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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA


ELEMENTOS DE MÁQUINA II

CORREIAS
Carolina Martins Cunha
Carol Suque
Gabriel de Freitas Campanharo
Gabriel Rocha Coutinho
João Paulo Luiz Grisotto Alves
João Vitor Cortes dos Santos

Vitória - ES
Setembro de 2019
Índice

 Introdução
 Tipos
 Geometria
 Composição
 Princípio de Funcionamento
 Correias Planas e Redondas
 Correias Sincronizadoras
 Correias Trapezoidais ou em V
 Referências
Introdução

• Correias (e polias) são um • São elementos flexíveis


dos meios mais antigos de utilizadas para transmissão
transmissão de movimento; de potência entre dois eixos
paralelos distantes;
Introdução

• Fabricadas em diversos • São encontradas desde


formatos e materiais, sendo pequenos aparelhos
largamente utilizadas na eletrônicos até equipamentos
indústria de máquinas industriais de grande porte.
operatrizes e automotivas;
Introdução

• Desempenham papel • Quando são utilizados, é


importante em absorver cargas importante estabelecer um
de choque e em amortecer e cronograma de inspeção
isolar os efeitos de vibração. para salvaguardar contra o
desgaste, envelhecimento e
perda de elasticidade. Esses
elementos devem ser
trocados ao primeiro sinal de
deterioração.
Introdução

VANTAGENS

Economia Versatilidade Segurança


Introdução

 Economia
 Padronização
 Fácil montagem e manutenção
 Ausência de lubrificantes
 Durabilidade
Introdução

 Segurança
 Redução significativa de choques e vibrações
 Limitação de sobrecargas pela ação do deslizamento
(fusível mecânico)
 Silencioso
Introdução

 Versatilidade
 Grandes variações de velocidade: i recomendado ≤ 6
 Possibilita rotações no mesmo sentido (correia aberta)
ou em sentidos opostos (correia fechada)
 Fácil variação de velocidade: contínuo e descontínuo
(polias escalonadas).
Tipos
Tipos
Geometria
Composição
Correia Plana • Uretano e também de
tecido impregnado de
borracha reforçado com fio
de aço ou cordas de náilon
para absorver a carga de
tração.

• Uma ou ambas as
superfícies podem ter um
revestimento superficial
de atrito.

• Compradas em rolos, cortadas e as extremidades são


unidas utilizando material especial fornecido pelo fabricante.
Composição

Correia em V
• Tecido ou corda,
usualmente algodão,
raiom ou náilon e
impregnada com
borracha.

• Fabricadas apenas em
certos comprimentos e
não possuem
emendas.
Composição

Correia Sincronizadora
• Tecido emborrachado
revestido de náilon que
possui fios de aço
internamente para aguentar
a carga de tração.

• Possuem dentes que se


encaixam em ranhuras
cortadas na periferia das
polias.
Princípio de Funcionamento

• Transmissão essencialmente por atrito, resultante de uma


compressão inicial entre a correia e a polia, através de uma carga
inicial (Fi) ou pré-carga na correia quando estacionária.

• Ambos os lados da correia ficam submetidos ao mesmo esforço.


Princípio de Funcionamento

F2

F1

• Em funcionamento: os lados da correia não estão mais submetidos à


mesma tensão - a polia motora tensiona mais a correia em um lado
(ramo tenso) do que do outro (ramo frouxo).

• A diferença de tensões entre os lados da correia causa uma


deformação denominada creep ou fluência elástica.
Princípio de Funcionamento
• Em transmissões por correias, pode ocorrer deslizamento
(consequência de uma tensão inicial insuficiente) ocasionando uma
compressão insuficiente da correia sobre a polia, não desenvolvendo o
atrito necessário entre elas.

• Creep e deslizamento diminuem o rendimento da transmissão.

• O creep é inevitável: consequência da elasticidade do material da


correia, porém a perda decorrente é pequena e não afeta de modo
sensível a transmissão.

