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Feridas

Hoje falaremos sobre tipos de


tecidos, feridas, cuidados,
graus de contaminação,
estágios de odor, cicatrização e
muito mais. Mas antes de
falarmos sobre as feridas,
vamos entender melhor o
maior órgão humano: A Pele!
Tipos de tecidos da pele
Tipos de tecidos
• Epiderme: Composta pelos poros, pelos, camada
queratinizada e terminações nervosas
• Derme: Onde localiza-se as glândulas sudoríparas
e sebáceas, músculo eretor do pelo e folículo piloso
• Hipoderme: Onde estão as veias, artérias e tecido
adiposo.
A ferida pode ser
caracterizada como qualquer
situação cuja a integridade
cutânea ou mucosa seja
prejudicada, seja por
acidentes , traumas, doenças,
patologias cirurgias e
perfusões.
Tipos de tecido na ferida
Os principais são:

Tecidos viáveis
•Tecido de granulação
•Tecido de epitelização

Tecido inviável
•Esfacelo
•Necrose
Tecido de granulação
Tecido de epitelização
Esfacelo
Necrose
Precisamos nos lembrar de avaliar diversos aspectos como:

•Localização anatômica;
•Estágio;
•Tamanho (comprimento, largura, profundidade);
•Tipos de tecido(s);
•Condição da pele ao redor da lesão(extra borda);
•Bordas da ferida;
•Presença de túneis e cavidades;
•Presença e aspecto do exsudato;
•Odor.
Elas podem ser classificadas das seguintes
formas:
•Quanto ao agente causal
•Grau de contaminação
•Feridas crônicas
•Feridas superficiais
•Feridas profundas
•Feridas simples
•Feridas complexas
Quanto ao agente causal
Perfuro cortantes: essas feridas são causadas por objetos cortantes
como facas, bisturis ou lâminas. Suas principais características são o
predomínio do comprimento sobre a profundidade, as bordas
regulares e nítidas, na maioria dos casos, retilíneas.
Corto-contusa: O agente causal não tem corte
tão acentuado. O que causa a penetração do
objeto (ex.: machado) é a força do traumatismo.
Perfurante: São causadas por agentes longos e
pontiagudos (ex.: prego). Pode atravessar um órgão (lesão
transfixante) e a gravidade da ferida está na importância
do órgão atingido
Quanto ao grau de contaminação
Limpas:São feridas provocadas em ambiente cirúrgico e
nenhum sistema foi aberto (digestório, respiratório ou
genito-urinário). Tem baixa probabilidade de infecção (1 a
5%).
Limpas-contaminadas: As feridas limpas-contaminadas, ou
potencialmente contaminadas, há contaminação grosseira. Situações
cirúrgicas em que houve a abertura de algum dos sistemas são
consideradas como limpas-contaminadas. O risco de infecção é de 3 a
11%.
Contaminadas: Feridas contaminadas têm reações inflamatórias, ou
seja, tiveram contato com materiais como terra, fezes, etc. Se já se
passou seis horas após o surgimento da ferida, ela também é
considerada como contaminada. Seu risco de infecção é de 10 a 17%. 
Infectadas
Feridas crônicas
São associadas a doenças como diabetes, hipertensão
arterial sistêmica, hanseníase, neoplasias, problemas
neurológicos, entre outros. Não cicatrizam no tempo
esperado e complicações ao longo do processo de
reparação do tecido são recorrentes. A cura ou controle
da doença é, na maioria das vezes, essencial para que
cicatrização aconteça.

