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Os gêneros do discurso

ELEMENTOS DE COMPOSIÇÃO E
SISTEMATIZAÇÃO DOS
GÊNEROS
OS GÊNEROS DO DISCURSO
É frequente encontrarmos, espalhados por outdoors, muros e paredes das cidades, imagens que, acompanhadas de um texto curto, nos
convidam a participar de campanhas, fazer doações, adquirir um produto específico.

Um animal de estimação pode mudar a sua vida.


Adote um.
Os Gêneros do Discurso
Na imagem ao lado, é possível identificar todos os componentes
originais desse tipo de sanduíche: o pão, as fatias de queijo, a carne, as
rodelas de tomate, as folhas de alface, só que todos esses componentes são
representados em uma tonalidade cinza-avermelhada que evoca o processo de
incineração do hambúrguer. Há, inclusive, cinzas na parte de baixo e uma
fumaça branca que sai da fatia superior do pão. Mas há um caráter
argumentativo inerente ao objetivo veiculado pela propaganda.
• Para que possa entender o significado dessa imagem, o leitor do
texto 4 precisa levar em conta o logotipo que a acompanha. Quais
informações são necessárias para que o leitor compreenda o
sentido do logotipo?
• Que mensagem impactante imagem e logotipo pretendem criar?
O cartaz
Os Gêneros do Discurso apresenta uma
imagem que
obriga o leitor a
reconhecer uma
intervenção feita
a partir de
formas que ele
costuma ver
apresentadas de
outro modo. Que
formas são
essas?
Por que essa
intervenção foi
feita?
Justifique.

Na imagem , destacam-se as formas de um violão e de um planisfério (representação, em forma plana, do mapa-múndi). Na


verdade, o que se vê é uma acomodação dos cinco continentes ao formato de um violão. A intervenção foi feita para
complementar a ideia divulgada pelo enunciado que aparece no canto superior direito: “Qualquer coisa para qualquer lugar.
TAM Cargo”.
OS GÊNEROS DO DISCURSO
Os textos reproduzidos apresentam características comuns:
•Em todos eles há uma imagem associada a um enunciado
breve;
•Todos cumprem uma mesma função: persuadir;
•Com relação ao objetivo específico, os textos se agrupam
entre aqueles que promovem uma campanha e aqueles que
procuram vender algo;
•Todos são divulgados em espaços públicos nos quais há
uma grande circulação de pessoas (painéis, muros e paredes).

As características comuns dizem respeito à estrutura, ao estilo, à


função e ao contexto de circulação desses textos. Quando
identificamos, em um conjunto de textos, uma série de elementos
comuns, como acabamos de fazer, estamos diante de um gênero
discursivo.
OS GÊNEROS DO DISCURSO
“Conecte-se ao que importa”,
campanha em defesa das crianças

A campanha “Conecte-se ao que


importa” está sendo deflagrada no
âmbito do Paraná pelo Programa
Dedica – Defesa dos Direitos da
Criança e do Adolescente, acolhido
na Associação dos Amigos do
Hospital de Clínicas. Tem o
propósito de enfrentamento de uma
das formas atuais do abandono,
caracterizada como violência
virtual, que se inicia com a
negligência dos pais e cuidadores
de grande parte das crianças e
adolescentes pelo desvio de seus
olhares e atenção para as telas do
mundo virtual.
“Reconhecendo aspectos de
negligência na atenção familiar a
crianças e adolescentes, em
decorrência do abusivo uso dos
meios eletrônicos no dia a dia,
determinando um verdadeiro
abandono no relacionamento
interpessoal, o CRM-PR apoia as
ações da campanha e solicita aos
médicos do Paraná a adesão e
engajamento na divulgação à sua
clientela das informações
pertinentes”.
A manifestação é do presidente do
Conselho, Luiz Ernesto Pujol, que
além de pediatra e familiarizado
com as consequências decorrentes
do distanciamento entre pais e
filhos, também participou da
fundação do programa.
O Dedica surgiu na primeira metade
da década passada e foi
desenvolvido por 10 anos por
profissionais voluntários em
atendimento às crianças e aos
adolescentes vítimas de violência
grave ou gravíssima. Está sendo
relançado neste semestre sob
iniciativa da Associação Amigos do
HC, com apoio financeiro do Fundo
Estadual para a Infância e
Adolescência do Paraná. Agora
denominado Programa HC Dedica –
Amigos do HC, está prestes a
ocupar sede própria e a realizar
atendimento diário, contando para
isso com uma equipe
multidisciplinar ‑ formada por
pediatra, psicólogo, psiquiatra,
psicanalista, assistente social e
enfermeira, além de funcionários
administrativos – e com programa
de educação continuada
permanente.
Riscos do uso abusivo dos meios virtuais

