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Formador: Ricardo Alves

UFCD 9632 - Sistema Nacional de


Intervenção Precoce na Infância

Formadora: Adelaide Isidoro


Objetivos
• Reconhecer o Sistema Nacional de Intervenção
Precoce na Infância.
• Reconhecer a importância da articulação
entre as Equipas Locais de Intervenção e a
família.
• Caracterizar o modelo de intervenção e sua
articulação com os vários subsistemas.
• Identificar sinais de alarme no
desenvolvimento de crianças e jovens.
Conteúdos

• Intervenção precoce
• Definição
• Destinatários
• Modelo de intervenção e articulação – Saúde, Educação e Segurança
Social
• Sistema Nacional de Intervenção Precoce na Infância – SNIPI
• Organização e competências
• Critérios de elegibilidade e encaminhamento
• Metodologia de intervenção dos organismos competentes
• Papel das equipas locais de intervenção (ELI) - Articulação da intervenção
multidisciplinar
• Problemas de desenvolvimento
• Identificação de sinais de alarme - critérios de elegibilidade
• Papel do profissional – Criação de condições adequadas ao desenvolvimento infantil
• Cuidados a prestar à criança
• Papel da família e da comunidade – Intervenção centrada na família
Intervenção precoce: Uma
questão de direitos
• A convenção sobre os direitos da
criança, para além dos direitos
comuns a todas as crianças ,
estabelece ,no artigo 23º,
direitos específicos para crianças
com NEE ou em risco
• Diversas convenções e decretos-
lei veiculam os principais direitos
da criança . Destacamos como
principais a convenção sobre os
Direitos da Criança ( uniceF,
1989) e a convenção sobre os
direitos das pessoas com
deficiência (UNICEF, 2009)
Conceito de Intervenção Precoce

• Prevenção primária: procurando atuar antes que surjam


situações problemáticas, ao nível das condições de risco
(gravidez de risco, mães adolescentes, desvantagens sócio
económicas etc…)Visa baixar a incidência.

• Prevenção secundária: procurando intervir numa situação


problemática tentando evitar o seu agravamento,
reduzindo ao máximo o número de casos. Visa baixar a
prevalência dos problemas.

• Prevenção terciária: procurando desenvolver uma


intervenção reabilitativa dos casos já diagnosticado,
reduzindo as sequelas e promovendo as capacidades.
Segundo Pinto (1991:49), a Intervenção Precoce surge
"como uma forma de ajudar e apoiar a família e a
criança deficiente ou em risco, a potencializar ao
máximo as suas capacidades, de forma a atenuar ou a
ultrapassar os seus potenciais atrasos". Em sentido lato,
Intervenção
Precoce engloba vários serviços, tais como serviços
médicos, serviços educativos e serviços sociais, que
procuram implementar e realizar projetos e programas
adequados às necessidades especiais das crianças
abrangidas.
Enfoque etário
• A intervenção precoce de acordo com a legislação
deverá abranger as crianças dos 0 aos 6 anos,
preferencialmente dos 0 aos 3 anos.

• O termo precocidade abrange um conjunto de ações


que tem inicio mesmo antes do nascimento,
valorizando a importância da qualidade de vida da
família e especialmente da grávida.

• A precocidade da intervenção tem relação com a


deteção e o diagnóstico e a sinalização para os
programas adequados
Objetivos da intervenção
precoce
Dar apoio às famílias para que atinjam os seus próprios
objetivos;
Promover o envolvimento, a independência e as
competências da criança;
Promover o desenvolvimento da criança em domínios
chave;
Promover e apoiar a competência social das crianças;
Promover a generalização das competências da criança;
Proporcionar experiencias de normalização
Prevenir a emergência de problemas e alterações futuras
• Os programas de intervenção precoce não serão se os
objetivos forem direcionados apenas para a criança .
Torna-se assim importante prestar atenção a fatores
ecológicos em que as crianças e as suas famílias estão
inseridas .

