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Escola Cidadã

Uma aula sobre a autonomia da escola

Moacir Gadotti
Contextualizando:

 1991 – Moacir Gadotti prestou concurso


para professor titular na Faculdade de
Educação da Universidade de São Paulo e
escolheu o tema “Escola Cidadã: uma aula
sobre autonomia na escola”.
 1992 – No ano seguinte essa aula foi
publicada na coleção “Questões de nossa
época”, marcando o debate sobre a
democratização da gestão e o
planejamento participativo.
 2008 – 12ª edição
Autonomia

Vem do grego e significa


capacidade de autodeterminar-se,
de auto-realizar-se, de “autos” (si
mesmo) e “nomos” (lei). Autonomia
significa autoconstrução,
autogoverno. A escola autônoma
seria aquela que se autogoverna.
Mas não existe autonomia absoluta,
portanto a autonomia será sempre
relativa e determinada
historicamente.
Ideal de Sócrates

Deveria instruir-se toda ela


em torno da autonomia. Seu
método: o diálogo. O discípulo é
quem deve procurar a verdade.
Portanto, a educação é auto-
educação
INTRODUÇÃO
 A autonomia da escola é marcada por
resistência e conflitos internos;
 O tema da autonomia da escola encontra
suporte na Constituição de 1988, que
instituiu a democracia participativa e a
possibilidade do povo exercer o poder
“diretamente” (art. 1º). A constituição
estabelece como princípios básicos: o
“pluralismo de idéias e de concepções
pedagógicas” e a “gestão democrática do
ensino público” (art. 206). Esses princípios
podem ser considerados como
fundamentos da autonomia da escola.
Primeira Parte
Escola Cidadã- primeiras idéias
 Capítulo I – Autonomia e natureza da educação
 Capítulo II – Autonomia e autogestão
 Capítulo III – Autonomia pedagógica uma
experiência vivida
 Capítulo IV – Autonomia da escola e educação
brasileira
 Capítulo V – Autonomia da escola nas recentes
reformas educacionais européias
 Capítulo VI – Autonomia relativa da escola
 Capítulo VI – Autonomia, participação e conselho
de escola
 Capítulo VIII – Decálogo da escola cidadã
 Capítulo IX – Administração pública e escola
cidadã
Decálogo da escola cidadã

O grande desafio da escola


pública está em garantir um
padrão de qualidade (para
todos) e ao mesmo tempo,
respeitar a diversidade local.
A escola cidadã é um projeto
de “criação histórica” e pode ser
considerada como horizonte.
1º) A escola pública autônoma

é, antes de mais nada,


democrática (para todos),
democrática na sua gestão,
democrática quanto ao acesso e
permanecia de todos. É além
disso, popular, isto é, tem um
caráter social comunitário,
espaço do público para
elaboração da sua cultura.
2º) Para ser autônoma não
pode ser dependente...
...de órgãos intermediários
que elaboram políticas das
quais ela é mera executora.
Por isso, no sistema único e
descentralizado, os técnicos dos
órgãos centrais devem prestar
serviços nas próprias escolas.
3º)A escola cidadã deve valorizar
o contrato de 40 horas...
... Com dedicação exclusiva do professor:
4 horas diárias de aula e 4 de outras
atividades e substituições (equipe
interdisciplinar). Valorizar a escola significa
não levar trabalhos para casa a não ser
que na escola não haja lugar adequado.
Neste caso, ele deve utilizar em casa o
horário que deveria prestar na escola até
que a escola ofereça acomodações
adequadas para o trabalho docente extra-
classe. Fim do professor “bico” e
profissionalização.
4º) Ação direta.

Valorizar a iniciativa pessoal


e os projetos das escolas. O
problema não está na crise da
escola mas na crise do sistema
(na rotina que é ela produz). A
crise do sistema aprisiona a
escola à padronização sob o
pretexto da democratização das
oportunidades.
5º) A escola autônoma cultiva
a curiosidade...
A paixão pelo estudo, o
gosto pela leitura e pela
produção de texto escritos ou
não. Aprendizagem criativa e
não mecânica. Propõe a
espontaneidade e o
inconformismo.
6º) É uma escola disciplinada

A disciplina que vem do


papel específico da escola
(o sistemático e o
progressivo).
7º) A escola é mais um
espaço fechado.
Sua ligação com o mundo se dá
com o trabalho. A escola
autônoma procura unir-se ao
mundo exterior pelos espaços
sociais do trabalho, das
profissões, das múltiplas
atividades humanas. Ela é um
laboratório do mundo que a
penetra.
8º) A transformação da escola
não se dá sem conflitos.
Ela se dá lentamente. Pequenas
ações, mas continuadas, são
melhores no processo de
mudança, que eventos
espetaculares, mas
passageiros. Só a ação direta
de cada professor, de cada
classe, de cada escola, pode
tornar a educação um processo
enriquecedor.
9º) Não há duas escolas
iguais.

Cada escola é fruto do


desenvolvimento de suas
contradições.
10º) Cada escola deveria ser

suficientemente autônoma
para poder organizar o seu
trabalho da forma que quisesse,
inclusive contratando e
exonerando, a critério do
conselho de classe, realmente
deliberativo.
Que forças poderão construir
essa “escola cidadã”?

Identifica-se essas forças em


torno de dois momentos
históricos: O movimento em
torno da educação pública e o
movimento por uma educação
popular
SEGUNDA PARTE
Escola Cidadã: projeto e movimento
 Capítulo X – Educar para e pela cidadania
 Capítulo XI – O projeto da Escola Cidadã
 Capítulo XII – Escola Cidadã: Primeiras
experiências
 Capítulo XIII – Novo decálogo da Escola
Cidadã
 Capítulo XIV – Escola Cidadã e cidade
educadora
 Capítulo XV – A escola cidadã frente às
políticas neoliberais
Novo Decálogo da
Escola Cidadã
1º) Mudar é possível

Devemos recusar a tese de que


a escola pública não tem mais
remédio.
2º) Que escola?

A escola pública do futuro,


como escola para e pela
cidadania, tem por objetivo
oferecer possibilidades
concretas de libertação para
todos.
3º) Escola e empresa

Só o estado pode dar conta


do nosso atraso educacional
4º) Escola e estado

Não há mudança na escola sem


uma concepção de estado. É a
própria escola que deve mudar,
por dentro. Mas ela, sozinha,
não muda, sem uma concepção
de educação. Daí a
necessidade de novas diretrizes
de governo.
5º) Escola e sociedade

Para mudar, a escola precisa


apoiar-se na sociedade, não
basta que as análises dos
governantes estejam corretas, é
preciso que elas sejam
legitimadas pela discussão
coletiva.
6º) Redes e movimentos

As redes em educação se
constituem em espaços abertos
que se auto-reproduzem e
assim se fortalecem,
constituindo-se em movimentos
em permanente mudança.
7º) Era da informação

Na era da informação, a
escola precisa deixar de ser
lecionadora para ser gestora do
conhecimento
8º) Cultura e estrutura

A reestruturação física da
escola deve associar-se a uma
reestrutura espiritual e cultural.
9º) Currículo e Avaliação

 Mudar conteúdos atitudinais


 Avaliar = ato de conhecimento
que implica em predisposição
para acolher um ser humano em
sua totalidade.
10º) Professor

O professor é um profissional
do sentido e mediador do
conhecimento.
Concluindo...

As contradições sociais
existem, mas encontramos
muitos motivos para sermos
otimistas. Um deles é o
surgimento da Escola Cidadã,
uma esperança para a próxima
década.

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