Em breve estará disponível um portal com


informações gerais e as peças da campanha, com
enfoque principalmente na omissão que advém da
chamada “Síndrome Nomofóbica”, com o uso
excessivo da internet, e que se soma à rotina dos
shoppings e a violência das ruas. “Na sequência da
campanha queremos falar sobre os danos do uso
excessivo das telas e comunicação a distância que
passam a fazer parte dos hábitos e, depois, das
necessidades de muitas crianças e adolescentes.
Levam ao isolamento social, diminuição na formação
de instrumentos psíquicos para lidar com o outro e
consigo mesmo, danos à saúde pelo sedentarismo, à
visão e à estruturação óssea, além de atraso no
desenvolvimento neuropsicomotor e de
aprendizagem, não ligados às habilidades do teclar e
deslizar os dedos sobre as telas”. O esclarecimento é
feito pela médica coordenadora do Programa Dedica,
Luci Pfeiffer.
Ela reforça: “Da necessidade do
uso, parte-se para os vícios e hoje
se tem a Síndrome de Nomofobia ‑
ou No Mobyle Phobia ‑ em
pessoas de todas as idades e
profissões, inclusive da área
médica, que não conseguem passar
algumas horas longe de seus
aparelhos celulares. Ao mesmo
tempo, surgem os adictos à
internet, com sinais de
dependência que os retiram da
vida comum, bem como síndromes
de isolamento com o humano,
sendo exemplo a síndrome do
celibato, quando adolescentes e
adultos preferem o relacionamento
com parceiros virtuais, criados aos
seus gostos e desvios psíquicos”.
Em ofício dirigido ao Conselho, o
presidente da Associação Amigos do
HC, Euclides Scalco, e o tesoureiro
Gerson Zafalon Martins, destacam que o
terceiro objetivo da campanha será
abordar os riscos do uso abusivo e não
controlado dos meios virtuais.
“Lamentavelmente, é nítido que o antigo
conselho de pais a seus filhos, de não
conversar com estranhos, caiu em
desuso. As crianças e adolescentes de
hoje não apenas dominam o uso destes
instrumentos fantásticos de
comunicação e acesso ao conhecimento
científico e de convivência saudável.
Abrem as portas de suas casas e
psiquismo para incontáveis estranhos,
que cometem bullying, que ensinam
formas de sofrer e de acabar com a vida
e ainda trazem conteúdos de pornografia
e pedofilia”, assinala.
A coordenadora diz que o
Programa Dedica, por meio de
profissionais voluntários, por
mais de uma década atuou de
modo a capacitar e promover
instrumentos de defesa e
assistência a crianças e
adolescentes em situações de
violência grave ou gravíssima,
bem como de orientações e
encaminhamentos necessários
aos responsáveis e agressores. A
médica Luci Pfeiffer
complementou que esta
experiência está empregada na
atual campanha, como forma de
impedir o avanço desta ação
contemporânea de vitimização
da infância.
UMA DEFINIÇÃO DE GÊNERO
• Os gêneros discursivos correspondem a certos padrões de composição de texto determinados pelo
contexto em que são produzidos, pelo público a que eles se destinam, por sua finalidade, por seu
contexto de circulação, etc. São exemplos de gêneros discursivos o conto, a HQ, a carta, o
bilhete, a receita, o anúncio, o ensaio, o editorial, entre outros. Gêneros literários, como o poema
e o romance, também são gêneros discursivos.

