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UFCD 10379 – INTERVENÇÃO

SOCIOEDUCATIVA
Conteúdos

Conteúdos
1. Educação – conceito geral
2. Definição de (in)sucesso escolar e sucesso educativo
3. A escola como um quadro de interações sociais
a) Os atores educativos e a comunidade escolar
4. Teorias explicativas do (in)sucesso escolar
a) Teoria dos dons naturais
b) Teoria do handicap sociocultural
c) Teoria sócio institucional
5. Os diferentes códigos linguísticos
a) Código elementar ou restrito
b) Código elaborado
6. Práticas pedagógicas
a) Abordagem multinível
7. Abordagem transformadora/ transformativa
Educação
A educação pode ser definida somo sendo o processo de socialização dos
indivíduos.
Processo através do qual a pessoa assimila e adquire conhecimentos.
Engloba diferentes as áreas: intelectuais, emocionais, sociais e culturais no
indivíduo e podem durar toda a vida ou apenas durante um determinado
período de tempo.
(4 pilares da educação – processo de socialização)

Educação escolar: processo através do qual se faz as apresentação sistémica de


ideias, factos, técnicas e conhecimentos aos alunos. Uma pessoa exerce uma
influência ordenada e voluntária sobre outra com a intenção de a formar.
(aprender a conhecer e aprender a fazer)

Educação familiar: processo através do qual os pais, avós, transmitem aos filhos
aquilo em que acreditam; princípios, valores, regras, comportamentos e
escolhas perante o mundo/sociedade.
(aprender a viver juntos e aprender a ser)
Definição de (in)sucesso escolar e (in)sucesso educativo

Sucesso
su·ces·so |é|

(latim successus, -us, entrada)

Resultado positivo, favorável ou proveitoso de algo (ex.: terminar uma tarefa com sucesso).
 = ÊXITO, TRIUNFO ≠ FIASCO, FRACASSO, INSUCESSO, MALOGRO
O insucesso escolar é um problema frequente na criança e no
adolescente, que pode levar a um menor sucesso pessoal,
profissional e a dificuldades na integração social.
(Mónica Vasconcelos)
Fatores que influenciam o sucesso/insucesso escolar

Fatores individuais (integração das capacidades intrínsecas):


• Capacidade cognitiva
• A atenção
• A memória
• As competências linguísticas
• As competências neuromotoras
• O desenvolvimento emocional
• O comportamento
Família e meio ambiente:
• Condições socio-económico-culturais
• Ambientes familiares
* incentivo familiar à educação
* nível cultural do agregado
* Tempo disponibilizado pela família
* A atitude dos pais face à escola
* Falta de condições socioeconómicas
Escola:
Existe uma forte correlação entre boas escolas, disponibilidade de
recursos e progresso escolar.

• O aumento do número de alunos por turma


• Turmas demasiado heterogéneas
• Fracos recursos humanos para responder às necessidades inclusivas
da escola
• Necessidades adaptativas das estratégias/métodos de ensino
A escola como um quadro de interações sociais
Os atores educativos e a comunidade escolar

A escola assumiu uma infinidade de tarefas:


“Começou pela instrução, mas foi juntando a educação, a formação, o
desenvolvimento pessoal e moral, a educação para a cidadania e para os valores...
Começou pelo cérebro, mas prolongou a sua acção ao corpo, à alma, aos sentimentos,
às emoções, aos comportamentos... Começou pelas disciplinas, mas foi abrangendo a
educação para a saúde e para a sexualidade, para a prevenção do tabagismo e da
toxicodependência, para a defesa do ambiente e do património, para a prevenção
rodoviária… Começou por um “currículo mínimo”, mas foi integrando todos os
conteúdos possíveis e imaginários, e todas as competências, tecnológicas e outras,
pondo no “saco curricular” cada vez mais coisas e nada dele retirando...”.
Nóvoa (2009)
Para que serve a escola?
“A Escola, [tal como outras instituições socias base do desenvolvimento do
individuo como a família ou a igreja], tem sido uma contribuinte importantíssima e
uma acompanhante constante das mudanças sociais, por vezes percursora e
outras vezes dando sequência e consolidando-as.”

