Você está na página 1de 34

Gramática Aplicada ao Texto

Prof. Rômulo Alves


A gramática na construção textual
A gramática pode ser definida como o sistema de estruturas,
sons e significados de uma linguagem, ou, simplesmente, o
modo como palavras são associadas para formar frases
adequadas e com sentido. Quando você nasce, adquire
experiências e aprendizados que serão importantes durante
toda a sua vida, mas enquanto criança, é difícil entender os
porquês de tantas regras para se viver em sociedade.
Com a gramática ocorre o mesmo processo, de início ela
pode parecer algo muito complexo e sem sentido, mas ao
estudá-la mais profundamente você perceberá que ela
obedece uma lógica vital na construção textual. A função da
gramática é exatamente dar sentido e lógica à escrita. Para
elucidar melhor: imagine um prédio sem tijolos em analogia
a um texto sem as classes gramaticais adequadas - o
resultado seria semelhante, se equiparados. A gramática é
extensa e tem suas próprias particularidades, portanto, se
você está com dificuldades para compreender o todo,
priorize os elementos gramaticais que mais afetam a
capacidade de redigir um texto de forma eficaz.
As escolhas gramaticais dentro de um texto moldam
diretamente a sua escrita e o seu estilo. Dessa forma,
desenvolver frases com excelência gramatical tornam o seu
texto muito mais preciso em sua função de se comunicar. É
como aprender a realizar operações matemáticas, após
adquirir o conhecimento necessário, tudo passará a fazer
sentido, possibilitando a organização e expressão de ideias
em sua mente.
Classe Gramatical

O que é classe gramatical?


Classe gramatical ou classe de palavra é o nome dado
ao conjunto que classifica uma palavra, baseando-se na
sua estrutura sintática e morfológica.
Na língua portuguesa, existem dez classes gramaticais,
subdividas entre classes gramaticais variáreis e invariáveis.

As classes gramaticais variáveis são conhecidas por:


substantivo, adjetivo, numeral, pronome, verbo e artigo.
Já as classes gramaticais invariáveis são constituídas
pelo: advérbio, conjunção, interjeição e as adposições
(proposição, posposição e circumposição).
Quando se diz quem uma classe gramatical é variável,
significa que possui a capacidade de se flexionar, ou seja,
assumir forma de plural ou singular, masculino ou feminino
e etc.
Já as invariáveis são estáticas, ou seja, não sofrem flexões
em suas estruturas.
A morfologia é a área de estudo especializada nas classes
gramaticais, ou seja, em como as palavras são formadas e as
suas características sintáticas e morfológicas.
Quais são as Classes Gramaticais?
Classe Função / Característica

Palavras que nomeiam as


coisas, os seres, os
Substantivo lugares. Podem ser
flexionados em "gênero",
"número" e "grau".

Palavras que indicam uma


ação, estado, ocorrência ou
um fenômeno. Podem ser
Verbo
flexionados em "número",
"voz", "pessoa", "modo",
"tempo" e "aspecto".
Palavras que caracterizam ou
qualificam os substantivos.
Adjetivo
Podem ser flexionados em
"gênero", "número" e "grau".
Palavras que alteram um
verbo, um adjetivo ou outro
Advérbio advérbio. São invariáveis,
mas alguns advérbios podem
ser flexionados em "grau".
Palavras que substituem,
acompanham, determinam ou
modificam alguns
Pronome substantivos nas frases.
Podem ser flexionados em
"gênero", "número" e
"pessoa".
Palavras que estabelecem
Preposição conexões entre dois termos
de uma oração.

Palavras que antecedem os


substantivos, definindo ou
Artigo não os mesmos. Podem ser
flexionados em "gênero" e
"número".

Palavras que exprimem


emoções, sensações ou
Interjeição
estados de espírito. São
invariáveis.

Palavras que servem de


elementos de ligação entre
Conjunção duas orações ou termos de
uma mesma oração. São
invariáveis.

Palavras que indicam


quantidades, sejam de
Numeral pessoas, coisas e etc. Podem
ser flexionados em "gênero"
e "número".
Técnicas de redação referentes
à gramática.
Todo texto deve ter um estilo próprio que obedeça às 
regras gramaticais. É importante ter em mente que sua
produção deve ser clara e objetiva, afinal, a melhor escrita
será aquela que apresentar uma estrutura coesa e coerente
em consonância à gramática. Manter a consistência é
fundamental para a linearidade do seu texto, para isso, você
precisa manter os seus conhecimentos em gramática em dia.
A seguir cinco dicas gramaticais importantes que o
auxiliarão durante a sua construção textual:
1. O emprego do “onde”: muitas pessoas têm dificuldade na
hora de empregá-lo. “Onde” se refere a lugar, no entanto, é
comum utilizá-lo erroneamente quando queremos referenciar
algo que não faz referência a um lugar próprio. Esteja também
atento ao uso de “aonde”, verbos que indicam movimento,
como dirigir, por exemplo, exigem a sua utilização.