• Esta é uma abordagem psicobioecologicas e holísticas


do IPI e que engloba as seguintes práticas :
Intervenções centradas na família e baseadas nas rotinas;
Intervenções em contextos naturais de aprendizagem
Trabalho em equipa, preferencialmente transdisciplinar
Teoria Ecológica Bronfenbrenner

Permitiu situar
a criança em
interação com
o meio,
colocando o
ponto de
partida para
uma nova
forma de
encarar a
Intervenção.

https://www.youtube.com/watch?v=mjTFgDHI0ZA&t=21s – 1
Sistema Nacional de Intervenção
Precoce na Infância – SNIPI
• O SNIPI funciona através da atuação coordenada dos
Ministérios do Trabalho e da Solidariedade Social, da
Educação e da Saúde, conjuntamente com o
envolvimento das famílias e da comunidade.

• O SNIPI tem a missão de garantir a Intervenção Precoce


na Infância (IPI), entendendo-se como um conjunto de
medidas de apoio integrado centrado na criança e na
família, incluindo ações de natureza preventiva e
reabilitativa, no âmbito da educação, da saúde e da ação
social.
Evolução da IPI em Portugal
Sistema Nacional de Intervenção Precoce na Infância
– SNIPI
• A operacionalização do SNIPI pressupõe assegurar um
sistema de interação entre as famílias e as
instituições e, na primeira linha, as da saúde, para que
todos os casos sejam devidamente identificados e
sinalizados tão rapidamente quanto possível.

• Assim, devem ser acionados os mecanismos necessários


à definição de um plano individual (Plano Individual
de Intervenção Precoce – PIIP) atento às necessidades
das famílias, a ser elaborado por Equipas Locais de
Intervenção (ELI), multidisciplinares, que representem
todos os serviços que são chamados a intervir.
Modelo Legal do IPI em Portugal
A organização da Intervenção Precoce era
regulamentada pelo Despacho conjunto nº
891/99;alterada pelo Decreto Lei nº 281 de 6 de
Outubro.