Temos na atualidade, uma Escola institucionalizada, profissionalizada e socializada.

Fontes de atribuição de sentido à escola:


• A utilidade
• A integração
• A vocação
A escola deverá ser, neste momento, preconizadora de uma
educação capaz de possibilitar ao indivíduo uma aprendizagem
autónoma; a integração de diferentes aspetos da vida social e da
vida cívica nos curricula; a introdução de novas tecnologias de
informação e comunicação como uma parte fundamental do
processo educativo; a educação/aprendizagem ao longo da vida
como expressão de vontades do Estado, do coletivo e do indivíduo.
Os atores educativos e a comunidade escolar

Atores Educativos: Funções da escola:


• Alunos • Integração social;
• Professores • Utilidade social;
• Pessoal não docente • Investimento familiar;
• Família • Desenvolvimento individual;
• Profissionais da saúde • Inclusão.
• Profissionais de desenvolvimento
Teorias explicativas do (in)sucesso escolar

«O insucesso escolar traduz a incapacidade do sistema educativo em


assegurar uma verdadeira igualdade de oportunidades, não obstante os
esforços enviados nesse sentido. Traduz igualmente a dificuldade do
sistema em compatibilizar uma educação de qualidade com uma
educação para todos, capaz de assegurar a cada um uma parte ativa na
sociedade.»
(Eurydice, 1995:49)
a) Teoria dos dons naturais (Biogenética)

As primeiras explicações do insucesso escolar inserem-se numa


perspetiva analítica e individualista intrínseca ao aluno.

Segundo a teoria dos dotes individuais, a responsabilidade do sucesso escolar é de cada


aluno, é uma responsabilidade individual, pois parte-se do princípio que existem
pessoas que nascem com dotes, com características específicas que possibilitam um
boa aprendizagem escolar, ao contrário de outras que nascem com algumas limitações
intelectuais.
Ou seja, o sucesso escolar é associado à inteligência e à capacidade individual.
Com esta teoria a escola fica isenta de qualquer responsabilidade ou implicação no
(in)sucesso, assim como todo o meio social de origem do aluno.
b) Teoria do handicap sociocultural
O insucesso escolar passa a ser explicado pelas diferenças entre os níveis sociais das
famílias. Este ponto de vista apoia-se na forte correlação estatística entre insucesso (ou
sucesso) e origem social.

A teoria do handicap sociocultural surge pela constatação da seletividade social do


insucesso escolar em que existe uma desigualdade sociocultural que se reflete na escola.
Uma herança sociocultural de diferentes condições de vida pode constituir um entrave ao
sucesso escolar no caso dessa herança se distanciar do modelo cultural existente na escola.
Consequentemente, as crianças pertencentes a meios sociais desfavorecidos (económica,
social e culturalmente) são mais afetadas pelo insucesso escolar, dado que o processo de
escolarização está mais próximo das práticas culturais existentes nos meios sociais
favorecidos.
Nesta teoria ainda não se coloca em causa a ação da escola, as suas normas, os seus valores
e os seus critérios.
c) Teoria sócio institucional
A corrente socioinstitucional sublinha a necessidade da diferenciação pedagógica, pondo
em evidência o carácter ativo da escola na produção do insucesso

Coloca-se a um nível macrossocial fazendo emergir a dimensão social e institucional do