• O deslizamento, quando excessivo, além de diminuir apreciavelmente


o rendimento da transmissão, gera calor capaz de danificar a
superfície da correia. O deslizamento é evitado com a aplicação de
uma tensão inicial adequada.
Correias Planas e Redondas
• São usadas para grandes
distâncias entre centros.

• Forte núcleo elástico rodeado


por um elastômero.

• Apresentam vantagens sobre as transmissões de engrenagens .

• Eficiência de 98% (próximo a uma engrenagem).

• Pouco ruído e absorção de vibração torcional do sistema.


Correias Planas e Redondas
• O peso da correia em si pode fornecer a tração inicial.

• A tração inicial é a chave para o funcionamento da correia.

• Maneiras de se controlar a tensão inicial: colocar o motor e a polia


motora em uma placa de montagem pivotada ou utilizar uma polia
intermediária carregada por mola.
Equacionamento
Equacionamento
• Admite-se que a força de atrito na correia é
proporcional à pressão normal ao longo do
arco decontato;

• A força diferencial é causada pela força


centrífuga;

• é a força normal entre a correia e a polia;

• é a tração por cisalhamento causada pelo


atrito no ponto de deslizamento;

• A massa da correia por unidade de


comprimento é .
Equacionamento
Equacionamento
Equacionamento
Equacionamento
Equacionamento
Equacionamento
Equacionamento
Equacionamento

• A tração inicial precisa ser suficiente, de modo que a diferença entre a


curva de e a curva de seja . Sem qualquer torque transmitido, a tração
mínima possível na correia é =.
Equacionamento
Equacionamento
• Fabricantes fornecem especificações que incluem a tração
admissível Fa (ou tensão σall).

• Para compensar a redução de vida útil da correia: Usa-se um


fator de correção de polia Cp para compensar a severidade do
flexionamento e um fator de correção de velocidade Cv.
Equacionamento
Equacionamento

• Fatorde serviço:utilizado para desvios da carga em relação ao


valor nominal, aplicado à potência nominalcomo:

• é o fator de projeto.
Equacionamento
Equacionamento
• Com base na teoria de catenária, a deflexão está
relacionada à tração inicial por:

Tração induzida
por catenária.
Abaulamento
• Polias de correias planas devem ser abauladas para evitar que as
correias escapem das polias. Se, somente, uma polia for abaulada, esta
deve ser a polia maior. Ambas as polias devem ser abauladas sempre
quando os eixos de polia não estiverem em uma posição horizontal.
• Infelizmente, muitos dados disponíveis sobre correias provêm de fontes nas
quais esses são apresentados de maneira muito simplista.

• Essas fontes utilizam uma variedade de gráficos e tabelas que habilitam


alguém que não conhece absolutamente nada sobre correias a aplicá-las.
Pouco cálculo é requerido de tal pessoa para obter resultados válidos. Uma
vez que, em muitos casos está faltando um entendimento básico do
processo, a especificação da correia é feita de forma inadequada.

• O procedimento de especificação de correias e polias apresentado se


baseia na metodologia adotada nos livros G., BUDYNAS, R., NISBETT,
Keith. Elementos de máquinas de Shigley, 4ª edição. ArtMed, 09/2010 e
MARCO FILHO, F., “ Elementos de Transmissão Flexíveis”, 2009,
DEM/POLI/UFRJ, mas podem variar dependendo do fornecedor.
Geometria de polias
Correias Sincronizadoras
• Correias planas com uma série de dentes igualmente espaçados
localizados na região interna, ou em ambos os lados, de suas
circunferências;

• Utilizadas em conjunto com polias específicas com sulcos;

• São utilizadas em transmissões que exigem alta eficiência, precisão


e baixas necessidade de reparos;
Correias Sincronizadoras
• Algumas características notáveis da transmissão por correias
dentadas são:

 Não há deslizamento entre a correia e a polia;