A evolução dos gêneros


• Qualquer texto, oral ou escrito, organiza-se em um gênero discursivo. Como estão diretamente
relacionados ao uso que as pessoas fazem da linguagem em diferentes situações, os gêneros
não são estáticos, pois surgem e se modificam em função de necessidades específicas.
OS TIPOS DE COMPOSIÇÃO
• os gêneros discursivos relacionam-se com a situação comunicativa (contexto de produção,
público a que se destina o texto, finalidade com que é escrito). Os textos representativos dos
vários gêneros são expressos por meio de diferentes “tipos de composição”: a narração, a
exposição, a argumentação, a descrição e a injunção.
• Assim, em função dos objetivos a serem alcançados por um texto, poderemos precisar narrar
algum acontecimento, expor ideias, apresentar informações, argumentar, descrever alguma
situação ou cena, dar instruções ou ordens.

Os muitos gêneros de um mesmo texto


• Existem textos em que recorremos a mais de um tipo de composição. Na crônica a seguir, por
exemplo, encontramos trechos de natureza narrativa, descritiva e expositiva.
Crônica de uma morte à toa  No fragmento da crônica de Christian Cruz, os trechos narrativos foram destacados
em vermelho, os descritivos em verde e o expositivo em azul.
Para perder a vida no trânsito, você só precisa andar na linha

No dia em que se tornaria estatística de trânsito, Adriano da Fonseca Pereira, de 20 anos, acordou mais agitado
que de costume, às seis e meia da manhã. Se sonhou, não comentou. Sentado à pequena mesa redonda da sala, de
costas para a máquina de costura da mãe e de cara para a parede, engoliu o pãozinho com manteiga de todos os dias e
tomou chá com açúcar. Nunca gostou de café. Sua figura alta e esguia enchia o minúsculo e mal ventilado
apartamento do Conjunto Habitacional Haia do Carrão, ex-favela, ex-Projeto Cingapura, periferia da zona leste
paulistana. Em menos de 24 horas Adriano estará morto, jogado no asfalto, o tronco voltado para o meio-fio, as
pernas finas retorcidas para trás e os olhos abertos, vítima de mais um atropelamento em São Paulo. Em 2008,
informam os gráficos frios da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), foram 7 602, mais de 20 por dia, quase
30% de todos os acidentes de trânsito registrados na cidade. As tabelas também marcam 670 pedestres mortos no
período (2 por dia), mas o número pode ser maior. A CET conta apenas os que perecem no local, como Adriano, não
os que se vão mais tarde, no hospital [...]. 
Crônica de uma morte à toa 

Para perder a vida no trânsito, você só precisa andar na linha


[...] Já vestido com a mesma camisa verde-clara com a qual encontraria o fim, naquela manhã de sábado,
29 de agosto, Adriano só pensava em estrear seu novo xodó — uma Kodak C1013R, 10 megapixel, recém-
comprada no carnê das Casas Bahia: nove parcelas de R$ 97, incluindo o seguro de vida que encerra o
débito automaticamente se o cliente morrer. Algo que ele certamente pagou pensando em jamais precisar,
mas não teve chance de combinar isso com o produtor de eventos Fábio Melgar, de 29 anos. Às 4h20 da
madrugada do sábado para domingo, ao volante de um BMW 330i prata que roncava seu motor de 231
cavalos em altíssima velocidade segundo testemunhas, Melgar ignorou o farol vermelho e surpreendeu
Adriano numa faixa de pedestres da Avenida Itaquera, zona leste paulistana. Fugiu sem prestar socorro,
sem querer saber o destino da camisa verde-clara que lhe espatifara o para-brisa antes de tombar no
asfalto, sem desconfiar que uma testemunha ocular do atropelamento o seguia e entregaria seu paradeiro à
polícia. Melgar vinha de uma festa de formatura.

CRUZ, Christian Carvalho. Entretanto, foi assim que aconteceu

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