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Contextualização Histórica

• Desde o pós guerra até a década de 70, a economia capitalista mundial passou pela chamada
Golden Age, tendo como uma de suas características o aumento da participação do Estado na
economia.

• Essa característica teve como pilares a adoção de medidas ditas pós-keynesianas na economia,
como pelo crescimento da concepção do Estado de Bem-Estar Social.

• Dado a ampliação do papel do Estado em nível de produtor e protetor social, era certo que um
maior volume de recursos deveria afluir da economia para o Estado, como forma de financiar
os novos programas estatais.

• No Brasil, esse processo não foi diferente.

• E para entendermos como funcionou essa escalada no Brasil, faremos a análise de quatro
temas, sendo eles: Histórico de Carga tributária Global no Brasil, Arrecadação tributária Global
por base de incidência, Arrecadação Global por Esfera do Governo e Comparações
internacionais.
Histórico de Carga tributária Global no Brasil

Em 2010, a carga chegou à


marca de 35,19% do PIB,
representando um volume de
R$ 1.289 bilhões. Em termos
Em 1978, a carga chegou a um patamar de renda per capita,
de 25,70% do PIB, revelando um tributação representou um
crescimento de quase 100% no período ônus de R$ 7.022 reais para
de 31 anos. cada brasileiro.

Em 1947, a carga tributária


nacional era de 13,84% 1968-72: Milagre 1981-94: Crise Global e 1997-2010: Economia Pós-
Econômico, aceleração nacional, volatilidade Real, crescimento constante
Arrecadação tributária Global por base de incidência
Base “Mercadoria, serviços e bens”
representa quase a totalidade dos tributos
indiretos, respondendo por 45% da total
da arrecadação. Característica do
denominado “tributo regressivo”

Base “Salários”, corresponde por 26% do


total arrecadado. Conforme veremos à
frente, está alinhada com a média dos
países desenvolvidos.

Base “Rendas e Ganhos”, corresponde por


18,6% do arrecadado. Essa percentagem se
mostra pouco participativa para um
sistema que se propõe justo, já que
quando somado com outra categoria de
incidência direta, “Patrimônio”, a
arrecadação total chega a 22,2%,
representando a totalidade da tributação
direta brasileira, bem abaixo dos padrões
dos países desenvolvidos.
Arrecadação Global por Esfera do Governo
Arrecadação da União. Apesar da tentativa
de descentralização promovida pela
constituição de 1988, a arrecadação
tributária no brasil permanece muito
concentrada no governo central, que
respondeu por 67,5% da arrecadação total.

Arrecadação dos Estados. Ainda que eles


possuam o maior imposto do país (ICMS),
eles obtiveram uma arrecadação bem
inferior, totalizando 9,06% do PIB.

Arrecadação dos municípios. Pode ser


considerada irrisória quando comparada à
arrecadação da União. Este percentual
pode significar que a tentativa de
descentralizar a arrecadação foi falha e
ineficiente.
Comparações Internacionais
Países desenvolvidos que possuem um IDH
mais elevado do que o brasileiro, mesmo
com uma carga tributária inferior.

Um fato interessante a se notar é que todos


os países que possuem carga tributária
superior à brasileira, também possuem um
IDH muito mais elevado. Isso demonstra que
o governo utiliza mal os recursos arrecadados
que se traduzem em atividades que
beneficiem a população, como saúde,
educação, saneamento, infraestrutura,
proteção social, etc...

Dos exemplos, o Chile é o caso mais notável,


pois representa uma carga tributária baixa e
um IDH elevado (o maior da América do Sul).

O único país que possui IDH semelhante ao


do Brasil, mas possui uma carga tributária
significativamente inferior.
Comparações Internacionais
Uma das características comuns à tributação
dos países desenvolvidos são maior
participação de tributos diretos “Rendas e
ganhos de patrimônio”. A participação
brasileira de 19% (exatamente metade dos
países avançados da OCDE) é um fator
fundamental para se entender o por que a
tributação brasileira é injusta, do ponto de
vista distributivo.

A diferença da base tributária brasileira para


os países desenvolvidos da OCDE pode ser
analisada também através da perspectiva
dessa base, demonstrando o quanto a
qualidade da tributação no Brasil é inferior.
Isso por que as formas de tributação indiretas
tendem a ser mais complexos e cumulativos,
promovendo fortes distorções econômicas
Sistema tributário Nacional
O Sistema Tributário Nacional brasileiro é um dos mais complexos do
mundo. Sua estrutura é mundialmente conhecida por ser extensa e
complicada, tanto na apuração dos tributos como em sua carga tributária.
É, portanto, extremamente difícil para profissionais contábeis e
tributários se dedicar para entender o funcionamento dele, bem como
conhecer as leis e regulamentações que o compreendem.
Sistema tributário Nacional
O funcionamento do Sistema Tributário Nacional é pautado no
recolhimento de tributos, com o objetivo de financiar as atividades do
Estado, como melhorias nos serviços prestados à população,
investimentos em infraestruturas e pagamentos dos salários dos
servidores. Esses tributos podem ser cobrados diretamente pelo
Estado ou indiretamente, quando o cidadão adquire um produto ou
utiliza algum serviço, sejam eles de empresas privadas ou públicas.
Sistema tributário Nacional
A complexidade do funcionamento surge por conta da não unificação
das leis.
ICMS = 27 legislações diferentes
ISS = 5600 legislações diferentes
Sistema tributário Nacional
Existem três tipos principais de tributos no Brasil, cada um destinado
para diferentes áreas de utilização.
- Impostos
- Contribuições Sociais
- Taxas
Sistema Tributário Nacional
Além desses, a Constituição Federal ainda trata de mais 2 espécies de
tributos, são elas:
- Contribuições de melhoria