 Não sofrem alongamento;
 Não sofrem efeito poligonal (transmissão a velocidades
constantes);
 Não necessitam de lubrificação;
 Seu funcionamento não depende de tensão inicial;
 Utilização em amplas faixas de velocidades;
 Transmitem grandes torques a altas velocidades;
 Produzem pouco ruído;
 Alta eficiência, entre 97% e 99%;
 Podem ser utilizadas para acionar várias polias;
 Resistentes à corrosão;
 Resistentes à abrasão;
 Maior custo em relação à transmissão por correia e correntes;
Correias Sincronizadoras
• Combinam as vantagens das correias planas com a aderência das
engrenagens de correntes;

• O mecanismo de transmissão consiste no engrenamento dos


dentes da correia nos sulcos da polia;

• Substituem correntes em aplicações que demandam algumas das


características citadas;
Correias Sincronizadoras
Dimensões
• Passo (p): Corresponde à distância entre dois dentes adjacentes,
normalmente padronizados;

• Comprimento (L): Comprimento total da circunferência da correia


medida ao longo da linha de passo;

• Largura (W)
Dentes
• Os dentes das correias possuem variados formatos, em função das
aplicações;

• As dimensões dos dentes são fixas para o passo padronizado, variando


com o projeto do fabricante e o tipo de dente;
Dentes
• Trapezoidal: mais utilizado e conhecido;

• Possui lados retos, gerando uma evolvente, assim como no


funcionamento de uma engrenagem;

• Quando tem pequenos passos, correias com esse tipo de dente são
ideais para aplicações de precisão e baixa potência;

• Quando tem grandes passos, aplicam-se a quase todas as áreas da


indústria.
Dentes
• Curvilíneo: Posteriormente desenvolvido;

• Apresenta subtipos, utilizados para aplicações distintas (HTD®, GT®,


GT2®, GT3® - Gates Corporation);

• Quando tem pequenos passos, as correias desse tipo são indicadas para
aplicações que requerem posicionamento preciso e baixas potências;

• Quando tem passos maiores, são indicadas para a indústria em geral;


Dentes
• O perfil curvilíneo apresenta caraterísticas desejáveis e superiores ao
trapezoidal:

 Maior profundidade do dente, diminuindo a chance de perda de posição


relativa;
 Construção mais leve;
 Menor concentração de tensão no dente, uma vez que a área de contato
é maior;
 Maior resistência ao cisalhamento devido a mais área transversal;
 Com uma mesma largura, operam a cargas mais altas, diminuindo o
custo;
Equacionamento
• A especificação de uma correia é dada pelos parâmetros:

 Tipo de dente;
 Passo;
 Comprimento;
 Largura;
Equacionamento
• A seleção de uma correia sempre vem acompanhada da polia específica;

• Varia de fabricante para fabricante;

• Varia quanto ao tipo de correia, ainda quando de um mesmo fabricante;

• A seleção a seguir é baseada no catálogo das correias da série


PowerGrip®, da Gates Corporation;
Equacionamento
Equacionamento
Equacionamento
Equacionamento
Correias Trapezoidais (V)
• Correias trapezoidais são fabricadas basicamente com dois
conjuntos de perfis:

 Hi-Power (A, B, C, D e E)

 PW (3V, 5V e 8 V)
Correias Trapezoidais (V)
• Diferenças entre os perfis:
Correias Trapezoidais (V)
• Dimensões apresentadas no livro “Elementos de máquinas de
Shigley, 4ª edição”.
Correias Trapezoidais (V)
• Para especificar uma correia em V: dê a letra da seção de correia,
seguida pela circunferência interna em polegadas.
• Cálculos envolvendo o comprimento de correia se baseiam no
comprimento primitivo. Para qualquer seção de correia considerada,
o comprimento primitivo é obtido adicionando uma quantidade à
circunferência interna (Tabelas 10 e 11).
Correias Trapezoidais (V)
• Para especificar uma correia em V: dê a letra da seção de correia,
seguida pela circunferência interna em polegadas.
• Cálculos envolvendo o comprimento de correia se baseiam no
comprimento primitivo. Para qualquer seção de correia considerada,
o comprimento primitivo é obtido adicionando uma quantidade à
circunferência interna (Tabelas 10 e 11).
Equacionamento

• No caso de correias planas, não há, virtualmente, limite para a distância


entre centros.

