música na Antiguidade
45. Sobre a música na Roma Antiga:
Música na Antiguidade
46. A herança grega:

i. Música consistia, basicamente, em melodia;


ii. Melodia era estreitamente relacionada com o ritmo e a métrica das palavras;
iii. Musicistas confiavam mais em sua memória e em seu conhecimento de várias fórmulas
musicais, do que em notação musical;
iv. Filósofos concebiam a música como um sistema ordenado e interligado a sistemas da
natureza e à forças do pensamento humano;
v. Um sistema de teoria musical muito bem desenvolvido;
vi. Fundamentos da teoria acústica.

Ps: a música grega ficou “esquecida” durante toda a Idade Média, sendo redescoberta
durante a Renascença.
Música na Antiguidade

. Sequência aproximada de eventos:


I.Antropóidesdo terciário: batidas com bastões, percussão corporal e objetos
entrechocados;
II.Hominídeos do paleolítico inferior: gritos e imitação de sons da natureza;
III.Paleolítico
Médio: desenvolvimento do controle da altura, intensidade e
timbre da voz à medida que as demais funções cognitivas se desenvolviam,
culminando com o surgimento do Homo Sapiens por volta de 70.000 a 50.000
anos atrás;
IV.Cerca de 40.000 anos atrás: criação dos primeiros instrumentos musicais para
imitar os sons da natureza. Desenvolvimento da linguagem falada e do canto;
V.Entre 40.000 anos e aproximadamente 9.000 a.C: criação de instrumentos mais
controláveis, feitos de pedra, madeira e ossos: xilofones, litofones, tambores de
tronco e flautas;
Música na Antiguidade
 V: Um dos primeiros testemunhos da arte musical foi
encontrada na gruta de Trois Fréres, em Ariège, França. Ela
mostra um homem com máscara de bisão, tocando uma
flauta (ou um arco) A pintura foi datada em cerca de 10.000
a.C.
Música na Antiguidade

. Sequência aproximada de eventos:


VI.Neolítico(a partir de 9.000 a.C): criação de membranofones e cordofones,
após o desenvolvimento de ferramentas. Primeiros instrumentos afináveis;
VII.Cercade 5.000 a.C: desenvolvimento da metalurgia. Criação de instrumentos
de cobre e bronze permitem a execução mais sofisticada. O estabelecimento de
aldeias e o desenvolvimento de técnicas agrícolas mais produtivas e de uma
economia baseada na divisão do trabalho permitem que uma parcela da
população possa se desligar da atividade de produzir alimentos. Isso leva ao
surgimento das primeiras civilizações musicais com sistemas próprios (escalas e
harmonias).

Fonte: História Universal da Música, de Roland de Candé.

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