insucesso escolar.
Inseridos nesta corrente surgem diversos focos de análise, uns relacionados com a
pedagogia, outros direcionados para as culturas de classe e outros que remetem para a
análise estrutural das relações escola-sociedade.
Nesta teoria a escola é encarada como uma instituição de reprodução social, como um
«aparelho ideológico do estado, reprodutor das diferenças sociais» (Benavente e Correia,
1980:20), sendo o insucesso escolar também insucesso da escola na medida em que esta
não consegue lidar com a diferenciação social e cultural dos públicos que a frequentam,
passando a estar a instituição escolar e os professores no âmago deste problema.
Os diferentes códigos linguísticos
A relação direta entre linguagem e (in)sucesso escolar é indiscutível.
Os alunos que fracassam na escola são, em regra geral, aqueles que leem e escrevem
mal e que têm baixa competência linguística em relação às exigências específicas da
escola.
As dificuldades com a leitura e produção de textos levam a que o aluno revele
dificuldades e problemas no processo de aprendizagem e, muitas vezes, nas relações
interpessoais que se estabelecem no interior da escola.
Trata-se das competências linguísticas que o aluno precisa ter para ter sucesso e
realizar as tarefas exigidas nas diferentes disciplinas escolares e obter desempenho
satisfatório.
Estamos, portanto, a falar de competências que o aluno deve ter para fazer uso da
língua padrão culta.
Bernstein desenvolve os conceitos de “código elaborado” e
“código restrito” para desginar duas variedades linguísticas
existentes em sociedades de classes.
Esclarece que tais códigos decorrem do processo de
socialização (praticado principalmente na família) que
ocorre nas várias classes sociais.
a) Código elementar ou restrito
Código restrito caracteriza-se por:
• estruturas gramaticalmente simples, muitas vezes incompletas;
• repetição de pronomes pessoais, de conjunções;
• uso limitado e rígido de adjetivos e advérbios;
• pouca frequência de orações subordinadas adverbiais e de
verbos na voz passiva;
• frequente substituição da expressão verbal por recursos não-
verbais.

O código restrito é particularista.


b) Código elaborado

O código elaborado caracteriza-se por:


• Estrutura gramatical complexa e precisa;
• Uso frequente de orações subordinadas adverbiais, de proposição,
• De verbos na voz passiva;
• De adjetivos e advérbios,

O código elaborado é universalista.


A socialização da criança dá-lhe a capacidade de utilização dos
diferentes códigos sendo que na apropriação da linguagem pelo
processo socializador ajudam a entender o sucesso/insucesso escolar
de crianças de classes sociais mais baixas apontando para o facto de
que as dificuldades de aprendizagem dessas crianças se devem não à
“deficiência” da sua linguagem, mas ao confronto entre códigos no
contexto da instituição escolar.
Práticas pedagógicas
Os professores eficazes dominam uma base de conhecimentos que orienta aquilo que
fazem enquanto professores, tanto dentro como fora da sala de aula.
Os conhecimentos pedagógicos são a amálgama especial de conteúdo e pedagogia que é
exclusivo dos professores, ou seja, a sua forma particular de compreender e exercer a
profissão.
O conhecimento pedagógico geral é aquele que aborda os princípios e estratégias gerais
de gestão e organização da sala de aula, que parecem ir para além da matéria da disciplina.

Pedagogia é pois a forma como os alunos aprendem. Assenta, fundamentalmente, sobre


os fatores que motivam a aprendizagem, sobre a forma como a liderança pode ser exercida
de modo a gerir cenários de aprendizagem complexos e, em especial, acerca das
associações existentes entre as expetativas e comportamentos dos professores e os
resultados dos alunos.
a) Abordagem multinível

A abordagem multinível adota uma visão compreensiva, de base sistémica, que


reconhece a complexidade, multiplicidade e interconectividade de fenómenos
educativos como a aprendizagem e o comportamento. Deste modo, contempla
simultaneamente, de forma integrada e articulada, dimensões individuais e
contextuais, ou seja, da/o aluna/o e dos contextos educativos.

Espera-se, pois, uma atuação proativa e preventiva, orientada para a promoção de


competências e desenvolvimento de aprendizagens tais como a promoção do
comportamento pró-social ou de competências de literacia emergente. Trata-se,
necessariamente, de uma abordagem com enfoque nas intervenções de carácter
universal, dirigidas a todos/as e da responsabilidade de todas/os.
Uma das características deste modelo é a organização por níveis de intervenção. Estes
níveis variam em termos do tipo, intensidade e frequência das intervenções e são
determinados em função da resposta dos/as alunos/as às mesmas.
Abordagem transformadora/ transformativa
Aprendizagem transformadora é a capacidade de expandir a consciência a partir de
uma nova percepção do mundo que nos cerca e da nossa disposição para aprender,
mudar e crescer.