• Grandes distâncias de centro a centro não são recomendadas para


correias em V, porque a vibração excessiva encurtará a vida da correia.

• Em geral, a distância de centro a centro não deve ser maior que três
vezes a soma dos diâmetros das roldanas, nem menor que o diâmetro da
maior roldana.
Equacionamento
• As polias para correias em V são especificadas nas normas NBR 8319 e
PB-479, padronizando as formas e dimensões principais das polias entre
eixos paralelos e horizontais.
Equacionamento
• O ângulo de ranhura de uma roldana é feito menor que o ângulo de seção
da correia. Isso faz com que a correia se acunhe na ranhura, aumentando
o atrito. O valor exato do ângulo depende da seção de correia, do
diâmetro da roldana e do ângulo de contato.

• Se esse é feito muito menor do que aquele da correia, a força requerida


para puxar a correia para fora da ranhura, à medida que a correia deixa a
polia, será excessiva. Valores ótimos, pela literatura comercial, variam
normalmente entre 34° e 42°.

• Os tamanhos mínimos de roldana estão na Tabela 9. Para os melhores


resultados, uma correia em V deve ser operada em torno 20 m/s.
Problemas podem ser encontrados se a correia operar muito mais rápido
que 25 m/s ou muito mais devagar que 5 m/s.
Equacionamento
• A estimativa de capacidade em potência de correias em V depende de
alguma forma do fabricante. Pode ser um número de horas ou uma vida
da correia. A Tabela 12 dá capacidades de potência de correias em V
padronizadas.

• A capacidade se refere a uma correia operando em roldanas de igual


diâmetro, de comprimento moderado e transmitindo uma carga estável.
Desvios destas condições são levados em conta por meio de ajustes
multiplicativos.
Equacionamento
• O coeficiente de atrito efetivo , que corresponde a um aumento por um
fator de 3 por causa das ranhuras. O coeficiente de atrito efetivo é
algumas vezes tabelado pelos ângulos de ranhura de roldana. A Gates
Rubber Company declara que seu coeficiente de atrito efetivo é de 0,5123
para ranhuras.
Equacionamento
• Número de correias:
Equacionamento
Equacionamento

• e são as tensões
de flexão da
correia ao redor
das polias.
Equacionamento
• Correlações de durabilidade são complicadas pelo fato de que a
flexão induz tensões na correia, a tração correspondente na
correia que induz a mesma tensão de tração máxima é Fb1 na
roldana motora e Fb2 na polia movida. Essas trações
equivalentes são adicionadas a F1 como:
Equacionamento
Equacionamento
• As constantes K e b possuem seus intervalos de validade. Se
Np>109, faça Np=109 e t > NpLp/(3600V ) sem depositar
confiança em valores numéricos além do intervalo de validade.

• A análise de uma transmissão por correia em V pode consistir


dos seguintes passos:
Problemas Comuns e suas
causas
Problemas Comuns e suas
causas
Catálogo de fabricante
• Muitos fabricantes fornecem catálogos em
versões digitais, que são facilmente
encontradas na internet
• Utilizamos o catálogo da Gates, que além do
catálogo digital, possui software para seleção
de correias.
Catálogo de fabricante
Versão Digital
Versão Digital
Versão Digital
Software
Referências

 MARCO FILHO, F., “Elementos de Transmissão Flexíveis”, 2009,


DEM/POLI/UFRJ.

 G., BUDYNAS, R., NISBETT, Keith. Elementos de máquinas de


Shigley, 4ª edição. ArtMed, 09/2010.

 Catálogo GATES 2015.

 Software Design Flex Pro , Gates.

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