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O Quinhentismo

brasileiro
SÉCULO XVI
A produção literária brasileira no século XVI resumiu-se à literatura de
viagem e à literatura jesuítica de caráter missionário.
A literatura de viagem diz respeito às cartas e textos (não-literários) que
procuravam descrever as recém-descobertas terras da colônia. O objetivo
desses textos era o de informar a corte portuguesa sobre as características da
terra e os costumes dos habitantes nativos (índios). Por esse motivo, essa
literatura é chamada de informativa, e possui um caráter mais documental
que literário.
Nesse tipo de literatura se destacam os autores: Pero Vaz de Caminha,
Pero de Magalhães Gândavo.
A literatura jesuítica é fruto da tarefa dos padres jesuítas,
enviados por Portugal ao Brasil com o objetivo de catequizar
os índios e instalar o ensino público na colônia (as primeiras
missões datam de 1549).
Nesse período, os jesuítas produziram poemas, peças
teatrais e textos informativos com finalidade catequética.
Destacam-se aqui: Padre Manuel da Nóbrega e Padre
José de Anchieta.
Padre Manuel da Nóbrega
Autor de “Diálogo sobre a Conversão do Gentio”, obra em que fala
sobre a catequese dos índios.
Carta aos seus superiores sobre sua viagem e chegada à Bahia
“... Chegamos a esta Bahia a 29 do mês de março de 1549. Andamos
na viagem oito semanas. Achamos a terra de paz e quarenta ou cincoenta
moradores. Receberam-nos com grande alegria e achamos uma maneira
de Igreja, justo, da qual, logo nos apresentamos em umas casas, a par
dela, que não pouca consolação, para nós, para dizermos missa e
confessarmos..."
Padre José de Anchieta
Padre jesuíta, que veio ao Brasil com o objetivo
de catequizar os índios.
Merece destaque sua obra poética não
catequética. Escrita em latim (como o seu poema
mais famoso, "Poema à Virgem Maria"), dentre os
quais estão "Do Santíssimo Sacramento" e "A Santa
Inês".
Anchieta foi o primeiro poeta "brasileiro" e sua
obra tem um valor histórico muito grande.
Além de cartas e
relatórios de valor
documental e
histórico, o jesuíta
também escreveu
poesia e teatro.
Carta sobre o Brasil
"Havendo eu e quatro irmãos saído da cidade do Salvador, que também chamada Bahia de Todos os
Santos, depois de fazermos duzentos e quarenta milhas, por mar tranquilo e à feição do vento, chegamos
a uns bancos de areia — (que, estendendo-se para o mar, na distância de noventa milhas de todas as
partes, por um curso reto, por um grande precipício, tornam a navegação difícil) — onde, abaixando-se
a cada passo o meteoro, passamos o dia e, reparada a quilha, descansamos em estreitos canais
estrincheirados por montes de areia, por onde se costuma navegar. No dia seguinte, reunidos, felizmente,
por todos, à tarde, os marinheiros, julgando-se já livres do perigo, tranquilizaram-se e não pensaram
mais em tal, quando, de repente, sem ninguém esperar, o leme salta fora do eixo e quebra-se o navio.
Veio, ao mesmo tempo, uma tempestade seguida de ventos e de aguaceiros, que nos atirou para perigosos
estreitos. O navio era arrastado, sulcando areias e, por causa de frequentes solavancos, temíamos se
fizesse todo em pedaços, porquanto levamos para um lugar próximo e inclinando-se a nave para outro
lado, expostas as relíquias dos Santos, que conosco trazíamos para implorar o socorro Divino, voltamos e
lançando às ondas o Cordeiro de Deus, aplacada a tempestade, caímos em um pego mais fundo, onde
debatia a âncora, e colocando o leme em seu lugar próprio, com pequeno trabalho e com grande
admiração de todos nós, esperávamos ficar tranquilos até romper a aurora.”
A música “A Carta de Pero Vaz de Caminha”, de
Arnaud Rodrigues, gravada em 1978 (disco
Redescobrimento), é considerada o primeiro reggae
brasileiro.

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