Ex: O político divulgou nota onde nega as irregularidades.


(errado)
O político divulgou nota em que nega as irregularidades.
(correto)

Ex:  Onde você quer chegar? (errado)


Aonde você quer chegar? (correto)          
2. Cuidado com a vírgula e a pontuação em geral: você se
lembra daquela famosa dica para se colocar vírgula quando
o texto necessita de uma pausa para a respiração? Pois é,
fuja disso, pois o uso da vírgula, assim como a utilização de
qualquer pontuação, deve respeitar regras básicas, afinal, se
usados de forma errônea, podem mudar até o sentido de seu
texto.

Ex: Você ficará em casa ou irá à festa?  


Não, irei à festa. (você irá à festa)   
Não irei à festa. (você não irá à festa)
3. Figuras de linguagem (hipérbole, pleonasmo, etc.) : saiba
trabalhá-las em sua redação, já que devem ser utilizadas
como um auxílio à sua construção textual, jamais como uma
finalidade. Afinal, uma redação tem uma estrutura específica
devido a sua proposta, e o uso demasiado de figuras de
linguagem pode prejudicar o desenvolvimento de seu texto.
1. O uso do mal/mau: as duas formas estão corretas, no
entanto, muitas pessoas acabam se confundindo na hora de
empregá-las corretamente. Para entender qual você de utilizar,
basta substituí-las pelos seus antônimos na frase, vejamos:

Mal/Bem
Mau/Bom

Ex: “Você me faz tão bem.” Logo a utilização correta do uso é


mal com L: “Você me faz tão mal.”

Ex: “Eu sou o lobo bom.”  Logo, a utilização correta do uso é


mau com U: “Eu sou o lobo mau.”
5. A utilização do mas/mais: é muito fácil compreender o
uso correto. “Mas” é uma conjunção adversativa e é usada
quando ocorre oposição. Já o “Mais” é um advérbio de
intensidade que indica quantidade, vejamos:

Ex: Gostaria de beber um pouco mais (sentido de


quantidade) de água, mas (sentido de oposição) a água
acabou.
Entenda o novo acordo ortográfico,
sua origem e seus objetivos.
O novo acordo ortográfico foi assinado em 1990 por oito
países que têm a língua portuguesa como oficial (Angola,
Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal,
São Tomé e Príncipe e Timor Leste), dispondo como
finalidade uniformizar a escrita e a ortografia do português,
simplificando suas regras e, consequentemente, prestigiando
a língua diante do cenário internacional.
O acordo passou a valer somente no início de 2009 no
Brasil, já em Portugal, também no mesmo ano, entrou em
vigor em 13 de maio. Foi decidido, em ambos os países, um
intervalo de transição em que as duas normas seriam aceitas
por um tempo determinado. No Brasil, o prazo sofreu
alterações, primeiro em 2013, e depois em 2016, data em
que de fato o acordo passou a vigorar. Essa demora ocorreu
devido à dificuldade da população em introduzir o novo
acordo ortográfico em seu dia a dia. Na verdade, ainda hoje,
muitas pessoas apresentam dúvidas sobre o assunto.
Saiba o que mudou com o novo acordo
ortográfico.
Para entender a mudança ortográfica, siga abaixo:
Alfabeto: tinha 23 letras antes da introdução do acordo
ortográfico, passou a ter 26 letras, foram adicionadas as
letras K, W e Y:
Antes: A B C D E F G H I J L M N O P Q R S T U V X Z
Agora: A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U
V W X Y Z
Acentuação: o que mudou?
Trema: não acontece mais na letra u, para indicar a sua
pronúncia, em gue, gui, que e qui, ex: agüentar/aguentar.
Entretanto, se mantém em palavras estrangeiras e derivadas,
ex: Müller.
Não ocorre mais o acento circunflexo em palavras
terminadas em EE e OO(S), ex: vêem/veem e  enjôo/enjoo.
Não ocorre mais o acento agudo no u tônico do presente do
indicativo dos verbos: arguir e redarguir.
Não ocorre mais acento em I e U tônicos após os ditongos
em palavras paroxítonas, ex: feiúra/feiura. Entretanto, as
oxítonas terminadas em I e U continuam com acento, ex:
Piauí.
Não se faz mais uso de acento nos ditongos abertos tônicos
EI e OI em paroxítonas, ex: idéia/ideia. Os monossílabos
tônicos e oxítonas terminadas em ÉIS, ÉU(S), ÓI(S) mantêm
o acento: céu, herói etc.
Usado para se distinguir uma palavra de outra, o acento
diferencial não ocorre mais em componentes de alguns
pares, ex: pára/para, pêlo/pelo, pêra/pera... No entanto, ainda
continua em alguns pares como: pôde/pode, pôr/por,
têm/tem…
Mudanças no emprego do hífen:
Usa-se hífen antes de palavras iniciadas por H. Ex: anti-
higiênico, super-homem, etc.
No caso dos prefixos terminados em vogais é necessário
fazer uma distinção, pois somente há o uso do hífen em
referência a vogais iguais. Ex: micro-ondas, semi-interno,
etc. Já em vogais diferentes, não há ocorre o uso. Ex:
autoacusação.
Prefixos co, coo, re, ree: não ocorre o hífen. Ex coautor,
cooperar, reescrever, etc.
Prefixos co, coo, re, ree: não ocorre o hífen. Ex coautor,
cooperar, reescrever, etc.
Prefixos terminados em consoante: usa-se diante da mesma
consoante. Ex: inter-racial. Já diante de consoante diferente
e vogal não ocorre o uso. Ex: superbactéria, interestadual.
Prefixos ex, além, aquém, pós, recém, e sem: ante palavra
começada por qualquer letra. Ex: sem-terra, recém-casado,
etc.
Prefixos pré, pró e vice: usa-se hífen em referência a
qualquer desses. Ex: pré-natal, pró-vida, vice-presidente.
Prefixo sub: usa-se hífen somente diante de palavras que
começam com b ou r. Ex: sub-região.
Prefixo ad: somente antes de palavras que começam com d
ou r: Ex: ad-renal.
Prefixos pan e circum: palavras que começam com m, n e
vogal. Ex: pan-americano, circum-navegação.
Compreender os fundamentos da
coesão e da coerência textual.
Elas são fundamentais para auxiliar na comunicação e na
legibilidade das suas ideias. Esses dois conceitos são bem
difundidos e conhecidos por todos, mas por possuírem
similaridades, ainda geram muitas dúvidas.
A coesão está análoga à estrutura do texto. Ou seja, é a
utilização apropriada dos mecanismos exigidos para se alcançar
uma harmonia textual, por isso, compreende-se por meio de
seus vínculos linguísticos e por intermédio das classes de
palavras, como: artigos, substantivos, verbos, etc.
Para que você entenda melhor, vamos imaginar a seleção
feminina de vôlei brasileira. Referência mundial em sua
categoria esportiva e famosa por apresentar um jogo coeso.
Para se ter um time são necessárias, no mínimo, seis
jogadoras em quadra, cada qual em sua respectiva função e
posição. Agora, pense em uma atacante na posição de
levantadora, e uma meio de rede na função de uma oposto.
O time, então, perderá toda sua coesão, ou seja, sua estrutura
base.
Como você observou no exemplo acima, ela exige uma
lógica, e com a sua redação não será diferente. Sobre a
coerência, deixamos a estrutura de lado e passamos a
trabalhar com os significados, já que fornecem lógica ao seu
texto. Basicamente, a coerência é o modo como você coloca
cada palavra em seu texto a fim de um resultado final com
sentido, ou seja, um texto deve se pautar em fundamentos
entre as suas palavras, frases, parágrafos e, principalmente,
como um todo. Vejamos um exemplo a seguir:
Ex: “Eu odeio feijão, por isso vou pedir uma feijoada.”
Como podemos observar no exemplo acima, não há lógica,
portanto, não há coerência. A frase coerente seria:

Ex: “Eu odeio feijão, por isso não vou comer feijoada.”
Um texto sem coesão e coerência não atingirá o objetivo
almejado, por isso esteja atento a todos os detalhes. 
A estrutura de uma boa redação
dissertativa.
A primeira coisa que devemos nos preocupar com o texto é
a estrutura dele. Uma boa redação é dividida em três partes,
introdução, desenvolvimento e conclusão.

Introdução
É um parágrafo de 2 a 3 frases apenas. Um breve resumo do
que será abordado no texto.
Desenvolvimento
Pode conter de 2 a 4 parágrafos. Nesta etapa será abordado o
contexto principal da redação.
Conclusão
A conclusão da redação é um parágrafo com 2, 3 ou 4 frases.
É um fechamento do texto.
As perguntas que você deve fazer:

– A introdução pode ser feita a partir da seguinte


pergunta em relação ao tema:
“o que eu penso sobre isso?”
– O desenvolvimento:
“como posso provar isso?”
“Quais as causas disso?”
“Quais as consequências?”
“Como isso acontece?”
– A conclusão:
“Que lição pode ser tirada?”
Por último observe se sua dissertação tem o mínimo de 15
linhas escritas e o máximo de 35 (tamanho exigido na
maioria dos processos seletivos)
Referências Bibliográficas
https://
www.educamundo.com.br/blog/tecnicas-redacao-gramatica

https://www.significados.com.br/classe-gramatical/

https://portal.anhembi.br/newsletter/a-estrutura-de-uma-boa-
redacao-dissertativa
/

Você também pode gostar