O Decreto-Lei 281/2009 criou formalmente o Sistema


Nacional de Intervenção Precoce na Infância com o
objetivo de “garantir condições de desenvolvimento das
crianças dos 0 aos 6 anos.
Estrutura do SNIPI
Saúde , Educação e Segurança
Social
• Os elementos da saúde , Educação e Segurança Social
devem participar numa perspetiva transdisciplinar ,
envolvendo-se ativamente
• À Segurança Social compete, de uma maneira geral, o
rastreio, deteção e referenciação de crianças
elegíveis para apoio.
• O Ministério da Saúde, duma forma geral, permitem o
diagnostico, orientação e acompanhamento
especializados, realizando diagnóstico, exames
complementares e encaminhamento para especialidade
(genética , oftalmologista etc…
Saúde , Educação e Segurança
Social
• Ao ministério da Educação compete essencialmente
organizar uma rede de agrupamentos de escolas de
referência e disponibilizar profissionais de Educação para
as ELI
https://www.youtube.com/watch?v=59R2VIQl_mE - 2
ELI-EQUIPAS LOCAIS DE INTERVENÇÃO
• As Eli são a base funcional de todo o sistema. Compete
intervir em contextos naturais e de facilitar o
envolvimento dos cuidados de saúde primários. Integram
diferentes profissionais de diferentes serviços tais como:
médicos e enfermeiros , educadores , assistentes sociais ,
psicólogos e terapeutas
• Entre as funções das Eli , destacam-se :
 Identificação das crianças elegíveis
 Elaboração e implementação do PIIP
 Identificação da necessidades e recursos disponíveis na respetiva
área de influência
 Articulação com outras entidades comunitárias envolvidas
 Preparar a transição para o 1º Ciclo do Ensino Básico
Plano Individual Intervenção
Precoce (PIIP)
• No centro de todo o processo de IPI É ELABORADO UM
PLANO , ESSE PLANO DEVE RESULTAR DA AVALIAÇÃO DA
CRIANÇA NO SEU CONTEXTO FAMILIAR E SOCIAL. Deve
incluir medidas e ações a desenvolver de forma a
garantir uma intervenção ajustada às caraterísticas
individuais de criança e família e otimizar a transição
entre serviços e instituição
PIIP deve conter:
• Identificação de recursos e
necessidades da criança e
família
• Identificação dos apoios a
prestar
• Inicio do plano e duração
previsível
• Definição da frequência das
avaliações efetuadas com
criança e família com base nos
problemas iniciais e evolução
• Declaração de aceitação das
famílias
Código de Ética do Profissional
de IP
Na relação/interface com as
crianças
1. Vejo cada criança, primeiramente, como uma criança, e
valorizo as suas competências únicas.
2. Respeito o facto de cada criança ser parte de uma família
e incorporo esta compreensão em todas as minhas
interações com as crianças e suas famílias.
3. Reconheço o papel fundamental do brincar no
desenvolvimento e sou sensível aos direitos da criança a
brincar, às suas necessidades de estimulação, diversão,
escolha e preferência.
4. Interajo com as crianças em modos que promovem o seu
desenvolvimento e valorizo as suas aquisições
(desenvolvimentais).
5. Identifico, valorizo e construo sobre as competências e
forças de cada criança.
6. Promovo ambientes seguros, saudáveis e estimulantes,
que otimizam o bem-estar e desenvolvimento das
crianças.
7. Trabalho no sentido de assegurar que não há
discriminação contra as crianças com base em
competências, diagnósticos, rótulos, género, religião,
linguagem, cultura ou nacionalidade de origem.
8. Reconheço a diversidade cultural e linguística das
crianças e famílias, e adapto práticas de acordo com esse
conhecimento (ex. consultadoria cultural, intérpretes
gestuais e outros).
9. Envolvo-me em práticas respeitadoras e que garantem a
segurança emocional, física e cultural das crianças, e
que de forma alguma as degradam, colocam em perigo,
exploram, intimidam ou magoam.
10. Ajo em benefício das crianças para proteger o seu bem-
estar físico e emocional, incluindo fazer notificações
em sua proteção, quando necessário.
11.Garanto privacidade apropriada e confidencialidade
(incluindo questões de saúde e das dinâmicas do
agregado familiar).
12.Reconheço e encorajo o direito de todas as crianças a
viver em território português a aceder a educação e
serviços de intervenção.
13.Assumo os princípios da parceria, participação e
proteção.
14.Assumo os princípios da parceria, participação e
proteção.
Código de Ética do Profissional
de IP