- Empréstimos Compulsórios
Tributação das empresas de acordo com seu
tamanho
- Simples Nacional

- Lucro Presumido

- Lucro Real
2 correntes de pensamento:
- Desburocratização e simplificação;
- Cobrança progressiva de acordo
com a renda.
3 propostas formalizadas:
- Propostas dos partidos de oposição
ao governo que defendem a
progressão de cobrança;
- Proposta do Deputado Baleia Rossi
(MDB) que defende a unificação de
tributos;
- Proposta do ex-deputado Luis
Carlos Hauly que defende a
redistribuição das competências
tributárias.
Juntar em um só imposto cinco tributos sobre o consumo de
bens e serviços que hoje são cobrados pelo governo federal,
estados e municípios. Essa é a proposta de reforma tributária que
a Câmara está analisando. A proposta foi apresentada pelo líder do
MDB, deputado Baleia Rossi (SP).
IBS:
- Caráter nacional;
- Não cumulativo;
- Alíquota formada pela soma das
federais, estaduais e municipais.
- Incidirá sobre base ampla de bens,
serviços e direitos, tributando todas as
utilidades destinadas ao consumo;
- Será cobrado em todas as etapas de
produção e comercialização;
- Contará com mecanismo para
devolução dos créditos acumulados
pelos exportadores;
- Será assegurado crédito instantâneo ao
imposto pago na aquisição de bens de
capital;
- Incidirá em qualquer operação de
importação (para consumo final ou
como insumo);
- Nas operações interestaduais e
intermunicipais, pertencerá ao estado
e ao município de destino
A transição tributária será em duas fases:
- Haverá um período de teste por dois
anos com redução da Cofins (sem
impacto para estados e municípios) e IBS
de 1%.
- Depois, a cada ano as alíquotas serão
reduzidas em 1/8 por ano até a extinção
e a do IBS aumentada para repor a
arrecadação anterior.
Quais são os resultados previstos dessa proposta:
OBJETIVOS PROPOSTAS
• Defende a possibilidade atual de • Quem recebe até 5 salários
melhorar a distribuição de renda mínimos não teria mais
através da redistribuição dos encargos;
impostos • Quem recebe de 5 a 15 teria sua
• Defende a aproximação do que é cargo diminuída;
praticado em países • Quem recebe de 15 a 20
desenvolvidos e proposto pela manteria sua tributação atual
OCDE sem alteração;
• E, principalmente, defende que • Quem recebe a mais de 20
não existe entraves técnicos pra salários teria sua tributação
ser feito atualmente com o aumentada progressivamente de
modelo já existente acordo com a sua renda.
Além da redistribuição, a proposta inclui também ideias de taxação sobre grandes patrimônios e
a diminuição da impostos sobre o consumo.
Problematização da Reforma
Agentes Defensores
• Paulo Guedes - Ministro da Economia;

• Rodrigo Maia - Presidente da Câmara dos Deputados (DEM-RJ);

• Bernard Appy - Economista do Centro de Cidadania Fiscal;

• Hildo Rocha - Presidente da comissão especial da reforma tributária da Câmara (MDB-MA);

• Randolfe Rodrigues - Senador (Rede-AP);

• Roberto Rocha - Senador (PSDB-MA);


Problematização da Reforma
Agentes Opositores
• Marcos Cintra - Ex-secretário da Receita Federal;

• Alessandro Molon - Deputado da Oposição (PSB-RJ);

• Jandira Feghali - Líder da minoria na Câmara (PCdoB-RJ);

• Fernanda Melchionna - Deputada (PSOL-RS);

• Alexandre Pacheco - Professor de Direito Empresarial e Tributário da FGV/SP;

• Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil;


Problematização da Reforma
Situações de Risco
• Característica particulares de cada Tributo;

• Estrutura dos Repasses;


• PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS;

• Desigualdade Social;

• Transparência na Distribuição;

• Instituição gestora da Tributação - Autonomia da Tributação;

• Desequilíbrio nas Receitas da União ;


Conclusão
Características desejáveis
• Equidade: A concentração da tributação no consumo faz com que aqueles que gastam uma parte maior da sua renda desta
maneira pagar relativamente mais

• Progressividade: Mais pobres tendem a comprometer uma parte maior da sua renda com consumo. São, portanto, mais
afetados.

• Simplicidade: A existência de diversos tributos e a organização deficiente dos mesmos tornam o sistema brasileiro
extremamente complexo

• Neutralidade: A a prática recorente de se adotar isenções tende a gerar distorções


Conclusão
• O sistema tributário brasileiro é ineficiente e injusto
• As principais propostas em debate na cãmara (governo e oposição) buscam resolver problemas reais e urgentes no sistema
tributário brasileiro. Divergem, entretanto, em relação à ordem de prioridades. Do ponto de vista do grupo que hoje ocupa o
governo o problema mais urgente é a burocracia e ineficiência que atrapalha em especial a vida de investidores e
empreendedores. Do ponto de vista da oposição, o problema mais urgente a ser resolvido é o caráter regressivo da
tributação, que faz com que ela acabe reforçando a desigualdade nacional.

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