Este tipo de postura faz-nos avançar em três aspetos:


• Psicológico ( mudamos a nossa maneira de ver e fazer as coisas, e passamos a
perguntar mais “porquê”;
• Comportamental (observamos mais e experimentamos mais de forma a fazer as
coisas de forma diferente);
• Das convicções ( podemos alterar nossas “crenças” a partir de novas visões e
perspetivas.
Princípios da aprendizagem transformadora (Jack Mezirow)
• Adultos aprendem de duas formas: instrumental e comunicativa. Instrumental é lidar com
a resolução de problemas, e relações de causa e efeito. E comunicativa é expressar
sentimentos, necessidades e desejos.
• Aprender envolve uma mudança nas estruturas de significado. Essas estruturas são
predisposições de pensamento ou de atitude com base em suposições que já temos, fruto
da nossa cultura, do nosso ambiente de convivência. Nas palavras de Mezirow, “é uma
constelação de conceito, crença, julgamento e sentimentos que molda uma determinada
interpretação.”
• Para mudar essas estruturas de significado, a pessoa precisa refletir sobre conteúdo,
processo e premissas. Qual é a essência do problema? quais são os caminhos para
solucioná-lo? quais são as premissas do problema, ou seja, qual é o ponto de partida para
que eu desenvolva um raciocínio em busca de uma solução?
Passos para implantar uma cultura de aprendizagem contínua:

#1 Aprender é para sempre. Mantenha a mente aberta para aprender a qualquer tempo,
em qualquer lugar, com várias pessoas, sobre muitas coisas diferentes.
#2 Valorize o aprender como um caminho para a excelência. Crie um ambiente
adequado em que você possa correr riscos, errar muitas vezes e corrigir rapidamente
esses erros.
#3 Torne o aprendizado acessível. As pessoas retêm mais conhecimento quando
assumem uma busca ativa por respostas, lidando com problemas ou projetos reais e
concretos, em vez de só ouvir o que deve ser feito ou qual é a resposta “certa”.
#4 Combine várias ferramentas e opções. Textos e leituras, discussões em grupo,
estudos individuais, aulas presenciais, elaboração de protótipos…quanto mais
dinamismo nas atividades, mais interesse.
#5 Atue como mentor –Como gestor ou professor, seja o guia para a equipe ou os
alunos aprenderem a pesquisar, refletir e construir as respostas sozinhos.
#6 Mais importante do que medir o resultado final é medir e premiar a evolução.
Produtividade e desempenho são alcançados com comprometimento e atitude, que
levam a resultados.
Bibliografia de Apoio

• http://www02.madeira-edu.pt/Portals/5/documentos/PublicacoesDRE/Revista_Diversid
ades/RevistaDiversidades47.pdf
•  http://dhnet.org.br/dados/relatorios/a_pdf/r_unesco_educ_tesouro_descobrir.pdf
•  https://dicionario.priberam.org/sucesso
•  NÓVOA, A. (2009). Professores: Imagens do futuro presente. Lisboa: Educa. (Acedido
em dezembro 21, 2015, em
http://www.etepb.com.br/arq_news/2012texto_professores_imagens_do_fu turo_present
e.pdf
).
•  
http://www3.uma.pt/nunosilvafraga/wp-content/uploads/2007/11/plano-de-preveno-do-a
bandono-escolar2.pdf
•  EURYDICE, 1995, A luta contra o insucesso escolar: um desafio para a construção
• europeia, Departamento de Programação e Gestão Financeira do Ministério da
• Educação e do Programa Educação para Todos, Lisboa
•  https://repositorio.iscte-iul.pt/bitstream/10071/1292/8/Disserta%C3%A7%C3%A3o
%20de%20Mestrado_PE%20e%20Representa%C3%A7%C3%B5es%20sobre
%20insucesso%20escolar.pdf

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