Na relação/interface com as
Famílias / Prestadores de
Cuidados
1. Elevo os princípios da parceria, participação e
proteção.
2. Respeito a perspetiva e prioridades de cada família
para a sua criança e faço delas o ponto de partida
da intervenção.
3. Desenvolvo parcerias colaborativas com as famílias,
respeitando a família enquanto especialista acerca
das suas crianças, e o seu modo de prestar cuidados,
e partilho o meu conhecimento e compreensão
profissional de modo sensível e respeitador.
4. Trabalho para desenvolver com as famílias relações
positivas, baseadas em tomadas de decisão partilhadas,
confiança mútua e comunicação aberta.
5. Reconheço e respeito a unicidade de cada família, e o
significado da sua cultura, hábitos, linguagem, crenças,
e o contexto - comunidade em que a família opera.
6. Garanto que as famílias tenham acesso a serviços de
apoio cultural, incluindo intérpretes gestuais, etc.,
quando necessário.
7. Apoio cada família no sentido de desenvolver um
sentido de confiança e conexão com os serviços em que
as suas crianças participam.
8. Mantenho confidencialidade e respeito o direito de
cada família à privacidade.
9. Providencio informação plena e acurada às famílias em
linguagem clara e compreensível, criando condições
para a sua capacitação para que possam tomar decisões
de forma esclarecida.
10. Providencio informação para ambos os pais, a não ser
que considerações legais contrariem esse princípio
Código de Ética do Profissional
de IP
Na relação/interface com a
Comunidade e Sociedade
1. Apoio o desenvolvimento e implementação de políticas
e leis que promovem o bem-estar de crianças e
famílias.
2. Promovo a cooperação entre serviços e disciplinas
profissionais trabalhando no melhor interesse de
crianças e famílias.
3. Promovo o melhor interesse das crianças através da
educação da comunidade e advogando por elas.
4. Apoio a avaliação contínua do serviço e a respetiva
disponibilidade para utentes e para a comunidade.
Código de Ética do Profissional
de IP
Na relação/interface com
colegas
1. Trabalho no sentido de comunicar com eficácia, ajo
com integridade e construo confiança, respeito e
abertura profissional.
2. Valorizo as forças pessoais e profissionais que os meus
colegas trazem para a equipa.
3. Apoio os profissionais de IP para terem acesso a
suporte e desenvolvimento profissional de alta
qualidade.
4. Respeito as perspetivas que diferentes disciplinas
oferecem à compreensão das necessidades de cada
criança, família, serviço e comunidade.
5. Mantenho confidencialidade apropriada.
Código de Ética do Profissional
de IP
Na relação/interface comigo
mesma/o
1. Envolvo-me em desenvolvimento profissional contínuo e
mantenho-me actualizado/a relativamente a novo
conhecimento no campo da IP.
2. Reflicto consistentemente sobre a minha prática e
asseguro-me de que me envolvo em actividades de
revisão e supervisão apropriada.
3. Trabalho dentro das fronteiras da minha profissão e das
minhas qualificações.
4. Sou advogado/a pelas crianças, IP e pelos serviços que
apoiam as crianças e as suas famílias.
5. Promovo o conhecimento da comunidade sobre a minha
profissão.
6. Asseguro que as minhas práticas sejam culturalmente
apropriadas e promovo ativamente atitudes anti-
racistas.
7. Demonstro, através do meu comportamento e
linguagem, que não há discriminação contra as crianças.
8. Asseguro que mantenho standards profissionais em toda
a documentação que utilizo e produzo.
9. Asseguro que mantenho integridade pessoal,
autenticidade e honestidade em todas as atividades
profissionais.
10. Comprometo-me a manter intactos os standards,
valores e práticas expressos no Código de Ética do
Profissional de IP.
Abordagem centrada na família

https://www.youtube.com/watch?v=XmyrtNB5Ff8 – 3
Principais componentes sobre a
intervenção precoce e apoio familiar
Principais componentes sobre a
intervenção precoce e apoio familiar
Principais componentes sobre a
intervenção precoce e apoio familiar
Uma abordagem centrada na família – Porquê?
Mahoney e Macdonald (2007) apresentam três razões para justificar a
influência dos pais no desenvolvimento da criança
• Em primeiro lugar porque estabelecem com ela uma relação de afeto
e vinculação que mais ninguém pode substituir
• Em Segundo lugar , porque a aprendizagem e o desenvolvimento das
crianças é um processo contínuo que pode ocorrer em qualquer
situação do dia a dia em que a criança esteja envolvida
• Por ultimo , porque mesmo que tenham tempo limitado para estar com
a criança devido a responsabilidades laborais ou outras , os pais têm
muito mais oportunidades para integrar e promover o desenvolvimento
das crianças do que qualquer outro adulto ou profissional alguma vez
terá
Assim , nenhum profissional pode esquecer que é a família que tem a
responsabilidade sobre a criança e que é ela quem a acompanhará ao
longo do seu percurso de vida .
Como se implementa?
• Um dos profissionais escolhido pela equipa para
assumir o contacto regular com a família e
representar todos os outros elementos.
• Este é responsável por fazer a maior parte das
visitas ao contexto familiar, ou outro.
• Todos os profissionais da equipa participam,
sendo que o mediador é responsável por
implementar o plano de intervenção com a
família.
Exemplos de qualidade técnica em
ipi
• Deter conhecimentos sobre o
desenvolvimento normativo da criança
• Reconhecer patologias de desenvolvimento
• Conhecer e denominar o uso de
determinado instrumento de avaliação
• Conhecer práticas recomendadas e
baseadas na evidencia
Exemplos de práticas
relacionais em IPI
• Tratar a família com dignidade e respeito em todos os
momentos
• Valorizar a respeitar as crenças culturais e os valores
pessoais da família
• Disponibilizar informação à família de forma completa
e isenta
• Reconhecer a valorizar as forças dos membros
individuais da família

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