Entre as feridas crônicas estão a úlcera vasculogênica, a


úlcera venosa, a úlcera arterial, a úlcera neuropática, a
úlcera do pé diabético e a úlcera por pressão.
Úlceras por pressão: São localizadas em uma área de
necrose celular. Esse tipo de úlcera é resultante da
compressão do tecido mole entre uma proeminência óssea
e uma superfície dura por um período prolongado.
Úlceras vasculares: Úlceras vasculares podem ser
definidas como a perda da continuidade da pele
nos membros inferiores (abaixo dos joelhos).
Úlceras neuropáticas
Úlcera plantar na hanseníase: o comprometimento dos nervos periféricos é
uma das características da hanseníase, podendo diminuir ou causar a perda
da sensibilidade nos membros. É imprescindível que os pacientes hidratem e
lubrifiquem a pele para prevenir a úlcera plantar.
Úlcera diabética: o aumento do açúcar (hiperglicemia) pode causar a
perda de sensibilidade das pernas e dos pés. Além disso, a
hiperglicemia pode causar o endurecimento e estreitamento das
artérias, diminuindo o fluxo sanguíneo para os membros inferiores,
desencadeando uma doença vascular.
Feridas superficiais
A lesão acontece nas camadas mais superficiais da
pele: a derme e a epiderme.
Feridas profundas:Nas feridas profundas, níveis
mais profundos da pele são atingidos, como
derme profunda, tecido adiposo, tendões,
músculos e ossos.
Os Principais estágios de
uma lesão por pressão
Inicialmente, a úlcera por pressão aparece na pele apenas como
uma mancha vermelha, mas com o tempo esse local pode
apresentar uma pequena ferida que não cicatriza e que vai
aumentando de tamanho.
Dependendo do momento de evolução da úlcera, é possível
identificar 4 estágios:
Úlcera por pressão são lesões da pele ou partes moles originadas basicamente de isquemia tecidual
prolongada. Pode originar-se em todas as posições que sejam mantidas prolongadamente um paciente.
São causadas por pressão sobre o tecido e imobilidade, cisalhamento, fricção nos tecidos, umidade e
nutrição inadequada.
Estágio 1: A primeira fase da úlcera por pressão é conhecida como
"eritema branqueável" e significa que, num primeiro momento, a
úlcera se apresenta como uma mancha avermelhada que quando é
pressionada muda de cor para branco ou fica mais pálida, e que
mantém essa coloração durante alguns segundos ou minutos, mesmo
depois de a pressão ter sido retirada.
Estágio 2: Neste estágio surge a primeira ferida, que pode ser
pequena, mas que aparece como uma abertura da pele na região da
mancha do eritema branqueável. Além da ferida, a pele na região da
mancha parece mais fina e pode estar com aspeto de seca ou, então,
estar mais brilhante que o normal.
Estágio 3: a úlcera continua se desenvolvendo e aumentando de tamanho,
começando a afetar camadas mais profundas da pele, entre as quais a
camada subcutânea, onde se encontram os depósitos de gordura. É por isso,
que nesta fase, no interior da ferida é possível observar um tipo de tecido
irregular e com coloração amarelada, que é formado pelas células de
gordura.
Estagio 4: Esta é a última fase de desenvolvimento da úlcera de
pressão e é caracterizada pela destruição das camadas mais
profundas, onde se encontram os músculos, os tendões e, até, os
ossos. Outra característica muito comum é a presença de um cheiro
muito fétido, devido à morte dos tecidos e à produção de secreções
que podem infeccionar.
É importante saber que todo paciente
acamado precisa:
• Fazer a mudança de decúbito a cada duas horas;
•Posicionar a pessoa de forma a não aplicar pressão sobre a úlcera;
•Utilizar almofadas para aliviar a pressão sobre locais com ossos.
Fisiologia da cicatrização é dividida em:
• Primeira intenção: é o tipo de cicatrização que ocorre quando as bordas
são apostas ou aproximadas, havendo perda mínima de tecido, ausência de
infecção e mínimo edema. A formação de tecido de gra- nulação não é
visível.
Cirúrgica/ Sutura
• Segunda intenção: neste tipo de cicatrização ocorre perda
excessiva de tecido com a presença ou não de infecção. A
aproximação primária das bordas não é possível. As feridas são
deixadas abertas e se fecharão por meio de contração e
epitelização.
• Terceira intenção: primeiramente a ferida é deixada aberta
para evoluir com cicatrização de segunda intenção e há o
processo de limpeza e debridamento do tecido. Posteriormente,
é realizada sutura para que a ferida evolua com cicatrização de
primeira intenção.
Tipos de desbridamento é o ato de remover tecido necrótico ou materiais
biológicos, como crostas, hiperqueratose, corpos estranhos, fragmentos de ossos e micro-organismos, de
uma lesão traumática ou crônica a fim de promover a exposição do tecido saudável.

Importante: O procedimento envolve não só a escolha do método adequado,


mas também conhecimento das estruturas anatômicas e do processo fisiológico,
habilidade técnica, avaliação das características da ferida, indicações e
contra-indicações, avaliação dos riscos, tolerabilidade, disponibilidade de recursos,
condições físicas e emocionais do paciente. A abordagem deve ser global e não
apenas restrita à lesão. O desbridamento é parte de um processo e não o fim
em si mesmo

Hoje veremos seis deles:

• Desbridamento Autolítico • Desbridamento Mecânico
• Desbridamento Biológico • Desbridamento Instrumental
• Desbridamento Enzimático • Desbridamento Cirúrgico
Desbridamento Autolítico
Esse tipo de desbridamento promove a manutenção de um leito úmido e em
temperatura em torno de 37°C a fim de atrair neutrófilos e macrófagos para a
lesão, os quais irão liberar enzimas lisossomais para digerir os detritos.
Ou seja – o meio adequado proporciona maior lise e fagocitose do tecido necrótico,
daí vem o nome autólise – significando a autodestruição.
Desbridamento Biológico
Nesse método, são utilizadas larvas esterilizadas de moscas vivas, as quais 
liquefazem o tecido necrosado e degradam bactérias, preservando o tecido viável
e facilitando o processo de cicatrização. Não é indicado para feridas sangrantes,
profundas ou localizadas próximas a grandes vasos.
Desbridamento Enzimático

O desbridamento
enzimático, semelhante ao
autolítico, ocorre também
com o uso de enzimas,
porém são exógenas.
Essas provocam o
desprendimento do tecido
necrosado.
Desbridamento Mecânico
Nesse método utiliza-se a força física para a remoção da necrose. Pode ser
feito por meio de fricção, esfregando o leito da ferida por 2 a 3 minutos em
movimentos centrífugos para remover debris, pelos seguintes meios:

• Gazes úmidas à secas, com


uso de gaze umidifcada com
soro aplicada no leito e sua
retirada quando secar;

• Irrigação, com soro morno


em jatos;

• Hidroterapia, em tanques
com turbilhonamento.
Desbridamento Instrumental
É realizado por meio de instrumentais cortantes como bisturi e tesoura.
Deve ser feito por enfermeiro capacitado.
• Pode ser conservador – retirada do
tecido necrótico e acima do tecido viável,
sem lesar este, e limitada ao plano da fáscia
(ao aparecimento de tecidos profundos como
tendões e ossos, o procedimento deve ser
interrompido).
É feito sem anestesia e pode ser realizado a
nível ambulatorial ou em unidade de
internação, sendo indicado geralmente para
feridas crônicas e lesões por pressão e
contra-indicado em casos de insuficiência
arterial ou em distúrbios de coagulação

• Pode também ser realizado por meio de 


cover, com o descolamento da borda da
lesão com uma lâmina de bisturi seguindo com o pinçamento e corte do tecido paralelo ao leito,
e por meio de square, em que são feitas incisões na necrose seca realizando quadradinhos que
posteriormente são pinçados e cortados um a um.
Desbridamento Cirúrgico
É realizado no Centro Cirúrgico, sob anestesia, executado por cirurgião experiente, com
a excisão e ressecção de toda a área necrótica incluindo a margem viável da ferida, na
tentativa de transformar uma lesão crônica em aguda.
Ostomia
Ostomia é uma abertura cirúrgica realizada na parede do abdome para ligar o
estômago, ou parte do intestino ou a bexiga, com o meio externo.
Existem dois tipos de ostomia: para eliminação de fezes e urina ou para
administrar alimentação.
A ostomia intestinal e urinária tem uma coloração rosada, brilhante e
úmida e a pele ao seu redor deve estar lisa e sem vermelhidão. Dependendo do
lugar onde foi realizada a abertura a ostomia recebe um nome:
Porções do intestino
Intestino Grosso Intestino Delgado
Urostomia: Liga a bexiga à parede do
abdome e serve para eliminar urina.
Ileostomia: Liga uma parte do intestino à parede do
abdome e serve para eliminar fezes. Nesta parte do
intestino ainda não houve reabsorção dos líquidos, por
isso, as fezes tendem a sair mais líquidas e semi-pastosas.
Colostomia: Liga uma parte do intestino à parede do
abdome e serve para eliminar fezes. Nesta parte do
intestino já houve a reabsorção dos líquidos por esse
motivo as fezes dente a ser mais sólidas e pastosas.
A colostomia, portanto, é a exteriorização de uma
porção do intestino grosso através da parede
abdominal, para desviar o trânsito intestinal. A
localização da colostomia vai depender da porção
do intestino afetada, ou em função da melhor
localização no abdome, quando o objetivo é desviar
as fezes de uma lesão na região perianal.
Dependendo da causa o estoma pode ser
temporário (tem a possibilidade reconstruir o
trânsito intestinal) ou definitivo.

A seguir falaremos sobre a bolsa de colostomia:


Não drenável: trata-se
de uma bolsa de
colostomia descartável,
geralmente encontrada
em modelos lacrados,
impossibilitando a
abertura para limpeza
e a reutilização.
Drenável: fabricada em
material resistente para
garantir maior
durabilidade e tempo de
uso, é o modelo ideal
para a maioria dos
casos. Conta com uma
abertura na qual é
possível esvaziar o
conteúdo de seu
interior.

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